sábado, 29 de junho de 2019

“Fátima, Hoje que caminhos?”


Foi a questão dominante do Simpósio Teológico-Pastoral 2019, que decorreu no Salão do Bom Pastor, Centro Pastoral de Paulo VI, do Santuário de Fátima, de 21 a 23 de junho – três dias de reflexão, diálogo e celebração, cada um deles organizado em torno de um núcleo temático: o 1.º dia, a condição do peregrino; o 2.º dia, a peregrinação a Fátima; e o 3.º dia, a Igreja peregrina.  
As intervenções dos oradores distribuíram-se por 10 conferências: cinco no dia 21; três no dia 22; e duas no dia 23. As do 1.º e 2.º dias foram seguidas de diálogo.
As conferências do 1.º dia foram subordinadas aos seguintes títulos: “Leitura dos movimentos migratórios na atualidade”, por Paulo Rangel; “O homo viator na contemporaneidade”, por Lídia Jorge; “A Criação como paradigma da Peregrinação, por José Rui Teixeira; Fátima: um espaço global e multirreligioso”, por Helena Vilaça; e Turismo, peregrinação, hospitalidade”, por José Paulo Abreu. Os trabalhos do dia terminaram com a celebração da Missa, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima [sexta-feira da semana XI do Tempo Comum, São Luís Gonzaga, Memória Obrigatória], às 18,30 horas; e, depois do jantar, às 21 horas, realizou-se o Serão Cultural, no Centro Pastoral de Paulo V, em torno do tema “Exodus – Geometrias da Libertação”, com Celina Tavares (voz e guitarra), José Miguel Costa (piano) e  José Rui Rocha (leituras).
O 2.º dia, iniciado com uma oração em comum, foi preenchido com três conferências subordinadas aos seguintes títulos: “A peregrinação a Fátima. Uma leitura de antropologia teológica”, por António Martins; Os Papas peregrinos de Fátima”, por Marco Daniel Duarte; e “São Francisco Marto: peregrinação e páscoa,  no centenário da sua morte” por Adrian Attard, da Academia Pontifícia Mariana Internacional. A meio da tarde, desenvolveu-se um painel temático em torno de “As marcas da peregrinação a Fátima”, desdobrado em três itens: “Da bênção dos doentes” por José Manuel Pereira de Almeida; “Do serviço do lava-pés”, por Ana Luísa Castro; e “Das procissões de Fátima: a luz, o silêncio e o adeus”, por Carlos Cabecinhas.
Depois do subsequente diálogo, procedeu-se à celebração da Missa, na Capela da Morte de Jesus, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade [Missa votiva de Nossa Senhora de Fátima]. E, às 21,30 horas, foi o Rosário e a Procissão das Velas, a partir da Capelinha das Aparições.
O 3.º (e último) dia iniciou-se com a celebração da Missa, às 9 horas, na Basílica da Santíssima Trindade [Missa do Domingo XII do Tempo Comum]. Seguiu-se a 9.ª conferência “Variações sobre a Igreja peregrina. Da Lumen Gentium ao pontificado de Francisco”, por Benito Mendez Fernandez; e 10.ª conferência “Maria pôs-se a caminho: caminhos de hoje da Peregrina da fé”, por Nunzio Capizzi. Recorde-se que este é o tema da JMJ de 2022, em Lisboa.
Na apresentação do programa, Marco Daniel Duarte (diretor do Museu do Santuário de Fátima e do Departamento de Estudos e Presidente da Comissão Organizadora do Simpósio) referia que, ao longo de um século, a “condição de peregrino” do ser humano é uma das grandes verdades que Fátima tem proclamado e que, “a partir da Cova da Iria” essa condição será “a mais clarividente metáfora da própria vida humana”, que se ilustra “no espaço”, mas que “ganha pleno e inquestionável sentido, sobretudo no tempo que o ser humano percorre desde o nascimento ao óbito”. E, atento ao que se passa em Fátima, rumo a Fátima e a partir de Fátima, considerava:
A imagem das incontáveis fileiras de homens e mulheres que rumam ao Santuário de Fátima, a pé ou de carro, de mota ou de bicicleta, de avião ou de barco ou até de forma espiritual a partir de outros polos de culto dedicados à Virgem de Fátima espalhados pelo mundo, somada ao trilho luminoso e branco das procissões das velas e das procissões do adeus, é, de facto, uma das mais expressivas imagens para a definição do ‘homo viator’, quer o leiamos no contexto do Cristianismo de sinal católico, quer o leiamos no contexto das inquietações várias – religiosas ou não – que povoam os fóruns académicos e a vida quotidiana”.
