sábado, 17 de novembro de 2018

Santo Alberto Magno, Doctor Universalis ou o génio enciclopédico


No passado dia 15 de novembro fez-se a memória litúrgica de Santo Alberto Magno, Doutor da Igreja e padroeiro dos estudantes de ciências naturais.
Alberto Magno, OP (em latim: Albertus Magnus) ou Alberto, o Grande, ou Alberto de Colónia, é o santo filósofo, escritor, astrólogo, teólogo e bispo, que a Igreja Católica proclamou Doutor da Igreja em 1931 por decisão de Pio XI. Pertencente à poderosa e influente família Bolsadt, na Alemanha, era um frade da Ordem dos Pregadores (dominicano) fundada por São Domingos de Gusmão. Ainda em vida era conhecido como doctor universalis e doctor expertus e, já idoso, ganhou o epíteo Magnus (“o Grande”). Estudiosos como James A. Weisheipl e Joachim R. Söder sustentam que foi o maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média.
A sua família era nobre, rica, cristã e tinha uma importante tradição militar. Desde a infância, Alberto manifestou piedade religiosa e recebeu uma educação primorosa e aguçada.
O título de “grande” (magnus), com que passou para a história, indica a vastidão e a profundidade da sua doutrina, que associou à santidade da vida. Mas já os seus contemporâneos não hesitavam em atribuir-lhe títulos excelentes: um dos seus discípulos, Ulrico de Estrasburgo, definiu-o “enlevo e milagre da nossa época”.
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Dados biográficos
É provável que tenha nascido em Lauingen, no Ducado da Baviera, na Suábia (Alemanha), pois chamava-se a si próprio “Alberto de Lauingen” (o epíteto pode ser ainda um nome de família). Mas, quanto ao ano de nascimento, aventam-se várias hipóteses, mas todas levam a situá-lo antes de 1206. Terá nascido em 1196 ou 1200, dadas as confiáveis evidências de que teria de 80 anos ou mais quando morreu em 1280. Porém, várias fontes afirmam que tinha 87 anos, o que explica porque 1193 também aparece como ano do seu nascimento. 
Levado por um tio foi estudar para a Universidade de Pádua (Itália), onde teve contacto com a obra de Aristóteles e conheceu o Beato Jordão da Saxónia, da Ordem de São Domingos, que o acompanhou no seu processo de ingresso nos dominicanos. Mas um relato de Rudolph de Novamagia revela que Alberto tivera uma visão da Virgem Maria, que o convenceu aceitar o hábito de dominicano. Sendo muito devoto da Virgem Maria, durante seus momentos de oração ela aconselhou-o a perseverar apesar da dificuldade e a não desistir.
Alberto contou que, quando era jovem, os estudos lhe eram difíceis e, certa noite, tentou fugir do colégio onde estudava. Quando chegou ao topo duma escada encostada na parede, encontrou a Virgem Maria, que lhe disse: “Alberto, porque, em vez de fugires do colégio, não me rezas, que sou ‘Casa da Sabedoria’? Se tens fé em mim e confiança, eu te darei uma memória prodigiosa”, disse-lhe a Mãe de Deus.
“E para que saibas que fui eu que te concedi, quando fores morrer, esquecerás tudo o que sabias”, acrescentou a Virgem. E isto cumpriu-se. Dois anos mais tarde, o santo partiu para o Céu muito pacificamente, sem doenças e enquanto conversava com os seus irmãos em Colónia.

Ele não desistiu e passou a perseguir a união entre ciência e fé. E dizia: Minha intenção última está na ciência de Deus. E, em 1223 ou 1229, entrou para a Ordem dos Pregadores contra a vontade da família e estudou teologia na Universidade de Bolonha. Selecionado para ocupar uma cadeira de professor em Colónia, onde havia um mosteiro dominicano, ensinou durante muitos anos na região, sobretudo em Regensburg, Friburgo, Estrasburgo e Hildesheim. E, durante o primeiro mandato em Colónia, escreveu a “Summa de Bono depois de debater com Filipe, o Chanceler, as propriedades transcendentais do ser. Foi o primeiro a comentar praticamente todas as obras de Aristóteles, tornando-as acessíveis para o debate académico mais amplo – estudo que o levou a conhecer e comentar o ensinamento dos muçulmanos, principalmente Avicena e Averróis, e pôs Aristóteles no centro do debate.
