Decorreu nestes dias 12 e 13 de setembro, sob a presidência de Dom
António Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro, a Peregrinação Internacional Aniversária de setembro, que evoca
a 5.ª Aparição de Nossa Senhora e é a 5.ª Peregrinação Internacional
Aniversária deste Ano Pastoral, que está a ser vivido, em Fátima, sob o tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos”.
Esta
Peregrinação voltou a contar com a participação de inúmeros peregrinos, muitos
deles estrangeiros, prosseguindo, desta forma, o caminho de regresso à Cova da
Iria por parte de grupos organizados, sobretudo de Espanha, Itália e Polónia.
Na verdade, fizeram-se anunciar
nos serviços do Santuário quatro grupos de peregrinos estrangeiros: dois
de Espanha, um de Malta e um da Polónia; e ainda um grupo de Portugal, da
diocese de Lisboa.
O programa
das celebrações incluiu, no dia 12, o Rosário internacional, na Capelinha
das Aparições, às 21,30 horas, seguido da Procissão das Velas e da Celebração
da Palavra, no Altar do recinto. Na manhã deste dia 13, a recitação do Rosário
aconteceu às 9 horas, na Capelinha das Aparições, momento que iniciou
o programa do dia, numa agenda que prosseguiu com a Missa internacional às
10 horas, no Recinto de Oração, a Palavra ao Doente, a Bênção do Santíssimo
Sacramento, as palavras de despedida pelo Bispo diocesano e a Procissão do
Adeus.
As
celebrações foram transmitidas em direto pelos meios de comunicação social e digital
do Santuário de Fátima e também nas rádios Renascença
e Maria, bem como na Rádio e TV Canção
Nova, EWTN e Telepace, em Roma.
Mantiveram-se
as regras de segurança e acolhimento em vigor no Santuário de Fátima, que se
baseiam no que está articulado entre a Conferência Episcopal Portuguesa e as
autoridades de saúde para a celebração do culto público: o uso obrigatório de
máscara, as entradas no Recinto em oito portas; permanência dos peregrinos, uma
vez dentro do Recinto, no mesmo lugar, por forma a evitar ajuntamentos; guarda do
distanciamento físico entre si; e limitação dos acessos à Capelinha das
Aparições durante as celebrações (mas apenas nesse período).
***
Dom António
Moiteiro Ramos, Bispo da Diocese de Aveiro e presidente desta Peregrinação, foi
nomeado Bispo-auxiliar da Arquidiocese de Braga, a 8 de junho de 2012, pelo
Papa Bento XVI, com o título de bispo-titular de Cabarsussi. Foi ordenado a 12
de agosto de 2012, na Sé da Guarda pelo cardeal Dom José Saraiva Martins, coadjuvado
pelo Bispo Dom Manuel da Rocha Felício e pelo Arcebispo Dom Jorge Ortiga.
Escolheu para seu lema episcopal: “É
preciso que Jesus reine” (1Cor 15,25). No dia 4 de julho de 2014, foi
nomeado Bispo de Aveiro pelo Papa Francisco, sucedendo a Dom António Francisco
dos Santos, tomou posse a 13 de setembro e fez a sua entrada solene na diocese
no dia seguinte.
***
Na homilia da Celebração da Palavra, na noite do dia 12, o Bispo de
Aveiro viu em Maria “o exemplo
e o modelo de uma Igreja discípula missionária que tem Deus no seu centro” e de “uma Igreja em saída”.
O prelado do
Baixo-Vouga, que recordou o papel de Maria na história da salvação, centrou a
sua reflexão no “sim” de Maria ao projeto de Deus e no serviço que Lhe prestou
na sua difusão.
“Aquela
que recebeu o dom mais precioso de Deus, como primeiro gesto de resposta,
pôs-se a caminho para servir e levar Jesus. Maria, a corajosa e fiel servidora,
não só realiza a vontade de Deus na sua vida, como orienta os outros a fazerem
o que Deus lhes pede.”, afirmou.
E apontou:
“Peregrinar,
caminhar juntos, leva-nos a sair de nós próprios e a abrirmo-nos aos outros,
escutando-os e partilhando a própria existência, com o espírito missionário e
sinodal que se espera hoje da Igreja”.
Neste último
segmento discursivo, Dom António Moiteiro tinha em mente os dois eventos
marcantes para a vida da Igreja que se avizinham no horizonte: o Sínodo dos Bispos,
em 2022, e a Jornada Mundial da Juventude, no ano seguinte.
Recordando o
lema do encontro dos jovens cristãos de todo o mundo – “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39) –, agendado para o verão de 2023 em Lisboa,
o Bispo de Aveiro sublinhou a alegria de Maria ao saber-se eleita por Deus e
desafiou os jovens a deixarem-se contagiar por essa alegria como fizeram os
pastorinhos de Fátima, os santos Francisco e Jacinta Marto. E avançou:
“A
confiança total e disponível com que os Pastorinhos responderam ao convite da
Senhora do Rosário – ‘Quereis oferecer-vos a Deus?’, ‘Sim, queremos!’ – deve
ser o motor da vida de todo o cristão. A vocação de Maria é fundamental para a
renovação das nossas comunidades hoje”.
E, a
concluir, formulou o seguinte voto:
“Confiando-nos
ao cuidado materno de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que esta Peregrinação
seja ocasião para o louvor, estímulo para, corajosa e alegremente, nos abrirmos
à vontade de Deus e para a realização da nossa mudança de vida”.
