quinta-feira, 2 de maio de 2019

As relações entre o “Azul” e o “Cinzento”


O azul, a partir das oportunas declarações de chineses que estudaram português, passou, nesta visita de Marcelo, a metaforizar Portugal enquanto a China persiste no habitual tom cinzento. Isto, de acordo com a reportagem de Filipe Santos Costa no Expresso on line a 30 de abril.
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Antes da Visita de Estado
O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa esteve 6 dias de visita à República Popular da China, de 26 de abril a 1 de maio. Falou das boas relações entre os dois países e das expectativas para a viagem, disse acreditar que há um novo tempo nas relações com o gigante asiático e destacou o papel de Portugal como país estratégico na ligação entre oriente e ocidente.
Embora a visita de Estado só tivesse início a 29 de abril, Marcelo esteve antes a participar na 2.ª edição do fórum “Faixa e Rota”, iniciativa chinesa de investimento em infraestruturas da Ásia à Europa (Portugal aderiu através de memorando), num painel sobre ambiente e desenvolvimento sustentável, que decorreu à porta fechada e não foi transmitido no centro de imprensa.
No quadro da iniciativa, em Pequim, no dia 27, Marcelo referenciou o “respeito efetivo pelos direitos humanos” e a “implementação do Acordo de Paris”, perante o Presidente da China, Xi Jinping, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e vários líderes mundiais. 
De acordo com o discurso escrito, a que a Lusa teve acesso, o Chefe de Estado afirmou: 
O mais importante é combinar a ação multilateral com diálogo político, porque essa é verdadeiramente a única via para garantir um mundo melhor, em que a paz, o desenvolvimento, a justiça e o efetivo respeito pelos direitos humanos prevaleça.
Mais tarde, em declarações aos jornalistas, o próprio Chefe de Estado português destacou essa referência aos direitos humanos dizendo:
“Eu terminei a intervenção – como, aliás, o secretário-geral António Guterres, foram duas das intervenções em que me recordo que isso foi citado expressamente – dizendo que o objetivo cimeiro disso é naturalmente efetivar os direitos humanos”.
Questionado se o Presidente Xi Jinping comentou esta matéria, Marcelo respondeu: 
“Ouviu a exposição, fez o comentário falando da conversa que tínhamos tido e da cooperação entre Portugal e a China, em função do encontro que tínhamos tido em Lisboa. Portanto, não focou pontos concretos da minha intervenção.”.
No atinente às alterações climáticas, o Presidente Marcelo pediu uma “liderança forte e ambição política” ao nível global para implementar o Acordo de Paris. Defendeu que “o direito a um ambiente saudável constitui um direito fundamental” e que se deve “combinar ação multilateral com diálogo político” para preservar o planeta para as futuras gerações, frisando que Portugal “apoia totalmente a neutralidade de emissões de carbono até 2050”, pois as alterações climáticas são a questão decisiva do nosso tempo. E considerou:
Passaram-se três anos desde o Acordo de Paris que definiu um novo rumo para o esforço global no combate às alterações climáticas. Mais do que nunca, será preciso liderança forte e ambição política para implementar este acordo histórico..
O Presidente da República frisou que os governos dos países subscritores do acordo devem “elaborar quadros nacionais que permitam uma cooperação multifacetada incluindo com o setor privado, a sociedade civil e parcerias com universidades”. E observou:
“Acredito que os avanços tecnológicos – incluindo os combustíveis não-fósseis, materiais de construção sustentáveis e acumuladores com maior capacidade – em conjunto com avanços na agricultura sustentável irão reforçar os nossos esforços para limitar as alterações climáticas”.
Enaltecendo a atuação de Portugal, referiu que mais de metade da eletricidade consumida no país é gerada por fontes renováveis, “o terceiro resultado mais alto da União Europeia”. E acrescentou que “Portugal apoia totalmente os esforços do secretário-geral das Nações Unidas para consagrar a ação contra as alterações climáticas como prioridade na agenda internacional”, bem como a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
(Assinado por 195 países a 12 de dezembro de 2015, na capital francesa, e em vigor a partir de 4 de novembro de 2016, o Acordo de Paris intenta limitar a subida da temperatura global pela redução das emissões de gases com efeito de estufa)
Também nesses dias que precederam a visita oficial, o Presidente português participou em encontros entre promotores da cultura e língua portuguesa na China e em encontros com empresários chineses e portugueses. Aos empresários chineses, cujo contributo reconheceu para o nosso combate à crise económica, sugeriu que doravante investissem sobretudo na nossa economia real; e aos portugueses incitou à internacionalização das empresas aproveitando as boas relações diplomáticas entre os dois países.