Passou, em 1241, a lecionar teologia na Universidade de Paris, centro intelectual da Europa Ocidental ao tempo, como titular da cadeira de teologia no Colégio de São Tiago, sendo que, em 1245, ali obteve o grau de professor de teologia pelas mãos de Guerico de Saint-Quentin. Foi o primeiro dominicano alemão a conquistar este posto  e diz-se que eram tantos os estudantes que frequentam as suas aulas que teve de ensinar numa praça pública, a chamada Praça “Maubert”, em razão do seu nome “Magnus Albert”.
Neste período, Tomás de Aquino, que veio a ser um dos grandes luminares da Igreja, tornou-se um dos seus alunos e manteve-se sempre fiel às suas doutrinas e à influência que recebeu de outros antigos filósofos. Além disso, Alberto compreendia muitos aspetos do mundo natural, como a metafísica, a física e a matemática. Reconheceu grandes dotes em Tomás de Aquino: “Vós o chamais o boi mudo”, disse aos outros alunos, que com tal expressão haviam definido o taciturno companheiro de estudo, “mas ele, com a sua doutrina, emitirá ruídos que serão ouvidos em todo o mundo”.
Em 1248, foi encarregado de abrir um estúdio teológico em Colónia, uma das cidades mais importantes da Alemanha, onde ele viveu durante vários períodos e que se tornou a sua cidade de adoção. De Paris, levou consigo para Colónia o discípulo extraordinário, Tomás de Aquino. Só o mérito de ter sido mestre de São Tomás seria suficiente para nutrir profunda admiração por Santo Alberto. Entre estes dois grandes teólogos instaurou-se um relacionamento de estima e amizade recíproca, atitudes humanas que contribuem muito para o desenvolvimento da ciência.
Em 1254, tornou-se superior provincial da sua Ordem, trabalho difícil que realizou com grande cuidado e eficiência (percorreu a pé as várias regiões, para estar próximo das comunidades religiosas a ele confiadas, mendigando ao longo do trajeto pão e teto). Durante o seu mandato, defendeu publicamente os dominicanos contra os ataques do corpo docente secular e regular da Universidade de Paris, escreveu um comentário sobre São João Evangelista e respondeu ao que dizia serem “erros” do filósofo islâmico Averróis. Passados 5 anos, participou num capítulo geral da Ordem em Valenciennes com Tomás de Aquino (outro grande teólogo medieval com incidência nos séculos seguintes), os mestres Bonushomo Britto, Florentius (provavelmente Florêncio de Hidínio, chamado também de “Florêncio Gaulês”) e Pedro, que criou uma ratio studiorum (um programa de estudos) para a Ordem, que trazia a filosofia como inovação para os que não foram suficientemente treinados na teologia. E, a partir de então, iniciou-se a tradição da filosofia escolástica dominicana com, por exemplo, a criação do Studium Provinciale no convento de Santa Sabina em Roma em 1265, o embrião da futura Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino (Angelicum).
Em Roma, chegou a ser teólogo e canonista pessoal do Papa em Agnani, Viterbo e Roma. E, em 1260, o Papa Alexandre IV (1254-1261) nomeou-o Bispo de Regensburg, cargo que manteve por três anos. Neste período, melhorou a sua reputação de humildade ao recusar andar montado a cavalo como ditava a legislação dominicana e, ao invés disso, andava sempre a pé pela sua diocese, hábito que lhe valeu o apelido carinhoso de “Botas, o bispo de seus paroquianos” (viveu em perfeito espírito de pobreza, assimilado na vida religiosa: “Nas suas gavetas não havia uma moeda”, disse dele alguém, “nem uma gota de vinho na barrica ou um punhado de grãos no celeiro). Depois de renunciar ao cargo para viver no seu convento de Würzburg e se dedicar a formar e ensinar, passou o resto da vida numa aposentadoria parcial morando em diversas casas monásticas da Ordem e pregando por todo o sul da Alemanha.
Em 1270, pregou a VIII Cruzada na Áustria. Depois, ficou famoso pelo papel de mediador entre os diversos partidos que lutavam na região. Em Colónia, Alberto é conhecido não apenas como o fundador da universidade mais antiga da Alemanha, mas também pelo “Grande Veredicto” (“Der Große Schied) de 1258, que encerrou o conflito entre a população da cidade e o Arcebispo.
