quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

O Dia Mundial da Rádio de 2019 – “Diálogo, Tolerância e Paz”


Passa hoje, dia 13 de fevereiro, o Dia Mundial da Rádio, que se celebra anualmente neste dia.
A data foi declarada em 3 de novembro de 2011 pela 36.ª assembleia geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e o 1.º Dia Mundial da Rádio foi celebrado em 2012, sem que este ano é a sua 8.ª edição.
A deliberação de 2011 foi tomada sob proposta do reino de Espanha por indicação da Academia Espanhola de La Radio e o 13 de fevereiro evoca o mesmo dia do ano de 1946, em que a United Nations Radio emitiu pela 1.ª vez um programa em simultâneo para um grupo de seis países.
A rádio acompanhou os principais acontecimentos históricos mundiais e continua a ser um meio de comunicação fundamental poderoso. Este meio de comunicação social adaptou-se à era digital e mantém-se como um meio fiável para a população, que recebe a informação na hora, sendo esta uma das caraterísticas mais positivas da rádio. É o meio de comunicação social que atinge as maiores audiências, continuando a adaptar-se às novas tecnologias e a novos equipamentos, com a transmissão online via streaming, por exemplo. E, por via telefónica ou pelo correio eletrónico permite a reciprocidade interativa entre os rádio-ouvintes e a emissão, passando do simples estatuto de meio de difusão, que não perde, ao de órgão de diálogo. Dito de outro modo, deixou de ser apenas meio de comunicação unilateral, embora plurimidirecional, a meio também de comunicação bilateral ou até multilateral. E é uma companhia de todos os dias em casa, no escritório, na oficina e até na rua. E é um meio bastante útil para a população, seja como ferramenta de apoio ao debate e comunicação, de formação, de promoção cultural, grupal e comercial e de entretenimento, seja como ponto de contacto em casos de emergência social. Para os profissionais de comunicação social, a rádio é uma grande plataforma informação facilitadora de divulgação de factos e histórias, através da notícia e da reportagem.
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Em 2018, a UNESCO dedicou o Dia Mundial da Rádio ao tema da radiodifusão desportiva por considerar a rádio como um instrumento muito eficaz para transmitir o entusiasmo dos eventos desportivos e como um veículo de valores de fair play, de trabalho de equipa, de igualdade no desporto, podendo ajudar no combate contra os estereótipos racistas e xenófobos que se exprimem nos terrenos de jogo e fora deles. E, permitindo cobrir um vasto leque de desportos tradicionais, muito além das equipas de elite, constitui uma oportunidade para fomentar a diversidade, como uma força de diálogo e de tolerância.
Dizia a UNESCO que no cerne deste esforço está a luta pela igualdade de género. Com efeito, de acordo com o Relatório Mundial de Monitorização dos Media, apoiado pela UNESCO, os media apenas dedicam 4% do conteúdo desportivo ao desporto feminino e apenas 12% das informações desportivas são apresentadas por mulheres. Por isso, a UNESCO envida esforços para melhorar a cobertura do desporto feminino, lutar contra a discriminação sexual nas ondas de rádio e defender a igualdade de oportunidades nos media desportivos – tarefa imensa que constitui a batalha de todos os dias. E a Diretora-Geral da UNESCO apelou à mobilização para se fazer da rádio um meio cada vez mais independente e pluralista, bem como à união de forças para celebrar o potencial da rádio desportiva para o desenvolvimento e para a paz.
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Na continuidade da preocupação do ano anterior, vem a UNESCO, neste ano celebrar o Dia Mundial da Rádio sob o tema Diálogo, Tolerância e Paz, por eleger a Rádio como um espaço de diálogo por excelência. Nesse sentido, algumas estações de rádio, considerando que este não podia ser um mote melhor para celebrar a efeméride, convidam os seus rádio-ouvintes a participar nos seus programas de informação, de debate e de entretenimento.
