quinta-feira, 25 de junho de 2015

Venha a nós o Vosso Reino

Do mesmo modo que solicitamos que seja em nós santificado o Vosso Nome, pedimos que o Reino de Deus se torne presente em nós. Também aqui a oração corresponde à preocupação da fé. Os crentes aguardam que o Reino de Deus se faça realidade e pedem-no. Escutam atentamente Jesus quando Ele proclama: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1,15).
No povo judeu muitos esperavam o começo do Reino de Deus, o seu Reino. Acreditavam que Deus virá, na pessoa do Messias, completar o que eles não podiam fazer por si próprios: vencer os inimigos do seu povo, expulsar os romanos do país, e reinar, desde Jerusalém – o centro do mundo – sobre todas as nações, como um rei poderoso sobre o trono de David. Mas Jesus fala duma outra maneira do Reino de Deus, do seu Reino: conta histórias através de imagens, parábolas. Ele diz: O Reino de Deus é semelhante à semente que o semeador lançou à terra (Mt 13,1-9). É semelhante ao grão de mostarda que se tornou uma árvore (Mt 13,31-32), ao fermento que uma mulher toma e amassa com três medidas de farinha (Mt 13,33), a um tesouro escondido no campo (Mt 13,44).
Jesus diz aos seus discípulos que vivam de tal maneira que os outros vejam através da sua fé, esperança e caridade, que o Reino de Deus está a crescer; que deixem os seus calculismos. E, porque só o Pai conhece o dia e a hora, importa que sejam vigilantes a fim de não faltarem à festa de Deus e vão suplicando: Venha a nós o vosso Reino! Depois, garante que aqueles que sabem ser pobres no seu íntimo perante Deus e aqueles que são perseguidos por amor da justiça possuem o Reino dos Céus (cf Mt 5,3.10).
Esta petição dominical do Reino é feita e atendida na oração de Jesus (cf Jo 17,17-20), presente e eficaz na Eucaristia; ela produz o seu fruto na vida nova segundo as bem-aventuranças (cf Mt 5,13-16; 6, 24; 7,12-13) – cf CIC, 2821.
nuclearidade da pregação do Reino
Com efeito, o tema do Reino torna-se nuclear na pregação de Cristo. Se é certo que, para os judeus do tempo de Jesus, o reino messiânico corresponderia à esperada intervenção divina maravilhosa de índole política (vd Mt 4.3.6.9.20.21; Jo 6,14-15; Ap 1,6), Jesus desenvolve a ideia do Reino de Deus noutras vertentes bem diferentes. O Reino de Deus (Marcos) ou Reino dos Céus (Mateus) tem a primazia na pregação de Jesus (vd Mt 4,23; 9,35; 11,12; 13,31-49; Mc 1,15; Lc 1,33; 12,31; 16,16; 17,20; Jo 12,13-15; 18,36). Jesus apresenta a sua ação na linha do reinado messiânico escatológico anunciado pelos profetas – que não conforme à ideia que os seus contemporâneos tinham formado (Is 35,5-6; 61,1-3; Mt 4,23; 12,28; Lc 7,21-22). Os apóstolos proclamam o Evangelho do Reino (Mt 10,7) dado a conhecer somente aos humildes (Mt 11,25) e, depois do Pentecostes, o Reino é tema central da pregação apostólica (At 14,22; 19,8;20,25; 28,23-31; 1Ts 2,12). O Reino de Deus, dom de Deus (Mt 5,3; 13,44-50; 18,1-4; 20,1-16; 1Cor 6,9; Gl 5,21; Ef 5,5) é com o fermento na massa (Mt 13,33; Lc 13,20-21) e como a semente (Mt 13,1-52; 9,18-23), crescerá pelo seu próprio poder como o grão (Mc 4,26-29). Converter-se-á numa grande árvore (Mt 13,31-33; Mc 4,31-32). E estará em crescimento até à Parusia (Mt 6,10; 9,37-38; 11,12-19; 13,25-34.44-52; Mc 2,19; Lc 21,31; 32,14-26; Jo 2,1-11;4,35; At 1,9-11).
