quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Balanço da viagem apostólica de Francisco aos Estados Unidos


É óbvio que não se trata do balanço oficial no atinente ao constante da conferência de imprensa do Papa aos jornalistas no voo de regresso de Filadélfia a Roma, no passado dia 27 de setembro. Não obstante, não deixa de ser genuíno, porque, sem que o Papa se afaste do seu rumo doutrinal e pastoral, responde espontânea e coloquialmente às questões levantadas pelos jornalistas, mediante a apresentação que deles ou delas o Padre Frederico Lombardi ia fazendo.
Sem me deter nos habituais pormenores dos agradecimentos mútuos e das mostras de cansaço ou de simpatia da parte de Francisco, convém elencar uma súmula dos temas abordados. Sintetizo-os nos seguintes:
Os aspetos de surpresa para o Pontífice nos EUA; os abusos sexuais por parte de alguns membros do clero; a temática do perdão; o processo de paz na Colômbia; a crise migratória na Europa e as barreiras de arame farpado; o processo de declaração de nulidade matrimonial; algumas questões atinentes à objeção consciência; a perseguição contra os cristãos e o Estado Islâmico; o convite ao Prefeito Marino, Presidente da Câmara de Roma; a possibilidade de relações da Santa Sé com a China; os sentimentos do Papa depois de uma viagem apostólica intensa; o papel das mulheres; e o sucesso papal na viagem aos Estados Unidos.
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Os aspetos de surpresa para o Pontífice nos EUA
Surpreendeu-o “o calor do povo, tão amável”, belo e variado. De Washington, destaca a receção “calorosa, mas um pouco mais formal”; de Nova Iorque, a receção “um pouco exuberante”; e de Filadélfia, a receção “muito expressiva”. São três modalidades diferentes, mas da mesma receção. Francisco diz-se muito impressionado com a bondade e acolhimento; e, nas cerimónias religiosas, também com a piedade e religiosidade. Confessou: “Via-se o povo a rezar: isto impressionou-me… e muito, muito mesmo. Foi belo”.
E, tendo declarado que não houve provocações, insultos ou desafios, entende que “devemos continuar a trabalhar com este povo crente, como trabalharam até agora, acompanhando o povo no crescimento, nas suas coisas belas e nas suas dificuldades; acompanhando o povo na alegria e nos momentos maus de dificuldade, quando não há trabalho, quando vem a doença...”.
Afirma, mesmo, que “o desafio da Igreja hoje é estar como sempre esteve: próxima das pessoas, próxima do povo dos Estados Unidos”; que “este é um desafio que a Igreja nos Estados Unidos compreendeu bem”; e que o Papa quer “que o vença”.
Os abusos sexuais por parte de alguns membros do clero
Sobre esta matéria, David O’Reilly refere que Filadélfia atravessou um período difícil com os abusos sexuais, que ainda constituem uma ferida aberta em Filadélfia. Por isso, questionou o Papa pelo facto de, no seu discurso aos bispos, em Washington, lhes ter oferecido consolação e conforto. Francisco, por sua vez, esclareceu que falando, em Washington, a todos os bispos dos Estados Unidos, sentiu a “necessidade de expressar compaixão”, porque “aconteceu uma coisa horrível e muitos deles sofreram, pois não sabiam disto”; ou, porque, “quando eclodiu o problema, sofreram tanto: homens de Igreja, de oração, verdadeiros pastores...”. Por isso, utilizando uma frase do Apocalipse, disse-lhes que sabia que eles “tinham vindo da grande tribulação” (cf Ap 7,14).
Mais: não se trata apenas de sofrimento afetivo. Aquilo foi, não “apostasia”, mas um “quase sacrilégio”. É certo que este tipo de abusos existe por toda parte – “no âmbito familiar, no âmbito da vizinhança, nas escolas, nos ginásios… por todo o lado” – mas, “quando um sacerdote comete um abuso, é gravíssimo, porque a vocação do sacerdote é fazer crescer aquele menino ou aquela menina para o Alto, para o amor de Deus, para a maturidade afetiva, para o bem”. Ao invés, “o mal esmagou-a, esmagou-o”. Por isso, “é quase um sacrilégio”. O sacerdote, pessoa consagrada, “traiu a vocação”.
Por isso “a Igreja, neste momento, é dura com isto. E não se deve encobrir; são culpáveis mesmo os que encobriram estas coisas. Alguns bispos – e mal – também encobriram isto.
Ora, as palavras de conforto não pretendiam dizer que estivessem tranquilos, mas que o Papa reconhece que foi horrível o que aconteceu e imagina que aqueles bispos tenham deplorado tanto os factos. E, em Filadélfia, falou com mais dureza.
A temática do perdão
Esta está circunstancialmente conexa com a anterior. Francisco, com efeito, foi questionado sobre o facto de muitos sacerdotes abusadores de menores não terem pedido perdão às vítimas.
O Papa responde que é preciso pedir e poder, saber e dispor-se a receber o perdão:
Se uma pessoa agiu mal, está consciente daquilo que fez e não pede perdão, peço a Deus que Se lembre dela. Eu perdoo-a, mas ela não recebe o perdão, está fechada ao perdão. Uma coisa é dar o perdão – todos somos obrigados a perdoar, porque todos nós fomos perdoados –, e outra coisa é receber o perdão. E, se aquele sacerdote está fechado ao perdão, ele não o recebe, porque fechou a porta à chave por dentro, e a única coisa que nos resta fazer é rezar para que o Senhor abra aquela porta. É preciso estar dispostos a dar o perdão, mas nem todos o podem receber, o sabem receber ou estão dispostos a recebê-lo.

