Significado do nome “Ana” em termos genéricos
Ana significa
“graça ou mercê de Deus” (figurando como nome) ou “graciosa” e “cheia de graça”
(em posição adjetiva). Vem do original em hebraico Hannah,
mais tarde do latim, como Anna.
Alguns
estudiosos apontam também para o significado de “aquela que se levantará
novamente”. Para muitos trata-se também da forma adotada no português, no
francês e no espanhol para o nome Anne.
Ana, na sua forma mais simples ou associado
a outros nomes próprios (antropónimos e topónimos) é provavelmente um dos nomes
femininos mais difundidos em todo o Ocidente.
Personalidades
bíblicas com o nome de “Ana”
Na Bíblia
duas “Anas” se destacam: uma Ana “a quem Deus deu a graça de um filho”, no
velho testamento, por ser mãe do profeta Samuel e ter engravidado em idade
muito avançada, após várias tentativas sempre frustradas; e, no novo
testamento, uma profetisa – Ana,
filha de Fanuel, da tribo de Aser – que reconhece que aquele menino,
o Jesus, é o Messias (Lc 2,36-38).
Segundo a Bíblia, Elcana pai de Samuel, tinha duas
esposas: Ana e Penina. Penina dava-lhe
filhos, ao passo que Ana era estéril .
Todos os anos, quando Elcana e a família iam em peregrinação
ao templo de Deus em Siló, Penina provocava Ana humilhando-a por causa da sua
condição de estéril.
Numa determinada ocasião, Ana
sentiu-se profundamente amargurada após ter sido infernizada pela sua émula e,
quando entrou no templo, começou a orar intensamente, banhada em lágrimas. Não
proferia palavra alguma, mas comunicava-se com Deus através do coração, comunicação
de que resultou a promessa de que, caso desse à luz um filho varão, este se
tornaria nazireu e
iria servir desde criança a religião e o Templo.
Deus atendeu o pedido de Ana e, assim
que ela e seu marido retornaram para a residência da família nas montanhas de
Efraim, Ana engravidou e teve um filho, ao qual foi dado o nome de Samuel (no hebraico, Xemuel, que significa "nome de Deus"), que, serviu no
Templo sob a orientação de Heli e
recebeu a vocação profética vindo a ungir, em nome do Senhor, Saul como rei de Israel e, mais tarde, David, como sucessor de Saul, que se tornara infiel a Deus.
Depois que Samuel se desmamou,
Ana, com o consentimento de Elcana,
apresentou o
menino no templo, ocasião em que pronunciou um belo
cântico à boa maneira salmódica. (cf 1Sam 1, 1-10; 2, 11).
Ao lado de
Simeão (que significa “Ele ouviu”), o evangelista Lucas colocou uma figura misteriosa, a
profetisa Ana. Enuncia o seu nome, o de seu pai e o da sua tribo – Ana
(“graça”), filha de Fanuel (“rosto de Deus”), da tribo de Aser (“felicidade”, “bem-aventurança”).
Não ficou registada nenhuma palavra da velhinha. Mas também não era preciso que
ela abrisse a boca ou nós ouvíssemos as suas palavras para ela transmitir vivamente
a sua mensagem. Ela é um símbolo e o símbolo não precisa de palavras. A identificação
completa de Ana é uma biografia sintética e simbólica, ampliada com a situação
pessoal e familiar, “de idade mui avançada, de 84 anos, tinha vivido sete anos,
após o seu templo de donzela”; e com a sua atividade, “não se afastava do Templo,
servindo a Deus noite dia, com jejuns orações” (cf Lc 2,36-37).
Temos em Ana
uma profetiza que não fala? Nem era preciso. Simeão, o velho que Lucas não apelida de profeta (talvez, antes, visionário), disse tudo: Meus olhos
viram a salvação, o Salvador (Jesus). Estava diante do rosto de Deus (Fanuel),
tão cheio de felicidade (Aser) que exclamou: “Agora podes mandar em paz o teu
servo”. A salvação ora encontrada vinha preparada de há muito tempo (Ana –
casada sete anos, um ciclo de perfeição em aliança, encaixado entre dois ciclos
de disponibilidade para Deus, que somam setenta e sete anos, a donzelia e a
viuvez – resume a história de espera de Israel pelo Messias), à vista de todos
os povos. Esta salvação, apesar de se tornar sinal de contradição, é luz a
revelar-se aos pagãos e é a glória de Israel, povo de Deus.
Porém, Ana
não ficou perpetuamente calada. O evangelista relata que ela, ao sair dali, se
pôs a louvar a Deus e a badalar sobre aquele menino a todos os que esperavam a
salvação de Israel (cf Lc 2,38). Ela transforma-se em revelação viva, oradora
do Reino, sino do mundo. Ela teve no templo a visão direta do Salvador; agora
prolonga essa visão nos seus efeitos, pela palavra. Ela é para Israel a
revelação do rosto de Deus e um pregão para o mundo.