Entre as últimas obras de Alberto, insere-se a luta para defender a ortodoxia do seu antigo pupilo Tomás de Aquino, cuja morte em 1274 o aborreceu sobremaneira, apesar de o relato de que ele teria ido pessoalmente a Paris para defender as suas doutrinas não poder ser confirmado.
Em 1274, participou ativamente no II Concílio de Lyon, na França.
Porém, em 1278, enquanto dava aulas, a sua memória falhou de súbito e ele perdeu a agudeza do entendimento, compreendendo que estava a chegar o seu fim, pelo que mandou construir seu próprio túmulo e passou a rezar diariamente o ofício dos defuntos. E, depois desta deterioração da saúde em 1278, faleceu em 15 de novembro de 1280 no convento dominicano de Colónia.
Foi uma grande autoridade em vários ramos do saber. Até então, não cabia dúvida de que se tratava de um intelectual fora do comum. No entanto, mantinha-se humilde e nunca deixou a oração e os sacramentos. Disse o Papa Bento XVI em 24 de março de 2010:
Santo Alberto Magno recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade e que os homens de ciência podem percorrer, através da sua vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade”.
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Alberto foi mencionado muitas vezes por Dante Alighieri, que fez da doutrina albertina sobre o livre arbítrio a base de seu sistema ético. Na “Divina Comédia”, Dante coloca Alberto e Aquino entre os grandes amantes da sabedoria (spiriti sapienti) no Paraíso do sol. Também foi mencionado, ao lado de Agrippa e Paracelso, no clássico “Frankenstein”, de Mary ShellY. E as suas obras influenciaram o jovem Victor Frankenstein.
Em 1622, o Papa Gregório XV declarou-o Beato. E, a 16 de dezembro de 1931, Pio XI canonizou-o e proclamou-o Doutor da Igreja. Dez anos depois, foi proclamado por Pio XII santo padroeiro dos cientistas. Segundo Joan Carroll Cruz, foi agraciado com um corpo incorrupto. No aniversário da sua morte, em 1954, foram as suas relíquias trasladadas para um sarcófago na cripta da igreja dominicana de Santo André.
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As obras
As obras de Alberto, colecionadas em 1899, compõem 38 volumes, uma demonstração não só da sua prolificidade como também do seu conhecimento literalmente enciclopédico sobre tópicos tão variados como gramática, lógica, geometria, aritmética, meteorologia, teologia, botânica, geografia, astronomia, astrologia, mineralogia, alquimia, zoologia, frenologia, direito, além de tratados sobre a justiça, amizade e amor. Leu, interpretou e sistematizou toda a obra de Aristóteles através do estudo de traduções latinas e de anotações de comentaristas árabes, sempre à luz da doutrina da Igreja. Grande parte do conhecimento moderno que temos sobre o grande filósofo grego foi preservado e apresentado aos estudiosos ocidentais por Alberto Magno. E escreveu livros sobre navegação, tecelagem, agricultura. Tão espantoso acúmulo de saber não o impediu de ser um humilde frei dominicano, piedoso e obediente.
Todavia, a sua atividade foi mais filosófica que teológica. As suas obras de filosofia estão, em geral, divididas de acordo com o esquema  aristotélico das ciências e consistem em interpretações e versões condensadas das obras do filósofo grego, acrescidas de discussões suplementares sobre tópicos contemporâneos e, ocasionalmente, de suas discordâncias. As suas principais obras teológicas são o comentário em 3 volumes do Livro das Sentenças de Pedro Lombardo (Magister Sententiarum) e uma Summa Theologiae em 2 volumes, sendo esta última uma repetição mais didática da primeira.
Está entre os primeiros pensadores medievais a afirmar a autonomia da ciência e da filosofia em relação à teologia. Verdadeiro génio enciclopédico, capaz de se mover com grande segurança nos mais diferentes campos do conhecimento humano, conviveu com perfeita harmonia entre as razões da ciência e da fé, que provêm do mesmo Deus, pelo que não se podem contradizer. E, nestes termos, rezava:
Senhor Jesus, “invocamos a tua ajuda para não nos deixarmos seduzir pelas vãs palavras tentadoras sobre a nobreza da família, sobre o prestígio da instituição, sobre o que a ciência tem de atraente (Sgarbossa, 1996).