Em relação às vítimas e famílias que não conseguiram perdoar ou não querem perdoar, o Santo Padre assegura a sua compreensão e oração por elas, mas não as julga. E, apresentando o exemplo da mulher que lhe revelou que, quando a sua mãe soube do abuso sexual à filha, “blasfemou contra Deus, perdeu a fé e morreu ateia”, assumiu compreender aquela mulher e que Deus a compreende. Sobre isto declarou:
Tenho a certeza de que Deus acolheu aquela mulher, porque aquilo que foi tocado, aquilo que foi destruído era sua própria carne, a carne de sua filha. Compreendo-as. Não julgo uma pessoa que não pode perdoar. Rezo e peço a Deus – porque Deus é um campeão a encontrar vias para uma solução –, peço-Lhe que resolva tudo.
O processo de paz na Colômbia
Sobre o processo de paz na Colômbia (em mente no voo de Roma para Havana) e a notícia do acordo histórico entre as FARC e o governo, apresentada por um dos jornalistas, Francisco reagiu assim:
Quando recebi a notícia de que em março seria assinado o acordo, disse ao Senhor: Senhor, faz que cheguemos a março, que se chegue lá com esta boa intenção, porque ainda faltam pequenas coisas, mas a vontade existe. Existe de ambos os lados. E, mesmo por parte do pequeno grupo, existe. Todos os três estão de acordo. Temos de chegar a março, ao acordo definitivo. Este era o ponto de chegada da justiça internacional, como sabe. Fiquei felicíssimo. E senti-me parte, no sentido de que sempre quis isto, falei duas vezes com o presidente Santos do problema, e a Santa Sé – não só eu, mas a Santa Sé – mostra-se amplamente disponível para ajudar, tanto quanto possível.

A crise migratória na Europa e as barreiras de arame farpado
Entrando-se num estado de crise após um longo processo, este foi desencadeado há anos, porque as guerras de que as pessoas escapam são guerras que já têm anos; “a fome é fome de anos”. Ao pensar na África, vem ao pensamento de Francisco o continente explorado, o dos grandes recursos e o do recrutamento de escravos. Mas agora, sob o pretexto das guerras tribais (algumas existem e têm graves consequências), surgem os interesses económicos. E o Papa Bergoglio opina:
Eu penso que, em vez de explorar um continente, um país ou uma terra, é preciso fazer investimentos para que aquelas pessoas tenham emprego; e assim se evitaria esta crise. É verdade que se trata duma crise de refugiados – como eu disse ao Congresso – nunca vista depois da última guerra mundial; é a maior.

