segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Recente iniciativa do projeto “Caminhos de Fátima”

Como a Comunicação Social tem noticiado sempre que os casos acontecem, a rota de Fátima trilhada pelos peregrinos a pé que utilizam o “Caminho do Norte”, no longo troço do Porto a Fátima, tem-se manifestado insegura, como revela o número significativo de acidentes com peregrinos a pé, alguns deles mortais.
Por isso, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional, o Santuário de Fátima e 14 municípios passaram a unir esforços no sentido de se oferecer uma alternativa mais segura para o caminho que milhares de peregrinos fazem a pé até à Cova da Iria, anualmente, sobretudo por volta do dia treze do mês.

Com efeito, foi apresentado, no passado dia 1 de outubro, no Santuário de Fátima, o projeto “Caminhos de Fátima”, a iniciativa que enquadra, concebe e desenvolve tal alternativa.
Nessa apresentação oficial, esteve presente o Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, que anunciou a afetação de três milhões e meio de euros de fundos comunitários para o projeto, através dos Programas Operacionais do Norte e do Centro.
As autarquias implicadas neste processo concreto e imediato são os municípios de: Vila Nova de Gaia, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Águeda, Anadia, Mealhada, Coimbra, Condeixa, Soure, Pombal, Leiria e Ourém. Também estão envolvidas na organização deste “percurso cultural e religioso alternativo” as três Comunidades Intermunicipais que envolvem o território (Aveiro, Coimbra e Leiria), o Instituto Estradas de Portugal-IP, a Infraestruturas de Portugal, o Instituto para a Mobilidade e os Transportes, a Cruz Vermelha Portugueses, o Corpo de voluntários da Venerável Ordem Soberana Militar de Malta, as forças de segurança e os guias acreditados junto do Santuário de Fátima.
Maio de 2017 é a meta apresentada para a concretização do projeto, altura em que se celebra o auge do Centenário das Aparições de Fátima.
A segurança dos peregrinos a pé que, anualmente, rumam ao Santuário de Fátima e a valorização do património cultural são os dois objetivos do projeto “Caminhos de Fátima”, que estudou um itinerário alternativo ao atualmente percorrido para retirar das estradas nacionais peregrinos e caminhantes.
Cristina Azevedo, coordenadora do projeto, informou que o primeiro troço, já delineado, ligará o Porto a Fátima, numa distância de 212 quilómetros, na sua maioria fora das estradas nacionais e com apenas um acréscimo de 8% na distância total do percurso atualmente percorrido. A mesma responsável logística adiantou que “para além do projeto integrado de sinalização vertical dos Caminhos de Fátima, que terá de ser estudado e implementado, foi iniciada, com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, a análise da possibilidade da criação de condições de proteção aos peões nas vias propostas, com integração no código da estrada e criação de sinalização específica”.
Também o comunicado de apresentação da iniciativa dá a conhecer que o traçado identificado já foi foi testado e consensualizado pelos promotores e permitirá: a recuperação de calçadas romanas; a travessia de vales agrícolas; o aproveitamento de canais ferroviários desativados; a incorporação de margens ribeirinhas; a integração de caminhos rurais; e a travessia de povoados – com clara vantagem para o espírito de peregrinação ou de caminhada.
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Os intervenientes chegaram por consenso alargado a um objetivo comum: tudo pronto em maio de 2017. Graças à obtenção deste consenso entre todos os intervenientes e para concretizar com maior celeridade a iniciativa, os 14 municípios acima referidos têm prevista a constituição da “Associação dos Caminhos de Fátima” (ACF), que terá como finalidades: o fomento e a defesa dos “Caminhos de Fátima”; a ajuda ao peregrino ou caminhante; e a defesa e promoção do património cultural destes percursos.
Depois e como prometido, os promotores aguardam pela concretização da atribuição de fundos comunitários mediante um pedido já lançado pelos 14 municípios abrangidos, através dos Programas Operacionais do Norte e do Centro. Na sessão de apresentação do projeto, como já foi referido, o Dr. Manuel Castro de Almeida, Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, anunciou a resposta positiva da Comissão Interministerial de Coordenação para a afetação de três milhões e meio de euros, valor que viabilizará as intervenções de comunicação e sinalização previstas, num investimento superior a quatro milhões de euros.
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Da parte do Santuário de Fátima, pela voz do seu reitor, o padre Cabecinhas, foi reforçado o interesse da instituição em colaborar e apoiar o projeto em razão daquilo que ele significa para o “bem-estar dos peregrinos” que se deslocam ao Santuário. Segundo o site do Santuário de Fátima, o padre Cabecinhas declarou:
“Fomos, desde o início, os anfitriões destes encontros. Esta iniciativa lançou-se, como primeiro encontro, que reuniu todos os presidentes de câmara envolvidos neste projeto, no Santuário de Fátima. Voltámos a ser os anfitriões, aquando da reunião com o Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional e temos procurado dar toda a facilidade logística para o desenvolvimento deste projeto”.
