Introdução
O perfil e o papel do teólogo têm sofrido
considerável evolução ao longo do tempo. Além disso, cada teólogo, mercê da sua
proveniência e do contexto em que trabalha, é portador de uma peculiar situação
cultural, social e eclesial constituída por influências complexas.
Nos alvores do cristianismo, competia-lhe a
sistematização crítica da doutrina e sua tradução para os contemporâneos. Até
ao final da Idade Média, as opiniões e discussões realizavam-se sob a unidade
do corpus
christianum. Sendo assim, as diatribes
entre as escolas gravitavam em torno de certos pontos comuns. Definiam-se os
conceitos e um podia dizer ao outro porque compartilhava as suas ideias. A terminologia,
os pressupostos filosóficos, o ambiente cultural e a perceção da vida ocorriam
numa plataforma comum. Na
modernidade, o teólogo católico defronta-se com uma dupla mudança: dum lado, as
descobertas geográficas e a revolução científica colocam novos desafios; do
outro, a Reforma tornou plural o próprio cristianismo ocidental e a Teologia
Católica fica marcada pela Contrarreforma até ao Vaticano II.
O observador da revolução teológica pós-conciliar pode
ter a impressão de encontrar muito discurso e poucos factos
consistentes. Dado que a vida real dos cristãos carece da reflexão teológica criativa,
neste período, surgiu uma série de teologias radicais: teologia da morte de
Deus (William
Hamilton), teologia da esperança (Jurgen Moltmann), teologia da libertação (Gustavo Gutiérrez), teologia feminista (Elisabeth Cady Stanton), teologia do
trabalho (Dominique Chenu), teologia
do tempo livre (Ivica
Raguz), teologia do corpo (João Paulo
II)... A multiplicidade
de perspetivas e a pluralidade de métodos criaram o espectro das teologias
ambivalentes e parcelares.
Todavia, a teologia sistemática não deixou de fazer sentido.
Já antes, o Iluminismo criara, na Igreja Católica,
situações de vazio, de falta de referenciais comuns, apoiando-se em suportes parcelares:
sobrenaturalismo, autoritarismo, pietismo... O recurso a um mundo virtual de
doutrinas abstratas, distantes da realidade, levou a que os teólogos não respondessem
às atuais questões da Filosofia e da cultura determinada pela tecnociência e
pelos graves problemas sociopolíticos, sobretudo em algumas zonas do Globo. O
vazio resultante da falta de resposta favoreceu, por um lado, um novo ateísmo
e, por outro, um fideísmo frágil, quando não um grassante indiferentismo.
A pluralidade de teologias – e seu pluralismo,
diferente do pluralismo paleocristão e medievo – tem pouco diálogo entre si, com
a tradição e sobretudo com o mundo atual. E, não se estribando na Bíblia, na
Tradição da Igreja e no senso de fé dos fiéis, embate contra o pensamento
oficial da Igreja, às vezes inflexível. Não se podendo negar a importância do
Concílio para a Igreja, é clarividente que o mundo académico minorou a
credibilidade da Igreja e dos teólogos, graças à continuação do uso de noções
metafísicas como se foram unívocas (transubstanciação, moral natural, etc.), e rompe-se a fidelidade
à Tradição e ao Magistério, de hoje e de ontem.
O pluralismo teológico nunca deve dispensar a
função do Magistério nem prejudicar a unidade na profissão da fé. Para a imagem
pública da Igreja e manutenção da unidade, é indispensável a tradução da
consciência de fé para as novas culturas e a partir delas, o que exige que
Magistério e teólogos unam forças e esforços. Por seu turno, o teólogo deve
precaver-se para não transformar meras hipóteses ou interesses ideológicos em novos
dogmas. Mas nem por isso pode deixar de aprofundar e ampliar o esforço de
investigação e formulação teológicas. “O teólogo que se compraz no seu
pensamento como se estivera completo e concluído é um medíocre. O bom teólogo e
filósofo tem um pensamento aberto, como que incompleto, sempre aberto ao maius de Deus segundo a lei que S.
Vicente de Lerins define assim: annis
consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate” (cf discurso de
Francisco à PUG, 10/042014) – consolida-se com os anos, dilata-se com o tempo e
aprofunda-se com a idade.