O “Dicionary of Scientific Biography” afirma que Santo Alberto Magno foi um dos mais famosos precursores da ciência moderna na Alta Idade Média. Escreveu a obra “De Mineralibus”. Conseguiu preparar a potassa cáustica e descreveu a composição química do cinabre (sulfureto de mercúrio), do cerusita (óxido de zinco artificial) e do mínio (óxido de chumbo empregado na pintura e na fabricação de vidros especiais) e do carbonato de chumbo artificial.
Sustentava com clareza que “a ciência não pode explicar o mistério, mas ajuda a preparar os caminhos de Deus”. Era um admirador de Aristóteles e afirmava que é possível utilizá-lo como Santo Agostinho utilizara Platão; mas rejeita o que em Aristóteles é contrário à fé cristã. São Tomás de Aquino foi herdeiro académico de Santo Alberto Magno.
Destacam-se, a seguir, alguns vetores da sua produção:
Filosofia natural. O conhecimento de Alberto Magno sobre a filosofia natural (a “ciência”) era considerável e notavelmente acurado para a época. A sua diligência em aprender em todos os campos era enorme e, apesar de haver diversas lacunas no seu sistema científico, caraterístico da filosofia escolástica, o seu profundo estudo de Aristóteles deu-lhe um poderoso pensamento sistemático e grande habilidade explicativa. Um exemplo desta tendência geral é o seu tratado em latim De Falconibus(posteriormente incorporado numa obra maior, De Animalibus, compondo o capítulo 40 do livro 23), em que mostra um impressionante conhecimento das diferenças entre as aves de rapina e as demais aves; a diferença entre os tipos de falcões; a preparação para a caça; as técnicas de cura de falcões doentes e feridos. E, em De Mineralibus, afirma:
O objetivo da filosofia natural [ciência] é não apenas aceitar as afirmações de outros, mas investigar as causas que estão em ação na natureza.
O aristotelismo influenciou profundamente a visão de Alberto sobre a natureza e a filosofia.  
O seu legado académico justifica o apelido honorífico de Doctor Universalis, que ganhou da parte dos seus contemporâneos. Mas Alberto foi também responsável por mostrar que a Igreja não é contra o estudo da natureza e da ciência. Apesar da sua ênfase na experimentação e na investigação, Alberto respeitava a autoridade e a tradição a ponto de não publicar muitos dos seus trabalhos na área. Muitas vezes silenciava-se sobre diversos temas da astronomia e da física por acreditar que eram teorias muito avançadas para a época. Acreditava que as coisas naturais eram um composto de matéria e forma que ele chamava de quod est and quo est, uma tese aristotélica conhecida como hilemorfismo. A sua versão era basicamente a de Aristóteles, mas com alguns elementos emprestados de Avicena.
Alquimia. Nos séculos subsequentes à sua morte, apareceram muitas histórias a retratá-lo como alquimista e mago. Sobre a alquimia e a química, têm-lhe sido atribuídos muitos tratados, embora nos seus tratados autênticos tenha escrito pouco sobre o tema e, ainda assim, comentando Aristóteles. Por exemplo, no seu comentário De Mineralibus, alude ao “poder das pedras”, mas não elabora sobre isso. Existe uma ampla gama de obras alquímicas pseudoalbertinas para confirmar a crença que se desenvolveu de que ele teria sido um mestre da alquimia, uma das ciências fundamentais da Idade Média . Entre elas, contam-se: “Metais e Materiais”; “Segredos da Química”; “Origem dos Metais”; “Origem dos Compostos”; uma “Concordância”; uma coleção de observações sobre a pedra filosofal; “Theatrum Chemicum”; e uma coleção de tópicos alquímicos. Credita-se-lhe a descoberta do arsénico e diversas experiências com substâncias químicas fotossensíveis, incluindo o nitrato de prata. Porém, há pouquíssimas evidências de que ele tenha pessoalmente realizado qualquer experimentação. E contam as lendas que Alberto Magno teria descoberto a pedra filosofal e a passara para o seu pupilo, Tomás de Aquino, pouco antes de ele morrer. Alberto não confirma a descoberta nas suas obras, mas diz ter testemunhado a criação de ouro por “transmutação”. Credita-se ainda a Alberto a criação de um autómato mecânico na forma de uma cabeça de latão que seria capaz de responder perguntas, um feito que também foi atribuído a Roger Bacon.
