Pelas
5 horas da manhã de hoje (4 de Lisboa), dia 29 de junho, o Conselho
Europeu conseguiu assinar um acordo minimalista sobre as migrações, mas, com uma ação inédita na negociação europeia,
tendo o Primeiro-Ministro italiano condicionado a aprovação da proposta,
recusando-se a assinar o documento das conclusões sobre a 1.ª parte da reunião,
em que se discutiram as questões de segurança e defesa, emprego, crescimento e
competitividade, inovação e digital e outras questões como o alargamento, o
relatório do voo MH-17 e o QFP (Quadro Financeiro Plurianual) – segundo o curtíssimo comunicado, divulgado pelo
Presidente do Conselho Europeu.
Contudo,
os líderes da UE acertaram em estabelecer centros de processamento de
requerentes de asilo e restringir os movimentos de migrantes dentro da União.
Porém, na prática, as promessas acordadas serão assumidas numa “base
voluntária” pelos Estados-membros. Por outro lado, a declaração final prevê o
endurecimento do controlo das fronteiras externas da UE, o fim das quotas
migratórias e o aumento do financiamento destinado à Turquia, Marrocos e outros
países do norte de África para impedir a migração para a Europa.
A
chanceler alemã, Angela Merkel, tentou dar uma visão positiva do acordo sobre
as medidas para gerir os fluxos migratórios, frisando o bom sinal dos líderes ao
terem chegado a um texto comum sobre a controversa questão migratória. Mas
reconheceu que ainda há “muito trabalho a fazer para ultrapassar as visões
diferentes”. E não é certo que o acordo seja suficiente para apaziguar o
parceiro de coligação de Merkel, a CSU, que ameaçou fechar a fronteira da
Baviera aos migrantes, o que poria em risco o frágil Governo alemão, que tem
apenas três meses e meio, e a livre circulação no Espaço Schengen.
Porém,
o maior obstáculo ao sucesso proveio do Executivo italiano, de Giuseppe Conte,
que logo à chegada ameaçou lançar mão do veto, advertindo:
“Esperamos
atos. Esta cimeira será uma escolha e estou disposto a tirar da reunião todas
as consequências”.
No
final, acabaria a dizer que “a Itália já
não está sozinha”. No início da noite de ontem, dia 28, Merkel e Conte
reservaram 45 minutos para uma conversa a dois, que acabaria passados 20
minutos com a rejeição das propostas de Merkel por Conte. Queria mesmo alterar
radicalmente os acordos de
Dublin, com vista a gerir as migrações no Mediterrâneo. Chegara a Bruxelas com
uma proposta em que “trabalhou muito” nas últimas semanas.
As posições estiveram extremadas, com a possibilidade de “não haver
acordo”, caso a proposta italiana não fosse
aceite, como tinha ameaçado o italiano, que pretendia a criação de centros de
imigrantes fora dos países da UE,
indicando um via: lutar contra o “negócio da imigração”.
António Costa,
por sua vez, considerara, no 1.º dia da cimeira, que “não é admissível” todos
os anos morrerem “milhares de seres humanos”, nas rotas de migrantes, “por não
haver capacidade da Europa”, para fazer uma gestão adequada para acolher
“aqueles que carecem de proteção”.
O Primeiro-Ministro
falava à entrada para a reunião do Conselho, em que se discutiram estratégias
para fazer a gestão dos migrantes e dos refugiados. Sobre a mesa estava a
proposta de criação das plataformas regionais de desembarque, apoiada pelo Governo
de Portugal, desde que coordenada com entidades relevantes na área. Dizia então
António Costa:
“Não é aceitável que não trabalhemos com o
ACNUR [e] com a OIM, tendo em vista encontrar plataformas do lado de cá ou do
lado de lá do Mediterrâneo, que permitam a existência de esses canais legais e
seguros, para que possamos cumprir a nossa obrigação de acolher todos aqueles
que carecem de proteção”.
Também a
chanceler alemã defendeu a colaboração do ACNUR e da OIM e considerou que a “Europa
enfrenta muitos desafios, mas a questão das migrações pode decidir o destino da
UE”.
O Presidente
francês tentou desatar o nó-travão das negociações com uma proposta que foi,
entretanto, recusada por Itália, por não contemplar as alterações exigidas em
relação a Dublin.
A proposta contemplava uma série de medidas
que introduziam um instrumento penalizador para os países que se recusam
a cumprir as quotas de recolocação de migrantes, mas colhia algum apoio da
aliança de Visegrado (Hungria, Eslováquia, Polónia e República Checa). Sustentava que os Estados que recusassem ceder a
quota imposta por Bruxelas entrassem com mais dinheiro para a agência de gestão
de fronteiras da UE ou para outros mecanismos de solução da crise.