Novos saberes fragmentam hoje a visão do mundo. A
confrontação e o diálogo do pensamento cristão com o mundo novo demoram e
tornam-se tarefa penosa embora aliciante e necessária. Desapareceu o referencial
da linguagem, da filosofia e até do conceito de ciência. A metafísica é
questionada por diferentes correntes filosóficas, perdendo a sua evidência.
Cabe, pois, ao teólogo, consciente de suas limitações, construir pontes entre
passado, presente e futuro, e traduzir, sem trair, a identidade cristã para o
mundo em rápidas, profundas e permanentes mudanças – a que deve dar resposta e
a partir das quais deve formular doutrina inteligível.
No dizer do Papa, o teólogo deve “olhar ao longe
para a largueza do horizonte, encarar o futuro com criatividade e imaginação,
procurando ter uma visão global da situação e dos desafios atuais e um modo
compartilhado de os enfrentar, descobrindo sempre novos caminhos e sem medo” (id
et ib). Não pode circunscrever-se à sua maneira de ver, como não pode deixar de
tirar partido da sua própria iniciativa e capacidade de empenho: “Há um passado
e há um presente. Aqui estão as raízes da fé: as memórias dos apóstolos e dos
mártires; aqui está o hoje eclesial, o do caminho desta Igreja (de Roma) que
preside à caridade, ao serviço da unidade e da universalidade. E isto tem de
ser visto e valorizado com um empenho em parte institucional e em parte
pessoal, entregue à iniciativa de cada um” (id et ib).
1. O contexto
Ainda no início deste milénio, urge que o teólogo
analise criticamente as transformações, sem cair nas armadilhas dos discursos
sem fundamento racional nem vinculados ao conteúdo da fé, mas tentando ler
nelas os sinais de Deus. Move-se em diferentes contextos institucionais. Acede
aos jornais de circulação diária, às revistas, às estações de rádio e de
televisão, à Internet e às redes sociais, às publicações científicas, às associações
nacionais e internacionais de investigadores, às instituições de ensino e,
sobretudo, às universidades.
O contexto universitário é indubitavelmente um dos
mais privilegiados, pois a Filosofia e a Teologia constituíram a matriz geradora
da universidade medieva. Nele se formam, numa linha de alta produtividade, os
profissionais e a inteligência crítica do porvir. Nele se organizam programas
de pós-graduação nas diversas áreas de conhecimento, na lógica da educação ao
longo da vida, na ótica da produção de qualidade, relevância religiosa e social
e interação.
Nas instituições de ensino superior desenvolvem-se
relações complexas e diversificadas, não devendo o teólogo isolar-se, mas
dialogar, acompanhando o que acontece na sua área de conhecimento e nas outras,
sobretudo afins, e lançar mão da oração. “O teólogo que não reze e não adore a
Deus acaba por cair num inqualificável narcisismo” (cf id et ib).
O teólogo deve sentir-se livre para pesquisar. A Ex
Corde Ecclesiae assegura: “A Igreja, aceitando ‘a legítima
autonomia da cultura humana e especialmente
das ciências’, reconhece também a liberdade
académica de cada um dos estudiosos nas disciplinas da sua competência,
de acordo com os princípios e os métodos da ciência, a que ela se
refere, segundo as exigências da verdade e do bem comum” (n. 29). E
logo assegura que também os teólogos, “desde que adiram a tais
princípios e apliquem o seu método respetivo, gozam da mesma liberdade
académica”. Também no contexto de um mundo globalizado, é preciso que o teólogo
rompa as fronteiras individuais e institucionais e se abra à dinâmica da
internacionalização dos saberes e das profissões. O teólogo que se cinja ao seu
mundo deixará de ter vez e voz. A Teologia encontra-se envolta pelas novas
culturas, marcadas pelas conquistas da tecnociência, que supera os limites de
países e continentes. A cultura do saber é internacional. Como em todas as áreas
do conhecimento, além de conhecer as línguas do mundo bíblico e circundante, o
teólogo deve saber usar as línguas internacionais de formulação das ciências (inglês,
castelhano, português, francês, alemão…) e enditar os seus conhecimentos
através da participação nos eventos das associações da área: programas de
atualização, encontros, congressos, etc.
