quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

A 4 de fevereiro de 2019, o diálogo inter-religioso marcou o dia do Papa


O decurso do dia
Na tarde do dia 4, realizou-se o ato central da visita do Papa a Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU): o Encontro Inter-religioso no Founder’s Memorial, uma conferência global sobre a fraternidade humana, em que Francisco pronunciou o seu primeiro discurso.
Nesse dia, dedicado ao diálogo inter-religioso, após celebrar a missa no Palácio Al Mushrif, onde pernoitou na sua estada em Abu Dhabi, o Pontífice dirigiu-se, para a cerimónia de boas-vindas, ao Palácio Presidencial, onde foi acolhido pelo príncipe herdeiro, Xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan. Executados os hinos e apresentadas as delegações, os dois líderes reuniram-se em privado, após o que o Pontífice regressou ao Palácio Al Mushrif para o almoço.
O príncipe herdeiro, filho do Xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan, considerado o “pai da nação” e primeiro presidente dos Emirados Árabes Unidos, é irmão do Xeque Khalifa bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos.
Na parte da tarde, ocorreu o encontro privado com os membros do Conselho Islâmico dos Anciãos na Grande Mesquita do Xeque Zayed, tendo o Papa sido recebido pelo Grande Imame de al-Azhar, Ahmad al-Tayeb, que já visitou duas vezes o Papa no Vaticano e o acolheu na sua viagem apostólica ao Egito.
O Conselho, uma organização internacional independente, com sede em Abu Dhabi, promove a paz nas comunidades islâmicas, reúne estudiosos, especialistas e dignitários muçulmanos estimados pelos princípios de justiça, independência e moderação. Os membros dedicam uma atenção especial aos conflitos internos das comunidades muçulmanas e às causas que as originam, com a finalidade de defender os valores humanitários e os princípios de tolerância do Islão em oposição ao sectarismo e à violência.
Da Mesquita, o Papa dirigiu-se para o grande evento do dia e motivo da sua viagem: o Encontro Inter-religioso no Founder’s Memorial.
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Apreciação do trabalho desenvolvido neste dia
No final do Encontro Inter-religioso, procedeu-se à assinatura da Declaração conjunta sobre a “Fraternidade Humana para a paz mundial e a convivência comum”, que o diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, considera a indicação dum “caminho de paz e reconciliação” por parte de Francisco e do Grande Imame de Al-Azhar ou “um passo de grande importância no diálogo entre cristãos e muçulmanos e um poderoso sinal de paz e esperança para o futuro da humanidade”. Na declaração de Gisotti, lê-se:
O Documento é um apelo vibrante a responder ao mal com o bem, a fortalecer o diálogo inter-religioso e a promover o respeito mútuo para bloquear o caminho daqueles que sopram no fogo do conflito de civilizações”.
Alessandro Gisotti, frisando que Francisco e Al-Tayyib “indicaram juntos um caminho de paz e reconciliação em que podem caminhar todos os homens de boa vontade, não apenas cristãos e muçulmanos”, define o documento como “corajoso e profético”, por enfrentar (chamando-os pelos nomes) os temas mais urgentes do nosso tempo, sobre os quais quem acredita em Deus é exortado a questionar a própria consciência e a assumir com confiança e decisão a sua responsabilidade de dar vida a um mundo mais justo e solidário”. “Com palavras inequívocas (continua o diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé), o Papa e o Grande Imam advertem que “ninguém está autorizado a instrumentalizar o nome de Deus para justificar a guerra, o terrorismo e qualquer outra forma de violência”. E reiteram que “a vida deve sempre ser preservada como devem ser plenamente reconhecidos os direitos das mulheres, rejeitando qualquer prática discriminatória contra elas”. E Gisotti salienta, no quadro da convicção de que “promover a cultura não é utopia”:
Diante de uma humanidade ferida por tantas divisões e fanatismos ideológicos, o Pontífice e o Grande Imame de Al-Azhar mostram que promover a cultura do encontro não é uma utopia, mas a condição necessária para viver em paz e deixar às gerações futuras um mundo melhor do que aquele em que vivemos”.
