terça-feira, 12 de maio de 2020

Fátima celebra peregrinação no Santuário com os peregrinos em casa


A noite de 12 de maio de 2020 fará derramar um manto de luz pelo mundo a partir de Fátima, embora, pela primeira vez na sua mais que centenária história, o Santuário vá celebrar os dias 12 e 13 de maio sem peregrinos nos seus espaços, na sequência das decisões sanitárias impostas pelas autoridades por causa da pandemia provocada pela Covid-19.
A este respeito, o reitor do Santuário, em mensagem aos peregrinos em que lhes solicita que fiquem em casa – tudo ao contrário do que seria desejável e incentivável – confessa que se trata de “um momento doloroso”, pois “o Santuário existe para acolher os peregrinos”, pelo que “não o podermos fazer é motivo de grande tristeza”, mas a decisão tomada nesta circunstância “é igualmente um ato de responsabilidade para com os peregrinos, defendendo a sua saúde e o seu bem-estar”. Por outro lado – vinca o Padre Carlos Cabecinhas –, “tomar agora esta decisão dolorosa significa procurar criar condições para podermos retomar, o mais rapidamente possível, as peregrinações a este lugar”.
Todavia, não podendo contar com a presença física dos peregrinos, o responsável executivo pelo Santuário sugeriu como forma de contar com os peregrinos a peregrinação, não dos pés, mas do coração, cujo caminho não é físico e exterior, mas interior e do espírito. No entanto, esta peregrinação do interior pode ter algum sinal exterior, como o acender duma vela, na noite do dia 12, a partir das 21,30 horas, aderindo assim a “um dos gestos mais icónicos de Fátima”.  
Nestes termos, Fátima terá, neste mês de maio, um santuário do tamanho do mundo e celebrará, em festa, com toda a fé e o esplendor possível, a primeira Aparição de Nossa Senhora no lugar aonde veio para deixar uma mensagem de esperança, num tempo também marcado por tantas tribulações, dizendo a Lúcia: “Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”.
E o Padre Carlos Cabecinhas exorta:
Que esta esperança, que deve ser marca presente em cada cristão, nos dê alento e nos guie até ao dia em que vamos, por certo, voltar a poder estar todos reunidos na Cova da Iria para,  juntos,  celebrarmos a nossa fé”.
As celebrações destes dias 12 e 13 de maio decorrerão no Recinto de Oração, que estará encerrado devido às regras sanitárias definidas pelo Governo no contexto da declaração do Estado de Calamidade pública, em articulação com a Conferência Episcopal Portuguesa, que impedem as celebrações religiosas com a presença de fiéis. Não obstante, os peregrinos podem acompanhar as celebrações através dos meios de comunicação social e digital, nomeadamente a televisão, o canal do youtube do Santuário em www.fatima.pt ou o facebook do Santuário.
A Peregrinação Internacional Aniversária de maio é a primeira grande peregrinação deste ano pastoral em que o Santuário convida os peregrinos a “Dar graças por viver em Deus” e assinala a primeira de Nossa Senhora aos três Pastorinhos em maio de 1917.
As celebrações desta peregrinação de maio, atípica (sem a presença física de peregrinos e apenas com a presença das pessoas diretamente implicadas nos diferentes momentos celebrativos), começam hoje, dia 12, às 21,30 horas, com o Lucernário, na Capelinha das Aparições; segue-se a oração do Rosário e Procissão de Velas, num trajeto mais curto até ao Altar do Recinto. Aí haverá uma celebração da Palavra, regressando depois a Imagem de Nossa Senhora à Capelinha das Aparições.
Amanhã, dia 13, a habitual oração do Rosário começa às 9 horas, na Capelinha das Aparições e, às 10 horas, será celebrada a Missa da Solenidade de Nossa Senhora de Fátima, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, cardeal Dom António Marto. E a primeira Peregrinação Internacional Aniversária, que evoca a primeira Aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, termina com a Procissão do Adeus.