Assim, o grupo “Renascença” assinalou hoje a efeméride com um ‘dia aberto’ ao público em geral, marcado pela confraternização entre profissionais e ouvintes, por espetáculos ao vivo e muita animação para visitantes de todas as idades.
Em entrevista à Ecclesia, Aurélio Carlos Moreira, atualmente na Rádio SIM, realçou a oportunidade de se “comemorar” com as pessoas “um dos meios de comunicação mais fortes” e que continua a ter “um lugar muito especial” no coração das pessoas e tem um papel cada vez mais importante junto das populações mais idosas. E, considerando ser esse “o segredo da longevidade da rádio”, apontou:
Não calculam a gente solitária que há por esse mundo fora, principalmente no nosso país, pessoas que acompanhamos e que nos mandam mensagens, cartas, telefonemas, dizendo que ocupamos um lugar especial nas suas vidas, porque não têm ninguém junto de si”.
Como é um meio que acompanha as pessoas e que entra em diálogo com elas, “através da palavra e da música”, Aurélio Moreira afirmou:
A rádio nos últimos anos voltou a ter esse papel principal, que é o papel de comunicação, porque houve uma altura em que ela criou um vazio entre quem apresentava e quem ouvia. Parecia que as pessoas estavam umas de um lado e outras do outro. Hoje não, e é fantástico haver esse envolvimento.”.
Proximidade e envolvimento são de facto duas palavras-chave deste 13 de fevereiro, dia de portas abertas ao público, da parte do grupo Renascença, com todos os profissionais da casa a mostrar o seu entusiasmo por poderem contactar com o público e darem a conhecer o trabalho.
A animação começava logo no exterior, com o acolhimento às pessoas a passar pela música do ‘DJ’ Nélson Cunha. E dizia o locutor da Mega HITS (emissora de radiodifusão portuguesa do Grupo Renascença Multimédia, a rádio mais jovem do país, cujo principal público-alvo são as classes etárias jovens):
Isto é a realização daquilo que fazemos, entre aspas, às escuras todos os dias, porque imaginamos que do outro lado estão pessoas, sabemos que estão, estamos em contacto, mas hoje humanizamos a Rádio de uma maneira muito especial, e eu acho que isso é extremamente importante”.
O ‘Open Day’ do grupo Renascença dá ênfase especial à temática da música, com a presença de vários artistas que se associaram ao evento, com pequenos concertos mais intimistas para os ouvintes e visitantes. E a série de pequenos espetáculos, levada a cabo no auditório da Rádio Renascença, uma das surpresas reservadas para os participantes deste dia aberto, começou com a atuação de Fernando Daniel, vencedor duma das edições do ‘The Voice Portugal’. O cartaz é preenchido ainda com atuações de artistas como a fadista Mariza e os grupos Calema e Magano.
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Para comemorar o Dia Mundial do Rádio, a UNESCO divulgou uma mensagem em que Audrey Azoulay, diretora-geral, realça o poder único e de longo alcance que este meio de comunicação social tem para alargar os nossos horizontes e construir sociedades mais harmoniosas, pelo que – das grandes redes internacionais aos radiodifusores comunitários – devem as estações de rádio priorizar e reforçar o diálogo, a tolerância e a paz, bem como favorecer a sua compreensão e estimular a participação cívica. E a organização também lançou uma campanha para celebrar o VIII Dia Mundial da Rádio convidando as pessoas a mandarem mensagens de tolerância, a fim de ficar realçada a importância da rádio como uma plataforma para o diálogo e para o debate democrático. As mensagens selecionadas estão a ser publicadas nas redes sociais da UNESCO em vários países e compartilhadas com rádios parceiras da Organização.
Audrey Azoulay refere que, desde a sua invenção, “a rádio produziu novas conversas e difundiu novas ideias para as casas das pessoas” e para as “cidades, universidades, hospitais e locais de trabalho”, levando a que “o diálogo através das ondas aéreas” ofereça “um antídoto para a negatividade que, por vezes, parece predominar no universo online”. Por isso, “a UNESCO trabalha em todo o mundo para melhorar a pluralidade e a diversidade das estações de rádio”.
