segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Centenário antunesiano Repensar Portugal, a Europa e a Globalização


Entre as várias iniciativas desencadeadas para assinalar o centenário do nascimento do Padre Manuel Antunes, destaca-se o Congresso InternacionalRepensar Portugal, a Europa e a Globalização: 100 anos do Padre Manuel Antunes SJ”, a decorrer desde o dia 2 de novembro – e que se encerrará a 6 de novembro – na Assembleia da República, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Município da Sertã. É uma iniciativa da CMS (Câmara Municipal da Sertã), da Cátedra Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização, sediada na UA (Universidade Aberta), do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da FLUL (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), da FCG (Fundação Calouste Gulbenkian) e do IECCPMA (Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes), em cooperação com outras instituições científicas e culturais nacionais e internacionais, como o IEAC-GO (Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização).  
Segundo a Organização (como se lê no site da FLUL), os seus objetivos são os seguintes:
- Aprofundar o conhecimento da vida e do magistério pedagógico, intelectual e espiritual do Padre Manuel Antunes;
- Revisitar, conhecer e compreender os grandes temas e problemas da obra do Padre Manuel Antunes;
- Situar a obra e o pensamento de Manuel Antunes na Companhia de Jesus e no quadro da sua herança espiritual, cultural e científica, no qual a Revista Brotéria se tornou uma referência em Portugal;
- Analisar os discursos em torno da identidade portuguesa, tendo por referência os textos antunesianos escritos sobre Portugal, a sua história, as derivas presentes e os desafios futuros;

- Analisar temas e problemas da cultura política em Portugal na perspetiva dos diagnósticos e caminhos apontados pelo Padre Manuel Antunes;
- Pensar a educação em Portugal e os desafios que a integração europeia e a globalização colocam, no quadro do esforço de adequação de conteúdos e de métodos, aos desafios da mentalidade e das sociedades tecnológicas hodiernas;
- Refletir sobre os grandes temas e problemas que se colocam em pleno século XXI a Portugal e à Europa, no contexto de uma globalização acelerada;
- Contribuir para pensar o mundo, a vida e os anseios psicológicos, mentais e espirituais da humanidade nos nossos dias, desafiada pelo cuidado da natureza, pela necessidade de lidar com os progressos tecno-científicos e pela emergência das sociedades digitais, nas quais a hiperinformação se tornou um capital decisivo;
- Pensar o processo de robotização do mundo e da emergência da dita era do pós-humano;
- Contribuir com reflexão crítica, no quadro dos Estudos Globais, para compreender o mundo globalizado em que vivemos e intervir com perguntas e respostas inovadoras.

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Do vasto programa – em que predominam os aspetos temáticos, mas em que estão presentes vários elementos culturais, de memória e conviviais – destacam-se, a seguir, os títulos da conferências, das comunicações a todo o auditório, das sessões plenárias e das sessões temáticas, dispensando-se as referências aos subtemas de cada sessão temática ou plenária, bem como aos presidentes de mesa e aos respetivos intervenientes. Assim:
No 1.º dia, realizou-se a Sessão de Abertura na Assembleia da República com Presidente da Assembleia da República, Reitor da Universidade Aberta (UAb), Reitor da Universidade de Lisboa (UL), Presidente da Câmara Municipal da Sertã, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Provincial da Companhia de Jesus, Presidente da Comissão Científica e Presidente da Comissão Organizadora. Seguiu-se a Conferência de Abertura sob os títulos “Pensamento global”, por Edgar Morin (Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3), e “Ética, política & direito democrático. Tópicos para a atual crise”, por Paulo Ferreira da Cunha (UP – Universidade do Porto). Depois, realizaram-se duas Sessões Plenárias, com os debates subsequentes: uma, sob a presidência de Viriato Soromenho-Marques (UL), em torno do tema “Política, Fé e Sociedade”; e outra, sob a presidência de João Relvão Caetano (UAb), em torno do tema “Padre Manuel Antunes: Memória e Testemunho”.
E o 1.º dia terminou com uma comunicação sob o título “Qu’est-ce qu’être un écrivain jésuite au XXe siècle? L’exemple de Manuel Antunes”, por Pierre Antoine Fabre (École des Hautes Études en Sciences Sociales – Paris), seguida de Receção e Porto de Hora nos Paços do Concelho de Lisboa.