***
No dia 13, o mote do discurso homilético do Bispo de Aveiro foi “a
conversão como ação essencial para uma vida em Deus”. Neste sentido, António
Moiteiro exortou peregrinos que participaram nas celebrações da Peregrinação
Internacional de 13 de setembro a tomarem como guia para a conversão a mensagem
de Fátima, no seu apelo à adoração, à oração e à vida eucarística. Com efeito, para o presidente da Peregrinação, a
conversão postula a interiorização, por parte dos cristãos, da sua verdadeira
vocação de discípulos de Cristo no amor ao próximo, tomando como guias a
intimidade e entrega de Nossa Senhora e o apelo que a Mãe de Deus deixou em
Fátima à adoração, à oração e à vida eucarística – aqui também
em consonância com o desígnio eucarístico enunciado pelo Papa em Budapeste na Missa
do encerramento do LII Congresso Eucarístico Internacional.
Tendo
começado por apresentar o amor como norma de vida cristã, o Bispo de Aveiro
recuperou a comunhão e a fraternidade a que eram exortadas as primeiras
comunidades cristãs e que resultaram em “formas muito concretas de ajuda
social”.
Na verdade,
segundo o presidente da celebração, que evocou a
situação dramática dos “irmãos do Afeganistão, “a preocupação pelos
necessitados, a atenção aos doentes, o acolhimento aos estrangeiros e
refugiados, a assistência aos presos, o cuidado dos mais pequenos e débeis
sempre fizeram parte do discipulado cristão”. E a “relação pessoal e experiência
vital das obras de amor” sempre se configurou como o “caminho para descobrir a
verdade do Evangelho”.
Trazendo o exemplo de comunhão cristã dos discípulos
para os dias de hoje, Dom António Moiteiro Ramos reforçou a importância da
“profunda intimidade com Jesus” para trazer o Seu exemplo de amor ao mundo
atual. Recordou que a ação evangelizadora dos
primeiros cristãos tinha como objetivo “levar a pessoa a transformar-se” e a
incorporar-se “ativamente no grupo dos discípulos de Jesus, a viverem em
comunhão”. E, a esta luz, assegurou que “não
há seguimento de Jesus sem missão a cumprir” e explicitou:
“Sem uma profunda intimidade com o
Senhor não há seguimento autêntico. (…) O convite de Jesus a que O
sigamos inclui um convite a que nos integremos no Seu projeto. Quem julga que é
Seu seguidor e não se interessa pela Sua missão libertadora e salvadora, não se
preocupa com os sofrimentos do povo, com a sua fome religiosa, a sua sede de
Deus, o seu desejo de aprender, de rezar, de se comprometer, não é verdadeiro
seguidor; vive numa ilusão, porque não há seguimento sem missão.”.
Destacou a conversão “como é proposta no
livro dos Atos dos Apóstolos” e salientou que o apelo à conversão “também se
encontra no pedido que Nossa Senhora fez aos pastorinhos”.
E,
apresentando Maria como “imagem de quem se confiou ao amor de Deus”, o prelado
aveirense perspetivou as Aparições e os apelos de
Nossa Senhora em 1917 como “um sinal e um prolongamento da solicitude
materna daquela que nos exorta a ouvir e a seguir Jesus”, sinal que, observou o
prelado, continua atual, no “apelo à conversão ao amor de Deus, pela adoração, a
necessidade da oração, o sacrifício e a vida eucarística” a que exortam a
mensagem de Fátima, em cujo centro se encontram, pois “são elementos fundamentais da mudança de vida pedida pelo
Evangelho e aqui, neste lugar, por Nossa Senhora”.
***
Por seu
turno, o Padre Francisco Pereira, capelão do Santuário de Fátima, na Palavra ao
Doente, no momento da adoração eucarística, afiançou a presença de Deus na
fragilidade humana, convidando os que atravessam a doença a vivê-la nesta
certeza, com esperança e fé. E vincou:
“Vulnerável e preso na tua doença,
assenta a tua vida no poder da fé, da esperança e do amor. Acredita no poder do
amor. Na tua carne, dorida e sofrida, completas o que falta à paixão de Cristo.
Acredita que o Deus que é amor e que nos gera por amor e para o amor, não te
esquece nem te abandona. Ele está contigo para tu poderes encontrar sentido nos
acontecimentos de cada hora, um sentido que ultrapassa os limites da história,
mas transforma a própria eternidade.”.
***
No final da
celebração, o cardeal Dom António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, evocou três
acontecimentos a que “os peregrinos de Fátima e os devotos de Nossa senhora não
podem permanecer indiferentes”: o atentado de 11 de setembro de 2001, às Torres
Gémeas, nos Estados Unidos da América, que passou o 20.º aniversário; o drama
dos refugiados afegãos, “que batem à porta da Europa”, acontecimentos que
considerou serem a “imagem de um mundo ferido, dividido e fragmentado pela
violência do mal, que evoca e grita pela misericórdia do Altíssimo”; e a viagem
apostólica do Papa à Hungria e Eslováquia, “dois países que sofreram os
horrores da II Grande Guerra Mundial e a opressão de ideologias e regimes
totalitários, que perseguiram a Igreja e os cristãos até ao martírio”.
Dom António
Marto considerou a presença pontifícia naqueles dois países do coração da
Europa como um “símbolo da Igreja em saída” que “consola, leva a paz e abre caminhos
de reconciliação e esperança”.
O prelado do
Lis recordou, por fim, a mensagem “rica” que o presidente da Peregrinação
deixou nas homilias de 12 e 13 de setembro e agradeceu a presença de Dom
António Moiteiro Ramos na Cova da Iria.
E Dom
António Marto formulou ainda votos de um bom início de ano escolar às crianças;
endereçou uma mensagem de proximidade afetuosa particular aos doentes; e saudou
os peregrinos estrangeiros presentes no Recinto de Oração.
***
Assim
prossegue o Santuário na concretização da missão da Igreja na medida das suas
possibilidades e dos apelos eclesiais e sociais.
2021.09.13 – Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário