Passou, a 18
de junho passado, a efeméride enunciada em epígrafe. O nome da batalha – já que
não será líquido falar de vitória, quando caíram milhares e milhares de cada um
dos lados – que ficou para a memória histórica é Waterloo. No entanto, é curioso notar anedoticamente que, mesmo no
termo da batalha, os dois protagonistas vitoriosos tinham ideias diferentes
sobre o nome a atribuir-lhe: Blücher queria
chamar-lhe de Belle Aliance – nome da fazenda que fora o
quartel-general de Napoleão durante a batalha; Wellesley, porém, teve outra ideia, influenciada por uma de
suas manias, que era batizar combates com o nome do lugar onde ele dormira na
noite anterior, neste caso, uma vila a cerca de dois quilómetros dali,
conhecida por Waterloo.
Antecedentes
Napoleão
Bonaparte (1769-1821) tornou-se o general mais jovem do
mundo, graças ao mérito de que deu provas como oficial de artilharia no
conflito que opunha a França revolucionária e a Inglaterra. Aos 30 anos, depois
de ganhar expedições a Itália e ao Egito, tomou o poder em França por meio de
golpe de Estado e decretou o fim da revolução. Pouco mais de 10 anos depois, autocoroava-se
imperador e dominou de Lisboa a Moscovo. Porém, as derrotas que os seus
generais acabariam por sofrer em Portugal e Espanha foram a premonição da
queda.
Forçado a
retirar de Moscovo mercê do incêndio ateado pelos próprios habitantes, Napoleão
viu-se obrigado a fazer o caminho de regresso até às fronteiras da Rússia, mais
propriamente junto ao rio Beresina, flagelado pelos cossacos e camponeses e
pelo “general Inverno”.
Enfrentando
as principais potências continentais, apoiadas pela Inglaterra, perdeu a
batalha de Leipzig, em 1813, e, no
ano seguinte, aguentou a campanha de França, travando uma série de combates
defensivos, que apenas induziram o retardamento da derrota. E, apesar do valor
do seu exército, não logrou evitar a humilhação de ver os cossacos acampados em
Paris. Pressionado pelos seus marechais, abdicou em Fontainebleau, em abril de 1814, e partiu para o exílio para a pequena
ilha de Elba, no Mediterrâneo.
Entretanto,
informado do descontentamento dos franceses com o rei Luís XVIII, resolveu
desembarcar com apenas 50 homens da Guarda Imperial (alguns referem 700) e atravessou a França. Porém, os
militares que o rei enviava para deter o exilado, passavam para o lado de
Napoleão engrossando as hostes, o que levou a que o soberano que ocupava o
trono tenha fugido de Paris, poucas horas antes da entrada triunfal de
Bonaparte, cujo império, ora reeditado, durou uns magros 100 dias.
Os últimos dias de março de 1815 foram azedos para os
diplomatas reunidos em Viena.
Ali, representantes do Império Russo,
Reino da Prússia, Império Austríaco, Suécia
Reino Unido e várias nações e reinos menores tentavam, havia meses,
redesenhar o mapa político da Europa, reinstaurando as monarquias e os
territórios que existiam antes do furacão napoleónico. Porém, a ilusão de que o
general corso estava liquidado acabou quando souberam que ele não só havia
retornado do exílio de Elba, como no
dia 20 de março fora recebido em apoteose em Paris.
Os aliados mal podiam acreditar. Napoleão Bonaparte, dez meses antes, em 11 de
abril de 1814, fora derrotado por uma coligação militar de mais de 500 mil
soldados de várias nações europeias, que se sublevaram contra o domínio francês
após a desastrosa campanha da Rússia,
em 1812. Vitoriosos e fartos do império napoleónico, os aliados tinham colocado Luís XVIII no trono francês e enviado Bonaparte para o exílio.
Ora, depois
do regresso de Napoleão ao poder em 1815, muitos dos Estados que se tinham
oposto ao Imperador formaram a VII Coligação, dando início à mobilização dos
seus exércitos.