2. Produção intelectual do teólogo
O teólogo tem um papel cada vez mais imprescindível
à Igreja e à sociedade. Porém, não lhe basta repetir doutrinas e fórmulas,
oferecendo respostas a perguntas que já ninguém faz. A sua missão é buscar
respostas para problemas novos e velhos à luz da fé e da razão em comunhão com
a hierarquia. Embora a fé seja condição necessária para a teologia, não é
suficiente. Tem de buscar “as razões da sua fé” (1Pd 3, 15), no “hoje”,
com discernimento crítico, plausibilidade racional da fé e fala coerente acerca
do Deus testemunhado na Escritura. Deve agir mais como “homem de Igreja” do que
como pensador individual. Mesmo tratando do mistério, não se pode furtar às
exigências da racionalidade crítica. Ao teólogo cabe uma atividade de
responsabilidade eclesial e social, dotada de profissionalismo, que exige competência,
estudo e atualização.
Recentemente, surgiram novos campos para a reflexão
teológica, como a ecologia, as éticas aplicadas, as consequências da
tecnociência, etc. O teólogo precisa da ousadia de participar na investigação
de novos campos relevantes para o apoio ao homem. Por outro lado, há temas que
sempre permanecem atuais: o discurso sobre Deus, a relação fé-razão, o
significado da investigação científica e técnica para o homem, a ética, os
poderes... No discurso à UNESCO, em 02/06/1980, João Paulo II afirmou: “É
essencial convencermo-nos da prioridade da ética sobre a técnica, do primado da
pessoa sobre as coisas, da superioridade do espírito sobre a matéria. A causa
do homem só será servida, se o conhecimento estiver unido à consciência. O
homens da ciência só ajudará a humanidade, se conservar o sentido da
transcendência do homem sobre o mundo e de Deus sobre o homem” (apud Ex
corde ecclesiae, n. 18).
Depois, como qualquer profissional, o teólogo
necessita de condições: infraestruturas e tempo disponível para produzir
seriamente, para publicar artigos em coletâneas, revistas especializadas e
anais de congressos e similares. Isso dá-lhe visibilidade e permite confrontar a
sua produção com a de outros especialistas em outros lugares.
Por fim, o teólogo tem de assumir, para progredir
na produção teológica, a cultura e o exercício da autoavaliação e a disponibilidade
para se submeter à heteroavaliação periódica.
3. A teologia e as demais ciências
A busca do intellectus fidei implica,
embora não em exclusivo, o pensar filosófico, pelo que a Teologia é
necessariamente atividade da fé e da razão. Porém, a sua raiz é a fé. Mas,
quando se reduz a simples ideologia, faltar-lhe-á a insubstituível função
crítica e libertadora, que justifica a sua presença no mundo do conhecimento. Por
isso, a Filosofia, enquanto ciência capaz de orientar a interpretação do conhecido
e a abertura à descoberta do desconhecido, do mais que é preciso saber, presta grande
serviço à Teologia, mediante duas
importantes funções: a hermenêutica e a maiêutica.
A palavra hermenêutica é
transliteração do termo grego hermeneutikê,
que deriva, por sua vez, do verbo hermenéuo
que significa interpreto, explico. Segundo alguns, tem origem no
nome de
Hermes, deus grego que servia de mensageiro dos deuses, transmitindo e
interpretando as suas comunicações aos seus afortunados ou, com frequência,
desafortunados destinatários. Sendo assim, a ciência hermenêutica tem por objeto os princípios, as leis e métodos de
interpretação. Como tal, enuncia os princípios, investiga as leis do pensamento
e da linguagem e classifica os seus factos; mas, como técnica que também é,
ensina como se devem aplicar esses princípios, cuja validade comprova. Não será
difícil perceber quão útil será o recurso a uma técnica cientificamente consolidada
de interpretação dos textos que suscitam a reflexão teológica e da realidade
cujos sinais é preciso ler com os olhos de Deus.
Por seu turno, a maiêutica surge na filosofia socrática
como a arte de levar o interlocutor, através de uma série de perguntas, a
descobrir conhecimentos que ele possuía sem que o soubesse. O termo provém do
grego maieutikê, que significa a
técnica do parto; daí, o sentido figurado de “dar à luz ideias”. A maiêutica socrática, criada por inspiração no mister de sua mãe, que era
parteira, tinha como
objetivo “dar a luz” (parto intelectual) ideias que levassem à procura da
verdade no interior do homem. Sócrates conduzia
este parto em dois momentos: induzir os discípulos ou interlocutores a duvidar
do seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto; e levá-los a
conceber, de si mesmos, uma nova ideia ou opinião sobre o assunto em questão.