Ademais, cumpriu um sonho antigo, visitar a Muralha da China, e passou pela Cidade Proibida.
De visita à Grande Muralha da China o Presidente mostrou-se impressionado e falou da importância do monumento para Portugal. Num passeio de 45 minutos numa secção da Grande Muralha, a cerca de 70 quilómetros do centro de Pequim, falou várias vezes à comunicação social e repetiu a mensagem do salto qualitativo das relações luso-chinesas, de que está a haver uma “elevação do nível de colaboração política” entre os dois países, (implicando encontros anuais entre os primeiros-ministros dos dois Estados) “ao nível que existe com as principais potências europeias e com os Estados Unidos da América”.
A Cidade Proibida é hoje o “Palácio Museu” e continua a ser um lugar apaixonante e uma fonte quase inesgotável de prazer para um turista que conheça razoavelmente a história chinesa.
A sua construção, ordenada pelo Imperador Yongle, da dinastia Ming, demorou 14 anos e ficou concluída em 1420. Acredita-se que foram precisos mais de 200 mil homens para concluir a obra. A empreitada requereu uma logística complexa, porque foi necessário transportar a madeira da Província de Sichuan e a pedra de uma pedreira que ficava a cerca de 70 quilómetros de distância. De facto, a pedra foi trazida através duma habilidosa técnica, o que implicou criar um caminho artificial de gelo durante o inverno para facilitar a passagem dos trenós carregados.
Era sítio perigoso para ali se viver. Muitas festas acabavam mal (o imperador chegou a matar, numa das festas, os convidados todos); eram frequentes os incêndios; e eram comuns as execuções por traição ou desobediência e, de facto, havia muitos crimes cometidos por guardas, concubinas, eunucos (estes eram a maioria) e servos por razões de ciúme ou de honra.
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A visita de Estado repartida por Pequim, Xangai e Macau
A visita oficial do Presidente da República português começou, a 29 de abril, na emblemática Praça Tianamen, com a deposição duma coroa de flores no monumento aos heróis do povo. Seguiu-se o encontro com o Primeiro-Ministro chinês, Li Keqiang, na sua residência oficial Diaoyutai. E a manhã terminou com uma visita ao templo budista dos Lamas, um complexo do budismo tibetano do século XVII – onde dialogou abertamente sobre várias matérias (e defendeu a liberdade religiosa), nomeadamente filosóficas e místicas, com o monge que o guiou na visita.
A tarde foi reservada para a conversa mais importante, com o Presidente chinês, Xi Jinping. Marcelo foi recebido no Grande Palácio do Povo, numa cerimónia com honras militares. Após o encontro entre os dois chefes de Estado, com um período a sós e outro alargado às respetivas delegações, Xi Jinping ofereceu em sua honra um banquete oficial.
No dia 30, Marcelo prosseguiu a visita com agenda económica e cultural participando, na cidade de Xangai (a capital económica do país), num seminário económico luso-chinês, onde foram assinados acordos bilaterais; visitou a Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, que tem um dos departamentos de língua portuguesa mais antigos da China; e afirmou, na Câmara de Comércio e Indústria de Xangai, que Portugal e a China estão a viver um momento único e singular que se reflete já em novos investimentos.
E o dia 1 de maio foi dedicado à Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).
O Chefe de Estado chegou a Macau no dia 30 de abril à noite, tendo ali passado 24 horas, mas já admitiu a hipótese de voltar no final do ano, para as celebrações do 20.º aniversário da transição da administração do território de Portugal para a China.
A Santa Casa da Misericórdia de Macau, fundada há 450 anos, foi o primeiro lugar que Marcelo visitou, pelas 10,30 horas, tendo seguido dali para as ruínas da Igreja de São Paulo, com um passeio a pé pelo centro histórico.
Depois, teve uma reunião com Fernando Chui Sai On, o chefe do executivo da RAEM, que está a terminar o seu segundo e último mandato, estando a posse do sucessor prevista para 20 de dezembro, data em que se celebram os 20 anos da transição de Macau para a China.
Sem intervalos, o Presidente partiu da sede do Governo para um encontro com a comunidade portuguesa, autoridades locais, empresários e agentes culturais, na residência do cônsul-geral em Macau e, a seguir, visitou a Escola Portuguesa de Macau e o Consulado Geral de Portugal.
O último ponto do programa, antes de regressar a Lisboa, foi um jantar em sua honra oferecido por Fernando Chui Sai On, num hotel de Macau.