Depois, o Governo
italiano aceitou uma contraproposta para a criação de plataformas de
desembarque nos países do mediterrâneo sul e nos países europeus que, numa
“base voluntária”, aceitem criar centros semelhantes nos seus territórios.
Conti tinha afirmado:
“A Itália trabalhou muito na proposta
enviada ao Conselho. É uma proposta que é razoável e está em conformidade com
os valores da UE. Encontrei-me com outros Estados-membros e eles ofereceram o
seu apoio. Agora esperamos que as palavras sejam transformadas em ações – nós
queremos a dura realidade. Eu permaneço disponível.”.
Esta maratona
negocial foi descrita como tensa e tortuosa, com grupos de líderes reunidos a
tentar romper o impasse e evitar a humilhação de regressarem sem um acordo. Assim,
o Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e o Presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, cancelaram a conferência de imprensa conjunta
que estava programada.
Para
uns, o ambiente era “tóxico”, enquanto outros diziam tratar-se de “política
pura”, com as emoções à flor da pele como em 2015, ano em que muitos milhares
de migrantes entravam diariamente no espaço da UE. Segundo dados da ONU, esse
número caiu consideravelmente com menos de 45 mil migrantes a chegarem este
ano.
Apesar
do texto comum, os países do leste, liderados pela Polónia e pela Hungria, recusam
aceitar parte dos recém-chegados para aliviar o peso que a pressão migratória
representa para países como a Itália e a Grécia. Não obstante, Emmanuel Macron,
o Presidente francês, ainda conseguiu dizer que a cooperação europeia “ganhou o
dia”.
Donald
Tusk disse, no final do Conselho, ser demasiado cedo para se considerar que o
acordo alcançado pelos Estados-membros sobre a questão migratória é um sucesso.
E explicitou:
“É
demasiado cedo para se falar em sucesso. Conseguimos chegar a um acordo, mas
essa foi a parte mais fácil da tarefa que nos espera no terreno, quando
começarmos a pô-lo em obra.”.
Salientou
que o reforço das fronteiras externas, embora polémico, passou a ser uma
prioridade na política externa da UE. Por outro lado, anunciou a transferência
de 500 milhões de euros para o Fundo Fiduciário da UE para África, convidando
os 28 a aumentarem a sua participação, pois, para enfrentar o problema da
migração no seu cerne é fundamental a parceria com África.
Assim,
a criação de plataformas de desembarque regionais de migrantes e de centros
controlados nos Estados-membros e o reforço do controlo das fronteiras externas
são os pontos principais do acordo para “desmantelar definitivamente o modelo
de negócio dos passadores, evitando assim a trágica perda de vidas humanas”.
Para
isso, os líderes da UE querem ver rapidamente explorado o conceito de tais
plataformas, em estreita cooperação com os países terceiros envolvidos, bem
como com o ACNUR (Alto-Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados) e a OIM (Organização Internacional para as Migrações), que tem agora como Diretor-Geral o português
António Vitorino.
***
A Oxfam
defendeu que o acordo, ora firmado no Conselho Europeu, põe as
responsabilidades em países fora da UE e traz consigo “a criação, de facto, de
mais centros de detenção de imigrantes”. Em comunicado, Raphael Shilhav, assessor
para a imigração da ONG explicitava:
“Quando mais se necessita da liderança
europeia para enfrentar os problemas globais, mais a UE só responde aos seus
problemas internos e não corrige os erros do seu atual sistema de asilo”.
Shilhav
afirmou que um sistema de asilo eficaz e bem gerido “vai muito para lá dos
centros de desembarque” e que é fundamental “para promover a saúde da cultura e
economia europeias”.
O predito representante
da organização não-governamental apontou o dedo:
“A política europeia sobre esta questão não
deve ser utilizada em jogos políticos entre os Estados-Membros, em detrimento
daqueles que mais necessitam. Faz
falta um acordo que melhore a vida de todas as pessoas na Europa, sejam estes
cidadãos, refugiados ou recém-chegados.”.
Assim, a ONG
concluiu que o Conselho “não conseguiu chegar a acordo sobre uma reforma do
sistema comum de asilo” e que, embora acolha favoravelmente qualquer acordo
sobre migração, este não deveria ter um impacto negativo sobre os refugiados e
os migrantes.