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Porque e quando é que Deus não reina? Evidentemente que é porque e quando não fazemos a vontade do Pai.
E quando para Ele começou o reino que sempre existiu e nunca deixará de ser? É óbvio que existe desde o princípio do mundo, mas explicitamente quando Jesus o apresenta e o adquire pela sua Paixão. Por isso e porque ele é dom temos que o pedir e assumir como nosso. Pedimos a vinda do nosso reino, prometido por Deus e adquirido pelo sangue e paixão de Cristo, a fim de que nós, que fomos outrora escravos do mundo, reinemos depois, conforme Ele nos anunciou, pelo Cristo glorioso, ao dizer: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a origem do mundo (Mt 25,34).
Pode-se igualmente entender que o próprio Cristo é o reino de Deus, cuja vinda pedimos todos os dias. Estamos ansiosos por ver esta vinda o mais depressa possível. Sendo Ele a ressurreição, Nele ressurgimos e assim se pode pensar que Ele é o reino de Deus e Nele reinaremos. Pedimos, é claro, o reino de Deus, o reino celeste, já que há um reino terrestre a ele oposto, mas em que ele se realiza. Ora, quem já renunciou ao mundo está acima desse reino terrestre e das suas honrarias.
Como o reino somente se realiza se for plenamente cumprida a vontade do Pai, nós rezamos: Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. Não o rezamos para que Deus faça o que quer, mas para que possamos fazer o que Deus quer, pois ninguém impedirá Deus de fazer tudo quanto Ele quiser. Mas, porque o diabo se opõe a que nossa vontade e ações em tudo obedeçam a Deus, oramos e pedimos que se faça em nós a vontade de Deus e a sua obra. Tudo isto resultará do seu auxílio e proteção, porque ninguém é forte por suas próprias forças, mas é a indulgência e a misericórdia de Deus que o protegem. Finalmente, manifestando a fraqueza de homem, diz o Senhor: Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice e, dando aos discípulos o exemplo de renunciar à própria vontade e de aceitar a de Deus, acrescentou: Contudo não o que eu quero, mas o que tu queres (Mt 26,39).
A vida humilde, a fidelidade inabalável, a modéstia nas palavras, a justiça nas ações, a misericórdia nas obras, a disciplina nos costumes; não fazer injúrias; tolerar as injúrias recebidas; manter a paz com os irmãos; amar a Deus de todo o coração; amá-Lo por ser Pai; temê-Lo por ser Deus; nada absolutamente antepor a Cristo, pois também Ele não antepôs coisa alguma a nós; aderir inseparavelmente à Sua caridade; estar ao pé da Sua cruz com coragem e confiança; tratando-se da luta pelo Seu nome e honra, mostrar firmeza ao confessá-Lo por palavras; no interrogatório, manter a confiança Naquele por quem combatemos; e, na morte, conservar a paciência que nos coroará – tudo isto é querer ser coerdeiro de Cristo, é cumprir o preceito de Deus, é realizar a vontade do Pai. – cf Tratado sobre a Oração do Senhor, de São Cipriano, Bispo e Mártir (Nn. 13-15: CSEL 3, 275-278, séc. III); e Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Petrópolis, 1985, pgs1289-1295).
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Deus reina em todo o lugar aonde trouxe a salvação definitiva. O seu Reino chegou a toda a parte onde os homens conheceram e acolheram a Deus pela palavra de Jesus. Ali, ela pode atuar sem ser mal interpretada. Os crentes já não veem Deus apenas cingido dos direitos de poder soberano ou como o salvador mais poderoso que os outros, mas também O reconhecem nas humilhações de Seu Filho e no amor que os une. Desta verdade primordial, própria de Evangelho brotam o amor e a misericórdia – fonte da única Salvação e do poder no verdadeiro sentido. E, com a passagem do tempo, vamos desfrutando de alguns frutos do Reino de Deus, que, embora ainda não consumado, já começou. Os filhos de Deus, reconciliados neste Reino, tornam-se fermento evangélico na sociedade. Assim, toda a realidade do homem – com seus projetos, trabalhos e construções económicas e políticas – se encaminha para uma meta comum: tudo e todos hão de voltar para o Pai.