Sendo a rádio “um dos meios de comunicação mais reativos e envolventes”, com a integração das mudanças tecnológicas do século XXI, oferece “novas formas de interagir e participar nas conversas relevantes – em especial para os mais desfavorecidos”.
E, referindo as mulheres como um dos grupos mais sub-representados nos meios de comunicação, a Diretora-Geral da UNESCO enfatiza o papel da rádio na denúncia dos males:
As mulheres que vivem em áreas rurais, por exemplo, constituem um dos grupos mais sub-representados nos meios de comunicação. A probabilidade de elas serem analfabetas é duas vezes maior do que a dos homens e, por isso, a rádio pode ser a sua salvação, para que consigam expressar-se e ter acesso à informação. A UNESCO oferece apoio a estações de rádio na África Subsaariana para que as mulheres sejam capacitadas a participar do debate público, inclusive a respeito de assuntos muitas vezes deixados de lado, como os casamentos forçados, a educação das meninas e o cuidado com as crianças.”.
Sobre o seu papel positivo nas zonas de conflito, observa:
Em antigas zonas de conflito, a rádio pode dissipar o medo e apresentar a face humana de antigos inimigos, como ocorre no noroeste da Colômbia, onde rádios comunitárias – apoiadas pela UNESCO – estão a curar velhas feridas ao destacar as boas ações de combatentes desmobilizados, como a limpeza de cursos de água poluídos.”.
No atinente à variedade linguística nas transmissões, considera:
A variedade linguística nas transmissões também é essencial – o direito de as pessoas se expressarem em suas próprias línguas, o que adquire um significado especial este ano, quando a UNESCO lidera a comunidade internacional nas celebrações do Ano Internacional das Línguas Indígenas”.
Por fim, aponta que, em todo o mundo,
A inclusão de populações diversificadas torna as nossas sociedades mais resilientes, mais abertas e mais pacíficas, pelo que “os desafios que nós enfrentamos – seja a mudança climática, os conflitos ou a ascensão de visões de mundo divergentes – dependem cada vez mais da nossa habilidade de dialogar com os outros e de encontrar soluções conjuntas”.
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Os primeiros passos para a descoberta da rádio foram dados em 1863, quando, em Cambridge (Inglaterra), James Clerck Mazxwell, professor de física experimental, teorizou a existência das ondas eletromagnéticas unificando a teoria de FaradayLorentzGauss e Ampere.
Maxwell  deixou apenas comprovada matematicamente a teoria, não a tendo podido comprovar experimentalmente. Mas seguiram no seu trilho outros, entre os quais se destacou Henrich Rudolph Hertz, jovem estudante alemão que, impressionado com a teoria, construiu um aparelho, em 1887, onde verificava a deslocação de faíscas através do ar. Assim, conseguiu passar energia eléctrica entre dois pontos sem utilizar fios. O aparelho produzia correntes alternadas de período extremamente curto, que variavam rapidamente. Esta experiência deu-lhe o ensejo de provar experimentalmente a teoria de Maxwell de que a eletricidade viaja através da atmosfera em forma de onda, mas não se apercebeu das vantagens desta experiência, embora tenha verificado que tais ondas (“Ondas Hertzianas” em homenagem ao seu descobridor) se deslocavam à velocidade da luz, cerca de 300 000 km/s. No entanto, o primeiro sistema de rádio surge com Nikola Tesla, o cientista nascido na Sérvia que mais contribuiu, do ponto de vista prático e experimental, para a descoberta da rádio.
