terça-feira, 3 de junho de 2014

Um extraordinário e belo 31 na Ponte do Abade

A convite do casal Edite e Veríssimo, por força da velha amizade e da comunhão de experiência religiosa e pastoral de outrora, minha esposa e eu deslocámo-nos a Ponte do Abade no passado dia 31 de maio para a celebração do matrimónio de sua filha Diana com o Luís, de Mosteirô, do concelho de Santa Maria da Feira.
Para não incorrer em qualquer espécie de dúvida, escrevi “matrimónio” e não “casamento”, que também o é no sentido originário e comum do termo, mas não na plurivocidade do conceito plasmado no nosso código civil. Este, o da Ponte do Abade, insere-se literal e espiritualmente na definição canónica de “pacto matrimonial, pelo qual o homem e a mulher cons­tituem entre si o consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole”, o qual “entre os batizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento” (cf CIC, can. 1055/§1).
Dada a premência da hora, após uma viagem de considerável duração, dirigimo-nos para espaçosa igreja de Nossa Senhora do Amparo, onde já se encontrava o noivo e respetivo séquito. No contacto com alguns dos velhos conhecidos, incluindo um dos irmãos da noiva e namorada, apercebi-me de que tudo estava preparado com o esmero conducente a uma celebração condigna – da solenidade que ela merece e daquela discrição própria de pessoas arredadas das pompas fictícias que percorrem este mundo de Cristo, tantas vezes sem Cristo.
A celebração decorreu, pois, com elevado sentido cultual, estilo empaticamente interativo entre presidente da celebração, nubentes e dinamizadores da assembleia litúrgica – sem qualquer ponto de inobservância da parametragem ritual, mas sem qualquer “servilismo” a gestos, passos ou rubricas. Em atenção à beleza celebrativa desta ação de Cristo ou deste sacramento da Igreja, apraz-me destacar alguns aspetos que a marcaram muito positivamente: a solene entrada da noiva, serena e discreta, sem o cuidado de pesar artificialmente os passos ou os olhares, ao som da marcha nupcial, sem a pressa de esgotar os acordes de qualquer modo ou com omissões; as palavras oportunas do reverendo Padre Aniceto, cheias de doutrina, admonição prática e sentido da vida; as leituras escolhidas, de entre as várias hipóteses do lecionário sacramental, pelos noivos e proclamadas por familiares; os cantos litúrgicos propostos e dinamizados pelo grupo coral e instrumental, em que predominavam os familiares e amigos, com especial destaque para pai e mãe da noiva e seus dois irmãos.
É gratificante participar, em clima litúrgico e familiar, na celebração de um momento determinante e tão importante para a vida de quem fez connosco parte do seu percurso humano e cristão.
É também de interesse relevar o ambiente topográfico e humano em que decorreu o copo d’ água. Em Gradiz, a terra natal do franciscano Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, a quinta dos Vilhenas, ali ao lado da igreja paroquial de Nossa Senhora das Neves, foi o cenário do repasto, marcado pela abundância, diversidade e finura dos múltiplos ingredientes, pela qualidade do serviço e pela atenção dos anfitriões.
Foi um belo dia de celebração, secundada pela revisitação de velhas amizades, pelo avivar de curiosas memórias, pelo contacto com lugares ainda nostálgicos, pelo encontro de outras fortes figuras humanas, e pela permuta de ideias um pouco sobre tudo o que rodeia o homem do hoje do mundo – e, porque não o dizer, dia de boa degustação de fé cristã, de alimento e bebida e de convivência franca: o tal aforismo do “mens sana in corpore sano”.

Só restará deixar uma palavra de agradecimento aos pais dos nubentes e aos “santos” da festa, pela oportunidade. A estes é de endereçar mais uma vez, aliás como no dia 31 de maio, os votos de lar feliz, família santa, êxito profissional e grande afirmação social – num futuro que têm diante de si.

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