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Segundo o jornalista italiano Andrea Tornielli, 800 anos depois do encontro entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kāmil, o Papa que leva o nome do santo de Assis apresentou-se aos “irmãos muçulmanos” como um “cristão sedento de paz”. E, juntamente com o Grande Imame de Al-Azhar, assinou uma Declaração destinada a marcar não só a história das relações entre o Cristianismo e o Islão, mas também a própria história do mundo islâmico. Francisco, inventor da expressão “guerra mundial em pedaços”, com esta viagem e este gesto, insere-se no rumo traçado pelos seus antecessores, dando um passo a mais.
Já São João Paulo II, a partir do encontro de Assis em 1986 (quando sobre o mundo pairava a ameaça nuclear que, infelizmente, se pressente hoje), envolveu líderes religiosos a reiterar que as religiões devem promover a paz, a coexistência, a fraternidade. Depois de 11 de setembro de 2001, quando o fundamentalismo terrorista voltou à cena internacional de forma violenta, o Pontífice polaco fez todos os esforços para extirpar das justificações religiosas o abuso do nome de Deus a justificar a violência, o terrorismo e a morte de homens, mulheres e crianças inocentes. E Bento XVI percorreu a mesma rota ao longo do seu pontificado. Em setembro de 2006, o Papa Ratzinger disse aos líderes dos países muçulmanos:
É necessário que, fiéis aos ensinamentos das suas próprias tradições religiosas, cristãos e muçulmanos aprendam a trabalhar juntos, como já se verifica em diversas experiências comuns, para evitar qualquer forma de intolerância e se opor a todas as manifestações de violência”.
Desta feita, Francisco assinou um documento em que se rejeita firmemente qualquer justificação para a violência cometida em nome de Deus e são feitas declarações importantes e vinculativas sobre o Islão e certas interpretações do mesmo. Assim constituem um forte empenho as palavras relativas ao respeito pelos fiéis de diferentes religiões, à condenação de toda e qualquer discriminação, à necessidade de proteger todos os locais de culto e ao direito à liberdade religiosa, bem como ao reconhecimento dos direitos das mulheres. E é significativa a ênfase de uma das raízes mais profundas do terrorismo niilista, que deriva de interpretações erróneas de textos religiosos, mas também duma “deterioração da ética, que condiciona a ação internacional, e um enfraquecimento dos valores espirituais e do senso de responsabilidade”. Tais elementos favorecem a frustração e o desespero, “levando muitos a cair no turbilhão do extremismo ateu e agnóstico, ou no fundamentalismo religioso, extremismo e fundamentalismo cego”.
Ocidente e Oriente, fiéis de diferentes religiões que se reconhecem como irmãos – declaram o Bispo de Roma e o Grande Imame de Al-Azhar – podem ajudar-se mutuamente na tentativa de evitar que a guerra mundial em pedaços se deflagre em todo o seu poder destrutivo.
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A Declaração conjunta
O “Documento sobre a fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum”, assinado, na tarde do dia 4, por Francisco e o Grão Imame de Al-Azhar Ahmad Al-Tayyib, não é apenas um passo fundamental nas relações entre o Cristianismo e o Islão, mas representa também uma mensagem com um forte impacto no cenário internacional. No prefácio, depois de ter afirmado que “A fé leva o crente a ver no outro um irmão a ser ajudado e amado”, fala-se do texto como “um documento elaborado com sinceridade e seriedade” a convidar “todas as pessoas que carregam no coração a fé em Deus e a fé na fraternidade humana a unirem-se e a trabalharem juntas”. Abre com uma série de invocações: o Papa e o Grão Imame falam “em nome de Deus que criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade”, em nome da inocente alma humana que Deus proibiu de matar, “Em nome dos pobres, dos “órfãos e das viúvas, dos refugiados e dos exilados, de todas as vítimas das guerras e “das perseguições. Al-Azhar e a Igreja Católica declaram adotar a cultura do diálogo como caminho, a colaboração comum como conduta e o conhecimento recíproco como método e critério. E explicitam em plangente exortação:
Pedimos a nós mesmos e aos líderes do mundo, aos artífices da política internacional e da economia mundial, que se empenhem seriamente em difundir a cultura da tolerância, da convivência e da paz, que intervenham, quanto antes, para deter o derramamento de sangue inocente e acabar com as guerras, os conflitos, a degradação ambiental e o declínio cultural e moral que vive o mundo de hoje.
