É a nervura
do apelo formulado pelo Papa Francisco com outros líderes religiosos de
diferentes culturas e países e cientistas no encontro “Fé e Ciência. Rumo à Cop26”, a 4 de outubro, festa de São Francisco
de Assis, na Sala das Bênçãos, no Vaticano, atempadamente convocado pelo
Pontífice para assinalar o 1.º aniversário da encíclica “Fratelli tutti” – promovido pelas embaixadas do Reino Unido e da
Itália junto da Santa Sé, junto com a Santa Sé – e tendo por horizonte a
Cimeira Climática da ONU em Glasgow (Escócia) de 31 de outubro a 12 de novembro. Pretende-se que o
mundo alcance a emissão zero de gás carbónico o mais rápido possível, se reduzam
emissões próprias e se financie a redução de emissões das nações pobres.
Os
protagonistas foram 22 dos 40 líderes religiosos (desde o Grão Imame Al-Tayyeb ao
Patriarca Bartolomeu I, do Arcebispo Welby aos líderes judeus e budistas) que prepararam o apelo (e depois aderiram a ele) assinado e entregue ao presidente da Conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas a realizar, em Glasgow, mas também dois
dos jovens participantes no evento “Youth4Climate”
em Milão, que prepararam propostas para a COP26, e os cientistas presidentes
das Pontifícias Academias das Ciências e Ciências Sociais.
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O
documento-apelo
“Herdamos um jardim: não devemos deixar um
deserto para os nossos filhos”. Parte-se desta imagem simbólica para o
compromisso concreto, unindo “o conhecimento da ciência e a sabedoria das
religiões” para pedir à Comunidade internacional que “tome medidas rápidas,
responsáveis e compartilhadas para salvaguardar, restabelecer e curar a nossa
humanidade ferida e a Casa confiada aos nossos cuidados”, devendo todos os governos adotar uma trajetória que limite
o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Nos termos
do predito documento, olha-se para o futuro e para as novas gerações que “não
nos perdoarão se perdermos a oportunidade de proteger a nossa Casa comum”, mas
deve-se agir no presente, que “é o momento de tomar ‘medidas transformadoras’
como resposta comum”, pois são urgentes os “desafios sem precedentes que
ameaçam nossa bela Casa comum”, todos ligados a “uma crise de valores, de ética
e de espiritualidade”. E os subscritores acordam:
“As nossas crenças e
espiritualidades ensinam o dever de cuidar da família humana e do ambiente em
que se vive. Somos profundamente interdependentes uns dos outros e do mundo
natural. Não somos donos ilimitados do nosso planeta e dos seus recursos.”.
É “obrigação
moral” cooperar na cura do planeta e ser “guardiães do ambiente natural com a
vocação de cuidar dele” – o que se deve fazer trabalhando a longo prazo, com
esperança e coragem e mudando “a narrativa do desenvolvimento”, pois “as mudanças
climáticas são uma ameaça grave”, dizem os signatários, que imploram as
nações com maior responsabilidade e capacidade de “fornecerem apoio financeiro
substancial aos países vulneráveis e acordarem novas metas que lhes permitam
tornar-se resistentes ao clima, adaptar-se às mudanças climáticas e
enfrentá-las”, visto que “os direitos
dos povos indígenas e das comunidades locais devem receber uma atenção especial”.
Em conformidade com isto, os signatários declararam que os governos são
chamados a adotar “práticas de uso sustentável da terra que respeitem as
culturas locais” e a promover “estilos de vida e modelos de consumo e
produção sustentáveis”, devendo considerar-se plenamente os efeitos da
força de trabalho desta transição” e devendo as instituições financeiras,
bancos e investidores adotar um financiamento responsável e as organizações da
sociedade civil enfrentar estes desafios em espírito de parceria. E foi feita a
promessa dum compromisso conjunto das diferentes religiões de aprofundarem os
esforços para provocar ‘uma mudança de coração’ entre os
membros das suas tradições na forma como se relacionam com a Terra e com as outras
pessoas, bem como o de encorajar as respetivas “instituições educacionais e
culturais a fortalecer e priorizar a educação ecológica integral”, participando
ativamente no discurso público sobre as questões ambientais e envolvendo congregações
e instituições na construção de “comunidades sustentáveis, resilientes e
justas”.
O evento de
que resultou o sobredito documento-apelo ficou marcado pela respetiva assinatura,
pela oração silenciosa (cada qual segundo o seu credo), pelos discursos do Cardeal Parolin, de uma jovem
participante da Youth4Climate de Milão e dos 22 representantes das religiões da
Terra, ali presentes. No fim, os circunstantes visualizaram e ouviram as
videomensagens dos participantes que não puderam comparecer.