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É de recordar que a decisão de vedar o Santuário aos peregrinos para a celebração desta Peregrinação Internacional Aniversária de maio surge no contexto da situação de pandemia que o país e o mundo atravessam e foi comunicada numa videomensagem do Bispo de Leiria-Fátima, cardeal Dom António Marto, no passado dia 6 de abril e reforçada por comunicado do mesmo prelado do Lis, divulgado depois das palavras da Ministra da Saúde em entrevista à SIC, de 2 de maio, que poderiam suscitar dúvidas na opinião pública.
Dom António Marto assinalava, na sua videomensagem que esta alteração da Peregrinação de maio é um ato de “responsabilidade pastoral e um profundo ato de fé”.
Não podendo ser vivida nos moldes habituais com a multidão de peregrinos no Recinto de Oração, asseguravam-se, nas palavras do purpurado fatimita, as principais celebrações na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (agora colocadas na Capelinha das Aparições e no Altar do Recinto de Oração), que serão presididas pelo próprio cardeal Dom António Marto e transmitidas pelos meios de comunicação social e digital.
Embora o programa da Peregrinação não estivesse decidido na sua totalidade, o Bispo de Leiria-Fátima prometia que, na noite do dia 12 de maio, seria recitado o rosário, com o lucernário e, no dia 13 de maio, seria celebrada a missa internacional. E segredava aos peregrinos:
É com muita dor e tristeza de alma e coração, mas também com grande sentido de responsabilidade que neste momento comunico que o Santuário de Fátima irá celebrar a Grande Peregrinação Internacional Aniversária de maio sem peregrinos fisicamente presentes, sem a presença física de peregrinos, como tem sido habitual. Suspender esta peregrinação de maio nos moldes habituais é um ato de responsabilidade pastoral e também um profundo ato de fé, que comunico com o coração em lágrimas, porque sei da importância deste momento, em particular para tantos milhares de peregrinos que aqui vêm em busca de um alimento, de conforto e de paz para o ano inteiro.”.
Em termos exortativos, frisava:
Peço a todos que compreendam que, em virtude da pandemia e da necessidade de evitar a propagação do vírus, esta é a única decisão sensata e responsável que poderíamos tomar. Não podemos correr riscos! Não podíamos de modo algum permitir que o nosso Santuário se tornasse centro ou foco de contágio para o país e para o mundo.”.
E acrescentava:
Esta decisão assenta no respeito pelos próprios peregrinos, por todos nós, pelo bem comum da saúde pública; e reflete a nossa fé de cidadãos responsáveis e solidários. Este tempo ordena-nos que fiquemos em casa.”.
Assegurando que as celebrações, transmitidas através dos meios de comunicação social nos moldes habituais, permitem que milhares de pessoas possam acompanhar as celebrações peregrinando a partir de casa, enfatizava:
Mesmo estando em nossas casas viveremos esse momento em espírito de peregrinação. O Recinto do Santuário estará vazio, mas não deserto. Ainda que separados fisicamente, estaremos todos aqui espiritualmente unidos como Igreja com Maria, de modo intenso, com o coração cheio de fé.”.
E esclarecia:
Não se peregrina só a pé e com os pés ou com a deslocação física. Também se peregrina com a mente e o coração, quer dizer, fazendo uma peregrinação interior na busca de luz e de verdade, de regeneração e de cura, de conforto espiritual e de paz, no encontro do peregrino consigo mesmo, com a Mãe celeste e com o mistério de Deus, para continuar a caminhar com a força da esperança!”.
Não obstante, Dom António Marto não deixava de expressar compreensão e solidariedade para com todos os que tiveram de cancelar a sua peregrinação – mais de 180 grupos inscritos até ao inicio da pandemia – e lembrava que a alteração do modo de celebrar a 1.ª aparição da Virgem na Cova da Iria representa para o Santuário “um momento muito difícil porque não pode acolher peregrinos, que são a razão de ser deste Grande Hospital de Campanha (imagem de Francisco para a Igreja) que ajuda a sarar tantas feridas...”, e deixava uma palavra aos doentes, idosos e todos aqueles que durante todo este tempo têm sido privados da participação na Eucaristia:
Hoje vivemos todos como Jesus no Horto das Oliveiras. A nossa alma está triste e devemos vigiar porque os tempos são difíceis como hão de ser difíceis os tempos que se avizinham. Agora é tempo de curarmos e estancarmos a doença; teremos também tempo para fazer contas, muitas contas à vida. Agora é a hora da solidariedade e da esperança. Lembremo-nos que, para nós, cristãos, não há Sexta-feira Santa sem Páscoa. Mas a Páscoa vem e traz-nos a certeza de que Deus nunca nos abandona.”.
E, não podendo peregrinar em maio, “poderemos fazê-lo noutra altura”, devendo mesmo “fazê-lo noutra altura em ação de graças”. Disse-o sublinhando que nos próximos tempos a oração deverá ser o nosso maior desafio:
Por nós, pelas vítimas diretas e indiretas da pandemia, pelos cuidadores, pelos mortos e pelos familiares em luto, pelos nossos políticos para que saibam tomar as melhores decisões para as nossas vidas”.
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Aqui ficam em síntese os 8 passos (de 5 a 12 de maio) da aludida peregrinação do coração: 
1. Preparar o coração para partir. “Rezando com o coração como os pastorinhos rezaram conduzidos pelo Anjo, prepara-te para partir. E a Senhora dos peregrinos abrirá para ti o seu Coração Imaculado e nele te dará refúgio e por ele te abrirá um caminho para o teu Deus.”.
2. Não tenhas medo – Queres ser livre? Vamos visitar, linha a linha, a história da aparição de 13 de maio, para a poderes viver profundamente, como peregrino pelo coração. Hoje, não tenhas medo. Abre para Deus a tua liberdade.”.
3. Livre para o compromisso. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, dispõe-te para ouvires o pedido de uma relação de compromisso.”.
4. Desejar o céu, com o Francisco. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, experimenta o desejo do céu, com o Francisco.”.
5. Alargar o céu, com a Jacinta. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, alarga o coração ao desejo do céu para todos, com a Jacinta.”.6. Participar na redenção. Fátima lança-te o desafio de uma peregrinação mais essencial: o caminho é interior e poderá levar-te muito longe dentro de ti mesmo, ao encontro do santuário do teu íntimo onde Deus está presente para ti. Fazeres-te peregrino pelo coração é procurares viver interiormente o que a experiência da peregrinação suscita e realiza. Fátima chama-te. Mesmo não podendo, neste maio, vir ao Santuário, faz connosco esta peregrinação interior, cada dia. E, cada noite, coloca uma vela acesa à tua janela. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, és chamado a descobrir o mais radical da vocação cristã: participar na redenção.”.7. Com o conforto da graça de Deus. “Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, diante do mistério dos sofrimentos, és chamado a abrir-te à graça de Deus.”.8. Vê-te na luz que é Deus. “Neste maio, Fátima lança-te o desafio de uma peregrinação mais essencial: o caminho é interior e poderá levar-te muito longe dentro de ti mesmo, ao encontro do santuário do teu íntimo onde Deus está presente para ti. Fazeres-te peregrino pelo coração é procurares viver interiormente o que a experiência da peregrinação suscita e realiza. Fátima chama-te. Mesmo não podendo, neste maio, vir ao Santuário, faz connosco esta peregrinação interior, cada dia. E cada noite, coloca uma vela acesa à tua janela. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, és chamado a ver-te na luz que é Deus.”.

 

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Que os peregrinos unidos a Fátima tenham Fátima em suas casas, famílias e comunidades!
2020.05.12 – Louro de Carvalho

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