Os dois líderes pedem aos homens de religião e de cultura, além dos meios de comunicação, que redescubram e difundam “os valores da paz, da justiça, do bem, da beleza, da fraternidade humana e da convivência comum”. E verificam:
Entre as causas mais importantes da crise do mundo moderno há uma consciência humana anestesiada e o afastamento dos valores religiosos assim como o predomínio do individualismo e das filosofias materialistas.
Embora reconheça os passos positivos feitos pela civilização moderna, a Declaração destaca “a deterioração da ética, que condiciona a ação internacional, e um enfraquecimento dos valores espirituais e do sentido de responsabilidade, que leva muitos a “cair na voragem do extremismo ateu e agnóstico, ou no integralismo religioso, no extremismo e no fundamentalismo cego. Efetivamente, o extremismo religioso e nacional, juntos com a intolerância “deram origem aos sinais de uma ‘terceira guerra mundial em pedaços.
E o Papa e o Grão Imame afirmam sobre a má distribuição dos recursos naturais:
As fortes crises políticas, a injustiça e a falta de uma distribuição equitativa dos recursos naturais – dos quais se beneficia apenas uma minoria de ricos, prejudicando a maioria dos povos da terra – geraram, e continuam a fazê-lo, um grande número de doentes, de necessitados e de mortos, causando crises letais das quais são vítimas vários países. … Diante de tais crises que levam a morrer de fome milhões de crianças já reduzidas a esqueletos humanos – por causa da pobreza e desnutrição –, reina um silêncio internacional inaceitável..
Apontam a essencialidade da família e a urgência do despertar do sentido religioso, especialmente nos jovens, “para enfrentar as tendências individualistas, egoístas, conflituais, o radicalismo e o extremismo cego em todas as suas formas e manifestações. E recordam que o Criador nos “concedeu o dom da vida para custodiá-lo” – “um dom que ninguém tem o direito de tirar, ameaçar ou manipular conforme seu agrado”. Por conseguinte, acentuam:
Condenamos todas as práticas que ameaçam a vida como os genocídios, as ações terroristas, os deslocamentos forçados, o tráfico de órgãos humanos, o aborto e a eutanásia e as políticas que sustentam tudo isso.
Além disso, declaram firmemente:
As religiões não incitam nunca à guerra, não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo, e nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Essas calamidades são fruto do desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião..
Pedem o cessar da instrumentalização das religiões a incitar ao ódio, violência, extremismo e fanatismo cego, o cessar do uso do nome de Deus para “justificar atos de homicídio, exílio, terrorismo e opressão”
Recordam que Deus não precisa de ser defendido por ninguém e não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas. E atestam:
A liberdade é um direito de cada pessoa: cada um possui a liberdade de credo, de pensamento, de expressão e de ação. O pluralismo e as diversidades de religião, de cor, sexo, raça e língua são uma sábia vontade divina [de que] vem o direito à liberdade de credo e à liberdade de ser diferentes. Por isso, se condena o facto de constringir as pessoas a aderir a uma certa religião ou a uma certa cultura, como também de impor um estilo de civilização que os outros não aceitam.”.
Em seguida, afirmam: 
A proteção dos lugares de culto - templos, igrejas e mesquitas - é um dever garantido pelas religiões, pelos valores humanos, pelas leis e convenções internacionais. Toda a tentativa de atacar os lugares de culto ou ameaçá-los através de atentados ou explosões ou demolições é um desvio dos ensinamentos das religiões, bem como uma violação clara do direito internacional.”.
