quinta-feira, 18 de junho de 2015

Pai nosso, que estais nos céus

Quando Pedro Bernardone, descontente do novo rumo que o filho Francisco (de Assis) estava a dar à sua vida de professo mendicante, o deserdou perante a multidão, Francisco despiu-se totalmente e clamou: “A partir de agora, já não tenho pai na terra; só tenho o ‘Pai nosso’ que está no céu!”. É o clamor da paternidade divina – propalada em toda a Terra – e da qual deriva toda a paternidade. Se Francisco assumiu aquela postura em reação à atitude autoritária do seu senhor pai “burguês”, cedo a interiorizou como testemunha e líder da universal fraternidade. 
Segundo o CIC (Catecismo da Igreja Católica), a assembleia eucarística é convidada, na liturgia romana, a orar a nosso Pai com filial ousadia e, nalgumas liturgias orientais, é colocada ante expressões análogas como “ousar com toda a segurança”, “tornai-nos dignos de…” (vd CIC, 2777). Diante da sarça ardente o Senhor disse a Moisés que não se aproximasse e que tirasse as sandálias (cf Ex 3,5), pois apenas Jesus podia franquear este umbral da santidade divina. É Ele que, tendo realizado a purificação dos pecados (cf Heb 1,3), nos coloca ante a face do Pai: Eis-me, a mim e aos filhos que Deus Me deu! (Heb 2,13):
“A consciência que temos da nossa situação de escravos far-nos-ia sumir sob o chão e a nossa condição terrena dissolver-se-ia em pó, se a autoridade do próprio Pai e o Espírito do Seu Filho não nos levasse a soltar este grito dizendo: ‘Deus mandou o Espírito do Seu Filho aos nossos corações clamando Abba, ó Pai!’ (Rm 8,15) [...]. Quando é que a fraqueza dum mortal se atreveria a chamar a Deus seu Pai, senão somente quando o íntimo do homem é animado pelo poder do alto?”. – Vd S. Pedro Crisólogo, Sermão 71, 3: CCL 24A, 425 (PL 52, 401).

Este poder do Espírito que nos imerge na oração do Senhor é expresso, nas liturgias do Oriente e do Ocidente, pela expressão tipicamente cristã, parrêsía, simplicidade sem desvio, confiança filial, segurança alegre, ousadia humilde, certeza de ser amado (cf CIC 2778).
A assembleia é, assim, convidada – e, nela e com ela, cada crente cristão – a ousar aproximar-se do Senhor com toda a confiança.
Pai!
É a invocação inicial em Lc 11,2 – mais simples do que a proferida em Mt 6,9 e também empregada, nessa forma simples, em Lc 22,42 (cf Lc 10,21; 23,34).
A Bíblia Pastoral (Lisboa: ed. São Paulo, 1993), no seu índice analítico, afirma categoricamente: Deus é Pai. E, depois, especifica (transcreve-se em parte e com alterações). No Antigo Testamento, é Pai de todo o Israel (Ex 4,22-23; Dt 14,1-2;32,5-6; Os 11,1; cf Mt 2,15; Is 63,16; 64,7; Jr 3,18-22) e de todo o homem (Sb 14,3; Sir 23,1-6); dos bons (Sb 2,16-18; 2Mac 7,27-29); e do herdeiro de David (2Sm 7,8-14; Sl 2,7; 89/88, 27-30; cf Mt 22,42-46). O Novo Testamento apresenta este Pai como: Pai de todos (Mt 5,45; 6,9-13.25-34; 10,18-33; Ef 1,4); dos bons (Mt 10,20-29; 13,43; 18,14; 23,9); como Pai especial de Cristo (Mt 7,21; 11,25-27; 21,33-40; Cl 1,3; Ef 1,3; 1Pe 1,3) e bem diferente em relação a nós (Jo 20,17).
Chamar Pai a Deus não constitui um tratamento banal, mas uma grande prerrogativa de quem se sente salvo por Cristo, escolhido pelo Pai e vivificado pelo Espírito (cf La Biblia latinoamerica, San pablo,1995).
A palavra “Pai” expressa o amor paterno de Deus e a sua inefável proximidade dos homens (TOB). Ora, previamente a este primeiro autoimpulso para a oração do Senhor, há de humildemente purificar-se o coração de certas falsas imagens paternas deste mundo. Pela humildade reconheceremos que ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho Se dignar revelá-Lo, ou seja, aos pequeninos (cf Mt 11,25-27). Tal purificação refere-se às imagens paternas ou maternas provenientes da história pessoal e cultural, que influenciam o nosso relacionamento com Deus. Com efeito, Deus, nosso Pai, supera as categorias do mundo criado, pelo que transferir para Ele ou contra Ele as nossas ideias neste domínio equivale ao fabrico de ídolos, a adorar ou a derrubar. Orar ao Pai é entrar no seu mistério e assumir o seu projeto, tal como Ele é e quer e tal como o Filho o revelou (cf CIC 2779).
“A expressão Deus Pai nunca tinha sido revelada a ninguém. Quando Moisés perguntou a Deus quem era, ouviu um nome diferente, Javé. A nós, o Seu nome foi revelado no Filho; porque este nome (de Filho) implica o nome de Pai” – vd Tertuliano, De oratione, 3, 1: CCL 1, 258-259 (PL 1, 1257).


