quarta-feira, 25 de junho de 2014

Por ocasião da solenidade de São João Batista

Por ocasião da celebração litúrgica da solenidade de São João Batista e sem desmerecer do dinamismo dos festejos populares, pela sadia convivência que despertam e proporcionam, tomaram pública palavra três bispos de renome e um sacerdote cónego e pároco.
O primeiro desses bispos que me apraz citar é o bispo de Roma, o Papa Francisco. A propósito do único santo cujo dia de nascimento se celebra – se excetuarmos a Virgem Maria, cujo nascimento se celebra a 8 de setembro, e Aquele que é o detentor de toda a santidade, Tu Solus Sanctus, Jesus Cristo, cujo nascimento se festeja a 25 de dezembro – o Papa aproveita para falar da vocação do cristão.
De facto, é preciso que os cristãos, enquanto anunciadores de Jesus, imitem o exemplo do Batista “o maior dos profetas” (entre os nascidos de mulher não surgiu nenhum maior que João – Mt 11,11), que não se anuncia a si mesmo, “mas anuncia outro, prepara o caminho para outro, o Senhor. Um cristão deve saber discernir, deve saber como distinguir a verdade daquilo que parece verdade e não o é” – como se pode ler no site da Santa Sé no quadro da newsletter das homilias da Missa em Santa Marta (24-06-2014).
Mas o pontífice não esquece a dimensão fundamental da missão joânica: a capacidade de se “abaixar” para que “o Senhor cresça, no coração e na alma dos outros”. O Batista, especificou Francisco, tinha a vocação de se “diminuir”, até ao ponto de se “anular a si mesmo” (É necessário que Ele cresça e eu diminua - Jo 3,30). E opina que “esta foi a etapa mais difícil de João, porque o Senhor tinha um estilo que ele não tinha imaginado” – uma espécie de “escuridão da alma”.
Por outro lado, temos o estilo vigoroso do profeta do deserto – não como lugar da areia, mas espaço do silêncio longe do bulício mundano, espaço de acesso difícil, mas a que acorriam os sedentos de recolhimento – a clamar, pela justiça de Deus, com “palavras fortes”, que atraíam as pessoas, mas sem “tomar nada para si”.
Francisco sintetizou a sua reflexão nas “três vocações” de João Batista: “preparar, discernir, deixar crescer o Senhor”.
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Por cá, o arcebispo primaz de Braga, na homilia da celebração eucarística a que presidiu em honra de São João Batista, afirmou, em dimensão mais social, que é preciso reconhecer que “o verão ainda não chegou a diversas pessoas”. E escalpeliza a gritante situação existente em muitas zonas vivenciais do país: “o inverno do desemprego, da emigração, do sofrimento, tem gerado muitas chuvas de lágrimas às quais Deus não nos permite ficarmos indiferentes”.
O arcebispo sublinhou a atitude que João Batista assumiu: “não ficou indiferente ao rumo que a história do seu povo estava a tomar” e “arriscou tudo, incluindo a vida”, tornando-se uma voz, “muitas vezes dura e ingrata”, que apresentou “novos caminhos”. Por isso, interroga-se se não devemos, como crentes e cidadãos, estar mais atentos aos destinos sociais do nosso país; se não necessitaremos de propor um novo paradigma, onde haja justiça e equidade para todos. E definiu-se compromissivamente: “Pessoalmente, acredito que está nas nossas mãos fazer este caminho”.
Evocando estes tempos de “laicidade tão agressiva”, Dom Jorge Ortiga salientou a atualidade das celebrações joaninas, afirmando que a festa é “uma das componentes necessárias ao ser humano, tendo em vista a sua realização”.
“A festa de São João diz a esta moderníssima cidade de Braga que o progresso industrial e tecnológico, que tanto a carateriza, não a pode fazer esquecer que há princípios éticos que devem regular essa acelerada evolução e que não a pode afastar dos carenciados que, por diversos motivos, estão totalmente à margem dessa evolução”.
O primaz apelou, com peculiar pertinência, à sobriedade na celebração das festas populares, porque não se podem “investir grandes quantias em momentos breves e passageiros”, e descurar o premente dever de apoiar “o desfavorecido, o pobre e o frágil”.
E terminou as suas considerações homiléticas com o pedido compromissivo da “intercessão” de São João Batista para a cidade humana, para que todos acreditem que é possível uma sociedade diferente, “uma sociedade que se edifica nos valores da esperança, da humildade, da fraternidade e da sobriedade”.