Quanto ao arame farpado e outras barreiras, o Papa afiança:
Todos os muros caem… hoje, amanhã ou depois de 100 anos. Mas cairão. Não é uma solução. O muro não é uma solução. Neste momento, a Europa vê-se em dificuldade, é verdade. Devemos ser inteligentes, compreender por que vem toda aquela onda migratória, e não é fácil encontrar soluções. Mas, com o diálogo entre os países, devemos encontrá-la. Os muros, nunca são solução; pelo contrário, as pontes sim, sempre, sempre. Não sei que mais dizer. Que penso sobre os muros, sobre as barreiras? Durem pouco tempo ou muito, não são uma solução. O problema permanece, permanece até com mais ódio.

O processo de declaração de nulidade matrimonial
O Papa declarou ter fechado, neste tipo de processos, a porta à via administrativa (li, há dias da parte de um conceituado canonista, precisamente o contrário – a afirmação da transformação da via judicial em via administrativa), que “era aquela por onde podia entrar o divórcio”. Assegura que “estão errados quantos pensam no divórcio católico, porque este último documento fechou a porta ao divórcio, que podia entrar – teria sido mais fácil – por via administrativa. A estrada existente será sempre a via judicial”.
A simplicidade e agilização destes processos constituem um pedido da maioria dos Padres Sinodais, em outubro de 2014: agilizar os processos, porque havia processos que duravam de 10 a 15 anos. Uma sentença, e outra sentença; depois se houvesse apelação, tínhamos a apelação e depois havia outra apelação... Nunca mais terminava.
E faz o apontamento histórico, em que justifica a razão de ser da exigência da dupla sentença:
A dupla sentença, quando era válida [a primeira] e não havia apelação, foi introduzida pelo Papa Lambertini, Bento XIV, porque na Europa Central – não digo o país – existiram alguns abusos e, para os impedir, ele introduziu isto. Mas não é uma coisa essencial para o processo. Os processos mudam; a jurisprudência muda para melhor, melhora-se sempre. Naquele tempo, era urgente fazer aquilo. Depois, Pio X quis agilizar e fez qualquer coisa, mas não teve tempo ou possibilidade de o fazer.

O Motu Proprio “facilita os processos no tempo, mas não é um divórcio, porque o matrimónio é indissolúvel quando é sacramento; e isto a Igreja não o pode mudar. É doutrina. É um sacramento indissolúvel”.
O procedimento legal visa “provar que aquilo que parecia sacramento não foi um sacramento: por falta de liberdade, por exemplo, ou por falta de maturidade, ou por doença mental...”. E o Papa continua, aflorando outras situações, mas negando categoricamente o divórcio católico:
Depois, temos o problema das segundas núpcias, dos divorciados que fazem uma nova união. Vós, lede o que está no Instrumentum Laboris, o que se apresenta para discussão. Parece-me um pouco simplista dizer que o Sínodo... que a solução para estas pessoas é que possam fazer a comunhão. Esta não é a única solução. O problema das novas uniões dos divorciados não é o único problema. No Instrumentum Laboris, há tantos. Por exemplo: os jovens não se casam, não querem casar-se. É um problema pastoral para a Igreja. Outro problema: a maturidade afetiva para o matrimónio. Outro problema: a fé. Creio eu que isto é para sempre? “Sim, sim, eu creio...”. Mas creio verdadeiramente? A preparação para o matrimónio... Muitas vezes ponho-me a pensar: para se tornar sacerdote, há uma preparação de oito anos; e depois, como não é definitivo, a Igreja pode tirar-te o estado clerical. Para te casares, que é para toda a vida, fazem-se quatro cursos, quatro vezes... (…). O Sínodo deve pensar bem como se há de fazer a preparação para o matrimónio; é uma das coisas mais difíceis. (…). O divórcio católico: não, isto não existe. Ou não houve matrimónio – e isto é nulidade, não existiu – ou, se existiu, é indissolúvel.

