sábado, 1 de junho de 2019

Os políticos são os principais responsáveis pela crise da democracia



Um estudo da FFMS (Fundação Francisco Manuel dos Santos) sobre Cultura Política e Democracia na Europa do Sul, coordenado pelo professor Tiago Fernandes, da FCSH (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas) da Universidade Nova de Lisboa, divulgado hoje, dia 1 de junho, conclui que “o desemprego e a pobreza” contribuem para o aumento da desconfiança face aos políticos, sendo a confiança reforçada quando os partidos “são fortes”. Assim, a crise das democracias em Portugal e na Europa está diretamente relacionada com problemas sociais como o desemprego e a maior responsabilidade é das elites políticas. A este respeito, lê-se no documento:
Os níveis de desconfiança face às instituições democráticas nacionais e europeias, tal como de insatisfação com a democracia, estão diretamente associados ao aumento do desemprego, dos níveis de pobreza e das desigualdades sociais, assim como aos débeis níveis de desempenho e crescimento da economia”.
O objetivo do estudo era dar resposta a questões como:
Os portugueses confiam nas instituições políticas nacionais? Como se comparam com os restantes povos da Europa do Sul? A Grande Recessão (2007-2014) contribuiu para o aumento da desconfiança dos cidadãos nas suas instituições? Será que os povos da Europa do Sul estão satisfeitos com as democracias que têm? E em relação ao projeto europeu, qual a perceção e confiança dos países da Europa do Sul nas instituições europeias?
Os autores recorreram à maior e mais abrangente base de dados sobre regimes políticos do mundo, do projeto Varieties of Democracy (V-Dem), um centro internacional especializado nos processos de democratização (congrega mais de 2.000 especialistas internacionais). E destacam:
É provavelmente o primeiro estudo a compilar dados sobre a qualidade das democracias de cinco países da Europa do Sul – Espanha, França, Grécia, Itália e Portugal – por um período tão longo de tempo (desde os anos 1970 até ao dia de hoje)”.
Dividido em três secções – confiança nas instituições políticas nacionais, como o Parlamento, o Governo, os Partidos Políticos, a Justiça e os Sindicatos (secção 1); satisfação com a democracia e interesse pela política (secção 2); e identificação, confiança e satisfação com a União Europeia (secção 3) –, o documento destaca que as causas explicativas da cultura política e da crise da confiança nas democracias contemporâneas são, fundamentalmente, políticas.
Os investigadores concluem que a grande recessão de 2007-2014 gerou “grave crise social e política nas democracias da Europa do Sul” e “com o decorrente aumento das desigualdades, gerou-se nestes países uma crise democrática, visível no exponencial aumento dos protestos por parte dos cidadãos e no simultâneo decréscimo da confiança nas instituições”.
Nestes termos, a crise da confiança que atingiu em especial Grécia, Portugal, Espanha, Itália e França, está claramente ligada à incapacidade de os governos das democracias nacionais e o da UE (União Europeia), nos últimos 30 anos, gerarem prosperidade, emprego e segurança económica para o cidadão comum. Com efeito, a era da globalização trouxe consequências nefastas para a relação dos cidadãos com os regimes democráticos, nesta região”.
Outra conclusão é que “a existência de partidos fortes e com fortes ligações a organizações da sociedade civil é um fator decisivo na criação de confiança”. E o estudo sentencia e adverte:
Sempre que os partidos políticos forem dotados de estruturas nacionais e locais fortes, a coesão legislativa for elevada e as suas posições políticas forem claras e programáticas, mais fácil será o estabelecimento de laços duradouros entre os partidos e os cidadãos e, por conseguinte, maior será a confiança nas instituições e no processo democrático em geral. (…) Não é tanto a participação cidadã autónoma na sociedade civil ou partidos descentralizados e abertos que favorece os laços de confiança entre cidadãos e democracia, mas antes a capacidade de os partidos e organizações da sociedade civil estabelecerem alianças políticas e canais de comunicação e colaboração regulares.”.
O estudo indica, por outro lado, que a corrupção tem igualmente “efeitos consideráveis na crise de confiança que afeta as democracias ocidentais”. Assim, os investigadores apontam:
O índice de corrupção tem um efeito causal direto na diminuição da confiança dos cidadãos e parece ter-se tornado mais prejudicial para os níveis de confiança na democracia após o advento da crise. (…) Quando os atores políticos usam os benefícios dos cargos políticos que ocupam, bem como o acesso privilegiado aos recursos do Estado para fins privados, instala-se uma crise de confiança. (…) Os resultados parecem demonstrar que a responsabilidade da crise das democracias cabe na maior parte dos casos às elites políticas e não às massas.
Estava a ver que faltava aquela conclusão que penso mais premente na atualidade entre nós.