Assim, por meio de questões simples, inseridas dentro de um contexto
determinado, a maiêutica dá à luz ideias complexas, já que se baseia na ideia
de que o conhecimento é latente na mente do ser humano, podendo ser encontrado
pelas respostas a perguntas propostas de forma perspicaz. É a autorreflexão,
expressa no nosce te ipsum – conhece-te a ti mesmo – que põe o homem
na procura das verdades universais, que são o caminho para a prática do bem e
da virtude.
Ora, como é óbvio, o
conhecimento humano é limitado e o filão por explorar é enorme, pelo que a boa
dialética do já conhecido para o ainda não conhecido, alicerçada na
técnica sustentável da descoberta pode servir de inestimável contributo para o
avanço teológico – que resultará tanto melhor quanto mais perfeita for a
articulação entre a maiêutica e a hermenêutica.
O teólogo precisa de interpretar a experiência
humana à luz da fé em Deus, mostrar que a existência humana não se reduz à
racionalidade imanente. No mundo atual, o teólogo necessita do diálogo entre
Teologia e Ciência, sabendo que elas devem respeitar mutuamente autonomia uma
da outra. Ou seja, uma não pode instrumentalizar a outra nem gerar a confusão
entre ambas. Para estabelecer e manter diálogo com a Ciência e a Filosofia atuais,
pressupõe-se uma razão aberta, capaz de articular a questão de Deus. Deus não é
nem será uma fórmula científica; é mistério aberto à inteligência e ao coração
do homem, não mero “objeto” do conhecimento. A Teologia ajuda o homem na busca
de sentido: do mundo, da vida e de si mesmo. A questão do sentido afeta a
Ciência, mas não pode ser respondida por ela mesma. Pertence ao domínio do
saber, não do cálculo, pois transcende todas as questões a que a Ciência possa
responder. A relação entre ciência e sabedoria permanece como problema constitutivo
da Teologia. Cabe assim ao teólogo expressar-se em linguagem rigorosa, mas
inteligível; constantemente deve realizar a sua própria crítica numa base
mistagógica e de busca permanente da mais justa linguagem. Exigência crítica e
exigência mistagógica complementam-se. Sem inteligência crítica, abre-se espaço
a fideísmos, fanatismos e fundamentalismos.
O teólogo católico deve conhecer os documentos da
Igreja, a sua doutrina, mas não pode ficar alheio às transformações que
perpassa o mundo intelectual e a sociedade. Uma escola teológica tem a sua
identidade e missão: ser uma comunidade académica que, de modo rigoroso e
crítico, contribua para a defesa e desenvolvimento da dignidade humana e para a
herança cultural, mediante a investigação, o ensino e os diversos serviços
prestados às comunidades locais, nacionais e internacionais. Goza da autonomia
institucional necessária para cumprir as suas funções, com eficácia, e garante
aos seus membros a liberdade académica na salvaguarda dos direitos do indivíduo
e da comunidade, no âmbito das exigências da verdade e do bem comum (cf Ex
corde ecclesiae, n. 12).
O docente teólogo numa universidade confessional e
comunitária tem uma responsabilidade não apenas eclesial mas também
intelectual, na qualificação dos recursos humanos, sobretudo nos seus livros e
artigos, que figurarão nas prateleiras das bibliotecas e circularão nas mãos
dos leitores da universidade e fora dela, nas palestras e na relação
professor-aluno. Através da pesquisa, cabe-lhe interpretar corretamente a
doutrina da Igreja e apontar-lhe novos caminhos, abrindo novos horizontes aos
profissionais dos diversos e múltiplos saberes. Como os colegas de outras áreas
do conhecimento, também o teólogo não se contenta com a assimilação e reprodução
dos conhecimentos adquiridos, mas deve ocupar-se na aplicação dos saberes aos
novos problemas científicos e práticos e refletir sobre as possíveis
consequências.
4. O teólogo como líder
O teólogo deve cultivar as relações interpessoais,
não só com seus alunos e colegas (se docente), mas também com os colegas de
outras áreas e instituições. Cabe-lhe demonstrar competência e liderança nas
atividades no seu campo especializado de saber. Como líder, assume a função de
orientar as pesquisas de outrem, coordena as atividades do grupo e incentiva os
seus membros, como agente de mudança e elo de ligação entre os diversos setores
da atividade e do saber.