Por sua vez, o n.º 2780 do CIC  ensina que nós, que acreditamos que Jesus é o Cristo e que nascemos de Deus, podemos invocar Deus como Pai, porque Ele nos foi revelado graciosamente por seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. É o Espírito do Filho que nos faz participar da misteriosa relação pessoal do Filho com o Pai, que o homem não pode conceber nem os poderes angélicos podem entrever.
Quando oramos ao Pai, entramos e estamos em comunhão com Ele e com seu Filho Jesus Cristo É então que O reconhecemos como que num encantamento sempre novo. A primeira palavra da oração do Senhor, antes de ser uma súplica, é bênção de adoração, porque a glória de Deus é que nós O reconheçamos como Pai, Deus verdadeiro. E é por nos ter revelado o Seu nome e por nos ter dado a graça de acreditar n'Ele, de sermos habitados pela sua presença, que nós Lhe damos-Lhe graças (cf CIC 2781).
Podemos, por isso, adorar o Pai porque Ele nos fez renascer para a sua vida adotando-nos por seus filhos no seu Filho Único. Pelo Batismo, incorpora-nos no corpo do seu Cristo e, pela Unção do seu Espírito (com a abundância dos seus dons pelo Crisma), que da Cabeça se derrama pelos membros, faz de nós cristos (cf CIC 2782). “Deus, que nos predestinou para a adoção de filhos, tornou-nos conformes ao corpo glorioso de Cristo. Doravante, participantes de Cristo, sois com todo o direito chamados cristos” (S. Cipriano). “O homem novo, que renasceu e foi restituído ao seu Deus pela graça, começa por dizer, Pai!, porque se tornou filho” (Santo Agostinho). Deste modo, pela oração do Senhor, nós somos revelados a nós próprios, ao mesmo tempo que nos é revelado o Pai (cf CIC 2783):
“Ó homem, tu não ousavas levantar o rosto para o céu, baixavas os olhos para a terra e, de repente, recebeste a graça de Cristo: todos os pecados te foram perdoados, de mau servo tornaste-te bom filho [...]. Portanto, ergue os olhos para o Pai que te resgatou pelo seu Filho e diz: Pai nosso [...]. Mas não reivindiques para ti algo de especial. Só de Cristo é que Ele é Pai de modo especial, de todos nós é Pai em comum; porque só a Ele gerou, ao passo que a nós, criou-nos. Portanto, por graça, diz também tu Pai nosso, para mereceres ser filho”. – Vd Santo Ambrósio, De sacramentas, 5, 19: CSEL 73, 66 (PL 16, 450).

Este dom gratuito da adoção exige da nossa parte a conversão contínua e uma vida nova. Orar ao nosso Pai deve desenvolver em nós duas disposições fundamentais (cf CIC 2784): O desejo e a vontade de nos parecermos com Ele. Criados à sua imagem, é pela graça que a semelhança nos é restituída e a ela devemos corresponder. Devemos, pois, lembrar-nos de que, ao chamarmos a Deus Pai nosso, temos de nos comportar como verdadeiros filhos de Deus. Não podemos chamar nosso Pai ao Deus de toda a bondade se conservarmos um coração cruel e desumano, porque, nesse caso, já não temos a marca da bondade do Pai celeste. Devemos, sim, contemplar incessantemente a beleza do Pai e impregnar dela a nossa alma.
Depois, um coração humilde e confiante que nos faça voltar ao estado de crianças (Mt 18,3), porque é aos pequeninos que o Pai Se revela (Mt 11,25). É um estado que se forma contemplando a Deus somente, com o ardor da caridade. Nele, a alma funde-se e abisma-se em santa dileção e trata com Deus como com o seu próprio Pai, muito familiarmente, numa ternura de piedade muito particular (cf CIC 2785).
Pai nosso – que haverá de mais querido para os filhos do que o pai? – Este nome suscita em nós ao mesmo tempo o amor, o afeto na oração, [...] e também a esperança de obter o que vamos pedir [...]. De facto, que pode Ele recusar à súplica dos seus filhos, quando já previamente lhes permitiu que fossem filhos seus?” – pergunta S. João Cassiano – Vd São João Cassiano, Conlatio, 9, 18, 1: CSEL 13, 265-266 (PL 49, 788).