Nesse sentido, “investigadores de diferentes academias, nacionais e estrangeiras”, olharam para a humanidade peregrina para “analisarem desafios antigos e desafios novos” e se debruçarem “sobre a condição peregrina”, “sobre a peregrinação a Fátima” e “sobre a Igreja peregrina”. 
A agência Ecclesia, em abril, citando um comunicado que lhe fora enviado, dizia que “o sentido de peregrinar” nortearia o encontro que o Santuário de Fátima estava a organizar para o decurso de três dias com a presença de investigadores nacionais e estrangeiros “convidados a olhar a humanidade peregrina” e a analisar os “desafios inerentes à condição de peregrino”. Relevava a intervenção de Adrian Attard, da Academia Pontifícia Mariana Internacional, no 2.º dia, e as do Padre Benito Mendez Fernandez delegado para o ecumenismo da diocese de Mondoñedo-Ferrol, província eclesiástica de Santiago de Compostela, e do Frei Nunzio Capizzi, Professor da Pontifícia Universidade Gregoriana. E considerava que o tema do Simpósio se insere na reflexão proposta pelo Santuário para o presente ano pastoral “Dar graças por peregrinar em Igreja”, que se integra “no triénio 2017-2020, sob o tema “Tempo de Graça e Misericórdia”, e transcrevia significativos segmentos textuais da explicação programática do Presidente da Comissão Organizadora do Simpósio.
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Na sessão de abertura, o Cardeal Dom António Marto, Bispo da diocese de Leiria-Fátima, que denominou a vida de “aventura”, enquanto “viagem no desconhecido”, começou por dizer:
Procuramos segurança e estabilidade, no meio da mudança rápida e vertiginosa dos acontecimentos, procuramos uma felicidade que não se evapore, há toda uma busca pelo sucesso, por bens, por prestígio”.
E, afirmando que é “este anseio, que de algum modo invade o íntimo de cada humano” e “faz dele ser peregrino”, observou:
Assim, o peregrinar é geralmente um movimento externo, físico, que desloca cada pessoa de um lugar para outro. No entanto, é possível falar de peregrinação interior, aspeto esse que coloca o peregrino na linha da reflexão cristã da interioridade. Tendo em conta os dados sociológicos, não se pode negar que existe hoje uma intensa busca de espiritualidade que se declina em vários códigos interpretativos.”.
Colocando-se na perspetiva dos crentes”, o purpurado caraterizou a peregrinação como uma “parábola da existência humana entendida à luz da fé”, visto que, “no anseio de sentido, latente no coração humano, vemos um desejo ardente de Deus, porque só Ele nos pode encher e satisfazer de modo definitivo, tornar-nos felizes, livres e satisfeitos”. E, apresentando os lugares de peregrinação como “lugares de graça onde, de várias formas se pode fazer a experiência da riqueza e da beleza dos diversos aspetos do peregrinar”, discorreu:
A peregrinação pode ser uma experiência bela e surpreendente de Deus, de interioridade e de renovação espiritual, de evangelização e de testemunho. Deste modo, o peregrino deixa o seu lugar e o seu ritmo quotidiano, (...) e o seu coração abre-se à medida que caminha, tudo adquire nova dimensão, seja o tempo, os encontros que são preciosos como partilha de vida interior, o silêncio que fala da própria vida e de Deus; o próprio Deus é, por vezes, surpresa ou faz acontecer surpresas.”.
