Sepultado
o Senhor, guardaremos o sábado santo com a paciência das santas mulheres. Observaram
elas o repouso sabático segundo a Lei de Israel, muniram-se de apetrechos
adequados, nomeadamente perfume e os unguentos para o divino morto de modo que,
na madrugada do primeiro dia da semana, pudessem ir pressurosas homenagear mais
cuidadosamente o Senhor.
Porém,
nós, que temos a oportunidade de compreender a causa, o significado, o objetivo
e a excelência da Paixão do Redentor do Homem, comemoremos a sua descida à
mansão dos mortos, meditaremos a proximidade do Deus Senhor que habita entre nós
e quer que nós recomecemos a aprendizagem do seu ensinamento a partir da Galileia,
passando por Jerusalém até aos confins da Terra, penetrando com o fermento do
evangelho e a luminosidade do Espírito os mais recônditos escaninhos do coração
do homem e dos grupos em que ele se insere.
Como
é bom entrar no coração de Deus para perceber o coração do irmão e viverem os
irmãos sem união!
Se
a caminhada quaresmal foi de arrependimento e de aceitação da Boa Nova do Reino
de Deus e da sua justiça, aguardaremos em esperança certa que o Espírito de
Deus, que paira sobre as águas por mais turbas que sejam, nos explique toda a
Lei e os Profetas cujas promessas e figurações se realizaram em Cristo, Filho
de Deus, fonte e vida da Igreja. Importa, pois, que hoje a partir de hoje
estejamos atentos às divinas inspirações e aos anseios e dramas dos homens
nomeadamente dos que mais sofrem e dos que não têm tido vez e voz.
***
Lida
e meditada a Paixão de Cristo, todos ficam a saber que “ nós temos Jesus Cristo,
o Justo, como nosso advogado junto do Pai. Ele é vítima de propiciação pelos nossos
pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro” (1Jo
2,1b-2). E a nós,
mesmo não integrando a geração farisaica que Jesus denominava de “má e adúltera”,
não nos foi prometido outro sinal que não o sinal de Jonas – e esse sinal nos
basta – “assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do monstro
marinho, assim o Filho do Homem estará (esteve)
três dias e três noites no seio da terra (cf Mt 12,40).
Todavia,
quem meditou a Paixão segundo João sabe que na cruz se realizou a obra salvífica
do Pai a respeito do homem, “Tudo está consumado”
– disse Jesus antes de expirar (cf Jo 19,30). E ao discípulo amado (e
na pessoa dele foi entregue a todos os discípulos) foi entregue a Mãe de Jesus para que ele A
acolhesse em casa como mãe e seguisse as suas indicações maternais – Mulher, eis o teu filho; [discípulo,] eis a
tua mãe (cf Jo 19,2730).
Não
será descabido chamar hoje e a partir de hoje para a meditação do crente e sua ação
missionária a solicitude de Maria, a mãe de Deus e dos homens.
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