Como bem
acentua o padre Rómulo Cândido de Souza, o nome da profetiza contém, na
perspetiva lucana, esta sugestão: “Recebemos a graça (ANA); vimos o rosto de
Deus (FANUEL), somos felizes, somos bem-aventurados com a chegada da Salvação
(ASER). Aplaudi, rejubilai, colocai vestes de gala” (cf Souza, pg 213).
Ana, a mãe de
Maria
Nenhum texto
canónico refere Santa Ana, esposa de Joaquim e mãe de Nossa Senhora. Vem, no
entanto, referida nos apócrifos, entre os quais o Evangelho de Tiago.
O culto de
Santa Ana, que segundo uma antiga tradição provavelmente do século II é a mãe de Maria, com o pai Joaquim,
desenvolveu-se sobretudo no tempo das Cruzadas, no século XIV, e a sua festa,
suprimida por Pio V, foi restabelecida por Gregório XIII em 1584 ou 1594,
passando a ser celebrada a 26 de julho, com rito de segunda classe e, a partir
da reforma do Concílio Vaticano II, como memória litúrgica, juntamente com São
Joaquim.
No entanto,
sabe-se que o culto de Santa Ana existia no Oriente no século VI e se estendeu
ao Ocidente no século X. O culto de São Joaquim foi introduzido mais
tardiamente.
Nomes Relacionados
Ana Alice, Ana Beatriz, Ana Carla, Ana Carolina, Ana Caroline, Ana Cecília, Ana Clara, Ana Cláudia, Ana Cristina, Ana Flávia, Ana Gabriela, Ana Júlia, Ana Laura, Ana Letícia, Ana Lívia,
Ana Lúcia, Ana Luísa, Ana Luíza, Ana Maria, Ana Paula, Ana Rita, Ana
Sofia, Ana Vitória, Anabela, Analu, Anita, Anna, Anna Clara, Anne, Annie,
Hannah, Josiana, Lidiane, Mariana, Nanci, Nancy, Nina, Poliana, Pollyanna,
Polyanna, Rhana. Muitos apelidos como o designativo de Santana.
Figuras
literárias como o nome “Ana”
Ana, irmã de
Dido, na Eneida, de Vergílio; Ana, personagem
principal da tragédia A Vida que te dei,
de Luigi Pirandello; Ana, personagem principal do romance Ana Karenina, de Leon Tolstoi; Ana, personagem principal do conto Ana Fedotovna, de Pushkin; Ana,
personagem em vários Don Juan, de Alexei
Tolstoi e de Pushkin, por exemplo; e Ana, personagem na ópera Don Juan, de Mozart.
Personalidades com o nome “Ana”
Ana Bolema,
Ana Stuart, Ana de Áustria – rainhas; Ana Brontë (1820-1849), escritora
inglesa; Ana Akhmatova (1889-1966), escritora russa; Hannah Arendt (1906-1975),
filósofa alemã; Ana Seghers, pseudónimo de Netty Radvanyi (1900-1983),
escritora alemã; Ana Pavlova (1881-1932), bailarina russa; e Ana de Castro
Osório (1872-1935), Ana Hatherly (1929) e Ana Maria Amaro (1929), escritoras
portuguesas.
Locais com o
nome “Ana”
Santa Ana
(Estados Unidos), Santa Ana (El Salvador), Santa Ana Chiautempan (México),
Santa Ana (Filipinas), Santa Ana (Peru). Em Portugal, muitos lugares com o
designativo de Santana.
Outras
Informações do nome “Ana”
Género: nome feminino.
É um
palimpsesto: nome “Ana” escrito ao contrário: Ana.
Derivações do nome "Ana"
(vd acima). E “Anabela”, considerada uma
amálgama de Ana+Isabel ou como uma
variante portuguesa do francês Amabel,
com origem no latino amabilis,
“amável” ou “adorável”.
***
Por algum motivo bem nobre e
nobilitante, o Senhor Deus criou a mulher do lado do homem e lhe deu lugar de
relevo na economia da salvação, que a sociedade tarda em reconhecer na
plenitude e a Santa Madre Igreja Católica, pela pena e voz de seus legítimos
representantes, vai driblando como pode, quiçá até mais não conseguir. Pena foi
que o defunto Dom José Policarpo não se tenha batido até ao fim pela não
fundamentação teológica da vedação do sacerdócio às mulheres, uma das suas boas
convicções, à semelhança de um cardeal Carlo Martini. Isto depois de João Paulo
I ter proclamado o lado materno de Deus, tão bem glosado no livro de Leonardo
Boff, O Rosto Materno de Deus, e
recentemente Francisco ter clamado que havia de ser repensado o lugar da mulher
na Igreja e fazer questão de traduzir a Igreja no feminino: Não é “o Igreja”,
mas “a Igreja”!
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