Depois, considerou que a peregrinação ao Santuário de Fátima tem particularidades singulares, que lhe são atribuídas pelo conteúdo da Mensagem, na sua dimensão mística e profética, mas também por alguns aspetos simbólicos caraterísticos, como é imagem da Virgem Peregrina, que já deu a volta ao mundo por 16 vezes, percorreu 645.000 Km, e é, hoje, “verdadeiro ícone da peregrinação, juntamente com o mar de luz da procissão das velas, e o adeus de Fátima”.
O prelado leiriense-fatimita salientou ainda a afluência de peregrinos de “quase todos os povos do mundo e de todas as culturas e até de outras religiões”, que chegam a Fátima por ser um “lugar com o ambiente de silêncio e de oração e com os lugares de referência como é a Capelinha das Aparições ou os Valinhos” – tudo o que levou Bento XVI a dizer-lhe pessoal e textualmente: “Não há nada como Fátima em toda a Igreja católica no mundo”. E concluiu:
Fátima abre caminhos para cá chegar e abre caminhos para quem daqui parte para a Igreja e para o mundo, pela dimensão mística da mensagem, face a um certo eclipse cultural de Deus no ocidente, e pela dimensão profética urge a atenção ao problema sempre atual da paz pela cultura do encontro, do diálogo e da reconciliação e pela ação correspondente de uma Igreja em saída da sua autorreferencialidade para as periferias do mundo”.
Antes, o Padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário, dera as boas-vindas aos cerca de 250 participantes, a quem apresentou o “caminho a que o peregrino se lança” como “símbolo da experiencia humana”. E, depois, justificou o uso da “metáfora da peregrinação” para “refletir acerca da experiencia de fé”, sustentando que a experiencia da peregrinação “não permite apenas aceder à mais profunda compreensão da fé, mas também oferece uma bela metáfora da vida em Igreja”.
Por seu turno, o presidente da Comissão Organizadora do Simpósio, começou por afirmar que, “entre as verdades que Fátima tem proclamado, ao longo de um século, está a de que o ser humano continua a exercer a sua condição de peregrino” e reiterou que “a imagem das incontáveis fileiras de homens e mulheres que rumam ao Santuário de Fátima” é “uma das mais expressivas imagens para a definição do ‘homo viator’, quer o leiamos no contexto do Cristianismo de sinal católico, quer o leiamos no contexto das inquietações várias – religiosas ou não – que povoam os fóruns académicos e a vida quotidiana”.
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Para o carmelita Adrian Attard, que não compareceu, mas enviou o texto que Isabel Varanda leu, a conversão proposta por Fátima deve-se “ao testemunho da existência cristiforme dos videntes”, que se “associaram a Jesus, mediante o Espírito, à história da liberdade de Jesus, ou seja, à sua fé obediencial ao Pai”. Por isso, o seu testemunho “mostra-nos” como a vida quotidiana pode tornar-se ocasião para alcançar a fé. Ora, “quando se reconhece a presença de Cristo que, na sua liberdade, vem ao nosso encontro no concreto da vida real, Ele torna-se a pedra angular para o significado de toda a vida pessoal”. E Attard vincou:
O caminho que cada um está chamado a realizar coloca-o misteriosa e progressivamente num espaço cada vez mais amplo que lhe permite alcançar o mais profundo de si mesmo, sem esquecer aquele que está ao seu lado”.
À distância de cem anos da sua morte, São Francisco Marto continua a ser uma “figura singular” que “conferiu à infância uma importância decisiva, vivendo-a em toda a sua profundidade e plenitude”, manifestada “na proximidade a Deus e ao seu mistério”. Com efeito, “no cumprimento de cada dever, nos atos de mortificação, em todas as ocasiões de zelo, de oblação, de abnegação e de caridade que se lhe apresenta, Deus colocou no coração de Francisco a sua vontade, e este cooperou eficazmente no processo de assimilação ao seu Senhor”. Por isso, “a vida do santo menino ajuda-nos a insistir em alguns pontos de interesse antropológico-espiritual e a clarificar algumas perspetivas para o futuro” – esclareceu.
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É de relevar algo do teor do painel temático da tarde do dia 22, marcado por três intervenções.
