O Mistério
da Cruz
Na Divina Liturgia de São
João Crisóstomo a que presidiu, do dia 14, na Praça do Mestská športová hala, em Prešov, o Santo Padre, fez jus à
Festa da Exaltação da Santa Cruz.
A partir da proclamação
paulina de Cristo crucificado, poder e sabedoria de Deus, mas escândalo e
loucura para muitos, o hodierno supremo anunciador do Evangelho sublinhou que o
Apóstolo não esconde a cruz, que de instrumento de morte passou a ser revelação
da beleza do amor de Deus e da dádiva de vida.
E o evangelista João,
que estava junto da cruz do Senhor, tomando-nos pela mão, ajuda-nos a entrar no
mistério de Jesus suspenso no madeiro e morto; e, com o seu dizer “Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho
delas” (Jo 19,35), torna-se claro que João “vê e dá
testemunho”.
Assim, o Papa disse que, antes de
mais, é preciso ver como João: o inocente e bom morre de forma brutal entre
malfeitores. Como sempre, os bons são eliminados, ao passo que os malvados prosperam.
Nestes termos, a cruz é fracasso, pelo que não é fácil aceitar a lógica da
cruz, ou seja, aceitar que Deus nos salve deixando que se desencadeie sobre Ele
o mal do mundo. Até podemos aceitar em palavras “o Deus frágil e crucificado”,
para depois sonharmos com “um deus forte e triunfante” na ótica do cristianismo
de vencedores, um cristianismo mundano que usa a cruz, mas a deita fora,
tornando-se estéril. Por isso, tal como João, temos de ver “na cruz a obra de
Deus”, isto é, reconhecer “em Cristo crucificado a glória de Deus”, um Deus que
Se voluntariamente oferece por cada homem para que não haja na terra ninguém
tão desesperado que não consiga encontrá-Lo”, até na angústia, escuridão, abandono
e, mesmo, no “escândalo da sua miséria e dos próprios erros”. E, “para salvar
quem está desesperado”, clamou na cruz: “Meu
Deus, meu Deus, para que me abandonaste?” (Mt 27,46; Sl 22,2) – grito que salva, porque Deus
assumiu o nosso abandono, pelo que nunca mais estaremos sozinhos.
Para entendermos como aprender a
ver a glória na cruz, o Santo Padre referiu que alguns santos ensinaram que a
cruz é como um livro que é preciso abrir e ler. Ora, a cruz está pintada ou
esculpida nas igrejas; e os crucifixos abundam ao pescoço, em casa, no carro,
no bolso. No entanto, corremos o risco de ter a cruz como objeto de adorno, um
livro fechado ou, mesmo, um símbolo político, um sinal de relevância religiosa
e social. Por isso, urge abrir este livro olhando o Crucificado e deixando que
as suas chagas nos toquem e curem.
E da contemplação do Crucifixo
passaremos ao segundo momento: dar testemunho. É preciso que o
rosto de Jesus se reflita no nosso. Cá está: os mártires deram testemunho do
amor de Cristo em todo o mundo e também no coração da Europa. Podiam ter calado,
mas preferiram sofrer e morrer em testemunho da sua fé. E Francisco focou-se
também “nos nossos tempos, em que não faltam ocasiões para dar testemunho”,
alertando para o risco de o testemunho poder ser contaminado pelo mundanismo e pela
mediocridade, quando “a cruz exige um testemunho claro”. Na verdade, “a cruz
não quer ser uma bandeira elevada ao alto, mas a fonte pura duma maneira nova
de viver”, a do Evangelho, a das Bem-aventuranças.
A seguir, Francisco faz a
caraterização da testemunha que tem a cruz no coração, e não apenas ao pescoço:
“não vê ninguém como inimigo, mas vê a todos como irmãos e irmãs por quem Jesus
deu a vida”; não recorda as injustiças do passado nem se lamenta do presente; não
usa as vias do engano e do poder mundano; não se impõe a si mesma e os seus,
mas dá a vida pelos outros; não busca proveito próprio e a mostrar-se piedosa (religião
da duplicidade);
segue a estratégia do Mestre: o amor humilde; não espera triunfos na terra,
pois “sabe que o amor de Cristo é fecundo na vida quotidiana, fazendo novas
todas as coisas a partir de dentro, como uma semente caída na terra, que morre
e dá fruto”. E é este testemunho que o Papa quer nos cristãos.
Por fim, o Santo Padre olhou o
Calvário e vê ali, com João, a Santa Mãe de Deus. E confessou que “ninguém como
Ela viu o livro da cruz aberto e o testemunhou como amor humilde”. Por isso,
confiando na sua intercessão, teremos a graça de converter o olhar do coração
ao Crucificado, a fé florescerá em plenitude e amadurecerão os frutos do nosso
testemunho – disse.