Acompanharam o Presidente da República nesta visita de Estado à China os deputados Adão Silva, do PSD, Filipe Neto Brandão, do PS, Telmo Correia, do CDS-PP, pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, e por Heloísa Apolónia, do Partido Ecologista “Os Verdes”.
BE e PAN optaram por não integrar a delegação parlamentar desta visita, o que justificaram com a situação de não respeito dos direitos humanos e das liberdades na China.
Pela parte do Governo, integraram a comitiva oficial os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e o Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias.
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Em jeito de balanço, o Presidente da República destacou no dia 1 de maio, em Macau, a assinatura do acordo que vai permitir uma representação do IPOR (Instituto Português do Oriente) em Pequim para o ensino do português na China continental. A este respeito declarou:
Acabou de ser assinado um acordo que vai permitir uma antena do Instituto Português do Oriente em Pequim para o ensino do português na China continental. Toda. E não especificamente apenas na Região Administrativa Especial de Macau.”.
Depois, vincou terem sido dados “passos muito concretos” num domínio que é estratégico e “portanto futuro” – a língua portuguesa e a educação –, mas também noutro domínio estratégico que é economia e finanças, numa altura em que Macau assinala os 20 anos de transferência de administração de Portugal para a China. E disse:
É mais importante a aposta na educação, na língua portuguesa, na cultura portuguesa, no mandarim e no seu ensino em escolas portuguesas e no intercâmbio cultural porque tem efeitos de médio e longo prazo em muitas gerações, do que os muitos importantes passos dados em matéria económica e financeira [durante esta visita]”.
Por outro lado, sublinhou que, até final do ano, 48 universidades da China estarão a ensinar português – só em Macau, há 45 escolas primárias e secundárias a ensinar português. Frisou que, em Macau, houve também “razões de superação de expectativas”, destacando-se como a mais importante o anúncio do Governo da RAEM de que vai apoiar a expansão da EPM (Escola Portuguesa de Macau), “uma pretensão de muitos anos”. E afirmou:
O Governo de Macau comunicou que tem terreno, está disponível para o lançamento da primeira pedra ainda este ano, para o arranque da elaboração do projeto e para a concretização do novo polo da Escola Portuguesa de Macau”.
Antes, o Presidente visitou o consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong e o IPOR, situado no mesmo edifício. No IPOR, fundado em 19 de Setembro de 1989 pela Fundação Oriente e pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, inaugurou o Laboratório de Línguas, assistiu à assinatura do protocolo de cooperação entre a Universidade de Macau, o Camões e o IPOR e do protocolo EPLP (“Empresa Promotora da Língua Portuguesa”) entre o Camões e a SJM (Sociedade de Jogos de Macau).
O estatuto de EPLP, criado em 2017, prevê a atribuição desta classificação a qualquer empresa, mediante uma contribuição financeira destinada à promoção da língua portuguesa.
Antes da receção à comunidade portuguesa e da visita à EPM, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se com o chefe do Governo de Macau. Fernando Chui Sai On realçou que a cooperação entre Macau e Portugal tem sido intensificada com a assinatura de cada vez mais acordos, mostrando-se satisfeito com os resultados no âmbito da Comissão Mista Macau-Portugal, de acordo com um comunicado adrede divulgado. E os dois responsáveis destacaram a importância do desenvolvimento do ensino da língua portuguesa em Macau, tendo Chui Sai On concordado com a sugestão adiantada pelas autoridades portuguesas sobre a expansão da EPM.
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O sentido do Azul na China segundo Filipe Santos Costa
Dizia o referido repórter que Marcelo ouviu, em Xangai, “Lisboa Menina e Moça”, explicou a importância do futebol em Portugal, foi-lhe dito qual a cor do nosso país em contraste com o cinzento que domina as cidades chinesas e pôs em prática a diplomacia dos afetos.
‘Cristiano’ (nome do português mais famoso do mundo de hoje) é também o nome de um dos vários estudantes de português na Shanghai International Studies University, uma das 47 universidades chinesas que têm cursos de língua e literatura portuguesa (no próximo ano letivo serão 48). Marcelo esteve ali a dar estímulo a professores e alunos, conhecer os jovens da licenciatura e mestrado e saber o que os levou a aprender a língua dum país tão longínquo.
Santos Costa anota, quanto ao nome que “não é uma enorme coincidência o facto do rapaz se chamar Cristiano: é comum, na China, adotar-se um nome ocidental, para facilitar o relacionamento com estrangeiros.