A sua liderança deve ser intelectual e cristã pelo
saber e pela maneira de ser. Para tanto, deve desenvolver as qualidades e habilidades
atinentes às funções académicas e administrativas, relevantes para a sociedade.
Seguindo Peter Hünermann, elencam-se alguns dos parâmetros (em torno de
expressões latinas) que devem caraterizar o teólogo:
1. Homo doctus – pelo domínio
da sua área de conhecimento, capacidade e competência para participar nas
discussões científicas. Somente a competência na sua área de conhecimento lhe
garantirá respeito e autoridade perante os colegas. Nessa perspetiva cabe-lhe
tratar a Teologia como scientia, com o rigor dos diferentes
métodos.
2. Homo eruditus – ou seja,
considerar que, sendo necessário ser especialista, isto não é suficiente. Do teólogo,
sobretudo se docente, espera-se que tenha sólida formação geral e humana, em
permanente atualização. Os problemas da sua área específica confrontá-lo-ão com
áreas vizinhas. Por isso, necessita de saber buscar informações em fontes
confiáveis para uma visão mais global, alargando e aprofundando horizontes
interdisciplinares, e para saber conduzir o diálogo entre fé e razão.
3. Homo
habilis – ou seja, à formação geral e cristã deve acrescer o bom senso para as
coisas de Deus e dos homens, cultivando a competência para falar, escrever e
agir, apresentando perspetivas para ser cristão no mundo de hoje e capacidade
crítica para rejeitar projetos inviáveis e perspetivar com acerto a diagnose e
solução dos problemas concretos.
4. Homo publicus – isto é,
com a consciência da influência do seu modo de ser, ações e palavras sobre o
pensamento e comportamento dos outros. Se professor, deve ser educador,
conduzindo e orientando os alunos com autoridade, sem autoritarismo. Para
desenvolver as suas habilidades, participa em associações de classe, integrando-se
no espaço público. Na era do global, a responsabilidade pessoal ultrapassa as
fronteiras de país ou de cultura.
5. Homo fidelis – ou seja,
dotado de pressupostos pessoais, éticos e religiosos, pois compete-lhe ser um
homem crente. Tal como o especialista em outras áreas, ele deve ter capacidade
para inovar e criar, para liderar e orientar, o que implica pressupostos
interiores e espirituais – sacra docens et sacra dicens – fecundantes
da racionalidade e competência adquiridas. Mas a ética não pode circunscrevê-lo
ao interesse pessoal, pois, o fundamento do ethos
do teólogo é
a fé em Deus, em quem radica o esforço para renovar o mundo. As virtudes
teologais – fé, esperança e caridade – capacitam o teólogo a assumir a missão
com coragem e dispõem-no a cooperar na construção do mundo melhor, mais
fraterno, mais justo, mais solidário, mais humano e cristão.
6. Homo praeditus
sapientia – ou seja, homem sábio no sentido em que Tomás de Aquino
diz na quaestio prima da Summa
Theologiae: a “Teologia é doutrina segundo a
revelação divina”, caraterizando-a, depois, como sabedoria. Trata-se de
ordenar, julgar e buscar uma visão de conjunto das coisas na perspetiva de Deus
(cf S. Th. 1, q. l a.
3 a 8).
7. Homo ecclesiasticus – pois o
teólogo é para a Igreja: comunidades e hierarquia. “É a racionalidade da fé
eclesial”, como testemunhada desde o começo e como se desenvolveu na história
do povo de Deus, que deve pautar o ser e a ação do teólogo.
Referências
CONGREGAÇÃO para a Doutrina da Fé. Instrução
sobre a vocação do teólogo. S. Paulo: Paulinas, 1990.
JOÃO PAULO II. Constituição Apostólica sobre as
Universidades Católicas
(Ex corde ecclesiae), de 15/8/1990.
_____. Constituição Apostólica Sapientia
Christiana, de 15/4/1979.
_____. Concílio Vaticano II. Declaração sobre a
Educação Católica Gravissimum educationis.
HÜNERMANN, Peter. Was
heisst ES heute Theologe zu sein? Theologische
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