A batalha
A Batalha de Waterloo constituiu um confronto militar com ápice ocorrido
a 18 de junho de 1815 perto de Waterloo, na Bélgica atual (então parte integrante do Reino Unido dos Países Baixos). Um exército do I Império Francês, sob o comando do
Imperador Napoleão (73000 homens), sofreu pesada humilhação da parte
dos exércitos da VII Coligação, que
incluía uma força britânica, comandada
pelo Duque
de Wellington, e uma força prussiana,
sob o comando do marechal de campo Gebhard Lebberecht von Blücher (118000 homens). Este confronto marcou o fim dos Cem Dias de império recauchutado e
foi a última batalha de Napoleão, que determinou o fim seu governo como
Imperador.
Concentraram-se
perto da fronteira nordeste de França duas forças militares de enorme dimensão
sob o comando conjunto de Wellington
e de Blücher. Napoleão decidiu-se
pelo ataque, esperançado em as destruir antes que iniciassem uma invasão
coordenada à França, juntamente com outros membros da VII Coligação. O confronto
decisivo da campanha de 3 dias – 16 a 19 de junho de 1815 – teve lugar a cerca
de 1,6 Km de Waterloo, atualmente em
território belga, e constituiu para Wellington a batalha mais renhida a que
assistiu na sua vida.
A fim de que
o terreno secasse, Napoleão atrasou o início da operação até ao meio-dia. O
exército de Wellington, posicionado
ao longo da estrada de Bruxelas, na escarpa do Mont Saint-Jean,
resistiu aos múltiplos ataques franceses até que, no fim do dia, os prussianos
chegaram em força e penetraram no flanco direito napoleónico. Entretanto, as
tropas de Wellington contra-atacaram
provocando o caos no campo de batalha das tropas francesas. Depois, as forças
da coligação entraram em França repondo Luís
XVIII no trono francês. Napoleão abdicou, rendeu-se aos britânicos
e, a 22 de junho, foi exilado na ilha de
Santa Helena, onde morreu em 1821.
No local da
batalha pode ver-se hoje um enorme monumento designado por Butte du Lion (Monte do Leão) formado por terra trazida do
terreno da batalha.
***
Napoleão, a 15 de junho, invadiu a Bélgica. O escopo era
bater separadamente os exércitos inimigos antes que eles se reunissem. As
tropas que defrontou eram formadas por prussianos, ingleses, belgas,
neerlandeses e alemães, instalados na Bélgica. Napoleão tentara batê-los para
forçar um armistício com os
outros reinos, que estavam com seus exércitos mais distantes da França. Porém,
isso afigurava-se difícil, já que o exército anglo-batavo-alemão contava com 93
mil homens, sob o comando de Wellington, e o prussiano tinha 117 mil homens,
comandados por Blücher,
velha raposa de guerra. Mesmo em desvantagem numérica, Bonaparte tinha de
atacar. Dentro de um mês, o exército austríaco de 210 mil homens, outro russo
de 150 mil e um outro grupo austro-italiano de 75 mil invadiriam a França a
norte e a sul.
Quando
iniciou a invasão, ainda não se haviam juntado ao exército prussiano as tropas
inglesas, prussianas e russas. Napoleão começou por bater os prussianos
estacionados à sua direita em Ligny e mandou o marechal Michel
Ney com 24 mil homens, para Quatre-Bras a barrar
eventual tentativa de os ingleses ajudarem os aliados. A 16 de junho de 1815, Napoleão
encarou o velho Blücher. Na convicção
de que os franceses correriam atrás do osso, o prussiano entrincheirou seus
homens em fazendas perto de Ligny e
aguardou. Ao fim da tarde, a Guarda
Imperial napoleónica rebentou o centro prussiano, decidindo a batalha. Blücher procedeu ao contra-ataque com a
cavalaria e os prussianos conseguiram recuar em ordem na escuridão.
No termo do
embate, os prussianos sofreram 22 mil baixas, contra as 11 mil francesas. Não
obstante, Blücher evitou a derrota,
mas Napoleão conseguiu o objetivo: afastar os prussianos para bater os
ingleses. E, para evitar que os prussianos se juntassem aos ingleses, Napoleão entregou
30 mil homens ao general Emmanuel de Grouchy para que
perseguisse os prussianos.
A 17 de junho, o duque de Wellington aproveitou a chuva forte que caiu sobre a região para
levar o exército a posição mais segura, o monte Saint-Jean,
aonde os franceses chegaram ao fim do dia. Mesmo sob tempestade, Bonaparte foi
pessoalmente verificar as condições do campo durante a noite e reconheceu ter a
chance com que sonhara. Como os prussianos, acossados por Grouchy, estavam em retirada, só lhe restava ter bom desempenho
contra os ingleses no dia seguinte e mostrar à Europa que a França estava viva.