O concílio Vaticano II, a propósito de Deus como Pai, refere, pelo menos as seguintes caraterísticas: é Princípio sem Princípio, d’Ele é gerado o Filho e d’ Ele e do Filho procede o Espírito Santo (Ad Gentes, 2); é o princípio e fim de todas as coisas (Gaudium et Spes, 92); o Seu plano de salvação é para todos os homens (Lumen Gentium, 2-3; Ad Gentes, 2-4).

Pai “nosso”
As duas primeiras palavras “Pai nosso” do segmento Pai nosso, que estais nos céus constituem o título, vocativo gramatical, através do qual se invoca o Deus de todos nós. Esta expressão é usada em outros lugares do Novo Testamento, bem como na literatura judaica, mas uma única vez por Jesus Cristo (Mt 6,9). Refere-se a Deus Pai. Isso tem implicação na proximidade da natureza pessoal da relação entre Deus Pai e essa oração, como um pai e uma criança, como é ensinado por Jesus em cada um dos quatro evangelhos. Mesmo os crentes não trinitários podem tomar esta linha referente ao posicionamento de Deus como pai de toda a humanidade, incluindo Jesus, que é normalmente posicionado como o filho.
Pai “nosso” refere-se, pois, a Deus. Da nossa parte, o determinante nosso, utilizado aqui adjetivamente, não exprime uma posse, mas uma relação totalmente nova com Deus. Assim, quando dizemos Pai nosso, reconhecemos, antes de mais, que todas as suas promessas de amor, anunciadas pelos profetas, se cumpriram na Nova e eterna Aliança no seu Cristo: nós tornámo-nos o seu povo e Ele é o nosso Deus. Esta relação nova é uma pertença mútua, dada gratuitamente. É por amor e fidelidade que temos de responder à graça e à verdade que nos foram dadas em Cristo Jesus (Jo 1,14.18). – (Cf CIC, 2786 e 2787).
Dado que a oração do Senhor é a do seu povo nos últimos tempos, este nosso exprime também a certeza da nossa esperança na última promessa de Deus – na Jerusalém nova, Ele dirá ao vencedor: Eu serei o seu Deus e ele será o meu Filho (Ap 21,7). Rezando ao nosso Pai, é ao Pai de nosso Senhor Jesus Cristo – que não tem os erros e alguma postura dos nossos pais – que nós nos dirigimos pessoalmente. Não dividimos nem repartimos a divindade, pois, o Pai é a sua fonte e origem, mas confessamos que o Filho é por Ele gerado eternamente e que d'Ele procede o Espírito Santo. Doutro lado, também não confundimos as Pessoas, pois confessamos que a nossa comunhão é com o Pai e o seu Filho Jesus Cristo no seu único Espírito. A Santíssima Trindade é, assim, consubstancial e indivisível. Ao rezarmos ao Pai, louvamo-Lo, bendizemo-Lo, adoramo-Lo, glorificamo-Lo e damos-Lhe graças com o Filho no Espírito Santo. – (Cf CIC, 2788 e 2789; e Gloria in excelsis).
Gramaticalmente, a palavra nosso qualifica uma realidade comum a vários. Há um só Deus, que é reconhecido como Pai por aqueles que, pela fé no seu Filho Único, renasceram d'Ele pela água e pelo Espírito. A Igreja é esta nova comunhão de Deus com os homens; unida ao Filho Único, que se tornou o primogénito de muitos irmãos (Rm 8,29), ela está em comunhão com um só e mesmo Pai, num só e mesmo Espírito Santo. Ao rezar Pai nosso, cada batizado reza nesta comunhão: A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma (At 4,32). É por isso que, apesar das divisões dos cristãos, a oração a nosso Pai continua a ser um bem comum e apelo premente aos batizados. Em comunhão pela fé em Cristo e pelo Batismo, eles devem participar na oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos. – (Cf CIC, 2790 e 2791).
Se rezamos em verdade o “Pai-nosso”, deixamos o individualismo, pois o Amor que nós acolhemos dele nos liberta. O nosso do princípio da oração do Senhor, tal como o nos das quatro últimas petições, não é exclusivo de ninguém. Para que seja dito em verdade, temos de superar as nossas divisões e oposições. Nestes termos, os batizados não podem dizer Pai nosso sem levar até junto d'Ele todos aqueles por quem Ele doou o seu Filho bem-amado. Sendo o amor de Deus sem fronteiras, também a nossa oração o deve ser. Rezar Pai nosso abre-nos às dimensões do seu amor manifestado em Cristo e leva-nos a orar com e por todos os homens que ainda O não conhecem, para que sejam reunidos na unidade. Este cuidado divino por todos os homens e por toda a criação, que animou todos os grandes orantes, deve também dilatar a nossa oração num amor sem limites, quando ousamos dizer: Pai nosso. – (Cf CIC, 2792 e 2793).