O 2.º dia abriu, na Sertã, com uma comunicação sob o título “A Filosofia como Espaço do Espírito”, por Miguel Real (UL), a que se seguiram duas Sessões Temáticas, com debates subsequentes: uma, com o tema “Padre Manuel Antunes: Trajetos, Vivências e Causas” nos dois Painéis Temáticos; e outra, com o tema “Política, Moral e Revolução: Temas e Problemas”, no Painel Temático 1, e “Temas e Problemas da Cultura Portuguesa”, no Painel Temático 2.
A tarde começou com uma comunicação sob o título “Repensar Portugal: A importância dos partidos na iniciação política à democracia segundo o Padre Manuel Antunes Antunes”, por José Rosa (UBI – Universidade da Beira Interior). Seguiram-se duas Sessões Temáticas, com debates subsequentes: uma, com o tema “Questões Atuais, Questões Globais”, no Painel Temático 1, e “Educação e Renovação Pedagógica em Chave Global”, no Painel Temático 2; e outra, com o tema “Empreendedorismo, Educação e Globalização”, num Painel Único.
E o 2.º dia encerrou com uma comunicação sob o título “A (tão) serena (quão firme) demanda da justiça social em Manuel Antunes”, por  Januário da Costa Gomes (UL).
O 3.º dia foi preenchido, na Sertã, por: Eucaristia em memória do Padre Manuel Antunes, Almoço-convívio e Percurso Literário Padre Manuel Antunes.
O 4.º dia decorre em Lisboa na Fundação Calouste Gulbenkian e abriu com a comunicação sob o título “Da matriz clássica ao devir moderno: Teoria, hermenêutica e crítica da arte literária em Manuel Antunes”, por José Carlos Seabra Pereira (UC – Universidade de Coimbra). Seguiram-se duas Sessões Temáticas, com debates subsequentes: uma, com os temas Os Desafios e as Oportunidades da Inteligência Artificial”, no Painel Temático 1, Globalização, Transdisciplinaridade e Educação Integral, no Painel Temático 2, e Europa, Democracia e Desafios Globais, no Painel Temático 3; e outra, com os temas Europa, Identidades e Pós-Identidades”, no Painel Temático 1, Antigos e Modernos: Visões Contrastantes, no Painel Temático 2, e Crítica Literária e Escritores Portugueses, no Painel Temático 3.
A tarde foi preenchida com duas Sessões Temáticas, com debates subsequentes: uma, com os temas Educação e Futuros Possíveis”, no Painel Temático 1, “Comunicação, Democracia e Globalização”, no Painel Temático 2, e “Desafios Éticos dos Novos Contextos do Humano”, no Painel Temático 3; e outra, com os temas “Fátima Global”, no Painel Temático 1, “Educação e Globalização”, no Painel Temático 2, e Temas Antunesianos”, no Painel Temático 3.
E o 4.º dia encerrará com “Jantar em homenagem ao Padre Manel Antunes no restaurante Chaminés do Palácio da Independência de Portugal”
O 5.º dia (e último) decorrerá também em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian e abrirá com uma comunicação sob o título Ville manifeste: Le porte voix de la globalisation”, por Valérie Devillard (Université de Paris II).
Seguir-se-ão quatro Sessões Temáticas, com debates subsequentes: a primeira, com os temas “Liberdade de Ensinar e Aprender: Condição de Igualdade, Garantia de Diversidade”, no Painel Temático 1, “Globalização: Propaganda e Conflitos”, no Painel Temático 2, e “Democratização e Globalização do Conhecimento: O Caso Paradigmático da Wikipédia”, no Painel Temático 3; a segunda, com os temas “Portugal e Cultura-Mundo”, no Painel Temático 1, “Conciliar Mundos: Entre Clássicos e Modernos”, no Painel Temático 2, e “Empreendedorismo, Inovação e Inclusão”, no Painel Temático 3; a terceira, com os temas “Magistério Pedagógico e Intelectual do Padre Manuel Antunes”, no Painel Temático 1, “Intercâmbios Globais, Ecologia e Revolução das Mundividências”, no Painel Temático 2, e “Intercâmbios Globais, Ecologia e Revolução das Mundividências”, no Painel Temático 3; e a quarta, com os temas Portugal Político: Diagnósticos, Desafios e Soluções”, no Painel Temático 1, Portugal: História, Língua e Identidades, no Painel Temático 2, e Escritas, Autores e Leituras”, no Painel Temático 3.