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Do seu lado, o prelado Portuense destacou, de forma abrangente, o exemplo de simplicidade e fulgor evangelizador deixado por João Batista, apresentando-o como aquela figura modelar que deve continuar a interpelar a Igreja Católica e a sociedade.
Durante a celebração da solenidade litúrgica de São João Batista, Dom António Francisco dos Santos desafiou as pessoas a serem, à semelhança do “profeta e precursor de Jesus”, uma “voz inconformada diante das injustiças sociais e convite corajoso à conversão”.
Ensinou especialmente ao grupo de que pessoas a quem ministrou o Sacramento da Confirmação, na Igreja paroquial da Foz do Douro, da cidade invicta, aos quais incitou a serem sinais de “amor” no meio da cidade: “O profeta é aquele que vê para lá do tempo. O profeta é sempre o arquiteto de caminhos novos para o futuro”. E exortou a “que cada família, cada rua, cada bairro se torne uma comunidade, onde ninguém se sinta sozinho, rejeitado ou desprezado”.
Mas, perspetivando a ação global da Igreja Católica local, Dom António acentuou que a herança profética do precursor deve motivar as estruturas eclesiais a mobilizarem “a sociedade civil, as autarquias e o Governo” na construção de “um mundo melhor”, numa época “marcada por circunstâncias que toldam o horizonte da esperança”. E elegeu como “campos” mais prioritários, “a vida humana, a família, a educação, a solidariedade social, o bem comum e a solicitude atenta aos doentes, aos reclusos, aos desempregados, aos pobres e aos desfavorecidos”.
Por outro lado, julga serem necessárias comunidades católicas que, à imagem de João Batista, “sejam acolhedoras e missionárias, felizes e vivas, evangelizadas e evangelizadoras, atentas aos pobres e construtoras de caminhos novos para as gerações futuras”, especificando que “evangelizar com novo ardor, alegria e entusiasmo é o primeiro e maior serviço que a Igreja presta à Cidade”.
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Também o responsável pela paróquia da Foz, o cónego Rui Osório, testemunha que a celebração litúrgica do nascimento de São João Batista leva ao Porto uma festa “única” para uma “cidade de liberdade”. Não constando no calendário da cidade propriamente uma celebração religiosa e tratando-se de uma festa sacro-profana, o sacerdote e jornalista admite ser “curioso que o povo na sua manifestação” não tenha querido formalizar e institucionalizar estas festas, que “são muito espontâneas, são muito da alegria do povo, da proximidade”. Segundo este eclesiástico com alma de etnólogo, embora o santo seja festejado em todo o país, existe uma tradição particular no Porto, numa celebração “democrática” em que “não há ricos nem pobres”, ou seja, todos aceitam partilhar os gestos típicos destes dias: dar e receber a pancada do martelinho ou a porretada do alho-porro, assistir ao fogo-de-artifício e participar na sardinhada convenientemente regada.
O insigne clérigo recorda o fenómeno recorrente da “cristianização” de festas pré-cristãs, “típicas” da primavera e do verão, que lançam mão de elementos como as ervas aromáticas ou as fogueiras, de modo que as figuras de Santo António, São João Batista e São Pedro se tornam santos verdadeiramente populares, quer sejam protetores de militares, noivas e casamentos ou simplesmente “rapioqueiro”, como o São João do Porto. E o povo, na sua natural propensão para o folguedo, bem sabe tirar partido da alegria que estes santos inspiram.
O cónego Rui Osório observa que a festa joanina “é muito típica de uma cidade que troca o ‘v’ pelo ‘b’, como tem outros regionalismos na sua maneira de falar, mas não troca nunca a liberdade pela escravidão” – pelo que “a noite de São João é uma noite de liberdade, de fraternidade, de alegria, em que as pessoas democraticamente se aceitam nas suas diferenças”.
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Que nos diz a Bíblia deste homem que, segundo Santo Agostinho (Sermão 293, PL 38), surgiu como o ponto de encontro entre os dois testamentos, o Antigo e o Novo?
– “João tinha proclamado um batismo de penitência a todo o povo de Israel. Prestes a terminar a sua carreira, dizia: Eu não sou quem julgais, mas depois de mim vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos pés” (cf At 13,24-25).
