quarta-feira, 1 de abril de 2015

Boa e Santa Páscoa de 2015!

Boa e Santa Páscoa de 2015 é o voto que dirijo a todos os amigos e amigas, em primeiro lugar por força da amizade que impele ao desejo do bem para todos, mas também por dever que decorre da fé que professamos.
Entrados a fundo no ambiente da Semana Santa, não podemos deixar de seguir de perto o Cristo Pascal que não quis marinar na inanidade do grão de trigo que não aceita ser deitado à terra, resignando-se ao estatuto de mediocridade que a estrutura e morfologia de grão lhe permitem. Preferiu voluntariamente fazer coincidir a sanha mortífera dos perseguidores – religiosos e políticos – com o desígnio salvífico de Deus, Fonte de toda a vida e consolação, Pai comum de todos. Assim, à semelhança daquele grão de trigo que, renunciando à estabilidade da forma, se deixou semear, germinou e se multiplicou e qualificou em fruto, Jesus, que passou pelo mundo fazendo o bem, entrou na Cidade como Messias (se o seu messianismo como os demais, saberia a pouco) e, depois de celebrar a Páscoa judaica em comunidade com os discípulos, resolveu aceitar a condenação à morte para testemunho da Verdade. E glorificado pelo Pai, com a descida ao túmulo, penetrou na mansão dos mortos e, no Espírito vivificante, ressuscitou!
Como herança, deixou-nos a Nova Aliança, corporizada no Sacrifício-Banquete, regada pelo mandamento novo do amor fraterno e com a incumbência imperativa da missão, fazer discípulos em todas as nações, sem aceção de pessoas.
Importa reconhecer que a Páscoa não consiste apenas na Ressurreição. Sem a Morte de Cristo, era impossível a ressurreição e a assunção do corpo glorioso. Mas a morte sem a ressurreição seria como o grão de trigo lançado à terra, mas que não germinou por falta das boas condições edafo-climáticas. E a morte de Cristo, se fosse provocada apenas pela natureza ou se fosse desprovida do toque messiânico do Domingo de Ramos, soaria a condenação comum.
Assim, é necessário que, independentemente da profundeza da fé de cada um, se anule ou, pelo menos minore, o egoísmo pessoal e o flagelo do individualismo ou da indiferença, se aposte em mais solidariedade e se construa a sério a comunidade. E, se os cristãos querem afirmar a vitalidade e a pujança da sua Igreja, têm de assumir a Páscoa desde o Domingo de Ramos até ao Domingo de Páscoa, valorizando o testamento de Quinta-feira Santa (Eucaristia, Sacerdócio, Amor Fraterno, Serviço aos mais desfavorecidos), o dom universalista de Sexta-feira Santa (Jesus morto na cruz para a reunião dos filhos de Deus que andavam dispersos ou como ovelhas sem pastor) e a festa da luz, da água, do “glória”, do Aleluia e do frenesim barulhento da Vigília Pascal.
Deste modo, fará mais sentido sentir a verdura, as flores, a água, a frescura, o Sol, o calor que natureza empresta às pessoas, às famílias, às comunidades! Em consonância com o cuidado de e em Cristo, tudo respira de vida, tudo impa de pujança, tudo ostenta jovialidade. É o rebentar da exuberância a clamar a maturação do fruto, pela queda das inutilidades. A cruz do Redentor forjou uma nova criação, uma nova natureza, uma comunidade operante, um homem refeito.
Talvez seja conveniente adotar a premência da seguinte enunciação do Bispo do Porto no Domingo de Ramos, inaugurando a Páscoa:

“Ir ao encontro de Jesus Cristo, caminhar com Ele e anunciar o evangelho não é para nós uma opção facultativa. É um imperativo assumido, é uma decisão consciente; é um caminho que urge percorrer; é uma missão, hoje mais necessária do que nunca”.

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