Como noticia o Vatican News, o Papa Francisco nomeou, no dia 6 de agosto, 13 novos membros do Conselho para a Economia, organismo de supervisão da atividade financeira e da gestão das estruturas da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, tendo transitado do elenco anterior apenas dois cardeais, um dos quais é o Cardeal Coordenador que preside, o cardeal alemão Reinhard Marx, Arcebispo de Munique e Freising, e o outro é o cardeal sul-africano Wilfrid Foix Napier, Arcebispo de Durban.
O Conselho tem na sua composição 8 cardeais, que refletem a
universalidade da Igreja, e 7 peritos internacionais. Para lá dos dois referidos,
o Santo Padre nomeou os seguintes: Dom Peter Erdo, Arcebispo de Budapeste, na
Hungria; Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, no Brasil; Dom Gerald
Cyprien Lacroix, Arcebispo do Quebeque, no Canadá; Dom Joseph William Tobin,
Arcebispo de Newark, nos EUA; Dom Anders Arborelius, Bispo de Estocolmo, na
Suécia; e Dom Giuseppe Petrocchi, Arcebispo de Aquila, na Itália. Já o painel
dos peritos de várias nacionalidades e áreas profissionais é constituído por
sete leigos, dos quais seis são mulheres. Os seus nomes são: Charlotte
Kreuter-Kirchhof, Eva Castillo Sanz, Leslie Jane Ferrar, Marija Kolak, María
Concepción Osákar Garaicoechea, Ruth Maria Kelly e Alberto Minali. E, a atestar
a competência financeira e a reconhecida profissionalidade destes peritos/as, o
Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé, de 6 de agosto, inclui uma nota
biográfica de cada um dos novos membros leigos do Conselho de Economia.
O Sumo Pontífice Francisco, pela
Carta Apostólica sob a forma de Motu
Proprio, Fidelis “Dispensator Prudens”,
de 24 de fevereiro de
2014, instituiu o Conselho para a Economia, presidido por um Cardeal
Coordenador, com a função de supervisionar a gestão económica e vigiar sobre as
estruturas e as atividades administrativas e financeiras dos Dicastérios da
Cúria Romana, das Instituições ligadas à Santa Sé e do Estado da Cidade do
Vaticano. E estabeleceu que a sua composição fosse de 15 membros, 8 dos quais
escolhidos de entre os Cardeais e Bispos, de modo a refletir a universalidade
da Igreja, e sete especialistas leigos de várias nacionalidades, com
competência financeira e reconhecida profissionalidade.
Pelo mesmo documento, o Papa
instituiu a Secretaria para a Economia – dividida em
duas secções, uma para o “controlo e vigilância” e outra administrativa – como Dicastério da Cúria
Romana, nos termos da Constituição Apostólica Pastor Bonus, a qual, levando em conta quanto for estabelecido pelo
Conselho para a Economia, responde diretamente ao Santo Padre e efetua o
controlo económico e a vigilância sobre os dicastérios
da Cúria Romana, as Instituições ligadas à Santa Sé e o Estado da Cidade do
Vaticano, bem como sobre as políticas e os procedimentos relativos às
aquisições e à adequada colocação dos recursos humanos, no respeito das
competências próprias de cada um daqueles entes. Ou seja, a competência deste organismo
estende-se a tudo o que, direta ou indiretamente entre no âmbito em questão. E
ficou estabelecido que a Secretaria para a Economia é presidida por um Cardeal
Prefeito (agora
um padre jesuíta),
que colabora com o Secretário de Estado, com a coadjuvação dum Secretário-Geral.
Por último, o Motu Proprio estabelece que haja o
Auditor Geral nomeado pelo Santo Padre, com a
função de realizar a auditoria contável dos entes acima discriminados.
Nos termos do
n.º 8 do Motu Proprio, o Cardeal
Prefeito procedeu, com critérios de “prudência e eficiência”, à elaboração dos Estatutos ad experimentum do Conselho para a Economia, da Secretaria para a
Economia e do cargo do Auditor Geral, sujeitou-os à aprovação do Santo Padre a
22 de fevereiro de 2015 e fê-los publicar, publicação que ocorreu em março
deste ano, e que sofreram algumas alterações, sobretudo no caso da Secretaria
para a Economia, com a Carta Apostólica sob a forma de Motu Proprio “Os Bens
Temporais”, de 9 de julho de 2016.
Nos últimos tempos, o Papa tinha alterado a liderança da Secretaria para
a Economia. Assim, por
meio de um rescrito assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin,
a 11 de maio deste ano, Francisco decidiu que o Centro de Processamento de
Dados, encarregado de gerenciar e administrar os bancos de dados de
investimentos e movimentos financeiros e que dependia da Administração do
Património da Sé Apostólica, passasse para a Secretaria de Economia. No
documento, explicava-se que esse movimento dentro da Cúria Romana ocorreu pela
“necessidade de garantir uma organização mais racional das informações
económicas e financeiras da Santa Sé”. Por outro lado, intentava-se
“informatizar os modelos e procedimentos correspondentes, para garantir a
simplificação das atividades e a eficácia dos controlos, já que são
fundamentais para o correto funcionamento dos órgãos da Cúria Romana”.
A mudança
pela qual Secretaria para a Economia adquiriu, assim, maiores competências no
controlo das finanças do Vaticano entrou em vigor a 20 de maio, após a
publicação do rescrito no L’Osservatore
Romano. E a transferência ocorreu por Protocolo de Entendimento assinado
entre a Administração do Património da Sé Apostólica (APSA) e a Secretaria para a Economia, representadas pelo
Presidente da Primeira, Dom Nunzio Galantino, e pelo Prefeito da segunda, Padre
Juan Antonio Guerrero, S. J.
E, por falar no
Padre Juan Antonio
Guerrero, é de recordar que o Santo Padre nomeara ad quinquennium, a 14 de
novembro de 2019, o jesuíta espanhol como Prefeito da Secretaria para a
Economia da Santa Sé, cargo que se encontrava vago após a saída do cardeal
australiano George Pell. O Padre Guerrero, que foi missionário em Moçambique,
disse então ao Vatican News:
“Como jesuíta é uma alegria receber uma missão diretamente do Papa. É um
modo privilegiado para realizar a minha vocação.”.
Segundo a agência Ecclesia,
o Papa nomeou, a 4 deste mês de agosto, ad
quinquennium como secretário-geral da Secretaria para a Economia o
especialista espanhol Maximino Caballero, até agora nos quadros da ‘Baxter
Healthcare Inc.’, nos Estados Unidos da América, e que passa a integrar a
equipa liderada pelo Padre Guerrero, assistindo-o
na coordenação e na administração da secção para o controlo e a vigilância.
Ao Vatican News,
Maximino Caballero declarou que “de todas as oportunidades de carreira que
poderia ter imaginado, esta é uma em que eu nunca sequer pensei, remotamente”. O
convite partiu do amigo de infância, pois Caballero e Guerrero são naturais da
mesma localidade. E o agora número dois da Secretaria para a Economia sente que
“poder colaborar com a Santa Sé, ao
serviço do Santo Padre, é uma honra e uma grande responsabilidade”
esperando, com os seus ‘talentos’, ou seja, a experiência e trabalho, poder “com eles poder fazer a minha parte e colaborar
para a transparência económica da Santa Sé”.
***
Não sendo este o único nem o primeiro, é, no entanto, um
organismo da Santa Sé que releva de forma eminente o papel dos leigos na Igreja
e, em especial, das mulheres leigas com base na competência e no profissionalismo,
sem pruridos de género. Uma postura a saudar!
2020.08.07
– Louro de Carvalho
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