Compete-nos trabalhar empenhadamente para venha o Reino de justiça e de verdade, de paz e amor, mas este Reino não está sujeito à nossa ao ou má vontade, à nossa indiferença ou entusiasmo. O Reino de Deus virá connosco ou sem nós, porque na realidade ele está mesmo entre nós. Resta-nos fazê-lo nosso. (cf La Biblia latinoamerica, 1995, San Pablo:nota a Mt 6,9).
O sentido do Reino
O pedido para que o Reino de Deus venha é geralmente interpretado como uma referência à crença, comum na época, de que a figura do Messias traria o Reino de Deus. Tradicionalmente, a vinda do Reino de Deus é vista como um dom divino recebido na oração e não uma conquista humana. Esta ideia é muitas vezes contestada por grupos que acreditam que o Reino virá pelas mãos dos fiéis que trabalharam por um mundo melhor. Acredita-se, pela convicção destes indivíduos, que a ordem de Jesus para alimentar o faminto e vestir os necessitados é o Reino referido por Ele.
Bíblia do Peregrino (BP), que traduz essa frase como “venha o teu reinado”, observa que: o reinado de Deus é o exercício de seu poder; o pedido da vinda do reinado de Deus é o pedido da sua realização histórica final, descrita nos Salmos (vd Sl 98/97,8-9), e corresponde ao anúncio primordial da boa nova, por obra de João Batista e de Jesus, um período no qual Deus regerá a história dos homens (cf Sl (82/81,8; Sl 98/97,1); tal pedido não é fatalismo nem resignação (cf Mt 7,21; 12,50; 26,42); deve-se pedir a vinda do Reino pois é um processo que se manifestou primeiramente em Jesus e também deve se manifestar em nós.
Tradução Ecuménica da Bíblia (TOB), que traduz essa frase como “faz com que venha o teu Reinado”, observa que: a tradução literal seria, que o teu Reinado venha; pede-se que o Reinado inaugurado por Jesus se manifeste e seja definitivamente reconhecido por toda a terra; em Mateus (Mt 3,2), João Batista havia-se referido a esse Reinado como “Reinado dos Céus”, em conformidade com uma tradição judaica que evitava pronunciar o Nome de Deus; a expressão “Reinado dos Céus” não designa um “reino celeste”, mas o Reino Daquele que está nos céus (cf Mt 5,48; 6,9; 7,21) sobre o mundo; nalgumas passagens do Antigo Testamento também se faz referência ao Reino de Deus, tais como nos Salmos (vg Sl 22,29; 103,19; 145,11-13); a expressão “Reinado de Deus” também é empregada no Evangelho de Mateus (Mt 12,28; 19,24; 21,31; 21,41); alguns manuscritos apresentam essa frase em Lucas (Lc 11,2) como “Faz vir sobre nós o teu Reinado”, outros substituem esse pedido (ou o anterior) por “Faz vir o Teu Espírito sobre nós, e que ele nos purifique”, podendo tal opção decorrer da influência da liturgia do Batismo.
Podemos e devemos dizer do Reino de Deus que ele é inseparável de Jesus, do agora da salvação de Deus, do transbordar da sua graça na história, do rasgar da história aos pobres e infelizes, do bálsamo derramado nos corações quebrantados, da palavra de alento aos que já nada esperam, do aproximar das vidas concretas à possibilidade da salvação de Deus.
Aonde Jesus chegava, chegava o Reino; onde Jesus estava, mostrava-se o Reino de Deus. Quando as pessoas tocavam em Jesus, tocavam o Reino; quando O viam, estavam a ver o Reino. Quando escutavam as parábolas, escutavam a gramática insuspeita do Reino. Jesus viveu a sua vida como a manifestação extraordinária do Reino. O Reino coincidia com a presença de Jesus, e esta vinda de Jesus provocava efeitos extraordinários em muitas vidas.
