Decorreu, de 8 a 10 de março, no Auditório da Brigada de
Intervenção – no Aquartelamento de Santana, na Rua de Infantaria 23, Coimbra – o Congresso internacional
Portugal na Grande Guerra, numa
organização conjunta do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da
Universidade de Coimbra (CEIS20-UC) e da Comissão Coordenadora da
Evocação do Centenário da I Guerra Mundial, para um balanço científico e
historiográfico da intervenção portuguesa.
Este
encontro científico insere-se em pleno no programa da Evocação do Centenário da I Guerra Mundial e decorre, a par de
muitas outras atividades, no ano em que se assinala o centenário da declaração
de guerra da Alemanha a Portugal, a de 9 de março de 1916. Nele se encontrou a oportunidade
privilegiada de estudo, reflexão e debate em torno das consequências da
participação, na política interna e externa, do Exército e da Marinha de
Portugal no 1.º conflito militar à escala mundial (1914-1918), nas frentes africana (meio
esquecida) e
europeia.
A
paz alcançada na Conferência de Versalhes, em 1919, redundou, no ano seguinte,
na criação da Sociedade das Nações e,
consequentemente, numa nova ordem internacional.
Em função do predito balanço científico e historiográfico das
consequências, na política interna e externa, da participação de Portugal na
Grande Guerra (1914-1918), o Congresso estruturou-se em três
eixos temáticos fundamentais: as campanhas
militares em África; a participação
na guerra europeia; e a política
externa portuguesa e a nova ordem
internacional.
Em termos organizativos, o Congresso internacional Portugal na Grande Guerra desenvolveu-se nos seguintes painéis
especializados: Os Ministérios da Guerra
e das Finanças: armamento, mobilização, campanha dos corpos expedicionário;
Política externa portuguesa e conjuntura
internacional; Prisioneiros,
mutilados, veteranos de guerra; Serviços
médicos e sanitários; Imagens,
literatura e memoriais de guerra; e Propaganda,
jornalismo e ensino.
***
Em
consonância com os objetivos e com a pluralidade de eixos e painéis do significativo
encontro histórico e científico, além das conferências singulares e breve debate
subsequente ao final de cada conjunto destas, são de salientar: a inauguração
da exposição
“Portugal e a Grande Guerra / O Regimento de Infantaria 23 na Flandres e a
Chama da Pátria” (antes do almoço do dia 8); as conferências plenárias – “A
Sociedade Civil e os Militares na Beligerância Portuguesa” (pelo
Prof. Doutor Luís Alves de Fraga, UAL/Universidade Autónoma de Lisboa, a meio
da tarde do dia 8) e
“Farmácia, farmacêuticos e medicamentos na Grande Guerra (1914-1918). Traços
gerais do caso português” (pelo Prof. Doutor João Rui Pita,
FFUC-Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra /CEIS20, e Prof. Doutora
Ana Leonor Pereira, FLUC- Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra /CEIS20,
a meio da tarde do dia 8)
–; e a mesa redonda – “A saúde, a medicina e a Grande Guerra
(1914-1918) – (com a Prof. Doutora Ana Mafalda Reis, ICBAS da UP-Instituto
de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto/CEIS20, a Prof.
Doutora Victoria Bell, FFUC/CEIS20 e o Dr. José Morgado Pereira, doutorando do
CEIS20; e sendo seu moderador o Prof. Doutor João Rui Pita FFUC/CEIS20,
Coordenador do Grupo de Investigação História e Sociologia da Ciência e da
Tecnologia).
É
de destacar ainda o relevo dado à literatura infantil sobre a I Grande Guerra,
à poesia e às memórias, bem como à propaganda e imprensa noticiosa. Por outro lado,
ficam evidenciados: o enquadramento político, com a presença do Ministro da
Defesa Nacional, Prof. Doutor Azeredo Lopes, na sessão de abertura, e com a do Ministro
da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Doutor Manuel Heitor, na sessão
de encerramento; a componente artística, com o “Concerto do Grupo de Câmara Banda do Exército”, na Biblioteca
Joanina, no fim do 1.º dia; e o tão português “Porto de Honra”, a seguir à sessão de encerramento.