E insistem:
O terrorismo execrável que ameaça a segurança das pessoas, tanto no Oriente como no Ocidente... espalhando pânico, terror e pessimismo não se deve à religião – mesmo que os terroristas a instrumentalizem –, mas é devido a acumuladas interpretações erradas dos textos religiosos, às políticas de fome, de pobreza, de injustiça, de opressão e de arrogância. Por isso, é necessário interromper o apoio aos movimentos terroristas através do fornecimento de dinheiro, de armas, de planos ou justificativas e também a cobertura da media, e considerar tudo isso como crimes internacionais que ameaçam a segurança e a paz mundial.”.
O documento sustenta: 
É necessário comprometer-se em estabelecer nas nossas sociedades o conceito de cidadania plena e renunciar ao uso discriminatório do termo minorias, que traz consigo as sementes do sentir-se isolados ou de inferioridade”.
Na Declaração define-se a necessidade indispensável de reconhecer o direito da mulher à educação, ao trabalho e ao exercício dos próprios direitos políticos”, vincando:
Deve-se trabalhar para a libertar das pressões históricas e sociais contrárias aos princípios da própria fé e da própria dignidade. É necessário também protegê-la da exploração… Por isso, devem ser interrompidas todas as práticas desumanas e os hábitos vulgares que humilham a dignidade da mulher e [deve-se] trabalhar para modificar as leis que impedem às mulheres de desfrutar plenamente de seus direitos.”.
Depois de reiterarem o direito das crianças de crescerem num ambiente familiar, à alimentação e educação, os dois líderes afirmam:
É preciso condenar toda prática que viola a dignidade das crianças ou os seus direitosÉ também importante vigiar contra os perigos a que são expostas, especialmente no ambiente digital, e considerar como crime o tráfico de sua inocência e toda violação de sua infância.”.
Enfim, os dois líderes pedem que este Documento se torne objeto de pesquisa e reflexão em todas as escolas, universidades e institutos de educação e formação, esperando que se torne um “símbolo do abraço entre Oriente e Ocidente, entre Norte e Sul.
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O discurso do Papa
No seu discurso, o Bispo de Roma fez votos por que as religiões ajudem a família humana amadurecer itinerários de paz. E disse:
Quanto ao futuro do diálogo inter-religioso, a primeira coisa que devemos fazer é rezar. Rezar uns pelos outros: somos irmãos! As religiões não podem renunciar à tarefa urgente de construir pontes entre povos e culturas.”.
Na linha de condenação de toda a forma de violência, Francisco explicitou o seu objetivo:
De ânimo reconhecido ao Senhor, aproveitei o ensejo do VIII centenário do encontro entre São Francisco de Assis e o sultão al-Malik al-Kamil para vir aqui como fiel sedento de paz, como irmão que procura a paz com os irmãos. Desejar a paz, promover a paz, ser instrumentos de paz: para isto, estamos aqui”.
Disse o Papa que, para salvaguardar a paz, “precisamos de entrar juntos, como uma única família, numa arca que possa sulcar os mares tempestuosos do mundo: a arca de fraternidade”, fundada nas raízes da nossa humanidade comum e sentida como “vocação contida no desígnio criador de Deus” a dizer-nos que “todos temos igual dignidade” e que “ninguém pode ser dono ou escravo dos outros”. Depois, manifestou apreço pelo compromisso dos Emirados Árabes Unidos de “tolerar e garantir a liberdade de culto, contrapondo-se ao extremismo e ao ódio”, sustentando que “a coragem da alteridade”, que a família humana postula para reconhecimento do valor do outro, “é a alma do diálogo, que se baseia na sinceridade de intenções” e que “as religiões não podem renunciar à tarefa urgente de construir pontes entre povos e culturas”, sendo que “a paz precisa das asas da educação e da justiça”.