Gente que se julgava morta, que se acreditava perdida num emaranhado de existência que não conseguia deslindar... passou a encontrar em Jesus Cristo a possibilidade duma vida nova. Por exemplo, Maria Madalena, de quem Jesus retirou sete demónios, esta mulher, rejeitada, perdida de si mesma, encontra-se em Jesus Cristo e reencontra nele o desejo de ser. Os próprios discípulos já sabiam muitas coisas acerca de Deus, mas em Jesus Cristo ouvem o que não sabiam. Sabiam andar de barco no mar da Galileia, mas não sabiam andar sobre as ondas. Sabiam amontoar e repartir o pão, mas não sabiam multiplicá-lo nem sabiam que o pão também pode saciar uma fome interior, uma fome do coração. Dos pecadores, que eram apontados a dedo, dizia-se: “não têm possibilidade de salvação”. Ora, a surpresa com que Zaqueu desceu daquela árvore para acolher Jesus em sua casa, ou aquela com que Levi se levantou do seu posto de cobrança para se tornar discípulo do Senhor – isto é o Reino de Deus presente, é o Reino de Deus atuante, um Reino sem fronteiras, não segundo a lógica dos homens, mas numa torrente do amor divino que vai crescendo, crescendo, como uma maré que quer tocar tudo e todos.
O Reino de Deus já está presente no meio de vós. Não digamos que está aqui ou além. O Reino está presente como uma realidade em si. O Reino depende de Deus e não da nossa tentação de limitar, de criar fronteiras, de separar. Interrogado pelos fariseus sobre quando chegaria o Reino de Deus, Jesus respondeu-lhes: A vinda do Reino de Deus não é observável, não se pode dizer: Ei-lo aqui, ou ei-lo ali. Pois, eis que o Reino de Deus está no meio de vós (Lc 17,20-21).
Este é o grande anúncio de Jesus: O Reino de Deus está no meio de vós! Está dentro de nós, no meio do mundo, no interior da História como semente. É este o maravilhoso tesouro a descobrir. Deus já está presente! E o que precisamos é de nos tornar sensíveis a essa presença. O Reino de Deus é já uma realidade, um fermento. E, se é verdade que o Reino de Deus é também uma realidade escatológica, uma realidade do futuro, uma coisa que a gente já vê, mas que ainda há de chegar na sua plenitude, que neste momento existem sinais, a verdade é que sabendo nós que ele é dom futuro, o Reino de Deus é já uma realidade do hoje da nossa vida. Hoje a nossa vida está envolvida pelo Reino de Deus. O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como (Mc 4,26-27).
Tal como os alquimistas medievos diziam que, sem um pingo de ouro, não se consegue fabricar o ouro, também sem um pingo do Reino de Deus nós não conseguimos construir o Reino de Deus, nem sequer conseguiremos pedi-lo e esperá-lo. O Reino de Deus é, no fundo, a súmula de toda a esperança. É aquela realidade de Deus que se entrosa misteriosamente com as esperanças mais íntimas e fundas, porque no Reino de Deus nós temos a plenitude, a concretização do amor de Deus. Basta-nos o Reino de Deus e tudo o resto é acréscimo. (cf José Tolentino Mendonça, in  Pai nosso que estais na terra, ed. Paulinas,2014).
A assunção do Reino na doutrina do “aqui e agora” da Igreja
No Novo Testamento, a palavra grega basileia e a palavra latina regnum podem traduzir-se por realeza (nome abstrato de estatuto régio), reino (nome concreto) ou reinado (nome abstrato de ação). O Reino de Deus está diante de nós, aproximou-se no Verbo encarnado, foi anunciado através de todo o Evangelho e veio na morte e ressurreição de Cristo. O Reino de Deus vem desde a Ceia de Cristo e, na Eucaristia, está no meio de nós. O Reino virá na glória, quando Cristo o entregar ao Pai:
É mesmo possível [...] que o Reino de Deus signifique o próprio Cristo, a Quem todos os dias desejamos que venha e cuja Vinda queremos que aconteça depressa. Do mesmo modo que Ele é a nossa ressurreição, pois n’Ele ressuscitamos, assim pode ser Ele próprio o Reino de Deus, porque n’Ele reinaremos (cf CIC,2816).

