sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

A fé une, não divide


É uma asserção lapidar emergente na mensagem do Papa Francisco divulgada no passado dia 31 de janeiro, a anteceder a sua viagem aos Emirados Árabes Unidos (EAU), de 3 a 5 de fevereiro.
Na verdade, a fé em Deus “une e não divide; aproxima não obstante a distinção; afasta da hostilidade e da aversão”. É este um segmento textual da mensagem papal.
No respeito das diversidades, Francisco afirma que “somos irmãos mesmo sendo diferentes”, saúda em árabe a população do país “Al Salamu Alaikum (A paz esteja convosco) e declara-se “feliz” em visitar os EAU, uma “terra que busca ser um modelo de convivência, de fraternidade humana e de encontro entre as diferentes civilizações e culturas, onde muitos encontram um lugar seguro para trabalhar e viver livremente, respeitando as diferenças”.
Assim, o Bispo de Roma prepara-se para se encontrar com um povo “que vive o presente com o olhar voltado ao futuro” e cita o fundador dos EAU, o Xeque Zayed, que declarava que a verdadeira riqueza “não reside somente nos recursos materiais”, mas nos “homens”, “nas pessoas que constroem o futuro da sua nação”.
Por outro lado, o Pontífice agradece ao Xeque Mohammed bin Zayed bin Sultan Al Nahyan o convite a participar “no encontro inter-religioso sobre o tema Fraternidade humana”, que se realizará no dia 4, à tarde, no Founder’s Memorial de Abu Dhabi.
Na ótica da viagem, cujo lema é extraído da oração atribuída a São Francisco de Assis “Senhor, faz de mim um instrumento da sua paz”, Francisco manifesta-se ainda “grato” às demais autoridades dos EAU “pela ótima colaboração, pela generosa hospitalidade e pelo fraterno acolhimento nobremente oferecidos para realizar” a visita.
Por fim, o Santo Padre agradece ao “amigo e querido irmão o Grande Imã de Al-Azhar, Dr. Ahmed Al-Tayeb, e aos que colaboraram na preparação do encontro” pela “coragem” e “vontade” de afirmar que a fé em Deus une, e não divide. E conclui dizendo preparar-se com alegria para encontrar e saudar ‘eyal Zayid fi dar Zayid, os filhos de Zayid na casa de Zayid”, terra “de prosperidade e paz”, “sol e de harmonia”, “convivência e encontro”.
Fonte: Vatican News e Voz Portucalense.
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Soube-se efetivamente, a 6 de dezembro de 2018, por informação de Greg Burke, o então diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, que o Papa acolhera o convite para a visita da parte do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi, e da Igreja Católica nos Emirados Árabes Unidos.
Por conseguinte, ficou assente que Francisco visitará Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, de 3 a 5 de fevereiro de 2019, para participar do Encontro Inter-religioso Internacional sobre “Fraternidade Humana”.
O lema da visita é, como ficou dito acima, “Fazei de mim um instrumento de vossa paz”, extraído da oração atribuída a São Francisco de Assis, pelo que se espera que a visita papal possa difundir a paz de Deus no coração de todos os homens de boa vontade, realizando na Terra a glória de Deus que os anjos colocam nos Céus.
Recorde-se que o Papa assumiu, no início do seu Pontificado, o nome de Francisco tendo em mente a personalidade e a postura de São Francisco de Assis. E agora assume o teor de uma oração pela paz atribuída a este santo que pôs em prática as palavras de Jesus Cristo: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 9).
Na verdade, a paz de Deus cura na pessoa toda a forma de hostilidade e acompanha a Boa Nova, proclamada por Jesus Cristo, de um Deus que reconcilia o mundo consigo.
O logótipo da visita é uma pomba que, tendo pousado sobre Jesus a dar forma corpórea ao Espírito Santo aquando no Batismo no Jordão, carrega no bico um ramo de oliveira. As cores da pomba, branca e amarela, retomam as cores da bandeira vaticana. Mas aqui as cores da bandeira dos EAU estão inseridas no corpo da pomba, simbolizando que o Papa visita o país árabe como paladino e arauto da paz.
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Segundo o Sir Agencia, um coro multinacional de 120 pessoas (de 13 nacionalidades) – das 9 igrejas dos Emirados Árabes Unidos (país formado por sete emirados localizados na entrada do golfo Pérsico, no Oriente Médio) vai animar a celebração da Missa do dia 5 em Abu Dhabi, no Sayed Sports City,  ato central da viagem de Francisco a este país asiático. Os cantores, selecionados após uma audição em que participaram 283 cantores provenientes das preditas nove igrejas, são filipinos, indianos, libaneses, sírios, jordanianos, arménios, franceses, italianos, nigerianos, estadunidenses, indonésios, holandeses e argentinos.
Segundo o responsável pelo comité do coro papal, Padre Jean-Laurent Marie, o coro é a “imagem fiel do cadinho dos Emirados Árabes, com todas as várias nacionalidades residentes neste país”. “Alguns membros do coro foram selecionados, pelo seu talento, para uma produção, da Bbc, de uma sinfonia de Beethoven.
O coro, dirigido por Mons. Paul Hinder, será acompanhado a órgão e instrumentos de sopro composto de dez membros.
O responsável pelo comité do coro papal, Padre Jean-Laurent Marie, explicitou que o coro é a “imagem fiel do cadinho dos Emirados Árabes, com todas as várias nacionalidades residentes neste país.”.
