A convite do casal Edite e Veríssimo,
por força da velha amizade e da comunhão de experiência religiosa e pastoral de
outrora, minha esposa e eu deslocámo-nos a Ponte do Abade no passado dia 31 de
maio para a celebração do matrimónio de sua filha Diana com o Luís, de
Mosteirô, do concelho de Santa Maria da Feira.
Para não incorrer em qualquer espécie
de dúvida, escrevi “matrimónio” e não “casamento”, que também o é no sentido
originário e comum do termo, mas não na plurivocidade do conceito plasmado no
nosso código civil. Este, o da Ponte do Abade, insere-se literal e
espiritualmente na definição canónica de “pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher
constituem entre si o consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua índole
natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole”, o qual “entre
os batizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento” (cf
CIC, can. 1055/§1).
Dada a premência da hora,
após uma viagem de considerável duração, dirigimo-nos para espaçosa igreja de
Nossa Senhora do Amparo, onde já se encontrava o noivo e respetivo séquito. No contacto
com alguns dos velhos conhecidos, incluindo um dos irmãos da noiva e namorada, apercebi-me
de que tudo estava preparado com o esmero conducente a uma celebração condigna –
da solenidade que ela merece e daquela discrição própria de pessoas arredadas
das pompas fictícias que percorrem este mundo de Cristo, tantas vezes sem
Cristo.
A celebração decorreu,
pois, com elevado sentido cultual, estilo empaticamente interativo entre
presidente da celebração, nubentes e dinamizadores da assembleia litúrgica –
sem qualquer ponto de inobservância da parametragem ritual, mas sem qualquer “servilismo”
a gestos, passos ou rubricas. Em atenção à beleza celebrativa desta ação de
Cristo ou deste sacramento da Igreja, apraz-me destacar alguns aspetos que a marcaram
muito positivamente: a solene entrada da noiva, serena e discreta, sem o
cuidado de pesar artificialmente os passos ou os olhares, ao som da marcha
nupcial, sem a pressa de esgotar os acordes de qualquer modo ou com omissões;
as palavras oportunas do reverendo Padre Aniceto, cheias de doutrina, admonição
prática e sentido da vida; as leituras escolhidas, de entre as várias hipóteses
do lecionário sacramental, pelos noivos e proclamadas por familiares; os cantos
litúrgicos propostos e dinamizados pelo grupo coral e instrumental, em que
predominavam os familiares e amigos, com especial destaque para pai e mãe da noiva
e seus dois irmãos.
É gratificante participar,
em clima litúrgico e familiar, na celebração de um momento determinante e tão
importante para a vida de quem fez connosco parte do seu percurso humano e
cristão.
É também de interesse
relevar o ambiente topográfico e humano em que decorreu o copo d’ água. Em Gradiz,
a terra natal do franciscano Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, a quinta dos
Vilhenas, ali ao lado da igreja paroquial de Nossa Senhora das Neves, foi o
cenário do repasto, marcado pela abundância, diversidade e finura dos múltiplos
ingredientes, pela qualidade do serviço e pela atenção dos anfitriões.
Foi um belo dia de
celebração, secundada pela revisitação de velhas amizades, pelo avivar de
curiosas memórias, pelo contacto com lugares ainda nostálgicos, pelo encontro
de outras fortes figuras humanas, e pela permuta de ideias um pouco sobre tudo
o que rodeia o homem do hoje do mundo – e, porque não o dizer, dia de boa
degustação de fé cristã, de alimento e bebida e de convivência franca: o tal
aforismo do “mens sana in corpore sano”.
Só restará deixar uma palavra
de agradecimento aos pais dos nubentes e aos “santos” da festa, pela
oportunidade. A estes é de endereçar mais uma vez, aliás como no dia 31 de maio,
os votos de lar feliz, família santa, êxito profissional e grande afirmação social
– num futuro que têm diante de si.
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