***
Os gestos e
os discursos
São 4 os
gestos e momentos que resumem este evento histórico: a caneta para assinar o
apelo sobre o qual vêm trabalhando desde o início do ano, o silêncio para rezarem
juntos, mantendo no coração os pobres, os primeiros a serem lesados pelas
mudanças climáticas, a voz para reiterar o compromisso de salvar a Terra e a
mão para derramar um copo de terra no vaso de uma jovem oliveira plantada nos
Jardins Vaticanos. O encontro, apresentado pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa
Sé, Matteo Bruni, abriu com a leitura do resumo do apelo, enquanto os líderes
presentes e os representantes dos que não puderam comparecer assinaram o apelo.
Após a última assinatura, a do Papa, Bruni convidou os participantes a um
momento de oração silenciosa “levando no coração sobretudo os mais pobres e marginalizados,
os que primeiro e de maneira mais forte sofrem os danos causados pelas mudanças
climáticas”.
Depois, o
Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, saudou os participantes
vincando que, enquanto seres humanos, “somos interpelados por vários modos como
estamos a interagir dentro na Casa comum em relação à criação e ao próximo”. O
purpurado frisou que “a ciência denunciou o perigo da trajetória do caminho que
a humanidade está tomando” e que não faltam apelos a pedir uma mudança de rumo
urgente ante esses fracassos que testemunham uma perda de valores. Nós, líderes
religiosos, concluiu, “arautos da consciência moral da humanidade, temos a
tarefa de favorecer esta mudança de rumo e fazer reflorescer os muitos desertos
que se encontram no caminho da humanidade”.
Federica
Gasbarro (da COP dos
jovens) expôs a perspetiva dos jovens e as suas
expectativas para o futuro, falando de 4 prioridades identificadas pelos 2
jovens delegados para cada país membro da conferência: apoio económico aos
países vulneráveis, “porque não podem enfrentar sozinhos as catástrofes do
aquecimento global e não podem iniciar a transição energética porque não têm
energia; compromisso de alcançar zero emissões de gás até 2030; educação
escolar sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas; e necessidade de “dar aos
jovens outras oportunidades para que possam participar ativamente do processo
de tomada de decisões”.
Após breve
intervenção do Papa, convidando as pessoas a ler o seu discurso para deixar
espaço para todos os testemunhos, o presidente da COP26, o parlamentar
britânico de origem indiana Alok Sharma, ao receber o apelo de Francisco,
enfatizou que “este é um apelo muito forte à ação para o mundo inteiro”. Ao seu
lado, o Ministro das Relações Exteriores italiano Luigi Di Maio sublinhou que “a
contribuição dos líderes religiosos é crucial”, tal como “a participação dos
jovens é essencial, quando falamos do nosso e do seu futuro”. Di Maio falou da
importância da “diplomacia climática” para garantir a paz, pois o aquecimento
global é um multiplicador de riscos, focalizando o Sahel, “a região que aquece
20 vezes mais”. E salientou que a cúpula de chefes de Estado e de governo do
G20 a que a Itália presidirá em Roma nos dias 30 a 31 de outubro poderá dar uma
contribuição importante para a Cop26.
O primeiro
dos líderes religiosos a tomar a palavra para um breve discurso, foi o Grão
Imame da Universidade Al-Azhar, no Cairo, Al-Tayyeb, que assinou com o Papa o
Documento de Abu Dhabi sobre a Fraternidade Humana. Resumiu em três pontos a
abordagem do Islão sobre o ambiente: a religião de Maomé também atribui consciência
aos animais e plantas, “elementos vivos que glorificam a Deus na sua linguagem,
que nós humanos não podemos compreender”; a história da Criação no Alcorão
“frisa que Deus destinou a Terra ao primeiro homem como seu servidor e o
advertiu contra corrompê-la”; e “Deus encarregou os profetas de lembrarem aos
humanos o dever de não corromperem a Terra”. Portanto, é claro, que “Deus
confiou a Terra ao homem e lhe pediu que se relacionasse com animais e plantas
de amigo para amigo”. Por fim, pediu aos jovens muçulmanos “que denunciem
qualquer atividade que corrompa o ambiente” e exortou os seus irmãos religiosos
“a assumirem a sua responsabilidade nesta crise, exercendo a sua influência espiritual
nos que tomam decisões políticas, construtores e líderes empresariais, para
torná-los conscientes dos riscos da corrupção ambiental”.
O Patriarca
Ecuménico de Constantinopla Bartolomeu I acentuou que a assinatura do apelo “é
um gesto simbólico de grande força, porque é o resultado dum diálogo e dum
apelo para continuar” – diálogo entre todas as religiões do mundo e os fiéis
para preservar a criação doada por Deus, porque “as gerações futuras merecem
herdar um mundo melhor e mais limpo”; diálogo entre fé e ciência, que tem sido
fortalecido nos últimos meses; e “diálogo entre as criaturas e o nosso Criador,
de modo que, como nós cristãos rezamos no Pai-Nosso, a vontade de Deus possa
ser feita no céu como na terra”. Precisamos deste diálogo “para respirar com
simplicidade e amar-nos uns aos outros com simplicidade”.