***
A Mãe que vai
em caminho até permanecer de pé junto à cruz
Neste dia 15, na homilia da Santa Missa, a que presidiu na esplanada
do Santuário Nacional de Šaštin, em Bratislava, Francisco focou-se no percurso
de Maria, a Senhora das Dores.
Começando por dizer que, no Templo de Jerusalém, os seus
braços se estendem para os de Simeão, que acolhe Jesus e O reconhece como o
Messias, frisou que a cena revela quem é Maria – “a Mãe que nos dá o Filho
Jesus” – e que, “por isso A amamos e veneramos”. E vincou a adequação do
logótipo desta Viagem Apostólica, em que “há um caminho desenhado dentro dum
coração encimado pela cruz” e com os dizeres: “Maria é o caminho que nos
introduz no Coração de Cristo, que deu a vida por nosso amor”. Depois, olhando para Maria como modelo da fé, reconheceu,
na fé de Maria, três caraterísticas: o caminho, a profecia e a
compaixão.
Efetivamente, a fé de Maria é a fé que se põe
a caminho. Na verdade, assim que recebeu o anúncio do Anjo, “pôs-se a caminho (…) para a montanha” (Lc 1,39) para visitar e ajudar Isabel; não ficou parada na
contemplação de Si mesma. Ao invés, viveu o dom como missão a cumprir; e deu
corpo à impaciência com que Deus quer alcançar todos os homens para os salvar.
Por isso, põe-Se a caminho, podendo o caminho oferecer surpresas e incómodos.
Também o Evangelho da subida ao Templo mostra Maria a caminho, agora para Jerusalém, onde, com José, apresenta Jesus no
Templo. E toda a sua vida será caminho atrás do Filho, “como primeira
discípula, até ao Calvário, ao pé da Cruz”. Assim, com Maria, vemos que, a
caminhar, venceremos a tentação da fé estática, que se satisfaça com algum rito
ou tradição. Antes, saímos de nós e fazemos da vida a peregrinação de amor a
Deus e aos irmãos. E o Pontífice exortou:
“Continuai a caminho. Sempre; não pareis! (…)
Disse ‘não pareis’, porque, quando a Igreja para, adoece; quando os bispos
param, adoecem a Igreja; quando os padres param, adoecem o povo de Deus.”.
Depois, a fé de Maria é fé profética. Com
a própria vida, Ela “é profecia da obra de Deus na história, da sua ação
misericordiosa que subverte as lógicas do mundo, exaltando os humildes e
derrubando os soberbos” (cf Lc 1,52). Como “representante dos ‘pobres de Javé’, que clamam
a Deus e esperam a vinda do Messias”, “é a Filha de Sião anunciada pelos
profetas” (cf Sf 3,14-18), “a Virgem que conceberá o Deus connosco, o Emanuel” (cf Is 7,14). Como Imaculada, é ícone da nossa vocação: “como Ela,
somos chamados a ser santos e imaculados no amor (cf Ef 1,4),
tornando-nos imagem de Cristo”. A profecia culmina em Maria, porque traz no
ventre a Palavra de Deus feita carne. E Ele realiza, plenamente, o desígnio de
Deus. Falando d’Ele, Simeão diz: “Está para queda e ressurgimento de muitos em
Israel e como sinal de contradição” (Lc 2,34).
Ora, diz o Pontífice, “não se pode reduzir a fé a um
açúcar que adoça a vida”. Na verdade, “quem acolhe Cristo e se abre para Ele,
ressuscita; quem O rejeita, encerra-se na escuridão e arruína-se a si mesmo”. De
facto, “a sua Palavra, como espada de dois gumes, penetra na nossa vida e
separa a luz das trevas, pedindo-nos para escolher”, pelo que “não se pode
ficar morno” ou a jogar em dois tabuleiros. É destes profetas que o mundo tem
necessidade: profetas que sigam por esta estrada, não para serem ser hostis ao
mundo, mas para serem “sinais de contradição” no mundo; cristãos que mostram,
com a vida, a beleza do Evangelho e são tecedores de diálogo, que fazem
resplandecer a vida fraterna na sociedade, que difundem o bom perfume do
acolhimento e solidariedade, que protegem a vida onde reinam lógicas de morte.
E, pela fé, “Maria é a Mãe da compaixão”. De facto, Aquela que Se definiu
como “a serva do Senhor” e Se preocupou com que não faltasse o vinho nas bodas
de Caná, partilhou com o Filho a missão da salvação, até ao pé da Cruz. Na dor
terrível do Calvário, compreendeu a profecia de Simeão: “uma espada trespassará a tua alma” (Lc 2,35). O sofrimento
do Filho, que tomava sobre Si os pecados e as tribulações da humanidade,
trespassou-A. Está Jesus dilacerado na carne, Homem das dores desfigurado pelo
mal; e Maria, dilacerada na alma, a Mãe compassiva recolhe as nossas lágrimas e
consola-nos, indicando-nos em Cristo a vitória definitiva.