Que estais nos céus
Esta expressão bíblica não significa um lugar (o espaço), mas um modo de ser; não é o distanciamento de Deus, mas a sua majestade simultânea com a sua proximidade do homem. A expressão os céus não se refere apenas aos lugares cimeiros, in excelsis, mas também aos lugares inferiores, in inferis. Como ambos evolvem a Terra, Deus está em toda a parte. Não é só o Deus superno, é também o Deus connosco – o Emanuel. O Pai não está só algures ou alhures, mas está para lá de tudo o que podemos conceber da sua santidade. E é por ser três vezes santo que Ele está mesmo junto do coração mais humilde e contrito. É com razão que as palavras Pai nosso que estais nos céus se referem ao coração dos justos, em que Deus habita como em seu templo. Por isso, também aquele que ora há de desejar ver morar em si Aquele a quem invoca. Os céus poderiam muito bem ser aqueles que trazem em si a imagem do mundo celeste e em quem Deus mora e deambula – os cristãos enquanto cristóforos ou cristóvãos. – (Cf CIC, 2794).
Ademais, o símbolo dos céus remete-nos para o mistério da Aliança que vivemos quando rezamos ao Pai. Ele está nos céus, a sua morada. A casa do Pai é, pois, a nossa pátria. Foi da terra da Aliança que o pecado nos exilou e é para o Pai, para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar. Ora, foi em Cristo que céus e terra se reconciliaram, porque o Filho desceu dos céus, sozinho, e para lá nos faz subir consigo, pela sua cruz, ressurreição e ascensão (cf CIC 2795).
Quando a Igreja reza Pai nosso que estais nos céus, professa que somos o povo de Deus já sentado nos céus em Cristo Jesus, escondidos com Cristo em Deus e que, ao mesmo tempo, gememos nesta tenda, ansiando por revestir-nos da nossa habitação celeste (2Cor 5,2): os cristãos estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Passam a vida na terra, mas são cidadãos do céu, como enuncia a Carta a Diagoneto. (cf CIC 2796).
Bíblia do Peregrino (Paulus, Brasil, 2008) traduz esta expressão como “Pai nosso do céu!” e enuncia as seguintes observações: no Antigo Testamento, existem precedentes de referência a Deus como Pai, como, por exemplo, nos salmos (Sl 89/88, 27) e no Ben Sirá (Sir 23,1; 51,10), mas, naquele contexto, esse era privilégio do Rei; na versão do Evangelho de Lucas (cf Lc 11,2) a invocação é dirigida simplesmente ao Pai, que terá sido a fórmula originária; ao referir-se a Deus como Pai, a comunidade cristã expressa a consciência da sua filiação, testemunhada pelo Espírito Santo (cf Rm 8,15; Gl 4,6-7).
Por seu turno, a Traduction œcuménique de la Bible (TOB – 3.ª ed., Paris: Éditions du Cerf; Pierrefitte: Société Biblique Française, 1989) – refere que a tradução literal dessa frase seria “Pai nosso, aquele nos céus” e faz as observações seguintes: os discípulos dirigem-se ao seu Pai comum, que é único (cf Mt 23,9); a palavra Pai expressa que Deus tem amor paterno e, portanto, está bem próximo dos homens; a expressão nos céus corresponde a um modo de expressão semítico que afirma que Deus está em lugar donde domina a terra inteira; outra tradução possível para a frase seria Pai celeste, nosso Pai; no Evangelho de Mateus, Jesus também se refere à Deus como: meu Pai, aquele nos céus (Mt 7,21; 10,32-33; 12,50; 16,17; 18,10.19); meu Pai, o celeste (Mt 15,13; 18,35); vosso Pai, o celeste (Mt 5,48; 6,14.26.32; 23,9); vosso Pai, aquele nos céus (Mt 5,16.45; 6,1; 7,11; 18,14). Também existem referências a vosso Pai, aquele nos céus, em Marcos (Mc 11,25) e Lucas (Lc 11,13). A invocação inicial em Lc 11,2 é mais simples do que a proferida em Mt 6,9, e também é empregada, nessa forma simples, em Lc 22,42 (cf Lc 10,21; 23,34).
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Por tudo isto, “Aproximemo-nos, com grande confiança, do trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e encontrarmos a graça para um auxílio oportuno” (Heb 14,16).

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