O Santuário disponibilizou ainda toda a sua rede de orientadores e guias de peregrinos a pé, pondo-os em contacto com o projeto dos “Caminhos de Fátima”, com vista a uma “partilha de experiências para enriquecer a elaboração dos caminhos a pé”. Mas o reitor do Santuário não exclui a possibilidade de um envolvimento mais institucional na futura ACF. Mais: num momento em que está em acentuado crescendo o “interesse pela peregrinação a pé até Fátima”, prevê-se um incremento do número de peregrinos devido às cada vez melhores condições que lhes estão a ser propiciadas. O reitor, recordando o “verdadeiro sentido da peregrinação”, explicitou:
“A nossa expectativa é que grande parte da infraestrutura desta obra possa estar concluída em maio de 2017, para que os peregrinos possam, com mais segurança e com outra comodidade, vir em peregrinação ao Santuário”.
É óbvio que, da parte da reitoria, toda a melhoria logística e de conforto tem em vista o genuíno dinamismo da peregrinação. Assim, o padre Cabecinhas declarou:
“Com a melhoria das condições para a sua caminhada, espero que os peregrinos possam viver a peregrinação a pé como essa experiência de fé que permite avançar fisicamente, mas, ao mesmo tempo, progredir espiritualmente. É esse o verdadeiro sentido da peregrinação: o deslocar-se, mas para voltar diferente, para transformar a própria vida e o quotidiano”.
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É claro que as entidades públicas, sem excluírem o sentido de peregrinação, têm outros objetivos. O Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Manuel Castro Almeida, declarou, segundo o que refere a agência Ecclesia;
 “Estes novos percursos fazem com que as pessoas sejam retiradas da antiga estrada nacional, havendo um caminho alternativo, seguro, confortável e bem sinalizado e que será feito com os 14 municípios que se comprometeram”.
E explicou o objetivo da disponibilização dos fundos comunitários para a iniciativa: “dar segurança, aumentar o turismo religioso e valorizar muitas terras e povoações que passarão a ser visitadas”. Isto, porque, para Castro Almeida, Fátima se impõe como um sítio único de peregrinações em Portugal e, em 2017, ali “estarão os olhos do mundo e tudo deverá estar pronto”. Confessou mesmo haver “uma secreta ambição de permitir que o Papa Francisco possa percorrer um bocadinho do troço final do caminho de Fátima, em 2017”.
Por seu turno, Diogo Mateus, Presidente da Câmara Municipal de Pombal e presidente indigitado da nova ACF, apontou as várias frentes de equipa, o mérito da união das 14 câmaras municipais a fim de ser cumprido o prazo do caminho alternativo. E afirmou com entusiasmo:
“Vamos criar uma passadeira de 200 km para acolher o Papa Francisco no centenário das aparições”.
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Também o Centro Nacional de Cultura (CNC) dá elementos de informação sobre o já existente “Projeto Caminhos de Fátima”.
O seu objetivo é a identificação e sinalização de caminhos para peregrinos que a pé se dirigem a Fátima evitem as estradas de grande tráfego automóvel e optem por caminhos de terra batida  e pedra ou, se os não houver disponíveis, optar por pequenas estradas rurais com pouco tráfego.
Estão já sinalizados 4 caminhos: o Caminho do Tejo, que parte de Lisboa; o Caminho do Norte, que parte de Valença; o caminho do Nordeste, que parte de Bragança; o Caminho da Nazaré; e o Caminho do Mar, que parte do Estoril e Cascais.
Os peregrinos que de Fátima almejem prosseguir para Santiago de Compostela poderão fazê-lo pelo Caminho do Norte, mas em sentido inverso, passando por Coimbra e Porto até Valença, entroncando, em Tui, no Camiño Portugués de Santiago. Servindo estes caminhos, simultaneamente, Caminhos para Fátima e Caminhos para Santiago, a direção Fátima é indicada por setas azuis e a direção Santiago por setas amarelas.
Embora o CNC se ocupe principalmente da sinalização dos Caminhos de Fátima, também colabora com outras entidades na sinalização de Caminhos de Santiago. Nos últimos anos, abriram-se vários albergues para peregrinos a norte do rio Douro, a que outros se seguirão. Estão disponíveis “Guias de peregrinos” que descrevem o Caminho Central Português para Santiago pelos Caminhos do Tejo e do Norte – editados em Portugal e também em Espanha, França e Inglaterra – caminhos também disponíveis em georreferenciação no site do CNC.
A iniciativa de sinalização dos Caminhos de Fátima e, complementarmente, de Santiago, é reconhecida não só pelo Santuário de Fátima como por todos os que se interessam por ajudar os peregrinos. O CNC colabora empenhadamente com todas as entidades que prossigam os mesmos ideais: facilitar aos peregrinos a pé a sua peregrinação, para que, caminhando em segurança, possam desfrutar da Natureza e encontrar o sossego e o silêncio propícios a uma caminhada feliz. Passando por belas paisagens e povoações encantadoras, visitando monumentos, deleitando-se com a cozinha regional e conhecendo pessoas e comunidades.
Com efeito, desfrutando a paisagem, contactando as pessoas e visitando lugares de interesse histórico, cultura e turístico, podem os caminheiros adquirir um dinamismo espiritual de caminhada e peregrinação alternativo à caminhante peregrinante tipicamente austera e penitente.
Fátima e Santiago merecem e os seus devotos agradecem!

2015.10.05 – Louro de Carvalho

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