A Conferência de Encerramento sob o título “Manuel Antunes, SJ – História e Cultura” será proferida por Luís Filipe Barreto (UL). E a Sessão de Encerramento conta com a presença do Presidente da República, do Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, do Ministro da Educação, do Presidente da Câmara Municipal da Sertã, do Diretor do CLEPUL, do Presidente da Comissão Científica e do Presidente da Comissão Organizadora – seguindo-se a Atuação de Rão Kyao.
O congresso regista contributos de académicos, escritores, sacerdotes, jornalistas, e de personalidades de várias instituições, designadamente: a Assembleia da República; várias universidades públicas portuguesas (Lisboa, Nova, Aberta, Porto, Coimbra, Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Aveiro, Beira Interior, Madeira, ISCE – Instituto Universitário de Lisboa…); o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa; a Universidade Lusófona, a Universidade Católica Portuguesa e a Universidade Europeia; o Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes; as revistas “Brotéria” e “Sábado”; o “Jornal de Letras”; a agência Ecclesia; o Santuário de Fátima; o Ministério da Educação e o da Cultura; a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas; a Fundação Calouste Gulbenkian; os municípios de Sertã e de Lisboa; a Mobilidade PT; a Academia das Ciências de Lisboa; a Federação Nacional das Associações de Pais de Alunos do Ensino Católico; a Associação Portuguesa de Escolas Católicas; o Externato Frei Luís de Sousa; a Rede Cuidar da Casa Comum; a Fundação Gonçalo da Silveira; e a Fundação Vox Populi.
E são de destacar personalidades das seguintes instituições estrangeiras: Universidade Federal do Rio de Janeiro; Universidade do Estado de Santa Catarina; Universidade Presbiteriana Mackenzie; Universidad de Alcalá de Henares; Sorbonne Université; Universidade de Paris II; Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3; École des Hautes Études en Sciences Sociales – Paris; European Council of National Associations of Independent Schools; e Wikimedia Espanha.
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O Padre Manuel Antunes, SJ (1918-1985), é um dos pensadores e pedagogos mais notáveis do  século XX português. Pelas disciplinas que lecionou na FLUL, ensinou várias gerações de estudantes (cerca de 15 mil), desde 1957 até à sua morte, em 1985. De acordo com os testemunhos disponíveis, é uma referência de pedagogo e de hermeneuta “arguto e prospetivo da cultura e das sociedades clássicas e contemporâneas”, sendo ainda hoje lembrado com saudade e como um modelo de pensamento e de sabedoria pelos que foram seus alunos e pelos que tiveram o privilégio de com ele privar. Também se destacou como diretor da Revista Brotéria (da Companhia de Jesus, onde escreveu centenas de artigos, sob 126 pseudónimos, “sobre os mais diversos temas de cultura histórica, religiosa e filosófica, assim como de atualidade política, social e literária”.
Legou-nos “um pensamento muito sagaz e avançado sobre Portugal e a Europa, na relação com o mundo em processo de globalização”. E os seus textos, ainda hoje muito lidos e citados, deram origem a diversos livros, tornados numa espécie de chave de leitura de aspetos relevantes do mundo contemporâneo, de que relevam “Indicadores de Civilização e Repensar Portugal.
A reflexão antunesiana está patente num número significativo de textos, alguns dos quais de caráter prospetivo, que podem ser lidos com grande proveito, pois mantêm uma significativa atualidade, visto que soube antecipar, nas décadas de 60 e 70 do século XX, com uma argúcia e lucidez extraordinárias, derivas, problemas e desfechos da vida portuguesa e internacional. Surpreendem-nos questões, reflexões e propostas que podem ajudar na urgência de repensar Portugal, a Europa e o nosso mundo atual, marcado por uma tremenda incerteza.
Realizado um primeiro Congresso, em 2005, sobre a sua vida e obra, na Fundação Calouste Gulbenkian e no Centro Cultural da Sertã, e concluída a preparação da sua Obra Completa, publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 2012, é pertinente assinalar os 100 anos do nascimento desta figura maior do pensamento avançado em Portugal com um evento científico internacional, para, sob os grandes tópicos da reflexão antunesiana, se pensarem os grandes temas e problemas do país em articulação com as grandes questões da Europa e do mundo globalizado em que vivemos (cf site da FLUL).
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Sirva o evento para fazer memória do sacerdote académico de larga visão e para reforçar o prestígio das nossas instituições, que dele bem necessitam em tempo de emergência da mediocridade!
2018.11.05 – Louro de Carvalho

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