O reitor do Santuário, sublinhando o sentido da procissão como “uma caminhada comum” sinal da condição peregrina da Igreja enquanto povo de Deus, disse:
A luz da procissão das velas; o silêncio da procissão do silêncio (exclusiva de Fátima) e a saudade expressa no adeus à Virgem constituem marcas importantes no imaginário deste lugar”.
Em Fátima, particularmente, a procissão é uma forma “de aproximação” à veneranda imagem de Nossa Senhora e, simultaneamente, um  momento de oração, meditação e peregrinação. A este respeito, o Padre Cabecinhas vincou a especial relação entre estas procissões e a própria Mensagem de Fátima, nomeadamente a Procissão das Velas que remete para a “luz de Deus”, relatada nas memórias da Irmã Lúcia por variadas vezes, em concreto, quando descreve a experiência de Francisco, tocado pela Luz de Deus. Já a Procissão do Adeus, sendo um rito de despedida, “um adeus emotivo” dos peregrinos a Nossa Senhora, representa um aspeto indelevelmente ligado à `alma portuguesa: a saudade. E há uma outra procissão, criada por razões funcionais, mas que hoje é um dos momentos mais belos e que mais dizem da experiência que se faz em Fátima: o silêncio. Trata-se da procissão de regresso da imagem à Capelinha, depois da missa da Vigília na noite dos dias 12, entre maio e outubro, durante a qual milhares de peregrinos rezam em silêncio, “o silêncio orante caraterístico de Fátima”. É a mais recente das procissões, mas tornou-se “marcante nos rituais processionais do Santuário”, sendo que, “para muitos, é este silêncio que faz da Cova da Iria um lugar especial”.
Em todos estes momentos, concluiu o reitor, os peregrinos são “os grandes protagonistas de Fátima”. Os peregrinos “criaram estes rituais e são eles que os protagonizam”, quer quando levam as velas acesas, quer “quando se movimentam no recinto para ficarem mais próximos da imagem, quer ainda quando acenam os lenços brancos para se despedirem”.
Outra das “marcas” da peregrinação a Fátima é a bênção dos doentes, no final da missa, particularmente nas grandes celebrações. A partir do Evangelho de São Marcos, o médico e sacerdote José Manuel Pereira de Almeida apresentou este gesto litúrgico como a “expressão da proximidade de Jesus” para com todos os doentes e os que são frágeis. E afirmou:
Jesus, no Santíssimo Sacramento, passa bem junto dos doentes para lhes dizer a Sua proximidade e o Seu amor. E eles – tal como os Pastorinhos – confiam-lhe as suas dores, os seus sofrimentos, o seu cansaço. (…) Como discípulos do Senhor, cada doente quer viver a sua vida como um ‘dom’. Naquele momento podem dizer-Lhe de novo, como os Pastorinhos, que querem oferecer-se a Deus de todo o coração.”.
Depois, assegurou que “a nossa vida de comunhão com Jesus corresponde a vivermos com Ele e como Ele na terra”. E lembrou as palavras  do Papa Francisco, antes da bênção dos doentes em Fátima, no final da missa de canonização dos santos Francisco e Jacinta, a 13 de maio de 2017:
Jesus sabe o que significa o sofrimento, compreende-nos, dá-nos força e consola-nos. Por isso, a bênção dos doentes é a certeza de que Jesus está presente, nos compreende, nos dá força e nos consola.”.
Por fim, foi relevado o lava-pés como outra das grandes ‘marcas’ de Fátima. Ana Luísa Castro (médica religiosa da Aliança de Santa Maria e diretora do Posto de Socorros do Santuário) apresentou o gesto como “um primeiro desejo” dos que, movidos pela compaixão para com os primeiros peregrinos” (um grupo “de cavalheiros e senhoras” que, em 1924, haveriam de formar a Associação de Servitas de Nossa Senhora de Fátima), lançaram mãos à obra no apoio e assistência” a quem chegava a pé. E frisou que o serviço “cabe no desejo de excesso, suscitado por Deus, podemos dizer, então nesse carisma, de se sacrificar para dignificar o outro, para o servir, ao jeito de Jesus na Última Ceia, mas também como única forma de realização plena do que se é chamado a ser em Cristo”.
