A noite de 12 de maio de 2020 fará derramar um manto de luz pelo mundo a
partir de Fátima, embora, pela primeira vez na sua mais que centenária história, o Santuário vá celebrar os dias 12 e 13 de maio sem
peregrinos nos seus espaços, na sequência das decisões sanitárias impostas
pelas autoridades por causa da pandemia provocada pela Covid-19.
A este
respeito, o reitor do Santuário, em mensagem aos peregrinos em que lhes
solicita que fiquem em casa – tudo ao contrário do que seria desejável e
incentivável – confessa que se trata de “um momento doloroso”, pois “o
Santuário existe para acolher os peregrinos”, pelo que “não o podermos fazer é
motivo de grande tristeza”, mas a decisão tomada nesta circunstância “é
igualmente um ato de responsabilidade para com os peregrinos, defendendo a sua
saúde e o seu bem-estar”. Por outro lado – vinca o Padre Carlos Cabecinhas –,
“tomar agora esta decisão dolorosa significa procurar criar condições para
podermos retomar, o mais rapidamente possível, as peregrinações a este lugar”.
Todavia, não podendo contar com a presença física dos peregrinos, o
responsável executivo pelo Santuário sugeriu como forma de contar com os
peregrinos a peregrinação, não dos pés, mas do coração, cujo caminho não é
físico e exterior, mas interior e do espírito. No entanto, esta peregrinação do
interior pode ter algum sinal exterior, como o acender duma vela, na noite do
dia 12, a partir das 21,30 horas, aderindo assim a “um dos gestos mais icónicos
de Fátima”.
Nestes termos, Fátima terá, neste mês de maio, um santuário do tamanho do
mundo e celebrará, em festa, com toda a fé e o esplendor possível, a primeira Aparição de Nossa Senhora no lugar aonde
veio para deixar uma mensagem de esperança, num tempo também marcado por tantas
tribulações, dizendo a Lúcia: “Não
desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o
caminho que te conduzirá até Deus.”.
E o Padre
Carlos Cabecinhas exorta:
“Que esta esperança, que deve ser marca
presente em cada cristão, nos dê alento e nos guie até ao dia em que vamos, por
certo, voltar a poder estar todos reunidos na Cova da Iria para, juntos,
celebrarmos a nossa fé”.
As
celebrações destes dias 12 e 13 de maio decorrerão no Recinto de Oração, que
estará encerrado devido às regras sanitárias definidas pelo Governo no contexto
da declaração do Estado de Calamidade pública, em articulação com a Conferência
Episcopal Portuguesa, que impedem as celebrações religiosas com a presença de
fiéis. Não obstante, os peregrinos podem acompanhar as celebrações através dos
meios de comunicação social e digital, nomeadamente a televisão, o canal do
youtube do Santuário em www.fatima.pt ou o facebook do Santuário.
A
Peregrinação Internacional Aniversária de maio é a primeira grande peregrinação
deste ano pastoral em que o Santuário convida os peregrinos a “Dar graças por viver em Deus” e assinala
a primeira de Nossa Senhora aos três Pastorinhos em maio de 1917.
As
celebrações desta peregrinação de maio,
atípica (sem a presença física de peregrinos e apenas com a
presença das pessoas diretamente implicadas nos diferentes momentos
celebrativos), começam
hoje, dia 12, às 21,30 horas, com o Lucernário, na Capelinha das Aparições;
segue-se a oração do Rosário e Procissão de Velas, num trajeto mais curto até
ao Altar do Recinto. Aí haverá uma celebração da Palavra, regressando depois a
Imagem de Nossa Senhora à Capelinha das Aparições.
Amanhã, dia
13, a habitual oração do Rosário começa às 9 horas, na Capelinha das Aparições
e, às 10 horas, será celebrada a Missa da Solenidade de Nossa Senhora de Fátima,
presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, cardeal Dom António Marto. E a primeira
Peregrinação Internacional Aniversária, que evoca a primeira Aparição de Nossa
Senhora na Cova da Iria, termina com a Procissão do Adeus.