Pela manhã, com
tempo melhorado, Wellington dispunha
de 67 mil homens (23 mil
ingleses e 44 mil aliados, vindos da Bélgica,
dos Países Baixos e de pequenos estados alemães), apoiados por 160 canhões. Os franceses contavam com 74
mil homens e 250 canhões. Wellington posicionou as suas
tropas ao longo da elevação de Saint Jean.
A ala direita concentrava-se em torno da fazenda de Hougomount. No centro, logo abaixo da colina, outra fazenda, La Haye Sainte, estava ocupada por King’s
German Legion (Hanover). À esquerda, posicionavam-se tropas aliadas em torno
de uma terceira fazenda, a Papelotte.
Wellesley assumiu postura defensiva, em
parte, porque o seu exército não era dos melhores e, em parte, porque para ele
quanto mais tempo demorasse a batalha, maiores seriam as chances de o reforço
prussiano chegar. A violenta tempestade noturna fez com que Napoleão, contra o
que desejava, adiasse o ataque previsto para a noite de 17 de junho para o
meio-dia do dia 18, a fim de aguardar que o solo secasse, já que a chuva
transformara o campo de batalha num lamaçal. Por isso, iniciou o ataque contra Arthur Wellesley pelas 11 horas da
manhã, quando o solo ficou mais seco, visando fazer com que o inglês
desperdiçasse tropas ali, e depois atacar no centro. O ataque a Hougomount, com fogo de canhões, durou
meia hora. O lugar era protegido por duas companhias inglesas, que não somavam
mais de 3,5 mil homens, mas, tendo recebido o reforço de mais de 10 mil
franceses, não cederam. O que fora pensado para ser um blefe tragou em todo o dia muitos dos recursos franceses. E, não
caindo na armadilha, mantinha as melhores tropas no centro, perto da fazenda de
La Haye Sainte.
Napoleão decidiu então que era a hora de atacar o
centro da linha inglesa. Pelas 12,30 horas, o marechal Ney, seu braço direito, posicionou 74 canhões contra a estratégica
fazenda. Bonaparte faria agora o que sempre comandava com eficiência: fazer explodir
o centro adversário. Porém, pressentindo o perigo, Wellesley ordenou às tropas posicionadas no alto de Saint Jean que se jogassem ao chão para
diminuir os danos, o que nem todos conseguiram. E as tropas belgo-neerlandesas
do general Bilandt, que permaneceram
na encosta desprotegida do monte, foram massacradas. Mal os canhões se calaram,
foi a vez de os tambores da infantaria francesa iniciarem o seu rufar. Marchando em colunas, os 17 mil homens do
corpo comandado pelo general D’ Erlon atacaram pelas 13
horas. O objetivo era conquistar a fazenda de La Haye Sainte, ponto vital do centro inglês. Outro contingente aproximava-se
e pressionava a ala esquerda dos britânicos. Napoleão, declarando agora as suas
verdadeiras intenções, partia para o ataque frontal. Acossadas pela infantaria
francesa, as tropas inglesas perderam Papellote
e deixaram vulnerável a ala esquerda. E as tropas alemãs da Legião do Rei,
responsáveis pela guarda de La Haye
Sainte, no centro, ameaçavam sucumbir. Então, Wellesley, na ala esquerda, ordenou que o príncipe alemão Bernhardt de Saxe-Weimar retomasse Papelotte, o que foi obtido com sucesso. Para conter o ataque da
infantaria napoleónica no centro, acionou a 5.ª Brigada, veterana da guerra na
Espanha. Fuziladas a curta distância, as tropas de Napoleão retrocederam, não
sem antes deixarem o general Picton morto no campo com uma
bala na cabeça. Ao ver o recuo dos franceses, Wellesley viu a chance de liquidar a batalha. Acionou a cavalaria
num contra-ataque ao centro. As brigadas Household,
Union e Vivian criaram a desordem entre os franceses, embora por pouco
tempo. Junto à linha de canhões inimiga, a cavalaria inglesa foi surpreendida
por contragolpe mortal. A cavalaria pesada francesa, com seus Courassiers (couraceiros), apoiados pelos Lanciers (cavalaria leve), atacou os ingleses. O general Ponsonby,
chefe da brigada Union, morreu junto
da sua unidade aniquilada. Napoleão continha agora os ingleses.