Em 1895, o italiano Guglielmo Marconi conheceu as espantosas descobertas de Hertz e o sistema de rádio de Tesla. Chegou a falar com Tesla a pedir-lhe detalhes sobre a construção do sistema, para assim o tornar a construir e registar a invenção como sua, mas Tesla já o tinha registado antes (mas persistem existem dúvidas sobre qual destes dois cientistas inventou a rádio. Itália e o Vaticano estão por Marconi). Em 1896, Marconi demonstrou o funcionamento dos seus aparelhos de emissão e receção de sinais na própria Inglaterra e foi nesta altura que percebeu a importância comercial da telegrafia sem fios. E Marconi foi o primeiro a enviar uma mensagem para o outro lado do oceano e, devido à sua atividade e negócio, contribuiu para o desenvolvimento da rádio, criando até a primeira companhia de rádio.
Para melhorar a descoberta, surgiram cientistas como Oliver Lodge (Inglaterra) e Ernest Branly (França) que inventaram o “coesor” (dispositivo que melhorava a deteção das ondas). Não se imaginava, até então, a possibilidade da rádio transmitir a voz do ser humano, através do espaço.
Assim, Oliver Lodge inventou o circuito elétrico sintonizado, que possibilitava a mudança de estação selecionando a frequência desejada.
Embora Tesla e Marconi tenham feito grande progresso, só ocorreu a transmissão de sons com o aparecimento da válvula de três elementos (tríodo), constituída por uma grelha, placa e filamento e desenvolvida, em 1906, pelo americano Lee de Forest. Com o aparecimento desta válvula destacou-se o alemão Von Lieben e o americano Edwin Armstrong, que utilizaram a válvula para amplificar e produzir ondas electromagnéticas de forma contínua. A descoberta e a utilização da válvula levaram ao estabelecimento duma ligação radiotelefónica transcontinental, da Virgínia (EUA) para Paris. O desenvolvimento comercial da rádio foi, após esta fase inicial, muito rápido. Nos EUA assistiu-se a várias tentativas de emissão tanto comercial como amadora. Em 1920, surgiu a primeira emissora norte-americana de que há registo, de nome KDKA. A partir daqui assistiu-se a uma grande “explosão” de emissoras de rádio e empresas de fabrico de recetores de rádio utilizando válvulas. E, em 1947, a invenção do transístor  tornou possível a construção de rádios mais pequenos. De uns anos para cá, já existem rádios com leitores de cassete e leitores de CD. Hoje em dia, é possível ouvir rádio no computador através da ligação à Internet.
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Tal como ia acontecendo por todo o mundo, em Portugal começava a surgir a febre da rádio. Muitas pessoas tentaram construir as suas emissoras de rádio, mas Abílio Nunes dos Santos fez aparecer, em outubro de 1925, a primeira estação emissora nacional profissional, a CT1 AA. E o projeto foi prosseguido e desenvolvido por Américo dos Santos que fundou a Rádio Graça, em Lisboa. Em maio de 1930, surgiu a primeira rádio no norte, a Rádio Sonora. Posteriormente, na 1.ª metade da década 30 foram aparecendo por todo o país várias estações de rádio que punham no ar programas de informação, música e radionovelas. A Emissora Nacional foi criada por decreto de 1933 e inaugurada em 1935; e a Emissora Católica foi criada em 1937, tendo os fundos iniciais sido angariados junto de fiéis de todo o país.
Em 1975, a integração de várias rádios no grupo RDP (Radiodifusão Portuguesa) originou o fecho das rádios não integradas no grupo por falta de ouvintes (com exceção da Rádio Renascença, que se mantém pujante). Em 1984, vieram as emissoras clandestinas, que o Governo travou em 1988. E, para legalizar algumas e deixar criar outras, foi publicada a nova lei da rádio em 1989, que permitiu às rádios melhores condições e equipamentos, bem como a proliferação de rádios regionais e locais um pouco por todo o país. Estive com alunos meus na procriação de uma.
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De facto, a rádio não foi fruto do trabalho de um homem só, mas de muitos homens de ciência e técnica, que merecem o justo reconhecimento e cujo objetivo deve ser prosseguido pelo bem do diálogo e em prol da paz.
2019.02.13 – Louro de Carvalho

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