***
É de recordar que a decisão de
vedar o Santuário aos peregrinos para a celebração desta Peregrinação
Internacional Aniversária de maio surge no contexto da situação de
pandemia que o país e o mundo atravessam e foi comunicada numa videomensagem do
Bispo de Leiria-Fátima, cardeal Dom António Marto, no passado dia 6 de abril e
reforçada por comunicado do mesmo prelado do Lis, divulgado depois das palavras
da Ministra da Saúde em entrevista à SIC, de 2 de maio, que poderiam suscitar
dúvidas na opinião pública.
Dom António Marto assinalava, na sua videomensagem que esta alteração da
Peregrinação de maio é um ato de “responsabilidade pastoral e um profundo ato
de fé”.
Não podendo
ser vivida nos moldes habituais com a multidão de peregrinos no Recinto de
Oração, asseguravam-se, nas palavras do purpurado fatimita, as principais
celebrações na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (agora colocadas
na Capelinha das Aparições e no Altar do Recinto de Oração), que serão presididas pelo próprio cardeal Dom
António Marto e transmitidas pelos meios de comunicação social e digital.
Embora o programa
da Peregrinação não estivesse decidido na sua totalidade, o Bispo de
Leiria-Fátima prometia que, na noite do dia 12 de maio, seria recitado o
rosário, com o lucernário e, no dia 13 de maio, seria celebrada a missa
internacional. E segredava aos peregrinos:
“É com muita dor e tristeza de alma e
coração, mas também com grande sentido de responsabilidade que neste momento
comunico que o Santuário de Fátima irá celebrar a Grande Peregrinação
Internacional Aniversária de maio sem peregrinos fisicamente presentes, sem a
presença física de peregrinos, como tem sido habitual. Suspender esta
peregrinação de maio nos moldes habituais é um ato de responsabilidade pastoral
e também um profundo ato de fé, que comunico com o coração em lágrimas, porque
sei da importância deste momento, em particular para tantos milhares de
peregrinos que aqui vêm em busca de um alimento, de conforto e de paz para o
ano inteiro.”.
Em termos
exortativos, frisava:
“Peço a todos que compreendam que, em
virtude da pandemia e da necessidade de evitar a propagação do vírus, esta é a
única decisão sensata e responsável que poderíamos tomar. Não podemos correr
riscos! Não podíamos de modo algum permitir que o nosso Santuário se tornasse
centro ou foco de contágio para o país e para o mundo.”.
E
acrescentava:
“Esta decisão assenta no respeito pelos
próprios peregrinos, por todos nós, pelo bem comum da saúde pública; e reflete
a nossa fé de cidadãos responsáveis e solidários. Este tempo ordena-nos que
fiquemos em casa.”.
Assegurando
que as celebrações, transmitidas através dos meios de comunicação social nos
moldes habituais, permitem que milhares de pessoas possam acompanhar as
celebrações peregrinando a partir de casa, enfatizava:
“Mesmo estando em nossas casas viveremos
esse momento em espírito de peregrinação. O Recinto do Santuário estará vazio,
mas não deserto. Ainda que separados fisicamente, estaremos todos aqui
espiritualmente unidos como Igreja com Maria, de modo intenso, com o coração
cheio de fé.”.
E
esclarecia:
“Não se peregrina só a pé e com os pés ou
com a deslocação física. Também se peregrina com a mente e o coração, quer
dizer, fazendo uma peregrinação interior na busca de luz e de verdade, de
regeneração e de cura, de conforto espiritual e de paz, no encontro do
peregrino consigo mesmo, com a Mãe celeste e com o mistério de Deus, para
continuar a caminhar com a força da esperança!”.
Não
obstante, Dom António Marto não deixava de expressar compreensão e
solidariedade para com todos os que tiveram de cancelar a sua peregrinação –
mais de 180 grupos inscritos até ao inicio da pandemia – e lembrava que a
alteração do modo de celebrar a 1.ª aparição da Virgem na Cova da Iria
representa para o Santuário “um momento muito difícil porque não pode acolher
peregrinos, que são a razão de ser deste Grande Hospital de Campanha (imagem de Francisco para a Igreja) que ajuda a sarar tantas feridas...”, e deixava uma
palavra aos doentes, idosos e todos aqueles que durante todo este tempo têm
sido privados da participação na Eucaristia:
“Hoje vivemos todos como Jesus no Horto das
Oliveiras. A nossa alma está triste e devemos vigiar porque os tempos são
difíceis como hão de ser difíceis os tempos que se avizinham. Agora é tempo de
curarmos e estancarmos a doença; teremos também tempo para fazer contas, muitas
contas à vida. Agora é a hora da solidariedade e da esperança. Lembremo-nos que,
para nós, cristãos, não há Sexta-feira Santa sem Páscoa. Mas a Páscoa vem e
traz-nos a certeza de que Deus nunca nos abandona.”.