Pelas 15
horas, a direita de Wellesley
prosseguia a luta sem resultado visível em Hougomount.
Ao centro e à esquerda, os ingleses e os aliados batavos e alemães haviam mantido
a custo La Haye Sainte e Papelotte. Nessa hora, entretanto,
Bonaparte recebeu uma alarmante notícia: uns 40 mil homens aproximavam-se do
lado direito do exército francês, nas imediações de Papelotte. A princípio, pensou tratar-se da chegada do general Emmanuel
de Grouchy, que encarregara de afastar os prussianos. Logo se lhe
desfizeram as esperanças – Grouchy
falhara. Aquele corpo de exército era a vanguarda do exército prussiano, que
chegava para socorrer o aliado inglês. Napoleão teve de improvisar. A ala
direita, comandada por Lobau, realinhou-se de modo
defensivo para segurar a chegada dos prussianos e dar ao imperador algumas
horas para agir. Entretanto, Bonaparte ordenou ao marechal Ney que,
de uma vez por todas, tomasse La Haye
Sainte e rompesse o centro inglês, assegurando a vitória. Pelas 16 horas, Ney,
com dois batalhões de infantaria, ordenou um ataque coordenado e capturou efetivamente
La Haye Sainte. A artilharia francesa começou então a
atacar os aliados a partir do centro. Mas agora Ney comete um erro fatal de avaliação. No meio da fumaça dos
canhões e da loucura da batalha, supôs que o exército inglês estava a recuar.
Assim, ordenou que a cavalaria partisse no encalço do inimigo. Napoleão achou o
movimento precipitado, mas, já que era Ney
quem encabeçava o ataque, enviou mais cavaleiros para sustentar a carga.
A carga dos Courassiers terminou de forma trágica. A
infantaria inglesa não estava nada a recuar, como supusera Ney. Agruparam-se em quadrados e passaram a fuzilar os cavaleiros
franceses, que não lograram romper as formações defensivas. Nas duas horas
seguintes, Ney procederia, ao menos,
a 12 cargas de cavalaria contra o centro inglês com mais de 5 mil cavaleiros.
E, pelas 17 horas, La Haye Sainte caiu
em mãos francesas, mas os ingleses ainda mantinham o seu centro coeso no alto
do Mont Saint-Jean.
A cavalaria
francesa lançou o assalto final e foi novamente batida. Os ingleses não estavam
em melhor estado, com as suas linhas à beira da rutura. Ney, desta vez corretamente, identificou a oportunidade de vencer e
pediu a Napoleão mais tropas – pedido a que Bonaparte não pode aceder. Neste
momento, o Imperador viu a vitória a escapar. Mais um esforço e Wellesley teria conhecido a derrota.
Nesse momento, os prussianos estavam a esmigalhar a direita do exército francês
e Bonaparte teve de priorizar esse setor para ganhar mais fôlego. Talvez
esperasse ver surgir, a qualquer momento, as tropas de Grouchy.
Com 30 mil homens a mais, poderia ter vencido a batalha. A luta com os
prussianos ia de mal a pior. Dez batalhões da Guarda
Imperial, após um combate feroz contra o dobro de inimigos, haviam
perdido 80% dos seus homens e começavam a recuar. Nesta circunstância, Napoleão
decidiu utilizar a sua última e preciosa reserva – a sua famosa Guarda
Imperial, a elite dos seus veteranos. Enviou dois batalhões contra os
prussianos e, mais uma vez, eles fizeram valer a sua reputação. Quando a Guarda
Imperial entrava em campo, os inimigos tremiam. Até então, ela nunca havia
conhecido derrota em batalha. Os dois batalhões varreram sozinhos 14 batalhões
prussianos, estabilizaram a ala direita e deram ao imperador a chance de lutar
novamente contra Wellesley no centro.
Pelas 19 horas,
Napoleão jogou a última cartada. Enviou contra o centro inglês os últimos 4
batalhões da Velha Guarda na tentativa de quebrar a enfraquecida artilharia de Wellington. Wellesley, neste entrementes, embora quase tenha dado o toque de
retirada, foi beneficiado pela intensa pressão dos prussianos, que diminuíram o
seu front e lhes livraram algumas
unidades.