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Foram tiradas 50 mil cópias do livro preparado para visita do Papa “Encontrar o Papa Francisco nos Emirados Árabes Unidos”, posto à disposição sobretudo das crianças que, a 5 de fevereiro, verão o Santo Padre pela primeira em suas vidas. Esta foi uma das iniciativas empreendidas pelo Vicariato para preparar a visita do Pontífice. O livro contém adesivos que os pequenos leitores poderão usar para completar a leitura e descobrir melhor a figura papal.
As crianças que frequentam a catequese receberam o texto gratuitamente, já os paroquianos que quiseram a publicação obtiveram-na contra o pagamento de uma quantia simbólica.
Por sua vez, a Sala de Imprensa da Santa Sé difundiu, no dia 30 de janeiro, algumas indicações sobre a missa papal. Entre estas, destaca-se: a oração dos fiéis, que será feita em seis línguas: coreanokonkani (Índia), francês, tagalog (Filipinas), urdu (Paquistão) e malayalam (Índia); e a oração da assembleia, que será pelos bispos, governantes e por todas as autoridades civis – a fim de que estas “sirvam com coragem à dignidade de toda pessoa e promovam um futuro de esperança para todos” –, pelo coração dos pecadores e dos violentos, contra as guerras, pelos migrantes e os trabalhadores que vivem nesses territórios, pelos doentes e pelos fiéis defuntos.
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Em véspera de viagem apostólica do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos, que se inicia no domingo, dia 3, de acordo com a agência noticiosa AdnKronos, a editora missionária italiana lança dois livros para compreender e aprofundar a história local das comunidades cristãs no Golfo Pérsico, pois a visita histórica do Pontífice deve ajudar a intensificar as relações com o mundo islâmico.
De facto, tanto católicos como muçulmanos aguardam a visita histórica de Francisco nos Emirados Árabes Unidos no âmbito duma viagem para fortalecer o diálogo com o Islão.
O primeiro dos livros, intitulado “Um bispo na Arábia. A minha experiência com o Islão”, é de autoria do Bispo Dom Paul Hinder, vigário apostólico na Península Arábica, que reside em Abu Dhabi e é um grande conhecedor do mundo islâmico e agora conta o que significa ser um católico na terra do Islão, com os desafios diários de não poder viver plenamente a liberdade religiosa, mas somente a de culto, além de falar sobre o diálogo e o confronto quotidiano a diferentes níveis – pessoal, institucional e académico – com o mundo islâmico.
Dom Paul escreve ainda sobre a realidade multicultural e multiétnica da Igreja de que é responsável. A forte migração que levou milhares de asiáticos, sobretudo das Filipinas e da Índia, a trabalhar nos países do Golfo fez renascer o cristianismo: hoje são cerca de um milhão os católicos que representam 50% de todos os católicos do Oriente Médio.
O segundo livro, com o título “Nós, cristãos da Arábia”, da autoria de Chiara Zappa, aborda o tema da migração. A obra reúne várias entrevistas feitas no local e contextualizadas numa reconstrução histórica, enfatizando as condições de vida da minoria cristã que vive hoje na Península Arábica.
E diz Dom Paul Hinder:
Acredito que o Papa virá, como colocamos no logo, como um portador de paz. Todos nós deveríamos transformar-nos sempre cada vez mais em instrumentos de paz, como rezamos na oração de São Francisco de Assis.”.
O destino do Papa a partir de domingo será a capital, Abu Dhabi, na que é a primeira vez que um Pontífice visita a península árabe.
Os fiéis que não estiverem na capital poderão acompanhar a visita com transmissões ao vivo, via streaming, nas igrejas, paróquias e nas próprias casas, como já havia previsto Dom Paul Hinder. Com efeito, a imprensa local já está a divulgar esse intento, dando imagens com fiéis e curiosos a posar para fotos frente a um banner de divulgação da viagem que traz o Papa saudando todos. A peça publicitária fica em frente da Igreja Católica de Santa Maria, em Dubai.
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Os Emirados Árabes Unidos (abreviado em EAU) são um país árabe localizado no Golfo Pérsico.
Formados por uma confederação de monarquias ou principados árabes sob a designação de emirados (São eles: Abu Dhabi, Dubai, Xarja, Ajmã, Umm al-Quwain, Rasa al-Khaimah e Fujeira), detendo cada um a sua soberania, os EAU situam-se no sudeste da Península Arábica e fazem fronteira com Omã e Arábia Saudita.
A capital e a segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos é Abu Dhabi, que é também o centro de atividades políticas, industriais e culturais.  
Antes de 1971, os Emirados Árabes Unidos eram conhecidos como Estados da Trégua, em referência a uma trégua do século XIX entre o Reino Unido e vários xeques árabes. O nome Costa Pirata também foi utilizado em referência aos emirados que ocupam a região do século XVIII até ao início do século XX. 
O seu sistema político, baseado na Constituição de 1971, dispõe de vários órgãos ligados intrinsecamente. O islamismo é a religião oficial e o idioma árabe, a língua oficial.
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Agora preparam-se para a visita da paz e da fraternidade. Seja!
2019.02.01 – Louro de Carvalho

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