Algumas questões atinentes à objeção consciência
São referentes à liberdade religiosa e ao direito/dever de agir de acordo com a consciência pessoal. Por isso, o Santo Padre visitou as Irmãzinhas dos Pobres e quis manifestar o seu apoio às irmãs mesmo em sede judiciária, bem como também revelou o seu apoio àqueles indivíduos – incluindo funcionários do governo – que dizem não poder, segundo a sua boa consciência, segundo a sua consciência pessoal, ater-se a certas leis ou exercer as suas funções de funcionários do governo, por exemplo, na emissão de licenças matrimoniais para casais do mesmo sexo.
Embora tenha admitido não conseguir “ter em mente todos os casos que possam existir de objecção de consciência”, sustenta que a objecção de consciência é um direito e tem a ver com cada direito humano. Afirma o Pontífice:
É um direito e, se não se permite a uma pessoa exercer a objeção de consciência, nega-se-lhe um direito. Qualquer estrutura judicial deve contemplar a objeção de consciência, porque é um direito, um direito humano. Caso contrário, acabamos na seleção dos direitos: este é um direito de qualidade, este não é um direito de qualidade... É um direito humano. A mim sempre – isto vai contra mim! – sempre me comoveu quando, na juventude, li – e várias vezes – a obra Chanson de Roland: estavam todos os muçulmanos em fila e, diante deles, aparecia a fonte batismal ou a espada, e eles tinham de escolher. Não lhes era permitida a objeção de consciência. Não estava certo; é um direito. E nós, se devemos fazer a paz, devemos respeitar todos os direitos. (…). Se o funcionário do governo é uma pessoa humana, tem este direito. É um direito humano.
A perseguição contra os cristãos e o Estado Islâmico
Francisco usou palavras muito fortes para denunciar o silêncio do mundo sobre a perseguição contra os cristãos, que são privados das suas casas, expulsos, privados dos bens, feitos escravos e brutalmente assassinados. Confrontado com a notícia de que o presidente Hollande anunciou o início dos bombardeamentos pela França sobre as bases do IS na Síria e questionado sobre o que pensava desta ação militar, respondeu com estas palavras:
Sobre o bombardeamento, verdadeiramente, recebi a notícia anteontem, e não li nada. Não sei bem como evoluirá a situação. Ouvi dizer que a Rússia tinha a sua posição, que a dos Estados Unidos ainda não era clara... Verdadeiramente não sei que dizer-te, porque não entendi como estão as coisas. Mas, quando ouço a palavra “bombardeamento”, morte, sangue... repito aquilo que disse ao Congresso e às Nações Unidas: evitem-se estas coisas. Mas a situação política não a julgo, porque não a conheço.

O convite ao Prefeito Marino, Presidente da Câmara de Roma
Quanto à declaração do Presidente da Câmara de Roma, cidade do Jubileu, de que veio ao Encontro Mundial das Famílias, à Missa, porque fora convidado pelo Papa e ao desmentido feito pelo Capitólio de que o Prefeito Marino nunca afirmou ter sido convidado pelo Santo Padre, o Papa esclareceu:
Eu não convidei o prefeito Marino. Fique claro. Eu não o fiz. Perguntei aos organizadores, mas nem eles o convidaram. Ele veio, professa-se católico, veio espontaneamente. Foi assim.

A possibilidade de relações da Santa Sé com a China
No atinente a este ponto, o Bispo de Roma exprimiu-se, ao nível do desejável, nos termos seguintes:
A China é uma grande nação, que oferece ao mundo uma grande cultura e tantas coisas boas. Uma vez, no voo de regresso da Coreia a Roma, disse que gostaria muito de ir à China. Amo o povo chinês, gosto dele. Espero que haja a possibilidade de haver boas relações, boas relações. Temos contactos, falamos sobre isso... Espero que se avance. Para mim ter um país amigo como a China, que tem tanta cultura e tantas possibilidades de fazer bem, seria uma alegria.

Os sentimentos do Papa depois duma viagem apostólica intensa
Não obstante tratar-se de uma questão pessoal, o Pontífice destacou:
Quando o avião parte depois duma visita, vêm-me à mente os olhares de tantas pessoas e dá-me vontade de rezar por elas e dizer ao Senhor: “Vim aqui para fazer alguma coisa, para fazer bem; talvez tenha feito mal, perdoa-me. Mas guarda toda esta gente que me viu, que pensou nas coisas que eu disse, que ouviu, mesmo aqueles que me criticaram, todos...”. Sinto isto. Não sei porquê.