Nesta ocasião, Blücher
(marechal de campo
prussiano) apareceu com a maior parte das
tropas prussianas, atingindo Napoleão no flanco, e Wellesley ordenou o avanço geral.
Em desespero, o general inglês reuniu tudo o que tinha
e esperou o ataque final entrincheirado no alto de Saint Jean. Enquanto subia o monte, a Guarda Imperial foi assaltada
pelas unidades inglesas, alemãs e holandesas. Foram repelidas uma a uma enquanto
os veteranos de Napoleão continuavam a avançar. A 5.ª Brigada inglesa, do
general Hallket, tentou
pará-los, mas os seus homens fugiram assustados diante do avanço francês.
Apesar de sofrer horríveis baixas e lutar na proporção de l para 3, ninguém
conseguia parar a Velha Guarda. Wellesley
foi salvo, não por suas tropas, mas por um general belga, que durante anos
lutou ao lado de Napoleão, quando a Bélgica era um domínio francês. O
general David Hendrik Chassé, à
testa de 6 batalhões neerlandeses e belgas, lançou-se numa carga feroz de baioneta contra
os franceses. O ataque foi demais, até mesmo para a Guarda Imperial. Sem apoio
e em desvantagem numérica, pela primeira vez os veteranos de Napoleão recuaram.
Logo, os gritos de La Garde recule! (a Guarda recua) ecoaram pelo campo. O centro inglês havia resistido
a despeito de todos os esforços. Pelo lado direito, os 40 mil prussianos
acabaram por esmagar os 20 mil franceses que lhes haviam obstruído o avanço
durante horas. E, num último ato de coragem, 3 batalhões da Velha Guarda
permaneceram em luta para dar ao imperador a chance de fugir. Lutariam até ao
fim. Cercados por prussianos, receberam ordem de rendição. O general Pierre Cambronne teria então afirmado: A
Guarda morre, mas não se rende. Noutro ponto, o marechal Ney, apelidado por Napoleão como o bravo dos bravos, ao ver tudo perdido,
reuniu um grupo de soldados fiéis e empreendeu uma última carga de cavalaria,
gritando: Assim morre um marechal da França!
Napoleão, agarrado por auxiliares, foi retirado à
força do campo de batalha. Seria, depois, posto sob custódia inglesa e enviado
à ilha de Santa Helena, colónia inglesa no Atlântico Sul, onde morreria em
1821.
A batalha custara a ingleses, belgas, neerlandeses e
alemães 15 mil baixas. Os prussianos deixaram no campo 7 mil homens. Os
franceses amargaram 25 mil mortos e feridos, além de 8 mil prisioneiros. Às 21 horas, Arthur Wellesley encontrou-se finalmente com Von
Blücher para o aperto de
mãos. A ameaça napoleónica fora definitivamente vencida.
***
A Bélgica fez jus às comemorações do
bicentenário da batalha que marcou o fim das aspirações imperialistas de
Bonaparte, preparando um diversificado e simbólico programa turístico com a
reconstituição de momentos significativos do evento de Waterloo de que constou
um desfile de vitória do duque de Wellington, acompanhado de 750 soldados
aliados, de regresso pelo centro da cidade ao seu quartel-general após o
triunfo sobre Napoleão.
Porém, mais do que afirmar uma
vitória – já que tombaram milhares e milhares de cada um dos lados da barricada
– impõe-se a reflexão sobre a transitoriedade do poder, mesmo que seja imperial
e o apelo à precaução contra os desentendimentos que, mercê do progresso
técnico, geram conflitos de consequências incalculáveis, a não ser a da hecatombe
de proporções pandémicas. Prosit!
Referências
Duroselle, Jean-Baptiste (1990). História
da Europa. Lisboa: Círculo de Leitores.
Grimberg, Carl; Svanström, Ragnar (1940). História Universal, vol. 15. Mem Martins: Publicações
Europa-América.
Matoso, António G. (1966). Compêndio
de História Universal – 5.º ano. Lisboa: Edições Sá da Costa.
Torres, Ferreira (s/d). História
Universal, vol III. Porto: Ed ASA.
Williams, Hugh (2011). Os 50
grandes acontecimentos da História. Lisboa: Matéria Prima – Edições.
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