Por último, os investigadores concluem que “a confiança e o apoio à União Europeia estão positivamente relacionados com o contexto nacional dos países”.
Há duas dimensões de caráter nacional que determinam a confiança e o apoio à UE: a existência de instituições que permitam o debate alargado sobre políticas públicas; e a de elevados níveis de soberania nacional no contexto do sistema internacional. E o apoio à democracia a nível supranacional é tanto maior quanto maior for o grau de democracia a nível nacional.
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O Presidente da República, todavia, põe o acento da crise da democracia noutro fator: o desequilíbrio na correlação de forças. Assim, considerou, no dia 31 de maio, que “há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos” e sustentou que, num contexto destes, o seu papel “é importante para equilibrar os poderes”.
Comentou os resultados das europeias do passado dia 26 na FLAD (Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), em Lisboa, declarando que Portugal tem agora “uma esquerda muito mais forte do que a direita” e “o que aconteceu à direita é muito preocupante”. Quanto à esquerda, referiu que “o PS fortaleceu a sua posição, e quem se sabe se isso acontecerá de forma ainda mais profunda nas próximas eleições legislativas”, podendo vir a ter “diferentes possibilidades” de formar maioria, além de PCP e BE, “porque outros partidos estão a crescer” (alusão ao PAN). Identificou a fragmentação da direita (em vez de 2 partidos, 4, 5 ou 6, embora alguns sejam muito pequenos) e a “crise interna nos mais importantes partidos” (?!), sobretudo os que estiveram coligados no Governo PSD e CDS-PP (entre os quais agora há “uma impossibilidade de diálogo). E acrescentou:
Portanto, eu diria que há uma forte possibilidade de haver uma crise na direita portuguesa nos próximos anos. Isto, para ser muito realista. Isto explica por que é que o equilíbrio de forças está como está. E um bocadinho também por que é que o Presidente, pelo menos neste momento, é importante para equilibrar os poderes.”.
Salientou que “veio da direita” e aduziu que, “com um Governo forte de centro-esquerda e uma oposição de direita fraca”, lhe cabe, não equilibrar, porque não pode ser oposição ao Governo, mas ser sensível à necessidade de “equilíbrio no sistema político”. Admitiu que o equilíbrio de forças após as legislativas possa influenciar o seu papel de Presidente e a sua decisão sobre uma recandidatura. Sustentando que “é muito importante haver um equilíbrio nos dois hemisférios da vida política portuguesa”, declarou:
Agora, só o resultado das legislativas é que permitirá dizer qual é o equilíbrio a que se chegará em outubro e, depois, qual é o papel que o Presidente terá até ao fim do mandato, e se isso influenciará ou não a decisão sobre a recandidatura”.
Interpelado sobre o que é que entende que muda no seu papel num cenário de crescimento da esquerda face à direita, respondeu que “as legislativas serão apenas em outubro” e que, antes disso, “é prematuro falar da evolução do sistema partidário” e “do papel do Presidente”.
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Rui Rio, que, face à derrota eleitoral, prometeu um percurso de criatividade para a instalação da confiança, porque a mensagem não passou e a abstenção cresceu, deu azo a que alguém comparasse os critérios eleitorais da sua Comissão Política Nacional com os da de Passos, pois referiu que os critérios para a escolha de deputados são “muito parecidos” com os de há 4 anos. Ora, a par das semelhanças, há grandes diferenças: o presidente do PSD exige a “concordância com a orientação estratégica da Comissão Política Nacional” e a cooperação “leal e solidária, tal como estabelece que os deputados têm de observar a “disciplina de voto” em assuntos definidos pela direção, mas retirou o critério que obriga o candidato à subordinação a “valores éticos inequívocos” e põe como base do “interesse nacional” valores do “programa do PSD”.
Logo no primeiro critério, Rio faz um acréscimo ao gizado por Passos, esclarecendo que a defesa do interesse nacional deve ter por base os “princípios e valores constantes do programa do PSD”. Enquanto a versão Passos exigia “reconhecido espírito de serviço ao País e de empenhamento na defesa do interesse nacional”, a versão Rio exigereconhecido empenhamento na defesa do interesse nacional e espírito de serviço ao País, com base nos princípios e valores constantes no programa do PSD”. 
Passos exigia “empenhamento e solidariedade demonstrados relativamente à prossecução  dos objetivos do PSD, quando se trate de militantes do partido”. Porém, não exigia por escrito fidelidade ou concordância com a direção. Por seu turno, Rio exige o mesmo que Passos e diz que um critério para ser deputado é estar em “concordância com a orientação estratégica da Comissão Política Nacional e disponibilidade para cooperar de forma politicamente leal e solidária”, avisando que pode haver limpeza de críticos das listas, o que não é novidade no PSD.