Astrologia. Alberto tinha um profundo interesse pela astrologia, como demonstram estudos como o de Paola Zambelli. Por toda a Idade Média – e por muitos séculos depois – a astrologia era amplamente aceite por cientistas e intelectuais, que defendiam uma visão de que a vida na terra era efetivamente um microcosmo inserido num macrocosmo (este último, o próprio cosmos). Acreditava-se que existia uma correspondência entre ambos e que, por isso, os corpos celestes seguiam padrões e ciclos similares dos que se observavam na terra. Por isso, imaginava-se ser razoável afirmar que a astrologia poderia ser utilizada para prever um futuro provável das pessoas. E Alberto fez disso uma componente central do seu sistema filosófico, argumentando que uma compreensão das influências celestes que nos afetam poderia ajudar-nos a viver as nossas vidas mais em conformidade com os preceitos cristãos. A afirmação mais completa da sua crença astrológica pode ser encontrada na obra que escreveu em 1260, o “Speculum Astronomiae”. Porém, detalhes e partes destas crenças podem ser encontrados em quase todas as suas obras, desde a primeira, a Summa De Bono, até à última, a Summa Theologiae.Música. Alberto é também conhecido pelo seu brilhante comentário sobre as práticas musicais da época, sendo que a maior parte das suas observações estão no seu comentário sobre as “Poéticas” de Aristóteles. Rejeitava a ideia da “música das esferas” como ridícula, pois supunha que o movimento dos corpos celestes seria incapaz de gerar som. E escreveu bastante sobre as proporções na música e sobre os três diferentes níveis subjetivos no qual o cantochão pode operar na alma humana: purgação dos impuros; iluminação que leva à a contemplação; e nutrir o aperfeiçoamento através da contemplação. De particular interesse para os teóricos da música modernos é a atenção que ele prestava ao silêncio como parte integral da música.

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Em suma, Alberto Magno recorda-nos que entre ciência e fé existe amizade e que os homens de ciência podem percorrer, através da vocação para o estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade. E abriu a porta para a receção completa da filosofia de Aristóteles na filosofia e teologia medieval, uma receção elaborada de modo definitivo por Tomás de Aquino.
Eis um dos grandes méritos de Santo Alberto: com rigor científico, estudou as obras de Aristóteles, convicto de que tudo o que é realmente racional é compatível com a fé revelada nas Sagradas Escrituras. Em síntese, Santo Alberto Magno contribuiu assim para a formação de uma filosofia autónoma, distinta da teologia e a ela vinculada só pela unidade da verdade. Neste sentido, disse:
Desejar tudo aquilo que eu quero para a glória de Deus, como Deus deseja para a sua glória tudo o que Ele quer, ou seja, conformar-se sempre com a vontade de Deus para desejar e fazer tudo unicamente e sempre pela sua glória”.
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Por fim, transcreve-se a Oração a Santo Alberto Magno do site de Terra Santa Cruz:
Dá-me, Senhor, um espírito aberto e compreensivo como aquele que concedeste a Santo Alberto. E também, como a ele, dá-me a graça de abarcar parte do teu mistério com a minha inteligência. E que tudo isso me sirva para iniciar uma vida de oração constante e agradável em tua presença. Que Assim Seja. Amém. Santo Alberto Magno, rogai por nós.”.
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A iconografia do tímpano e arquivoltas do portal do século XIII da Catedral de Estrasburgo foi inspirada pelas obras de Santo Alberto Magno.
Cf:
https://www.acidigital.com/noticias/hoje-e-celebrado-santo-alberto-magno-o-grande-doutor-por-um-acordo-com-a-virgem-66711;
http://www.arquisp.org.br/liturgia/santo-do-dia/santo-alberto-magno;
https://cleofas.com.br/santo-alberto-magno-o-doutor-universal/;
https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santo-alberto-magno/181/102/#c;
https://www.infopedia.pt/$santo-alberto-magno;
Amerio, F. História da Filosofia I (Antiga e Medieval). Ed. Casa do Castelo, Coimbra: 1968
Abdel et al. A Filosofia Medieval – do século I ao século XV. Ed. Publicações Dom Quixote, Lisboa: 1983;
Huisman, D. Dicionário dos Filósofos. Ed. Martins Fontes, São Paulo: 2001;
Leite, J. & Coelho, A. (org.). Santos de Todos os Dias, vol. XI (novembro). Ed. Quid Novi, Matosinhos: 2006;

Sgarbossa, M.& Giovanni, L. Um Santo para Cada Dia, Ed. Paulus, São Paulo: 1996.

2018.11.17 – Louro de Carvalho


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