O rabino
Noam Marans, do Comité Judaico Internacional para Consultas Inter-Religiosas,
reiterou como os líderes estão “unidos na preocupação pela Terra que Deus nos
confiou, como vem escrito na Torá, para trabalhá-la e protegê-la”. E, se está
escrito no Talmud que “salvar uma vida é como salvar o mundo inteiro, se
conseguirmos salvar o mundo, salvaremos muitas vidas criadas à imagem de Deus”.
Assim, pedimos aos líderes políticos que “ajam e façam o que devem para
preservar a nossa Casa comum”.
O Arcebispo
de Cantuária, Justin Welby, Primaz da Igreja Anglicana, deixou claro que é indispensável
“uma peregrinação em direção a uma economia limpa que reduz as emissões de
carbono e aumenta o uso de fontes renováveis” e que uma economia verde global deve
ser apoiada através de novas taxas que penalizem os que não a seguem. Depois,
afirmou que é essencial uma verdadeira parceria com os países do hemisfério sul,
não só para evitar os danos causados pelo aquecimento global, mas também para
dar a esses países o ensejo de cooperarem com o Ocidente mais desenvolvido
“como motores de mudança”. E enfatizou que, neste último século, “declarámos
guerra à criação, que esta guerra afeta, antes de tudo, os mais pobres entre
nós” e que “o mundo tem pouco tempo para fazer o que é certo”.
Destacam-se
ainda breves intervenções como a do diretor do gabinete europeu do “Soto Zen
Budista”, Shoten Mineghisi, que frisou estar “profundamente consciente do facto
de que tudo está interligado: se fizermos ações concretas no nosso quotidiano,
o mundo inteiro pode mudar”. Enfatizou a importância de “uma vida simples, que
siga a tradição e dependa o máximo possível da reciclagem”, pois a verdadeira
riqueza da vida “não é material, mas espiritual, para chegar a uma linha de
vida em harmonia com todos os seres vivos”. Também o metropolita Hilarion,
representante do patriarca de Moscou Kirill, referiu que a Igreja Ortodoxa
Russa “promove um sentido de responsabilidade compartilhada para com a criação
de Deus”. E o seu desejo é que este apelo “seja um novo começo para as nossas
comunidades e para todo o mundo ”, pois “é necessária uma conversão do
coração”, já que “a destruição ecológica foi provocada pelo desejo de
enriquecimento injusto de uns em detrimento de outros”.
Por seu
turno, no seu discurso escrito entregue aos participantes, o Papa assegura que
“tudo está interligado, tudo no mundo está intimamente conexo”: ciência e fé,
homem e criação, pelo que urgem comportamentos e ações modelados na ‘interdependência’
e ‘corresponsabilidade’
e, sobretudo, no ‘respeito recíproco’, a fim de combater aquelas ‘sementes
de conflito’ tais como “ganância, indiferença, ignorância, medo e
violência, que causam feridas tanto no ser humano como no meio ambiente”. E o
Pontífice aponta:
“O encontro de hoje, que une muitas culturas
e espiritualidades num espírito de fraternidade, reforça a consciência de que
somos membros de uma única família humana: cada um de nós tem a sua própria fé
e tradição espiritual, mas não existem fronteiras e barreiras culturais,
políticas ou sociais que nos permitam isolar-nos”.
Depois,
indica três conceitos-chave para refletir sobre esta colaboração recíproca: “o olhar de interdependência e partilha,
o motor do amor e a vocação ao respeito”.
Francisco
partiu do conceito de “harmonia divina” presente no mundo natural, o que
demonstra que “nenhuma criatura é suficiente a si mesma” e que “cada uma existe
apenas na dependência das outras, para se completarem mutuamente, e a serviço
umas das outras”: plantas, águas, seres vivos são guiados por uma lei impressa neles
por Deus para o bem de toda a criação”. Porém,
reconhecer que o mundo está interconectado postula compreender as consequências
nefastas das nossas ações e, sobretudo, identificar comportamentos e soluções
que devem ser adotados com olhos abertos para a ‘interdependência e a partilha’, pois “não podemos
agir sozinhos”.