Assim, enquanto a versão PASSOS postulava:
“Empenhamento e solidariedade demonstrados relativamente à prossecução dos objetivos do PSD, quando se trate de militantes do partido; identificação com os princípios e valores essenciais do Partido, quando se trate de candidatos não filiados no PSD”
A versão RIO postula:
“Concordância com a orientação estratégica da Comissão Política Nacional e disponibilidade para cooperar de forma politicamente leal e solidária”.
Passos queria afastar candidatos que estivessem a ser investigados pelo MP (Ministério Público) ou a braços com a justiça, querendo defender-se de indicações das distritais que pudessem privilegiar caciques ou militantes com problemas judiciais. Rio, porém, retirou esse critério.
A versão PASSOS postulava: “comportamento pessoal, profissional e político subordinado a valores éticos inequívocos” (critério omisso na versão RIO). Além disto, Rio eliminou mais dois critérios de Passos: a “capacidade e disponibilidade para o diálogo e contacto permanente com os eleitores e as associações respetivas da sociedade civil”; e a “disponibilidade total para a participação assídua e empenhamento efetivo nos trabalhos parlamentares“.
Há três critérios da direção de Rio coincidentes como os de Passos, relacionados com  a qualidade e competência técnica, o prestígio nacional ou local e a aceitação do que está nos estatutos. Assim, as versões de PASSOS e de Rio exigem: qualidade e competência, bem como preparação técnica adequada; prestígio nacional ou local potenciador de alargamento de apoio eleitoral do PSD; e aceitação das normas estatutárias e legais inerentes ao exercício da função de deputado. E a deliberação da comissão política de Rio exige, como a de Passos, que os deputados respeitem, sem exceções, a disciplina de voto em 5 alíneas. As quatro primeiras são iguais no documento de Passos e no de Rio: “Programa de Governo, no caso de ser sujeito a votação”; “Orçamento do Estado”; “Leis de valor reforçado”; e “Moções de censura de confiança”. Contudo, na alínea e), os deputados só estavam obrigados à disciplina de voto nas questões definidas pelo grupo parlamentar e agora passam a estar em questões “formalmente deliberadas pela Comissão Política Nacional". Rio (ou qualquer um que seja líder do PSD entre 2019 e 2023) ganha poder sobre o grupo parlamentar, que perde, necessariamente, autonomia.
Mas Passos era mais duro num ponto: “os candidatos deveriam “comprometer-se a renunciar ao mandato no caso de existir uma persistente divergência entre as orientações do grupo e a sua posição individual” – exigência que Rio deixa cair, como deixa cair a exigência de não haver uma repetição de não mais de “2/3 dos nomes indicados pelas estruturas regionais e distritais”. Deixa, porém, o presidente do PSD clara a “necessidade de evitar o exercício de cargos políticos executivos de eleição em acumulação”.
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O líder socialista reuniu a sua Comissão Política Nacional para alinhar as prioridades políticas socialistas pós-europeias. Sublinhou a “vitória muito clara e inequívoca que renova a confiança no PS”, mas alertou que o recente resultado eleitoral “constitui para o PS uma responsabilidade acrescida”. Apesar de admitir que o “trabalho” nesta legislatura “ainda não está acabado”, Costa já tem um plano para os próximos dias, com os olhos postos nas legislativas, a aproveitar o embalo de ter ganho em “19 (São 20?) dos 22 círculos eleitorais para a Assembleia da República”. E anunciou à sala de socialistas na sede do partido:
 Iremos realizar a partir de 15 de junho e até 6 de julho, quatro convenções temáticas em quatro regiões do continente (a convenção nacional é a 20 de julho) para trabalhar os quatro desafios estratégicos que identificámos no último congresso e que serão a espinha dorsal do programa eleitoral”.
Referia-se aos desafios das alterações climáticas; demografia; transição para a sociedade digital e desigualdade. E, sobre o próximo programa eleitoral, garantiu que “o gabinete de estudos tem vindo a fazer um trabalho discreto e silencioso”, em conjunto com todas as federações do PS, “pela primeira vez”. E já definiu o “conjunto de regras de boa governação” que pretende ver no programa do partido, colocando à cabeça o “prosseguimento do processo de descentralização”, negociado com o PSD, o reforço dos “mecanismos de transparência no combate à corrupção”, a continuação duma economia estável que permita prosseguir trajetória de confiança da EU, a colocação da dívida pública abaixo dos 100% até ao final da legislatura” que se segue e ainda a melhoria da “prestação de serviços públicos, agora que estão repostos os direitos dos portugueses”.
O investimento nos serviços públicos foi ponto contestado pelos parceiros e pela oposição, sobretudo no último ano, e Costa fala da necessidade de “reforço significativo” e de avanço “no que é indispensável para repor serviços públicos aos cidadãos”.