A petição Venha a nós o vosso Reino é o Marana Tha, o clamor do Espírito e da esposa, Vem, Senhor Jesus! (Ap 22,20):  
Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto o dever de pedir a vinda do Reino, teríamos espontaneamente soltado este grito com a pressa de irmos abraçar o objeto de nossas esperanças. As almas dos mártires, sob o altar de Deus, invocam o Senhor a grandes gritos: Até quando, Senhor, até quando tardarás em pedir contas do nosso sangue aos habitantes da terra? (Ap 6,10). Eles devem, com efeito, alcançar justiça, no fim dos tempos. Por isso, clamamos: “Apressa, portanto, Senhor, a vinda do Teu Reino!” (cf CIC 2817).

O Concílio Vaticano II faz abundantes referências ao Reino de Deus e à sua justiça. Sem mais delongas e pormenores, sublinhe-se que a Lumen Gentium lhes dedica todo o n.º 6, reportando-o como mistério, como proximidade, manifestação por palavras e obras na presença de Cristo, corroborada pelos milagres. Acentua, por outro lado, o seu caráter seminal, germinante e frugífero e a sua índole nuclear na missão da Igreja. Também a Gaudium et Spes, no seu n.º 1, apresenta a Igreja que, sentindo-se peregrina a caminho do Pai e almejando a realização do reino de Deus, se propõe dialogar com o mundo nas suas alegrias, dramas e anseios para melhor servir o homem e anunciar o Reino.
Mais sistematicamente, entretanto, se referem ao Reino de Deus, a propósito da Oração dominical o Catecismo da Igreja Católica (CIC) e o seu Compêndio (CCIC), como se dá a entender a seguir, assumindo bem a lex orandi como lex credendi.
Na oração do Senhor, trata-se sobretudo da vinda final do Reino de Deus pelo regresso de Cristo (cf Tt 2,13) – desejo que não distrai a Igreja da sua missão no mundo, antes a empenha nela. Porque, desde o Pentecostes, a vinda do Reino é obra do Espírito do Senhor, para continuar a sua obra no mundo e consumar toda a santificação (cf CIC 2818). O Reino de Deus [...] é justiça, paz e alegria no Espírito (Rm 14,17). Os últimos tempos em que nos encontramos (cf Heb 1,2; Gl 4,4) são os da efusão do Espírito Santo. Trava-se desde então um combate decisivo entre a carne e o Espírito:
Só um coração puro pode dizer com confiança: Venha a nós o vosso Reino. É preciso ter passado pela escola de Paulo para dizer: Que o pecado deixe de reinar no vosso corpo mortal (Rm 6,12). Quem se conserva puro nos seus atos, pensamentos e palavras é que pode dizer a Deus: Venha a nós o vosso Reino! (cf CIC 2819).

Discernindo segundo o Espírito, os cristãos distinguem (distinção, não separação) entre o crescimento do Reino de Deus e o progresso da cultura e da sociedade em que estão inseridos (cf CIC 2819). A vocação do homem para a vida eterna não lhes suprime, antes reforça, o dever de aplicar as energias e os meios recebidos do Criador no serviço da justiça e da paz neste mundo (cf GS,22) – cf CIC,2820.

Em suma, nesta segunda significativa petição do Pai-nosso, a Igreja orante tem em vista principalmente o regresso de Cristo e a vinda final do reinado de Deus, mas reza igualmente pelo crescimento do Reino de Deus no hoje das nossas vidas (cf CIC,2859). Ou seja, quer a Igreja que os homens se preparem para a vinda do Filho de Deus fazendo que o Reino já presente cresça aqui e agora, graças à santificação dos homens no Espírito e graças ao seu empenho ao serviço da justiça e da paz, segundo o código das Bem-aventuranças (cf CCIC, 590). Este pedido é, como se disse, o grito do Espírito e da Esposa: Vem Senhor Jesus (Ap 22,20).

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