Com efeito,
os líderes da UE chegaram a acordo para criar voluntariamente nos Estados-membros
centros “controlados” para separar os refugiados, com direito de permanecer na
UE, dos imigrantes económicos, que serão inexoravelmente devolvidos aos seus
países de origem.
Também
a MSF (Médicos Sem
Fronteiras), uma outra
ONG, criticou o acordo europeu sobre migrações e acusou os países da UE de
defenderem “o bloqueio das pessoas às portas da Europa” e “a diabolização” do
salvamento de náufragos. A este respeito, Karline Kleijer, responsável das
operações de emergência da MSF, declarou:
“Os
únicos elementos em que os Estados europeus parecem estar de acordo são, por um
lado, o bloqueio das pessoas às portas da Europa, independentemente da sua
vulnerabilidade e dos horrores de que fogem, e, por outro, a diabolização das operações
de busca e salvamento”.
E
acusou perentoriamente:
“Sem
pestanejar, formalizaram [...] a utilização da guarda-costeira líbia para
intercetar as pessoas e as reenviarem para a Líbia, sabendo que isso equivale a
condená-las à detenção arbitrária e a abusos de todo o tipo”.
Segundo
a predita responsável da MSF, tais ações impedem a MSF “de fazer o trabalho que
os governos da UE recusam assumir desumanizando as pessoas”. Por isso, “a
responsabilidade de cada morte que resultar [destas medidas] será deles”.
Segundo
a leitura da MSF, o acordo europeu propõe uma “nova abordagem” com a criação de
plataformas de desembarque de migrantes fora da UE para dissuasão da travessia
mediterrânica. Para os migrantes resgatados em águas europeias, os líderes
europeus propõem a criação de “centro controlados”, a estabelecer pelos
Estados-membros “numa base voluntária”, onde deve ser feita rapidamente a
separação dos migrantes ilegais dos que estão em condições de obter asilo,
expulsando-se os primeiros e recolocando-se os segundos em países europeus
também “numa base voluntária”.
E os
líderes europeus advertem as ONG:
“Todos os navios a operar no Mediterrâneo
devem respeitar as leis aplicáveis e não obstruir as operações das
guarda-costeira líbia”.
Assim,
segundo a MSF, as políticas migratórias dos governos europeus “condenam as
pessoas a ficarem fechadas na Líbia ou a afogarem-se no mar”. Só na semana
passada, pelo menos 220 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo. Desde
janeiro deste ano, de acordo com os números da OIM, mais de 800 pessoas
morreram ao tentar a travessia, vindo a engrossar de forma supina o volume
deste cemitério marítimo da morte.
***
O Primeiro-Ministro
António Costa lembrou que Portugal assumiu uma quota de aceitação de refugiados
“largamente superior” à quota obrigatória da UE e declarou que o país não é
candidato a acolher centros controlados, previstos no acordo sobre migrações obtido
agora no Conselho Europeu, explicitando que “Portugal não se candidata, nem havia razões para isso”. Em
declarações aos jornalistas, à saída do Conselho, recordou que “Portugal é um
país que tem tido uma política coerente e constante em matéria de migrações”,
tendo inclusivamente assumido “uma quota de aceitação de refugiados que é
largamente superior à quota obrigatória da União Europeia”. E defendeu a
existência de canais legais e seguros para a entrada de refugiados na Europa,
desde que não sejam campos de contenção que desresponsabilizem a UE.
E confessou que o acordo sobre
migrações “não disfarça as divisões profundas que hoje ameaçam a UE”, dizendo
que não se lembra de uma cimeira onde as mesmas tenham sido tão evidentes. Eis
os termos do seu comentário:
“Esta foi uma cimeira seguramente muito difícil e onde o aparente consenso expresso no documento
não disfarça as divisões profundas que hoje ameaçam a União Europeia em matéria
de valores e em matéria de migrações”.
Sobre o teor
do compromisso obtido ao fim da longa maratona, Costa observou desvalorizando:
“Quem ler atentamente as conclusões,
verificará que o Conselho não fez mais do que mandatar a Comissão e o Conselho
para dialogarem com as Nações Unidas, com a Organização Internacional para as
Migrações, com países terceiros para explorar uma ideia, e nada mais do que
isso”.
Classificando
o debate de muito difícil, comentou ainda a propósito das conclusões adotadas
quanto à gestão dos fluxos migratórios, sustentando a criação de canais “que
permitam aos refugiados entrar na Europa sem ser por via das redes ilegais e
sem porem a sua vida em risco”, o que deve ser assegurado, desde que “não sejam
campos de contenção que desresponsabilizem a UE, fazendo um ‘outsourcing’ para países terceiros de
responsabilidades da UE, mas que seja, pelo contrário, uma forma de encontrar
um canal aberto e positivo”.