***
Enquanto
se aguardam a atas do Congresso, segue-se o levantamento dos demais números do programa,
que teve a abordagem e o desenvolvimento adequados como previsto. Assim:
-
No dia oito de março, a sessão de abertura contou com as presenças e intervenções
de: General Carlos Hernandez Jerónimo, Chefe do Estado-Maior do Exército; Tenente-General
Mário de Oliveira Cardoso, Presidente da Comissão Coordenadora da Evocação do
Centenário da I Guerra Mundial; Prof. Doutor António Pedro Pita, Coordenador
Científico do CEIS20; Prof. Doutor João Gabriel Silva, Reitor da Universidade
de Coimbra; e Prof. Doutor Azeredo Lopes, Ministro da Defesa Nacional.
Seguiram-se
as conferências: “Os militares traídos pela má política”, pelo Prof. Doutor
António José Telo, da AM (Academia Militar); e “A Entrada de Portugal na I
Grande Guerra: Escaramuças Políticas, Económicas e Jurídicas”, pelo Prof.
Doutor Rui de Figueiredo Marcos, da FDUC (Faculdade de Direito da
Universidade de Coimbra);
e o subsequente debate moderado pelo Tenente-General Mário de Oliveira Cardoso.
Depois,
foram proferidas as conferências: “Lançamento do Inteiro Postal e Carimbo
Comemorativo”, pelo Dr. Raul Moreira; “Portugal na Grande Guerra: o Teatro de
Operações Africano”, pelo Coronel de Infantaria Nuno Correia Barrento de Lemos
Pires, da AM; e “Portugal na Grande Guerra: O Teatro de Operações Europeu”, Tenente-Coronel
de Artilharia Pedro Marquês de Sousa, da AM – a que se seguiu o debate moderado
pelo Major de Infantaria Anselmo Melo Dias, do ISM (Instituto
de Estudos Superiores Militares).
-
Já no dia 9 de março, os congressistas foram brindados pelas conferências: “Vivências
da Grande Guerra nas Memórias de Ricardo Jorge”, pelo Doutor Rui Pinto Costa,
CEIS20; “Em Quarentena de Guerra. Uma
leitura dos relatos de viagem de Ricardo Jorge”, pelo Mestre Luís Timóteo
Ferreira, CEIS20; e “A Literatura Infantil e a Grande Guerra”, pelo Mestre
Augusto Monteiro, CEIS20 – com o subsequente debate moderado pelo Major-General
Aníbal Flambó.
Seguiram-se
as conferências: “Poesia e narrativa da Grande Guerra – Constantes e contrastes”,
pelo Prof. Doutor José Carlos Seabra Pereira, da FLUC/CIEC (Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra/Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos); “O Serviço de Saúde Militar e
a visão do médico militar”, pelo Tenente-Coronel Médico Manuel Nunes Gaspar; e “O
Serviço de Saúde do CEP e a internacionalização médico-militar portuguesa” pela
Dra. Margarida Portela, doutoranda da FCSH-UNL (Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) – e o debate, que teve como
moderadora a Prof. Doutora Ana Leonor Pereira, da FLUC.
-
E, no dia 10 de março, começaram por ser proferidas as seguintes conferências: “Portugal
e a I Guerra Mundial: Propaganda e Cartografia Geopolítica”, pelo Prof. Doutor
Luís Miguel Moreira, da Universidade do Minho; “As Operações de Ação
Psicológica na Grande Guerra”, pelo Major de Cavalaria José Pedro Rebola Mataloto,
da AM, e pelo Major de Infantaria Anselmo Melo Dias, do ISM; “A revista
‘Ocidente’ e os primórdios da I Guerra Mundial (1914-1915)”, pelo Prof. Doutor
Júlio Rodrigues da Silva, da FCSH-UNL; “Pincéis, lápis e baionetas: A
Ilustração como instrumento de Propaganda durante a I Guerra Mundial”, pela Mestre
Vera Mariz, da FLUL (Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa); e “Espólio
Fotográfico Inédito do Batalhão de Infantaria n.º 23 na Flandres”, pelo Major
Jorge Costa Carvalho, LC – a que se seguiu o debate sob a moderação da Doutora
Noémia Malva Novais, IHC/Instituto de História Contemporânea-UNL, CEIS20.