Depois, o
Pontífice enfatiza que é fundamental “o compromisso de cada pessoa de cuidar
dos outros e do meio ambiente”, compromisso que “leva a uma mudança urgente de
rumo” e que deve ser alimentado pela “fé e espiritualidade”, compromisso que
deve ser continuamente incentivado pelo motor do amor, pois, “do fundo de cada
coração, o ‘amor’ cria laços e amplia a existência quando faz a pessoa sair
de si mesma em direção ao outro”. Esta “força propulsora do amor”, que não é
posta em movimento de uma vez por todas, tem ser reavivada a cada dia”, podendo
as religiões e tradições espirituais dar grande contributo para isto. E o Papa
vinca:
“O amor é o espelho duma vida
espiritual intensamente vivida. Um amor que se estende a todos, além das
fronteiras culturais, políticas e sociais; um amor que se integra também e
sobretudo em benefício dos últimos, que são muitas vezes aqueles que nos
ensinam a superar as barreiras do egoísmo e a derrubar as paredes do ‘eu’.”.
Para
Francisco, este é um desafio que leva a enfrentar a necessidade de combater a
cultura do descarte, que parece prevalecer na sociedade e se acomoda no que o
Apelo Conjunto chama de ‘sementes de conflito’, com as manifestações acima
enunciadas, que originam “as feridas graves” que infligimos ao meio ambiente:
mudanças climáticas, desertificação, poluição, perda de biodiversidade –
feridas que, diz o Papa, citando a “Caritas
in Veritate”, levam à “rutura da aliança entre o ser humano e o
ambiente que deve espelhar o amor criativo de Deus, do qual viemos e para o
qual caminhamos”. E o Papa indica, por um lado “exemplo e ação”, e, por outro, “educação”
como os dois planos para enfrentar este desafio que tem “o sabor da esperança”,
dado que “a humanidade nunca teve tantos meios para atingir este objetivo como
hoje”. Por isso exorta ao “respeito”: pela criação, pelo
próximo, por si e pelo Criador, mas também respeito recíproco entre fé e
ciência, a fim de se entrar num diálogo entre elas rumo ao cuidado com a
natureza, à defesa dos pobres, à construção duma rede de respeito e
fraternidade.
“O respeito”,
vinca o Pontífice, “não é mero reconhecimento abstrato e passivo do outro”, mas
ação “empática e ativa” destinada a “querer conhecer o outro e entrar em
diálogo com ele a fim de caminharem juntos neste caminho comum”.
Enfim,
segundo o Papa, estamos embarcados numa viagem que levará à COP 26 em Glasgow
que “é urgentemente chamada a oferecer respostas eficazes à crise ecológica sem
precedentes e à crise de valores em que vivemos”, oferecendo “esperança
concreta às gerações futuras”.
***
O balanço
feito pelo presidente da Pontifícia Academia das Ciências Sociais
Um dia após
o encontro “Fé e Ciência. Rumo à Cop 26”,
a iniciativa foi classificada de “extraordinária”, podendo, na esteira da “Laudato si”, fornecer indicações
importantes.
O professor
Stefano Zamagni, economista e presidente da Pontifícia Academia das Ciências
Sociais, disse que reunir na Sala das Bênçãos 35 representantes de todas as
principais religiões mundiais e cientistas, bem como representantes de
associações, especialmente associações juvenis, não é algo que acontece com frequência.
Produziu-se um documento em que se reconhece que a situação se tornou
incontrolável, à beira do abismo e que é preciso começar a passar do “factum” ao “faciendum” (passar das palavras aos atos). Até agora, tem-se dado muita atenção ao fenómeno da
degradação ambiental em todas as suas manifestações, e era preciso, mas devemos
passar a fazer diferente, pois o risco de cair numa espiral retórica é bastante
alto.
As coisas
que precisam de ser feitas são possíveis, estão ao nosso alcance e são as que
todos já conhecem, mas em torno das quais ainda não há unanimidade, pois a “transição
verde”, a descarbonização, a redução da temperatura, etc. põem problemas tecnicamente
“transversais”, sendo inevitável que, nesta transição, alguns grupos sociais
percam muito e outros ganhem. Por isso, propôs a criação dum fundo
internacional cuja função será receber contribuições dos que beneficiam da
transição verde e, depois, transferi-las para os que forem prejudicados. Se não
tivermos coragem de fazer estas coisas, não haverá nada a fazer, já que países
como China, Austrália, Índia e África do Sul dizem que, sem ajuda, não se
considerarão comprometidos nesta luta implacável contra a degradação ambiental.
Entretanto, em termos culturais também há que mudar, o que significa que isto
deve ser explicado às crianças desde muito cedo para mudarmos de estilo de
vida. Por fim, o terceiro aspeto atinge o sistema financeiro internacional,
porque não podemos continuar com um sistema financeiro que vaza de todos os lados.
Há que tomar atitudes fortes, por exemplo, acabar com os paraísos fiscais, que há
35 anos não existiam.
***
Haja vontade
e coragem!
2021.10.05 – Louro de Carvalho
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