sábado, 30 de novembro de 2019

No fim de novembro, um “até à próxima” a este mês outonal


Este é o 11.º mês do ano no calendário gregoriano. A designação de “novembro” resulta do facto de ser o nono mês do ano em Roma, quando o ano começava em março sob a égide de Marte, o deus da guerra e guardião da agricultura.
Num país em que não queremos a guerra, mas onde a agricultura está pelas ruas da amargura – excetuando alguns exemplos de agricultura mecanizada e em extensão, o abandono dos campos está mais que generalizado e a floresta desordenada oferece à onda e fúrias incendiárias o flanco, o ventre e o costado – pouco mais resta, nesta ocasião, do que as castanhas e o vinho.
A acompanhar a penúria na agricultura e o desbaste da floresta desordenada e anárquica, regista-se a bastante disseminada falta de valores éticos que gera e mantém uma sociedade degradada, impante de direitos para uns e sem a assunção de deveres, deixando ficar muitos outros na margem do caminho ou atirando-lhe o piparote do espezinhamento ou o do descarte.
Apesar de a Igreja Católica dedicar o mês à oração em sufrágio pelas almas do Purgatório e, nalgumas terras, os populares passarem pelas ruas a cantar o clamor pelas almas e a paróquia promover o jubileu das almas (com serviço de Confissões, Ofício de Defuntos, Missa e Sermão), muita gente vive alheada do imperativo religioso curtindo a vida na tasca, café, bar, discoteca ou, em casa, a ver telenovelas. As almas são lembradas por muitos apenas aquando da morte de familiares e amigos e, não raro, para responder a um imperativo de cariz social.
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Não obstante a penúria horto-agrícola, que já nem dá para subsistir ou para empobrecer alegremente, os entendidos consideram que, no mês de novembro, no pomar, devem ser estrumadas as árvores de fruto no crescente, podadas no minguante e protegidas das geadas; que se plantam cerejeiras, pessegueiros, pereiras e macieiras, etc., no crescente; e que, na horta, se pode semear agrião, alface, cenoura, couves, com exceção da couve-flor e brócolos. Pode, segundo os mesmos entendidos, plantar-se batata, mas em zonas secas e protegidas das geadas, alho, couve temporã, tremoço. Também pode semear-se fava, ervilha, nabiça, nabo, rabanete, beterraba e, em camas quentes, alface, cebola, e tomate. É ainda altura de semear aveia, cevada, trigo e centeio. No jardim, podem estercar-se as covas para, na primavera, se plantarem árvores e arbustos. Devem colocar-se estacas para proteger as plantas do vento. E é a altura para plantar bolbos de flores e para podar e plantar roseiras.
Do ponto de vista religioso cristão, todos nos lembramos de que celebrámos em grande a Solenidade de Todos os Santos (no dia 1); fizemos a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (no dia 2), celebrámos as memórias litúrgicas de São Martinho de Porres, Religioso (no dia 3), de São Carlos Borromeu, Bispo (no dia 4), de São Nuno de Santa Maria, Militar e Religioso (no dia 6), de São Leão Magno, Papa e Doutor da Igreja (no dia 10), de São Martinho de Tours, Bispo (no dia 11), de São Josafat, Bispo e Mártir (no dia 12), de Santo Alberto Magno, Bispo e Doutor da Igreja (no dia 15), de Santa Margarida da Escócia, Mãe e Rainha, ou de Santa Gertrudes, Virgem (no dia 16), de Santa Isabel da Hungria, Mãe e Rainha (no dia 17), da Apresentação da Virgem Santa Maria (no dia 21), de Santa Cecília, Virgem e Mártir (no dia 22), de São Clemente I, Papa e Mártir, ou de São Columbano, Abade (no dia 23), de Santo André Dung-Lac, Presbítero, e Companheiros, Mártires (no dia 24) e de Santa Catarina de Alexandria, Virgem e Mártir (no dia 25); celebrámos as festas da dedicação da Basílica de Latrão (no dia 9) e das Basílicas de São Pedro e de São Paulo, Apóstolos (no dia 18); a diocese de Lamego celebrou a festa da Dedicação da sua Sé Catedral (no dia 9); Celebrámos hoje, dia 30, a festa de Santo André, Apostolo; e a, 10 de novembro, celebrou-se em ação de graças a canonização de São Bartolomeu dos Mártires, Religioso da Ordem dos Pregadores e Arcebispo de Braga.
Tantas e tão belas efemérides do calendário litúrgico constituirão um apelo ao compromisso sócio-cristão, num mês cheio de chuva, por vezes intensa, em que o Sol espreitou timidamente só alguns dias, deixando-nos muitíssimas horas disponíveis para a leitura, reflexão e escrita.
Os magustos pelo São Martinho (o de Tours) e a prova do vinho novo animaram o povo, mesmo em tempo que não deixou que, este ano, desfrutássemos do verão de São Martinho.
Para mim, o mês de novembro tem marcas de tristeza e saudade pelo falecimento de minha mãe, no dia 29, no ano de 1989 (há 30 anos), e de meu pai, no dia 10, no ano de 2002 (há 17 anos). Mas também oferece marcas de realização pessoal e profissional. No dia 4, no ano de 1975, apresentei-me como professor de Religião e Moral Católicas (era assim a designação da atual EMRC) na Escola Preparatória do Dr. Francisco Campos Henriques, Vila Nova de Foz Coa; no dia 12, no ano de 1976, apresentei-me na Escola Secundária de Vila Nova de Paiva; no dia 7, no ano de 1977, apresentei-me na Escola Preparatória de Aquilino Ribeiro, Vila Nova de Paiva; e, no dia 1, em 1979, apresentei-me e tomei posse como pároco de Vila da Ponte, Granjal e Freixinho, sem que, tal como me preveniram, qualquer eclesiástico me fosse acompanhar. Mas não me inibi e gostei das pessoas. Freixinho já a servia há uns meses e, nas outras, um colega, o Lemos, levou-me a passar por lá e a entrar discretamente nas igrejas enquanto as pessoas estavam a rezar, mas sem eu me dar a conhecer.
Num adeus a novembro, até à próxima – porque novembro voltará –, em pleno outono de folhas caídas, ventos fustigantes, paisagens sombrias, mas de trechos paisagísticos lindíssimos, como as encostas do Vale do Chile, em Sernancelhe e mesmo em toda a Beira-Távora, pedindo a intercessão da Virgem Maria e de todos os Santos, tentando honrar a memória dos antepassados e esperando na benevolência do Pai misericordioso, entramos no mês do NATAL: o Natal é o primeiro passo de Deus visível no mundo para a nossa redenção. É a encarnação redentora ou a redenção encarnada!
2019.11.30 – Louro de Carvalho


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