A
tarde foi preenchida pelas conferências: “Pensões de Sangue em Portugal à época
da Grande Guerra”, pelo Doutor João Figueira, do ISEG/Instituto Superior de
Economia e Gestão-UL; “Portugal no Pós-Guerra: José Relvas e a pasta do
Interior (janeiro a março de 1919)”, pela Dra.
Vanessa
Batista, mestranda da FLUL; “O Soldado Desconhecido Português”, pelo Mestre
Manuel Santos Simões, da FLUC; “Alfonso XIII e os Prisioneiros de Guerra
Portugueses”, pelo Mestre Fátima Mariano, FCSH-UNL; e “Afonso Costa e as
negociações do verão de 1916 sobre as condições financeiras de participação de
Portugal na Grande Guerra. Na proto-história da integração europeia”, pelo
Doutor Jorge Pais de Sousa, CEIS20 – com o debate sob a moderação da Prof.ª
Doutora Isabel Nobre Vargues, FLUC/CEIS20.
Ainda
antes da sessão de encerramento, teve lugar a conferência de encerramento subordinada
ao tema “Guerra e Paz – práticas e meios do pacifismo” pela Prof.ª Doutora
Maria Manuela Tavares Ribeiro, FLUC/CEIS20, a que se seguiu breve debate moderado
pela Doutora Isabel Maria Freitas Valente, CEIS20
Por
fim, a sessão de encerramento contou com a presença do Presidente da Comissão
Coordenadora da Evocação do Centenário da I Guerra Mundial, Tenente-General
Mário de Oliveira Cardoso, do Comissário do Congresso, Doutor Jorge Pais de
Sousa, do Coordenador Científico do CEIS20, Prof. Doutor António Pedro Pita, do
Representante do Reitor da Universidade de Coimbra, Prof. Doutor Amílcar Falcão,
e do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Prof. Doutor Manuel
Heitor.
Como
se pode verificar a temática é multifacetada, atingindo aspetos políticos,
militares, de saúde, de farmácia, de imagética e simbólica, de jornalismo, de literatura
(incluindo
poesia, memórias e outras narrativas, literatura infantil), de diplomática, de pensões,
etc.
***
É, finalmente, de salientar, da intervenção do Ministro da Defesa Nacional, o facto de esta “iniciativa engrandecer as comemorações e colocar a tónica
na reflexão global sobre a Defesa Nacional e sobre os seus desafios num contexto
de presente e de futuro” e o estabelecimento de paralelo que fez entre as duas
épocas, sustentando, contra a subvalorização corrente das FA:
“Importa que a Defesa Nacional e as Forças Armadas
assegurem, não só, os objetivos vitais enquanto Estado soberano, independente e
seguro, mas também que nos permitam responder com a devida eficácia e,
sobretudo, com competência perante os nossos parceiros e aliados”.
Reconhecendo que as FA (Forças Armadas) têm, cada vez mais, um papel relevante a desempenhar enquanto instrumento
da política externa do Estado, hoje, “porventura, num patamar mais exigente do
que há um século” afirmou ser “fundamental reequipar, modernizar e construir capacidades
para as Forças Armadas”, de forma racional e segundo critérios de necessidade e
eficiência – o que passa pela aplicação das leis de Programação Militar e de Infraestruturas.
Assim se crê, espera e ambiciona apesar da magreza do Orçamento para o
setor. Estado sem forças armadas, só o da Santa Sé, que, mesmo assim não dispensa
a polícia e os tribunais!
2016.03.11 – Louro de Carvalho
Pena que, no relato referente às actividades do primeiro dia, tenha esquecido a minha conferência, que encerrou os trabalhos e propositadamente tornei polémica, por discordar frontalmente com a perspectiva dada pela conferência inicial de todos os trabalhos.
ResponderEliminarPena que, no relato referente às actividades do primeiro dia, tenha esquecido a minha conferência, que encerrou os trabalhos e propositadamente tornei polémica, por discordar frontalmente com a perspectiva dada pela conferência inicial de todos os trabalhos.
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