Junto da cruz, a Senhora das Dores simplesmente
permanece. Está de pé; não foge, não tenta salvar-Se a Si mesma, não usa
artifícios para escapar da dor. A prova da compaixão é ficar junto da cruz com
o rosto marcado pelas lágrimas, mas com a fé de quem sabe que, no Filho, “Deus
transforma o sofrimento e vence a morte”. Por isso, o Papa pede que nós,
olhando para a Mãe Dolorosa, nos abramos à fé que se faz compaixão e partilha
de vida com quem está ferido, sofre e é constrangido a carregar aos ombros
pesadas cruzes – uma fé ao estilo de Deus, que levanta, humilde e
silenciosamente, o sofrimento do mundo e irriga os sulcos da história com a
salvação.
***
A lógica da
fraternidade, do encontro e do acolhimento
No encontro com a comunidade cigana,
no Bairro Luník IX, em Košice, no dia 14, o Papa recordou o que disse São Paulo
VI aos ciganos a 26 de setembro de 1965 – “Vós,
na Igreja, não estais à margem... Estais no coração da Igreja” – para
vincar que, “na Igreja, ninguém se deve sentir estranho nem marginalizado”,
pois este “é o modo de ser da Igreja”, visto que “ser Igreja é viver como
convocado por Deus, sentir-se eleito na vida, fazer parte da mesma equipa”.
Diversos, mas todos unidos e juntos em Seu redor, é assim que Deus nos quer.
Na verdade, Ele tem olhar de Pai,
olhar de predileção por cada um dos filhos. E, se cada um acolher este olhar
sobre si, aprende a ver os outros e descobre que tem ao seu lado outros filhos
de Deus e os reconhece como irmãos. E a Igreja é “a
família de irmãos e irmãs com o mesmo Pai, que nos deu Jesus como irmão para
entendermos quanto Ele ama a fraternidade” e quer que toda a humanidade se
torne a família universal. Ora, como os ciganos nutrem grande amor pela família
e olham a Igreja a partir dessa experiência, Francisco proclama que “a Igreja é
casa, é casa vossa”, pede que se sintam sempre de casa na Igreja e pretende que
ninguém os afaste da Igreja, a eles ou a qualquer outra pessoa.
O Papa felicitou um casal que antepôs
o sonho da família às diversidades de proveniência, usos e costumes, dizendo
que aquele matrimónio testemunha como a vida concreta em conjunto faz cair estereótipos
que parecem insuperáveis, pois não é fácil superar preconceitos, mesmo entre cristãos,
ou sentir apreço pelos outros considerados como obstáculos ou adversários,
formulando-se juízos sem lhes conhecer os rostos e as histórias.
Com justeza diz Jesus: “Não julgueis” (Mt 7,1). Ora, o Evangelho não deve ser
atenuado. Porém, somos fáceis em falar só por ouvir dizer, somos juízes
implacáveis dos outros e indulgentes para connosco mesmos. Em nome do
Evangelho, urge abandonar os preconceitos e reconhecer em cada pessoa o
portador da beleza incancelável de filho de Deus, em que se espelha o Criador.
Com os estereótipos
discriminatório de que foram vítimas os ciganos, diz o Santo Padre, “todos
ficamos mais pobres, pobres em humanidade”. Importa, pois, promover a integração
– um processo orgânico e lento – pelo trabalho, educação e cultura, mas respeitando
as raízes e as marcas fundamentais de proveniência. E fica a grande certeza:
“Onde se presta atenção à pessoa, onde
existe trabalho pastoral, onde há paciência e ações concretas, aparecem os
frutos. Não imediatamente, pois requer-se tempo, mas eles aparecem. Juízos e
preconceitos só aumentam as distâncias.”.
Ao mesmo tempo, fica a semente do
futuro nas crianças, cujos sonhos não podem esfacelar-se contra as nossas
barreiras e que desejam crescer juntas, sem obstáculos ou restrições, merecendo
vida integrada e livre.
O Papa agradeceu a quantos vêm
realizando o trabalho de integração, pediu que não tenham medo de sair ao encontro
do marginalizado e convidou todos a ultrapassarem os medos, as feridas do
passado, com confiança – no trabalho honesto, na dignidade de ganhar o pão de
cada dia, no cultivo da confiança mútua e na oração uns pelos outros. É isto
que nos guia e fortalece.
***
No encontro com os jovens, no Estádio
Lokomotiva, em Košice, também no dia 14, o Santo Padre respondeu a questões
deles, centradas sobretudo no amor, no perdão e na cruz.
