Está a decorrer,
em edição online, de 8 a 11 deste mês de setembro, 25.° Congresso Mariológico
Mariano Internacional subordinado ao tema “Maria entre teologia e cultura
hoje. Modelos, comunicações e perspetiva” – uma iniciativa da Pontifícia
Academia Mariana Internationalis (PAMI), que, há mais de
sessenta anos se dedica ao estudo de Maria reunindo cultores de mariologia no
mundo inteiro.
Entre outros,
como referia, a 26 de agosto, Dom Rafael Maria OSB, ressalta o objetivo de iluminar as devoções populares e particulares para bem se
venerar a Mãe de Jesus através da Bíblia, da Tradição do Padres da Igreja, do
Magistério e da Liturgia.
O Congresso deseja, pois aprofundar as seguintes questões: “Qual
visão a comunidade eclesial e outros possuem de Maria de Nazaré? Onde podemos
considerar e valorizar o papel da Mãe do Senhor na Teologia nas diversas
culturas? Quais os seus modelos e comunicações chegam ao povo de Deus e como
delinear as suas perspetivas?”.
Efetivamente, “a
Mariologia hoje sofre uma crise de identidade sem precedentes, onde todos acham
que sabem falar em modo teológico, assim como, se debruçam na cátedra do ensino
a respeito” – diz o religioso beneditino observando que “outra feita é o choque
entre a prática devocional e a Mariologia, em que uma percorre o campo da
simplicidade, até escorregando para o simplório, e a outra, deseja
iluminar tais devoções populares e particulares para bem se venerar a Mãe de
Jesus através da Bíblia, da Tradição do Padres da Igreja, do Magistério e da
Liturgia”.
Em sua
mensagem aos congressistas, o Papa Francisco assegura que, “no caminho da cultura da
fraternidade, o Espírito nos chama a acolher mais uma vez o sinal de consolação
e esperança segura que tem o nome, o rosto e o coração de Maria”.
Neste sentido,
a mensagem pontifícia reforça que a “nossa alegria não deve esquecer o grito
silencioso de tantos irmãos e irmãs que vivem em condições de grande
dificuldade” e que “Maria, na beleza de seu seguimento evangélico e em seu
serviço ao bem comum da humanidade e do planeta, sempre nos ensina a escutar
estas vozes, e ela mesma se torna a voz dos sem voz para dar à luz um mundo
novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das
nossas sociedades”.
Recorda o
Papa que “a celebração dos Congressos Marianos Internacionais, ofereceu
debates, intuições, ideias e aprofundamentos numa época que transforma
‘rapidamente’ o modo de viver, de se relacionar, de comunicar e elaborar o
pensamento, de comunicar entre as gerações humanas e de compreender e viver a
fé”. E o considera que “estes Congressos são um claro testemunho de como a
Mariologia é uma presença necessária de diálogo entre culturas, capaz de
alimentar a fraternidade e a paz”.
Ao observar
que a teologia e a cultura de inspiração cristã estiveram à altura da sua
missão quando souberam, de forma arriscada e fiel, viver na fronteira, o Santo
Padre explicitou que a Mãe do Senhor tem uma sua específica presença nas
fronteiras:
“É a Mãe de todos, independentemente de
etnia ou nacionalidade. Assim, a figura de Maria torna-se um ponto de
referência para uma cultura capaz de superar as barreiras que podem criar
divisões. Portanto, no caminho desta cultura da fraternidade, o Espírito chama-nos
a acolher mais uma vez o sinal de consolação e esperança segura que tem o nome,
o rosto e o coração de Maria, mulher, discípula, mãe e amiga. É ao longo deste
caminho que o Espírito continua nos dizendo "que os tempos em que vivemos
são os tempos de Maria.”.
Francisco,
na sua mensagem, fez suas as palavras do Papa emérito Bento XVI ao dizer que o
mistério contido na pessoa de Maria é o mistério da Palavra de Deus encarnada:
“Ela sente-Se verdadeiramente em casa na
Palavra de Deus, dela sai e a ela volta com naturalidade. Fala e pensa com a
Palavra de Deus; esta torna-se Palavra d’Ela, e a sua palavra nasce da Palavra
de Deus. Além disso, fica assim patente que os seus pensamentos estão em
sintonia com os de Deus, que o d’Ela é um querer juntamente com Deus. Vivendo
intimamente permeada pela Palavra de Deus, Ela pôde tornar-Se mãe da Palavra
encarnada.”.
Depois, o
Papa Francisco pediu que não esqueçamos que “é precisamente esta mesma Palavra
que alimenta a piedade popular, que se inspira naturalmente em Nossa Senhora”,
expressando e transmitindo “a vida teologal presente na piedade dos povos cristãos,
especialmente nos pobres, uma vida teologal animada pela ação do Espírito
Santo, fruto do Evangelho inculturado”. E concluiu recordando uma citação de
São Boaventura Bagnoregio ao afirmar que “São
Francisco de Assis circundava a Virgem Maria de imenso amor porque tinha feito
Deus nosso irmão”.
É, pois verdade que a Mariologia está umbilicalmente ligada à
força da Palavra de Deus, de que a Virgem Se fez eminente serva, tal como está
intimamente conexa com o Espírito Santo, que fez de Maria a Mãe do Senhor e
guia a Igreja pelos caminhos da História.
Sendo estes tempos os tempos de Deus, eles são também inquestionavelmente
“os tempos de Maria.
E o Congresso, na convicção de que não é lícito subvalorizar
a fé dos pobres, entendeu por bem considerar que ela deve ser iluminada pela sã
teologia e vivificada pela boa liturgia.
Palavra do Senhor, ensinamento de Cristo, impulso do Espírito
– eis o caminho que Maria aponta e é a primeira, na linha a fé, a percorrer.
***
Em adenda, é de recordar que a fundação da PAMI – formada por
formada
por membros, homens e mulheres, de várias confissões cristãs, ordinários, correspondentes
e honorários – se deve ao Padre Carlo Balić, OFM, que a criou em 1946, com o objetivo de promover
os estudos científicos, especulativos e histórico-críticos sobre a
Bem-Aventurada Virgem Maria. Tornou-se, por conseguinte, um centro
internacional de coordenação dos estudos marianos promovidos pelas várias
Sociedades Mariológicas de todo o mundo, sobretudo através da organização
periódica dos Congressos Internacionais Mariológico-Marianos e da edição das
respetivas Atas e outras séries mariológicas.
Por esta obra, a 8 de dezembro de 1959, São João XXIII , com
o Motu Proprio Maiora nos more,
atribuiu à Academia o título de “Pontifícia”, dando assim um reconhecimento
oficial à sua atividade, como organismo internacional e central de coordenação
do trabalho mariológico dos vários académicos e dos Institutos ou Associações
Marianas presentes nas várias nações. Além da fundação de novas Sociedades
ou Institutos Marianos em várias nações, um dos seus objetivos principais é
também o compromisso de fomentar e promover o diálogo ecumênico, especialmente
por ocasião dos Congressos Mariológico-Marianos Internacionais.
Os Estatutos aprovados em 1964 por São Paulo VI, foram revistos
em 1995 e aprovados definitivamente por São João Paulo II a 9 de
janeiro de 1997. Desde 1972 foi agregada à Pontifícia Universidade Antonianum
na qual, desde 1999, dirige a Cátedra de Estudos Mariológicos “Beato Giovanni
Duns Scotus” e a “Biblioteca Padre Carlo Balić” incluídos na Biblioteca da
mesma Universidade.
2021.09-09 – Louro de Carvalho
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