Há, no entanto, um “mas” no discurso do líder que surgiu logo nos primeiros momentos da intervenção para travar entusiasmos excessivos com o capítulo que se segue: “Para esta legislatura o trabalho ainda não está acabado”. E Costa avisou que é preciso batalhar ainda no Parlamento por um conjunto de matérias “prioritárias”: Lei de Bases da Saúde, na comissão de Saúde, com acordo difícil para obter a aprovação (Até agora o PS não tem garantias de nenhum partido para entendimento sobre o diploma); a Lei de Bases da Habitação, onde a esquerda está a fazer um esforço de aproximação dos projetos do PS, BE e PCP, para aprovar a lei; o Programa Nacional de Investimentos, para o que o socialista pediu amplo consenso político; a legislação laboral, um ponto difícil à esquerda, com PCP e BE a acusarem o PS de se aproximar do PSD e CDS em matérias que alegadamente deviam desaparecer do plano do Governo (por exemplo, a extensão do período experimental para trabalhadores menos qualificados e o banco de horas fora da contratação coletiva); e a alteração ao regime do cadastro (matéria que o Governo pôs no topo das prioridades políticas após os incêndios de 2017). Por isso, avisou que as legislativas “não podem ser eleições sobre os méritos da governação nesta legislatura, mas sobre a ambição de fazer mais ao serviço de Portugal”. E alertou para o “ciclo eleitoral muito exigente” que se inicia com as regionais da Madeira (22 de setembro). E, às cautelas sobre as legislativas somou que “a confiança renovada não é um cheque em branco”, que há que “provar” que “desta vez vai ser mais fácil” e disse:
Tenho a certeza de que muitos dos que há três anos diziam que tínhamos razão, mas, se calhar, não íamos ser capazes de fazer, agora olham para nós e veem que somos mesmo capazes”.
Mas também disse que há “boas razões” para o PS estar “confiante” para esse ciclo e, logo no início da sua intervenção, sublinhou que o PS não só “aumentou o número de representantes” no Parlamento Europeu, de 8 para 9 eurodeputados, como “ganhou em 19 (São 20?) dos 22 círculos eleitorais para a Assembleia da República” e teve “vantagem muito significativa” sobre o PSD que, anotou, “teve a pior votação eleitoral de sempre”.
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Por mim, penso que o estudo da FFMS vale o que vale, pois não ataca a questão do divórcio entre eleitos e eleitores e parece avalizar o fortalecimento dos partidos, não sei pelo lado do aparelho triturante ou se pelo lado do fortalecimento ideológico e programático – o que parece contrariar a dinâmica da democracia interna e da abertura a contributos externos. Contudo, impõe-se a leitura e que os políticos reflitam sobre ela.
Por mais voltas que Marcelo dê ao texto, não lhe cabe equilibrar a correlação de forças nem interferir nela: a liberdade de associação impõe-se e o povo é soberano. Ao Presidente cabe respeitar a vontade do povo e a Constituição, ter um papel moderador e saber responder superiormente às crises para assegurar a unidade nacional e o regular funcionamento das instituições democráticas.
Rio terá de promover a criatividade a que aludiu, mas não pode exigir aos candidatos muito mais do que exige o estatuto dos deputados e a observância do princípio da lealdade. E, quanto à disciplina partidária, ela deve ser exigida nas matérias atinentes à governação e segundo as linhas definidas pelo grupo parlamentar e não pela direção do partido: o povo elege os deputados e não os líderes partidários.
António Costa tem as suas razões para apelar à responsabilidade dos seus correligionários, se lamentar do insucesso das matérias que jazem na mesa da discussão parlamentar, alimentar a confiança no futuro definindo claramente programas e projetos em Portugal e na Europa, mas não pode escapar ao juízo do eleitorado sobre a legislatura que está prestes a chegar ao fim.
Saúda-se o crescimento do PAN e a defesa das causas por que se bate, mas um partido político tem de ambicionar sempre a governação em termos holísticos e que abranja todos os setores da atividade. Se a variedade partidária enriquece o hemiciclo, a hipotética manta de retalhos assente em microcausas empobrecê-lo-ia.
Por fim, um reparo aos que pretendem fazer campanhas exclusivamente pelas redes sociais. É verdade que os comícios e ações de rua são pouco eficazes e são mais do mesmo. Porém, são a forma de melhor exposição dos partidos, criam o ambiente de festa e mostram o respeito pelos eleitores, sobretudo os que sofrem de iliteracia informática. Por isso, sem deixar tais práticas, há que mudar a legislação de modo que se permita a publicidade eleitoral paga através de TV, Rádio, jornais e as diversas redes sociais. E que os partidos gastem o tempo a explicar o que pretendem para o país e se abstenham da crítica insultuosa e da argumentação ad hominem.
2019. 06.01 – Louro de Carvalho

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