domingo, 4 de maio de 2014

Dia da Mãe

Neste dia em que devo falar pouco e pouco escrever, porque mais imperioso é meditar, agradecer e agir, seguem umas poucas e mal notadas linhas, preenchidas por umas mal entrelaçadas e encaixadas palavras, como é próprio de filho que nem sempre sabe cumprir.
Meditar impõe-se-nos, porque o mistério da vida se gera no seio da “mulher” que nos transportou por entre alegrias e tristezas, incómodos e atenções, atropelos e deferências, esperanças e temores, ânsias e sonhos. Mas, quando o salto para a luz do dia acontece, fica feliz, radiante e graciosa: o futuro do antes tornou-se o presente do hoje e será o futuro do que virá. E os trabalhos continuam na paciência da alimentação e nutrição, da educação por valores fundamentais, no zelo pela saúde, na preparação para o trabalho, no culto do lazer, na construção da liberdade futura e na atenção ao Deus da Vida. A mãe é a “mãe” e é só uma: “mãe”, em português, é palavra pequenina, mas indefinível e inefável a realidade que em si ela contém.
Agradecer é a dívida que nunca se paga à mãe, que se privou do necessário para si para que eu tivesse mais e fosse mais “eu” e aprendesse a doar-me; agradecer também se deve a quem, de algum modo, colaborou para que os cuidados maternos fossem mais eficazes, menos penosos e mais harmónicos; agradecer deve-se outrossim a Deus de quem deriva toda a paternidade e, consequentemente, o milagre da sua concretização na maternidade; agradecer é dever nosso para com todas as mulheres que aceitam ser mães em tempos de crise, de sofrimento e de penúria, mas com a grandeza das almas generosas, que não olham para trás quando cumpre a promoção da vida e vida em condições de dignidade humana.
E agir? Agir, sim, impõe-se-nos no respeito pela mãe, na fidelidade ao desígnio que acalentou em torno de nós, no amor dedicado à causa da vida, na honra à sua pessoa indescritível. Agir impõe-se-nos na construção de um ambiente propício ao seu bem-estar e à abjuração da criação de situações indesejadas. Agir impõe-se-nos, como no meu caso, no respeito pela sua memória, pela valorização da sua história de vida, pela admiração da serenidade com que enfrentou os últimos momentos que passou visivelmente connosco (novembro de 1989), pela oração da fé, pela consolidação da esperança.

Agir impõe-se-me na correspondência à sábia recomendação paterna, uns meses depois: “Reza pela tua mãe, reza a tua mãe, que ela é uma santa!”. E porque não? Grande é o Dia de Todos os Santos! – blasfemamente triturado em nome da troika neoliberal.

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