Sobre o amor no casal, disse que
o amor é o maior sonho da vida, mas custa; e são necessários, para o encarar, olhos
novos que não se deixem enganar pelas aparências. Não se pode banalizar o amor,
que não é só emoção e sentimento, mas é sobretudo fidelidade, dom,
responsabilidade.
Por isso, urge rebelar-se contra
a cultura do provisório e amar por toda a vida, com todo o ser, à imagem de
Jesus, o Crucificado. Aliás, a história das grandes personalidades e feita de amor
e heroísmo. E veio à tona o exemplo da Beata Ana (Kolesárová), uma heroína do amor,
que nos diz para apostar em metas altas.
Depois, acentuou a unicidade de
cada pessoa, aconselhando a que não se deixem homogeneizar nem aliciar pela
venda de facilidades e quimeras, sabendo que os esperam os outros, a sociedade,
os pobres. E pediu que sonhem com uma beleza que vá além da aparência, da
maquilhagem, das tendências da moda, e que vise a formação duma família, com a
geração e educação de filhos, uma vida inteira de partilha.
E considerou que, para o amor dar
fruto, é preciso não esquecer as raízes. E as raízes dos jovens são
os pais e sobretudo os avós, que lhes prepararam o terreno. Por isso,
aconselhou que reguem as raízes, que vão ter com os avós, que reservem tempo
para ouvir as suas histórias, que podem ser instrumento de luta contra o
pessimismo e a futilidade ou sensaboria da vida.
Sobre a confissão, como remédio
para erguer-se quando se está em baixo, disse que, mais do pensar nos pecados,
é preciso pensar no encontro com Deus, o Pai que perdoa todos os pecados e
sempre. Com efeito, diz o Papa, “não vamos confessar-nos como pessoas
castigadas que se devem humilhar, mas como filhos que correm para receber o
abraço do Pai”. Por isso, depois de cada Confissão, há que permanecer alguns
momentos a recordar o perdão recebido e a guardar a paz no coração, a liberdade
que se sente por dentro. Por isso, na confissão, qual sacramento do perdão e da
alegria, deve ser dado o primeiro lugar a Deus, não ao padre.
É útil sentir alguma vergonha
pelos pecados, mas não se pode ficar nela. Não se pode duvidar da capacidade de
Deus em perdoar pelo facto de nós não nos perdoarmos a nós próprios. Não se pode
limitar a sua misericórdia. Ele “não vê pecadores a etiquetar, mas filhos a
amar”. E de cada vez que nos confessamos “faz-se festa no Céu”, sendo
importante que seja assim na terra.
E à questão como “encorajar os
jovens para não terem medo de abraçar a cruz” Francisco responde assegurando
que “abraçar ajuda a vencer o medo”, pois, “quando somos abraçados,
readquirimos confiança em nós mesmos e na vida”. Ora, deixando-nos abraçar por
Jesus e abraçando Jesus, reabraçamos a esperança. Porém, como diz o Papa, “a
cruz não se pode abraçar por si só” e “o sofrimento não salva ninguém”; “é o
amor que transforma o sofrimento”. Portanto, “é com Jesus que se abraça a cruz”
e, abraçando Jesus, “renasce a alegria”, que se transforma em paz.
Por fim, Francisco desejou aos
jovens esta alegria e pediu que a levassem aos amigos com sorriso, proximidade
fraterna. E o encontro terminou com a oração a Deus que nos ama, dizendo todos
o Pai Nosso.
***
E, por ela espelhar as preocupações
dos Pastores eslovacos, não resisto a transcrever a oração de consagração que o Santo Padre e os
Bispos rezaram no Santuário Nacional de Nossa Senhora das Sete Dores em Šaštín (Bratislava), neste dia 15:
“Nossa Senhora das Sete Dores, estamos
reunidos aqui diante de Vós como irmãos, agradecidos ao Senhor pelo seu amor
misericordioso. E Vós estais connosco aqui, como com os Apóstolos no Cenáculo.
Mãe da Igreja e Consoladora dos
aflitos, voltamo-nos confiadamente para Vós, nas alegrias e fadigas do nosso
ministério. Olhai para nós com ternura e acolhei-nos nos vossos braços.
Rainha dos Apóstolos e Refúgio dos
pecadores, que conheceis as nossas limitações humanas, os falhanços
espirituais, o sofrimento pela solidão e pelo abandono: curai com a vossa
doçura as nossas feridas.
Mãe de Deus e nossa Mãe,
confiamo-Vos a nossa vida e a nossa pátria, confiamo-Vos a nossa própria
comunhão episcopal. Obtende-nos a graça de vivermos fielmente dia a dia as
palavras que o vosso Filho Jesus nos
ensinou e que agora, n’Ele e com Ele, dirigimos a Deus nosso Pai.”.
E assim vai Francisco
concretizando a sua missão ao largo e ao longe. Prosit!
2021.09.15 – Louro
de Carvalho
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