– As circunstâncias do seu nascimento vêm relatadas em Lc 1,5-25 (anúncio a Zacarias, que ficou mudo por duvidar); 1,36 (referência da gravidez de Isabel pelo anjo a Maria de Nazaré); 1,44 (exultação no ventre materno, com a presença da mãe de Jesus); 1,57-80 (parto de Isabel, aposição do nome de João, à ordem de Zacarias, o pai cuja voz se soltou e irrompeu na entoação do cântico Benedictus, vida de infância e retirada par o deserto).
– Sua prisão e martírio, por haver denunciado a união irregular de Herodes, vêm referidos em Mt 4,12; 11,12ss; 14,3ss; Jo 3.23ss (bem como em lugares paralelos de Mc e Lc).
– Batismo de Jesus por João vem descrito em Mt 3,13ss; Mc 1,9-11; Lc 3,21-22; Jo 1,31-34.
– Pertence a uma família sacerdotal – “Estando Zacarias no exercício das suas funções sacerdotais (…), o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, a tua súplica foi atendida; Isabel, tua esposa vai dar-te um filho e tu vais chamar-lhe João” (Lc 1,8.13; cf Nm 18,8-9).
– É o novo Elias cuja missão é semelhante à de Levi (Ml 3,1.24) – “Eis que vou enviar-vos o profeta Elias”. (…) “Ele fará com que o coração dos pais se aproxime dos filhos, e o coração dos filhos dos pais” (ML 3,23-24). “Irá à frente, diante do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de proporcionar ao Senhor um povo com boas disposições” (Lc 1,17). “Quer acrediteis quer não, ele é o Elias que estava para vir (Mt 11,14). “Sim, Elias há de vir e restabelecerá todas as coisas. Eu, porém, digo-vos: Elias já veio e não o reconheceram, trataram-no como quiseram. (…) Então os discípulos compreenderam que se referia a João Batista” (Mt 17,12.13).
– Como precursor ele devia preparar o povo para a vinda do Senhor, numa linha de conversão, mas deixava claro a todos que não era ele o Messias. Este estava para vir e era maior que João:
“Apareceu João, o Batista, a pregar no deserto da Judeia, dizendo: Arrependei-vos, está próximo o reino dos céus. Foi assim que falou Isaías: Uma Voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. João tinha vestes de pelos de camelo e cinto de couro em torno da cintura; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. Iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judeia e da província do Jordão. E eram por ele batizados no Jordão, confessando os seus pecados.
Ora, vendo que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não vos iludais a vós mesmos, exclamando: Temos por pai a Abraão, porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos de Abraão. E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. E eu, em verdade, batizo-vos com água, para a conversão; mas aquele que vem após mim é mais poderoso que eu; e eu não sou digno de lhe descalçar as sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. Em sua mão tem a pá e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” (Mt 3,1-12; Mc 1,2-8; Lc 3,1-9.15-18).
E as multidões reagiam com boa-fé às palavras deste profeta-monge, quase eremita:
“E a multidão interrogava-o, dizendo: Que faremos, então? Ele respondia: Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem, e quem tiver alimentos, faça o mesmo. Chegaram também uns cobradores de impostos para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele respondia: Não peçais mais do que aquilo que vos está ordenado. Uns soldados interrogaram-no também: E nós que faremos? E ele disse-lhes: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo. E, estando o povo em expectação e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo, a todos respondeu João, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das sandálias.” (Lc 3,10-16).
O autor do 4.º Evangelho dá testemunho de João Batista nestes termos:
“Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João. Este veio para testemunho da luz, para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas vinha como testemunha da luz.” (Jo1,6-8). “João testemunhou dele clamando: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem depois de mim passou-me à frente, porque existia antes de mim.” (Jo 1,15.30).
– Sobre a sua grandeza, firmeza,pobreza e missão:
“Começou Jesus a perguntar às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento? Um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então que fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta, porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele. E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele os violentos.” (Mt 11,7-12). “Herodíade espiava-o, e queria matá-lo, mas não podia, porque Herodes temia a João, sabendo que era homem justo e santo; e guardava-o com segurança, fazia muitas coisas e, atendendo-o, ouvia-o com prazer” (Mc 6,19-20).
– É João Batista que apresenta Jesus como o Messias, o Cristo:
No dia seguinte, João viu Jesus, que vinha para ele, e exclamou: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele de quem eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por isso, batizando com água. E João testificou, dizendo: Eu vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo. E eu vi e tenho testificado que este é o Filho de Deus. No dia seguinte, João estava outra vez ali com dois dos seus discípulos e, ao ver passar Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.” (Jo 1,29-36).