Tendo atravessado já várias fases, o serviço do lava-pés assiste hoje a uma redução da procura pelos peregrinos. As razões para “esta curva descendente” podem ser consideradas de ordem prática, mas há “outras que nos devem interpelar”, pois deriva da forma “como hoje o homem se coloca diante de Deus”. Com efeito, “temos dificuldade em reconhecer que somos frágeis, que precisamos que nos lavem os pés”, convictos da “autossuficiência” inerente ao homem de hoje, que privilegia o ritmo frenético imposto pelas mãos ao invés da “lentidão que os pés pedem”.
E, porque “os pés feridos são a manifestação física de um mundo interior magoado”, exortou:
Deixemos que os pés definam os nossos mapas, aceitemos percorrer um caminho interior, lento e esforçado, mas que permite ir experimentando os cheiros, as cores e os sons que a vida tem para dar (…).Temos que reaprender a usar os pés”.
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Na sua conferência, Marco Daniel Duarte considerou que “os Papas, ao virem a Fátima, deixam transfigurar o seu olhar” num lugar onde “a ritualidade transcende a mensagem”. Para o historiador, quem quiser compreender melhor Fátima na sua plenitude “deve analisar os discursos dos Papas em Fátima e a propósito de Fátima”.
O orador disse que os Papas, mesmo antes de iniciarem o ciclo das viagens pontifícias a Fátima, fizeram-se representar pelos seus delegados.
Paulo VI foi o primeiro a visitar a Cova da Iria, numa peregrinação de profundo “culto à Mãe de Deus”. Ao chegar a Fátima, lembrou a sua condição de “peregrino entre peregrinos” e, através dessa presença, “sentiu a força histórica da Irmã Lúcia de Jesus”, justamente pelas ovações dos peregrinos ali presentes. E ofertou o seu báculo, um gesto que merece “atenção”, porque não é “comum” um Papa proceder desta forma.
João Paulo II foi o segundo Papa a visitar a Cova da Iria e “nada previa que se fizesse peregrino em tão pouco tempo de pontificado”. Em Fátima, teve um gesto simbólico pondo-se de joelhos aos pés de Nossa Senhora e orando na Capelinha das Aparições, um ano depois do atentado e na hora em que ele aconteceu, num “profundo momento de silêncio”. O investigador falou da “relação física” de João Paulo II com a Imagem de Nossa Senhora, presente na Capelinha, onde “ele frente a frente mete no coração a humanidade e trata Maria como uma Mãe, gesto vivível nos seus discursos e orações”. O investigador lembrou a “gratidão” presente nos gestos e nas palavras do Santo Padre, que assumiu uma imagem de peregrino, com gestos idênticos aos dos outros peregrinos.
Em 2010, Bento XVI foi o primeiro a falar do Centenário das Aparições de Fátima, dando indicações orientadoras que o Santuário seguiu. Consagrou ali os sacerdotes ao Coração de Maria. E afirmou o Santuário de Fátima como coração espiritual de Portugal. 
Francisco esteve em Fátima, em maio de 2017, 100 anos depois da 1.ª aparição de Maria. E “um dos primeiros gestos foi o silêncio, seguindo-se a entrega de três ramos de rosas, cuja origem ainda hoje não sabemos, e posteriormente a Rosa de Ouro”. Bergoglio foi o “primeiro Papa a caminhar no Recinto de Oração sem ser num percurso celebrativo”. E, “na bênção aos doentes, o Papa Francisco deu um novo sentido à expressão Jesus escondido”.
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E ressaltam do Simpósio alguns elementos importantes: a dimensão da condição de peregrino do ser humano e da Igreja; as três marcas de Fátima (três procissões – velas, adeus e silêncio; bênção dos doentes; e lava-pés); e a condição de peregrinos dos Papas, iguais aos outros (rezam, cantam, fazem ofertas, acenam adeus, cumprem promessas, celebram datas significativas, caminham…) e diferentes deles (pontificam, pregam, abençoam, são aclamados…). É Fátima em conexão com Jesus Cristo e a Santíssima Trindade, em Igreja e pelo mundo.
2019.06.29 – Louro de Carvalho   


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