E Francisco sublinha a importância da oração, que “encarna a coragem da alteridade em relação a Deus”, “purifica o coração de fechar-se em si mesmo” e, se feita com o coração, “é um restaurador de fraternidade”. Neste sentido, facilita, prepara e alimenta o diálogo.
Neste contexto de necessidade de diálogo, o Pontífice assegura:
Não há alternativa: ou construiremos juntos o futuro ou não haverá futuro. De modo particular, as religiões não podem renunciar à tarefa impelente de construir pontes entre os povos e as culturas. Chegou o tempo de as religiões se gastarem mais ativamente, com coragem e ousadia e sem fingimento, em ajudar a família humana a amadurecer a capacidade de reconciliação, a visão de esperança e os itinerários concretos de paz.”.
Mas, para a obtenção da paz, são necessárias as duas asas já apontadas, como se dum avião ou de uma pomba se tratasse: a educação e a justiça. A primeira leva ao conhecimento de si e do irmão, imprime um estilo de vida baseado no amor e esconjurando o ódio, estilo que leva ao desenvolvimento da cultura própria e ao encontro das outras culturas. A segunda tem a sua regra de ouro: O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles, porque isto é a Lei e os Profetas” (Mt 7,12). E, citando as palavras do profeta Isaías, “A paz será obra da justiça” (Is 32,17), o Papa discorre sobre a estreita relação entre a paz e a justiça:
A paz morre, quando se divorcia da justiça, mas a justiça revela-se falsa se não for universal. Uma justiça circunscrita apenas aos familiares, aos compatriotas, aos crentes da mesma fé é uma justiça claudicante… uma injustiça disfarçada!”.
Aplicando este raciocínio à função das religiões no mundo, observa:
As religiões têm também a tarefa de lembrar que a ganância do lucro torna néscio o coração e que as leis do mercado atual, ao exigirem tudo e de súbito, não ajudam o encontro, o diálogo, a família: dimensões essenciais da vida que precisam de tempo e paciência”.
E faz votos por que
As religiões sejam voz dos últimos – estes não são estatísticas, mas irmãos – e estejam da parte dos pobres; velem como sentinelas de fraternidade na noite dos conflitos, sejam apelos diligentes à humanidade para que não feche os olhos perante as injustiças e nunca se resigne com os dramas sem conta no mundo.”.
Depois, assumindo a imagem do deserto que floresce, considera que o país em que arranha-céus e areia se tocam e se cruzam Ocidente e Oriente, Norte e Sul, é “lugar de desenvolvimento, onde espaços outrora inóspitos proporcionam empregos a pessoas de várias nações”. Mas adverte:
O desenvolvimento também tem os seus adversários. E, se o inimigo da fraternidade é o individualismo, como obstáculo ao desenvolvimento apontaria a indiferença, que acaba por converter as realidades florescentes em áreas desertas.”.
Recordando o 1.º Fórum da Aliança inter-religiosa por Comunidades mais seguras, de Abu Dhabi, sobre o tema da dignidade da criança na era digital, na sequência do Congresso internacional sobre o mesmo tema, em Roma, Francisco frisa ter-se aberto, no deserto, “um caminho de desenvolvimento fecundo que, a partir do trabalho, dá esperança a muitas pessoas de vários povos, culturas e credos”, contribuindo “para o crescimento e bem-estar do país” e para suscitar “a convivência fraterna, fundada na educação e na justiça, e o desenvolvimento humano, construído sobre a inclusão acolhedora e sobre os direitos de todos”, quais “sementes de paz, que as religiões são chamadas a fazer germinar” – contra “a corrida aos armamentos, o alargamento das respetivas áreas de influência, as políticas agressivas em detrimento dos outros” que nunca trarão estabilidade”, que redundam em guerra, miséria e morte.
E Deus, “do céu, abençoa cada passo sobre a terra que se realiza nesta direção”.
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Valeu a pena esta jornada em prol da alteração da situação mundial? Pelo menos o dardo está lançado. Prosit!
2019.02.06 – Louro de Carvalho

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