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Sobre o nome “João”, respigo algo do livro do padre Rómulo C. de Souza, que seguirei ampliando as ideias fundamentais. Nele o autor relaciona os nomes Zacarias (Zacar.Iáh, “Deus se lembrou”), Isabel (Eli.Shêbet, “Juramento de Deus”), João (Io.Hanán, “Graça de Deus”) e Jesus (Ie.Shúa’, “Deus é a Salvação”) como o todo fundamental no cumprimento das promessas messiânicas.
Zacarias, ao escrever na tabuinha que solicitou o nome “João” para o menino recém-nascido, sentiu a língua soltar-se e proferiu um cantar de júbilo (que explana esta tetronomia ou tetralogia): “Bendito o Senhor Deus de Israel que nos deu a Salvação (Jesus = Salvação). Recordou-se da sua santa Aliança (Zacarias = Deus lembrou-se) e do juramento que fez a Abraão nosso pai (Elisabete = juramento de Deus), que nos havia de conceder esta graça (João = Graça de Deus). E tu, menino (o João), irás à sua frente (à frente do profeta do Altíssimo – o Deus, que vem a salvar) a preparar o caminho e a dar a conhecer ao povo a salvação (Jesus salva) para remissão dos pecados (veja-se acima a exclamação joânica: Eis o Cordeiro de Deus, que ti a o pecado do mundo!).
Ora em hebreu, os nomes, mais do que nomes, são sugestões simbólicas; e os símbolos têm uma força incomensurável, mais poderosa que a própria narrativa. 
Assim, “Isabel” é nome ligado a uma raiz semita de conteúdo riquíssimo “SHEB”, com as variantes SHAB e SHUB. Com este som os hebreus formaram palavras que estão conotadas com as nossas: fartura, abundância, juramento (nele se empenha o que de mais sagrado temos, a pessoa a honra…) , sete (o número da perfeição: humano-divina – as quatro virtudes humanas  ou cardeais, os quatro cantos da Terra + as três virtudes teologais, as três pessoas divinas…), sábado (o dia do descanso de Deus por ter acabado a sua obra e a ter considerado muito boa), perfeição, descanso, término, fim, giro, volta, trigo (que germina e se multiplica).
A imagem básica do SHAB, SHEB, SHUB é o círculo. SHUB é girar, dar a volta, retornar. “O círculo é o símbolo da eternidade, das coisas duradouras, da repetição indefinida, da multiplicação infinita do tempo, dos dias, dos anos, das estações e da colheita”. Para colher é preciso semear. O momento da vinda de João e da consequente vinda do Messias é a semente de infinito para a colheita do Infinito; é a inauguração da eternidade no mundo, no tempo. É a era da presença de Deus Salvador (Jesus) disponível no mundo dos homens (tornado Emanuel, Deus connosco), presença gratuita ou joânica (João, Graça de Deus), fruto da sua misericórdia ou benevolência.
“O perpétuo giro do sol em 12 meses evoca a perfeição, a realização plena, a abundância, a fartura, o término duma obra, o descanso, o sábado”. Repare-se nos doze cestos que sobraram depois de a multidão ficar saciada com a multiplicação dos pães e dos peixes (cf Jo 6,13). O presente de Deus ao mundo com o nascimento de João é paralelo ao da multiplicação dos pães e dos peixes.
Ideias semelhantes às elencadas acima podem ser mobilizadas: saciar, estar saturado, fonte, poço (veja-se o caso do poço de Jacob e a samaritana), saciedade, trigo (germe de vida e abundância, que mata a fome), fluir, jorrar (a água que irriga, lava e mata a sede), crescer, avolumar-se, torrente, rio, ramos, brotos, vara (dá segurança; na árvore, dá fruto), cetro (segurança, poder, autoridade, proteção), tribo (solidariedade familiar e grupal), beber, inebriar-se, caminho. Todas estas ideias radicam na ideia-base de círculo enquanto perfeição. Ora só a atinge quem empreende caminhada, só caminha quem tem robustez, só frutifica o que cresce, só volta o que parte, só acaba o que se começa e assim por diante.
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E com a plenitude da graça, que veio em Cristo apresentado por João, ai os homens terão a vida e tê-la-ão em abundância (cf Jo 10,10)!
Temos que ultrapassar a farra do São João e olhar mais para o alto, seguir mais para a frente, mas sem deixar de pisar o solo, com firmeza e agilidade.

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