Por
outro lado, o Primeiro-Ministro português elogiou Angela Merkel e censurou a
postura de Giuseppe Conte, o Chefe do Governo italiano, nestes termos:
“Desejo
à chanceler Angela Merkel as maiores felicidades porque tem estado do lado certo
dos valores da Europa. Quanto a outras atuações para fins mediáticos, não faço
comentários…”.
Foi
dizendo sem dizer, que António Costa definiu o que move Conte, o Primeiro-Ministro
de Itália empossado no início deste mês, indicado pelo movimento 5 Estrelas e a
Liga Norte, um partido de extrema-direita. Antes, Costa já havia dado conta,
como se disse, do clima de tensão entre Estados-membros.
***
A
este respeito, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o acordo poderia ter sido
muito melhor. No entanto, sustentou que é melhor ter havido um acordo, o
possível, do que não ter havido acordo nenhum e salientou que o texto aprovado leva
a que todos os países da UE tenham uma postura mínima comum ao menos em termos
de linguagem.
Ora,
do meu ponto de vista, por mais loas que se teçam ao famigerado acordo e por
mais que se escamoteiem as divisões na UE, prefiro a visão realista e quase
amarga do Primeiro-Ministro português, que já foi considerado como um otimista
irritante. A Europa que hoje temos não é mais do que uma intenção. É isto que
vimos e, pelos vistos, continuaremos a ver. É só isto ou pouco melhor que isto.
Os cidadãos, os direitos e o progresso, por este caminho podem esperar
sentados!
2018.06.29
– Louro de Carvalho
Os nacionalistas devem divulgar uma nova mensagem
ResponderEliminar[mensagem em divulgação, ajuda a divulgar]
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Nacionalistas esqueçam o discurso do tipo-choramingas, toda a gente sabe que os economyistas são um bando de nazis: depois de terem sido feitos investimentos a pensar na substituição populacional de autóctones, os economyistas não suportam a existência de outros... ou seja, não suportam a existência de povos nativos a quererem ter o seu espaço no planeta, a quererem sobreviver pacatamente no planeta, e a quererem prosperar ao seu ritmo.
-» Obs 1: em pleno século XXI tribos da Amazónia têm estado a ser massacradas por madeireiros, garimpeiros, fazendeiros com o intuito de lhes roubarem as terras, muitas das quais para serem vendidas posteriormente a multinacionais, os FMI's falam no assunto... népia - povos autóctones a viverem pacatamente no planeta e a prosperarem ao seu ritmo ia prejudicar o crescimento económico mundial em 0,0x %.
-» Obs 2: no passado povos autóctones da América do Norte, da América do Sul, da Austrália foram alvo de holocaustos massivos... para os FMI's é «absolutamente natural» que um povo autóctone, ao colocar em causa certos e determinados interesses económicos, leve com um holocausto massivo em cima.
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A mensagem dos nacionalistas só pode ser:
- ECONOMYISTAS, BANDO DE NAZIS, RESPEITEM O DIREITO À SOBREVIVÊNCIA DE OUTROS!
{nota: nazi não é ser alto e louro, blá, blá... mas sim, a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros}
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O importante legado dos nacionalistas para o futuro é:
-» criar condições para que as pessoas que valorizam mais a sua condição autóctone, do que a sua condição globalization-lover, possam viver em PAZ E LIBERDADE!
-» ou seja:
- Todos Diferentes, Todos Iguais... isto é: todas as Identidades Autóctones devem possuir o Direito de ter o SEU espaço no planeta -» INCLUSIVE as de rendimento demográfico mais baixo, INCLUSIVE as economicamente menos rentáveis.
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Nota 1: Os 'globalization-lovers', UE-lovers. smartphone-lovers (i.e., os indiferentes para com as questões políticas), etc, que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
-»»» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com/.
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Nota 2: Os Separatistas-50-50 não são fundamentalistas: leia-se, para os separatistas-50-50 devem ser considerados nativos todas as pessoas que valorizam mais a sua condição 'nativo', do que a sua condição 'globalization-lover'.
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Nota 3: Já há muito tempo que é a mesma coisa -» depois de comprarem uns mercenários... os economyistas pretendem fazer implodir Identidades Autóctones... Leia-se: é preciso dizer NÃO à democracia-nazi; isto é, ou seja, é preciso dizer não àqueles que pretendem democraticamente determinar o Direito (ou não) à Sobrevivência de outros!!!