E, não
podendo peregrinar em maio, “poderemos fazê-lo noutra altura”, devendo mesmo “fazê-lo
noutra altura em ação de graças”. Disse-o sublinhando que nos próximos tempos a
oração deverá ser o nosso maior desafio:
“Por nós, pelas vítimas diretas e indiretas
da pandemia, pelos cuidadores, pelos mortos e pelos familiares em luto, pelos
nossos políticos para que saibam tomar as melhores decisões para as nossas
vidas”.
***
Aqui ficam
em síntese os 8 passos (de 5 a 12 de maio) da aludida peregrinação do coração:
1. Preparar
o coração para partir. “Rezando com o coração como os pastorinhos rezaram
conduzidos pelo Anjo, prepara-te para partir. E a Senhora dos peregrinos abrirá
para ti o seu Coração Imaculado e nele te dará refúgio e por ele te abrirá um
caminho para o teu Deus.”.
2. Não
tenhas medo – Queres ser livre? “Vamos
visitar, linha a linha, a história da aparição de 13 de maio, para a poderes
viver profundamente, como peregrino pelo coração. Hoje, não tenhas medo. Abre
para Deus a tua liberdade.”.
3. Livre
para o compromisso. “Visitando a
narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita
a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer.
Hoje, dispõe-te para ouvires o pedido de uma relação de compromisso.”.
4.
Desejar o céu, com o Francisco. “Visitando a
narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita
a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer.
Hoje, experimenta o desejo do céu, com o Francisco.”.
5. Alargar o céu, com a Jacinta. “Visitando a narrativa
que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita a
liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a
conhecer. Hoje, alarga o coração ao desejo do céu para todos, com a
Jacinta.”.6. Participar na redenção. “Fátima lança-te o desafio de
uma peregrinação mais essencial: o caminho é interior e poderá levar-te muito
longe dentro de ti mesmo, ao encontro do santuário do teu íntimo onde Deus está
presente para ti. Fazeres-te peregrino pelo coração é procurares viver
interiormente o que a experiência da peregrinação suscita e realiza. Fátima
chama-te. Mesmo não podendo, neste maio, vir ao Santuário, faz connosco esta
peregrinação interior, cada dia. E, cada noite, coloca uma vela acesa à
tua janela. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio,
descobriremos quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que
escolhe para se lhe dar a conhecer. Hoje, és chamado a descobrir o mais radical
da vocação cristã: participar na redenção.”. 7. Com
o conforto da graça de Deus. “Visitando a
narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos quanto Deus respeita
a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se lhe dar a conhecer.
Hoje, diante do mistério dos sofrimentos, és chamado a abrir-te à graça de
Deus.”.8. Vê-te na
luz que é Deus. “Neste maio, Fátima lança-te o desafio de uma
peregrinação mais essencial: o caminho é interior e poderá levar-te muito longe
dentro de ti mesmo, ao encontro do santuário do teu íntimo onde Deus está
presente para ti. Fazeres-te peregrino pelo coração é procurares viver
interiormente o que a experiência da peregrinação suscita e realiza. Fátima
chama-te. Mesmo não podendo, neste maio, vir ao Santuário, faz connosco esta
peregrinação interior, cada dia. E cada noite, coloca uma vela acesa à tua
janela. Visitando a narrativa que Lúcia faz da aparição de maio, descobriremos
quanto Deus respeita a liberdade do homem e qual o processo que escolhe para se
lhe dar a conhecer. Hoje, és chamado a ver-te na luz que é Deus.”.
***
Que os peregrinos
unidos a Fátima tenham Fátima em suas casas, famílias e comunidades!
2020.05.12 –
Louro de Carvalho
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