E Crstinao explicou a razão por que decidiu aprender esta língua: queria falar a mesma língua que o seu ídolo (Cristiano Ronaldo) fala.
Também Roberto, colega de Cristiano, se afirmou ‘fã de futebol’, de Ronaldo e da vitória portuguesa no Euro 2016 – que permitiu ao nossos futebol “ser finalmente reconhecido pelo mundo” –, perguntou ao Presidente “o significado do futebol para um país”.
Marcelo explicou que o futebol é “muito popular em Portugal porque é praticado pelo povo e é praticado pelas crianças desde pequeninas”. Lembrou que não são apenas os futebolistas que levam o nome de Portugal pelo mundo, mas também os treinadores e anotou que “Xangai é um bom exemplo da ligação entre Portugal e a China pelo futebol”, pois a principal equipa da cidade, a atual campeã chinesa, é orientada pelo português Vítor Pereira e por toda uma equipa técnica de portugueses. Depois, acabou por admitir que “o futebol é uma razão como qualquer outra para aprenderem português”.
Para além dos cursos superiores de português, com mais de 4000 alunos chineses inscritos em diversas províncias da China, foi lançado, em 2017, um projeto-piloto na cidade de Xangai – os alunos de 4 escolas secundárias e uma escola primária têm uma aula de português por semana. Conhecem a nossa língua, a história, a gastronomia, o modo de vida e a cultura. Para esses alunos, mesmo que não ousem cantá-lo, o fado não é uma sonoridade estranha. E dois alunos da universidade visitada por Marcelo cantaram o fado.
Diz o mencionado repórter que, pela amostra, ficou a saber-se que, tal como há “o pato à Pequim”, também pode haver “o fado à Xangai”, acompanhado à viola, sem guitarra portuguesa, cantado em dueto com harmonização de vozes (e não à desgarrada, como costuma ser o fado cantado a dois) e com uma pronúncia carregada de cantonês. Surgiu “Lisboa Menina e Moça” (de Carlos do Carmo) como uma espécie de fado que mostrou o empenho dos cantores e constituiu um dos momentos mais envolventes da viagem.
Desde que aterrou na China, o nosso Chefe de Estado tem insistido na importância de língua e da cultura como elos de ligação entre os dois países, sob a tese de que, na corrida global para fazer negócios com a China, Portugal tem a vantagem duma relação que dura há 500 anos, sem guerras nem conflitos, mas com “uma empatia natural”. E, num fórum de negócios bilaterais promovido pela AICEP, disse:
 Chegámos à China e ficámos. Tal como a China ficou em Portugal. Ficámos os dois no coração um do outro.”.
No âmbito da diplomacia dos afetos, Marcelo conseguiu uma mais-valia perante os alunos de português, sustentando que “falar e compreender uma língua significa compreender o que vai no coração dos outros”. Por isso, nesta rota de aproximação à China vai ser alargado o ensino de mandarim nas escolas portuguesas. E à questão lançada por Rebelo de Sousa à plateia, “Depois de aprenderem português, com que ideia ficaram de Portugal? Que palavra escolheriam para definir Portugal?”, Patrícia respondeu num português fluente: “Azul. O céu é muito azul. Impressionou-me muito o azul.
Esta professora-estagiária de português numa das escolas secundárias envolvidas no projeto-piloto não respondeu apenas com base na língua, mas também baseada na experiência de ter feito uma parte do seu estudo em Portugal. Diz o repórter que “basta ter acompanhado os primeiros 5 dias da viagem” de Marcelo à China, em Pequim e Xangai, para perceber que o azul impressione”, pois, “tirando o primeiro dia, na Grande Muralha, não voltou a haver qualquer dia de céu azul”. Com efeito, entre a névoa e a poluição, domina o cinzento”. E Patrícia acrescentou outra palavra que, para si, define Portugal: “carinho”. Por isso, o Presidente dos afetos recompensou-a com dois beijinhos um cumprimento incomum entre dois estranhos na China.
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É de saudar o incremento da relação política, cultural e económica luso-chinesa. A História o permite, o futuro o postula. Por isso e atendendo ao facto de Macau ter estado tantos séculos sob administração portuguesa (até 1999), foi um erro o corte de relações diplomáticas pelo Estado Novo, como não se entende hoje o silêncio da direita sobre a situação política da China. Na verdade, há que exigir o respeito e a promoção do exercício dos direitos humanos, travar uma provável onda de sobredomínio à boleia da cultura e da economia e não desistir da diplomacia.
2019.05.02 – Louro de Carvalho

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