Sobre o papel das mulheres
Francisco sublinha o papel das religiosas nos Estados Unidos:
As irmãs dos Estados Unidos fizeram maravilhas no campo da educação, no campo da saúde. O povo dos Estados Unidos ama as irmãs: não sei quanto ama os padres, mas as irmãs ama-as…, ama-as tanto. E são valorosas, são mulheres valorosas, valorosas. Cada uma segue a sua Congregação, as suas regras; há diferenças, mas são valorosas e, por isso, senti a obrigação de agradecer pelo que fizeram. Uma pessoa importante do governo dos Estados Unidos disse-me nestes dias: “O que tenho de cultura, devo-o primariamente às irmãs”. As irmãs têm escolas em todos os bairros – ricos, pobres –, trabalham com os pobres e nos hospitais...

Porém, apesar de alguns grupos o pedirem, como acontece já noutras Igrejas cristãs, o Papa argentino não permite vislumbrar a existência de mulheres ordenadas no sacerdócio ministerial:
“As mulheres sacerdotes”, isto não se pode fazer. O Papa São João Paulo II, em tempos de debate, depois de uma longa, longa reflexão, disse-o claramente. E não é porque as mulheres não tenham a capacidade. Senão veja: na Igreja, são mais importantes as mulheres do que os homens, porque a Igreja é mulher; é a Igreja, não o Igreja; a Igreja é a esposa de Cristo, e Nossa Senhora é mais importante do que Papas, bispos e sacerdotes. Há uma coisa que tenho de reconhecer: estamos um pouco atrasados na elaboração duma teologia da mulher. Temos de avançar mais nesta teologia.

O sucesso papal na visita aos Estados Unidos
Tendo sido a primeira vez que visitou os Estados Unidos, mas tendo falado ao Congresso e às Nações Unidas e tendo sentido os banhos de multidão, o Papa foi questionado sobre como encara esse sucesso, que até o guindou ao estatuto de “estrela”. E a sua resposta foi como segue:  
Não sei se tive sucesso ou não. Mas tenho medo de mim mesmo, porque me sinto sempre – não sei como dizer – fraco, no sentido de não ter poder. Depois, o poder é também uma coisa passageira: hoje existe, amanhã não... É importante se, com o poder, consegues fazer algum bem. E Jesus definiu assim o poder: o verdadeiro poder é servir, prestar serviço, fazer os serviços mais humildes. E eu tenho ainda de avançar por este caminho do serviço, porque sinto que não faço tudo o que devo fazer. Este é o sentido que tenho do poder.

Quanto à hipótese de ser bom para a Igreja que o Papa seja uma estrela, Francisco explicou em estilo bem coloquial:
Sabes qual era o título que usavam os Papas e que se deve usar? “Servo dos servos de Deus”. É um pouco diferente de estrela! As estrelas são bonitas quando as olhamos; eu gosto de olhar para elas, quando o céu está sereno no Verão... Mas o Papa deve ser – deve ser – o servo dos servos de Deus. Sim, nos mass media, usa-se isso; mas há outra verdade: quantas “star” vimos nós, que depois se apagam e caem... É uma coisa passageira. Pelo contrário, ser servo dos servos de Deus, isto é belo! Não passa. Não sei que mais dizer. É assim que eu penso.
*** 
Enfim, é um balanço de doutrina sobre a Igreja, sobre Deus, sobre o sentido do poder-serviço e sobre o matrimónio; de espiritualidade expressa na oração e no perdão pedido, dado, recebido ou não aceite; de tacto pastoral, na atenção ao sofrimento do povo, dos bispos, no apreço pelo trabalho de todos, nomeadamente as religiosas e os sacerdotes; de dimensão política humana, social e de relação internacional; de postura humanitária contra a guerra, a exploração, a fome e de respeito pela dignidade humana e pelos direitos humanos; em suma, de entendimento profícuo do exercício do ministério Petrino.
De facto, Habemus Papam!

2015.09.30 – Louro de Carvalho

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