domingo, 17 de outubro de 2021

Monsenhor Diego Ravelli é o Mestre das Celebrações Litúrgicas Papais

 

O Papa Francisco, a 11 de outubro, nomeou Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias e responsável pela Capela Musical Pontifícia, Monsenhor Diego Giovanni Ravelli, até então chefe de Gabinete na Esmolaria Apostólica e cerimoniário pontifício, sucedendo a Monsenhor Guido Marini, que fora, entretanto, nomeado Bispo de Tortona.

Dom Diego Giovanni Ravelli nasceu a 1 de novembro de 1965 em Lazzate. Ordenado sacerdote pela Associação Pública Clerical “Sacerdotes de Jesus Crucificado em 1991, incardinou-se na Diocese de Velletri-Segni. Em 2000, obteve o Diploma em Metodologia Pedagógica na Faculdade de Ciências da Educação da Pontifícia Universidade Salesiana de Roma e, em 2010, obteve o Doutoramento em Sagrada Liturgia no Instituto Litúrgico do Pontifício Ateneu Sant'Anselmo de Urbe. De 2013 até agora foi Chefe do Gabinete na Esmolaria Apostólica, onde já era Oficial desde 1998. Depois de ter colaborado com o Gabinete para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice como assistente cerimonial, em 2006 foi nomeado cerimoniário pontifício.

O novo Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, que entende que “a tradição da Igreja é a estrela que guia a liturgia”, confiou os seus pensamentos ao “Vatican News” após a sua recente nomeação para o novo cargo, frisando que “somos guardiões de uma tradição e da sua beleza que se reflete nas celebrações papais”.

Fê-lo com “palavras de gratidão, de afeto, de reconhecimento” e “impregnadas do eco de um caminho iniciado dentro dos muros do Vaticano quando ainda era criança: serviço, amor à Igreja, ao Papa e aos últimos que não deixaram de fazer chegar as suas felicitações ao seu escritório na Esmolaria Apostólica.

Questionado sobre o espírito com que enfrenta esta nova missão a que o Santo Padre Francisco o chamou, sustentou que é o espírito de todos aqueles que “estão a serviço da Igreja, do Santo Padre em particular, e que deve ser o espírito de serviço”. É o que realmente tem no coração, pedindo na oração destes dias a graça de ser “um servo fiel e humilde do Senhor”.

Considera que “é uma bela tarefa, importante”, pois é “a de cuidar da preparação e condução das celebrações presididas pelo Santo Padre”.

Referiu que, no início deste percurso, gosta de usar a expressão do Papa Francisco com a qual se dirige aos bispos, chamando-os, no último Motu proprio sobre a liturgia, de “guardiões da tradição” (Traditionis Custodes). Disse gostar de, no desempenho do seu papel, compartilhar este mandato fundamental dos bispos ao serviço da liturgia papal: “ser um guardião da tradição da Igreja”. Na verdade, a tradição da Igreja, como o próprio Papa escreve, “tem origem com os Apóstolos e progride sob a assistência do Espírito Santo”, sendo o Concílio Vaticano II “a etapa mais recente deste dinamismo”, pelo que se constitui como “o nosso ponto de referência, a nossa estrela que deve guiar o nosso caminho e o caminho da liturgia”.

Após 23 anos de serviço na Esmolaria Apostólica, tantos anos de trabalho e empenho no escritório de caridade do Papa, é de questionar o que levará desta rica experiência para a sua nova missão. E Giovanni Ravelli observou que é muito tempo, uma grande parte da sua vida, pelo que se sente grato ao Senhor por ter estado a trabalhar no escritório da caridade do Papa, que “é uma experiência verdadeiramente bela e profunda”, que lhe marcou e ainda marca o seu caminho. Reconhece que, nos últimos anos, com quatro Esmoleres e, por último, o cardeal Krajewski, compartilharam a preocupação pelos últimos que sente profundamente, partilharam “o espírito de serviço”. E é este espírito de serviço que pretende “continuar a ter no coração e levá-lo nesta nova missão”, pois “também a liturgia é um serviço que fazemos ao povo de Deus, para que o povo de Deus possa viver a oração litúrgica em plenitude, de forma consciente e com a participação ativa de toda a assembleia”, podendo dizer-se, a meu ver, expressão da unidade na diversidade, da partilha sacrificial na caridade de Cristo, da disponibilidade para a missão.

Por fim, exprimiu a sua gratidão ao Santo Padre por ter confiado nele e o ter escolhido. Não sabe dizer se é a pessoa mais adequada para esta missão, mas certamente, se o Papa o escolheu, é porque pensa que sim. Portanto, procurará fazer o que normalmente faz, fazer o melhor com o seu serviço. Disse que agradece penhoradamente a todas quantas pessoas lhe mostraram sinais de gratidão sentindo que os pensamentos dessas pessoas são sinceros. Depois, disse que os seus agradecimentos “vão desde já para todos aqueles que irão colaborar comigo na bela tarefa de fazer uma liturgia papal que resplandeça por uma nobre beleza”. E deixou uma referência especial de gratidão a Monsenhor Guido Marini, que sempre foi, ao longo dos anos, muito gentil e atencioso com os Cerimoniários, trazendo Ravelli também “esta experiência amadurecida nos 15 anos de serviço” e sabendo que Marini sempre o teve em alta estima, como o demonstrou nos factos e também nestes dias expressou o bem que lhe deseja e a estima que tem por ele.

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É, na verdade, a genuína Tradição da Igreja – não certas tradições tantas vezes invocadas indevidamente – que é a estrela da liturgia, como é a estrela da doutrina, fazendo progredir a Igreja sempre na atenção ao Evangelho e ao sentir da comunidade e da humanidade ferida e com justos anseios e aspirações, sempre sem descaraterizar a mensagem e tentando responder da forma mais adequada na linha da caridade que a todos abrange a todos pode transformar. E não é a “lex orandi lex credendi”?

É no respeito pelo passado, mas sem apego a ele, e colhendo as lições de que ele é portador que se vê e entende o presente e se perspetiva de forma criativa, correta e inovadora, o futuro.

Sempre da Tradição para a evolução, para ser do Evangelho para o mundo e do mundo para o Evangelho, segundo o querer de Deus.

Nesta ótica se espera que decorram as celebrações presididas pelo Papa, bem como pelos seus representantes especiais, pois, como dizia Paulo VI, a Igreja não é um museu onde se guardam peças obsoletas, mas será – digamos assim – o tesouro, o dos pobres, com que se fará o Reino que poderemos oferecer a Deus, depois de desprovidos da roupagem da miséria a que alguns os votaram, como oferta santa e agradável a seus olhos.   

2021.10.17 – Louro de Carvalho

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