quarta-feira, 19 de março de 2014

Em homenagem às mulheres com o nome “Ana”

Significado do nome “Ana” em termos genéricos
Ana significa “graça ou mercê de Deus” (figurando como nome) ou “graciosa” e “cheia de graça” (em posição adjetiva). Vem do original em hebraico Hannah, mais tarde do latim, como Anna.
Alguns estudiosos apontam também para o significado de “aquela que se levantará novamente”. Para muitos trata-se também da forma adotada no português, no francês e no espanhol para o nome Anne.
Ana, na sua forma mais simples ou associado a outros nomes próprios (antropónimos e topónimos) é provavelmente um dos nomes femininos mais difundidos em todo o Ocidente.

Personalidades bíblicas com o nome de “Ana”
Na Bíblia duas “Anas” se destacam: uma Ana “a quem Deus deu a graça de um filho”, no velho testamento, por ser mãe do profeta Samuel e ter engravidado em idade muito avançada, após várias tentativas sempre frustradas; e, no novo testamento, uma profetisa – Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser – que reconhece que aquele menino, o Jesus, é o Messias (Lc 2,36-38).
Segundo a Bíblia, Elcana pai de Samuel, tinha duas esposas: Ana e Penina. Penina dava-lhe filhos, ao passo que Ana era estéril .
Todos os anos, quando Elcana e a família iam em peregrinação ao templo de Deus em Siló, Penina provocava Ana humilhando-a por causa da sua condição de estéril.
Numa determinada ocasião, Ana sentiu-se profundamente amargurada após ter sido infernizada pela sua émula e, quando entrou no templo, começou a orar intensamente, banhada em lágrimas. Não proferia palavra alguma, mas comunicava-se com Deus através do coração, comunicação de que resultou a promessa de que, caso desse à luz um filho varão, este se tornaria nazireu e iria servir desde criança a religião e o Templo.
Deus atendeu o pedido de Ana e, assim que ela e seu marido retornaram para a residência da família nas montanhas de Efraim, Ana engravidou e teve um filho, ao qual foi dado o nome de Samuel (no hebraico, Xemuel, que significa "nome de Deus"), que, serviu no Templo sob a orientação de Heli e recebeu a vocação profética vindo a ungir, em nome do Senhor, Saul como rei de Israel e, mais tarde, David, como sucessor de Saul, que se tornara infiel a Deus.
Depois que Samuel se desmamou, Ana, com o consentimento de Elcana, apresentou o menino no temploocasião em que pronunciou um belo cântico à boa maneira salmódica. (cf 1Sam 1, 1-10; 2, 11).
Ao lado de Simeão (que significa “Ele ouviu”), o evangelista Lucas colocou uma figura misteriosa, a profetisa Ana. Enuncia o seu nome, o de seu pai e o da sua tribo – Ana (“graça”), filha de Fanuel (“rosto de Deus”), da tribo de Aser (“felicidade”, “bem-aventurança”). Não ficou registada nenhuma palavra da velhinha. Mas também não era preciso que ela abrisse a boca ou nós ouvíssemos as suas palavras para ela transmitir vivamente a sua mensagem. Ela é um símbolo e o símbolo não precisa de palavras. A identificação completa de Ana é uma biografia sintética e simbólica, ampliada com a situação pessoal e familiar, “de idade mui avançada, de 84 anos, tinha vivido sete anos, após o seu templo de donzela”; e com a sua atividade, “não se afastava do Templo, servindo a Deus noite dia, com jejuns orações” (cf Lc 2,36-37).
Temos em Ana uma profetiza que não fala? Nem era preciso. Simeão, o velho que Lucas não apelida de profeta (talvez, antes, visionário), disse tudo: Meus olhos viram a salvação, o Salvador (Jesus). Estava diante do rosto de Deus (Fanuel), tão cheio de felicidade (Aser) que exclamou: “Agora podes mandar em paz o teu servo”. A salvação ora encontrada vinha preparada de há muito tempo (Ana – casada sete anos, um ciclo de perfeição em aliança, encaixado entre dois ciclos de disponibilidade para Deus, que somam setenta e sete anos, a donzelia e a viuvez – resume a história de espera de Israel pelo Messias), à vista de todos os povos. Esta salvação, apesar de se tornar sinal de contradição, é luz a revelar-se aos pagãos e é a glória de Israel, povo de Deus.
Porém, Ana não ficou perpetuamente calada. O evangelista relata que ela, ao sair dali, se pôs a louvar a Deus e a badalar sobre aquele menino a todos os que esperavam a salvação de Israel (cf Lc 2,38). Ela transforma-se em revelação viva, oradora do Reino, sino do mundo. Ela teve no templo a visão direta do Salvador; agora prolonga essa visão nos seus efeitos, pela palavra. Ela é para Israel a revelação do rosto de Deus e um pregão para o mundo.
Como bem acentua o padre Rómulo Cândido de Souza, o nome da profetiza contém, na perspetiva lucana, esta sugestão: “Recebemos a graça (ANA); vimos o rosto de Deus (FANUEL), somos felizes, somos bem-aventurados com a chegada da Salvação (ASER). Aplaudi, rejubilai, colocai vestes de gala” (cf Souza, pg 213).

Ana, a mãe de Maria
Nenhum texto canónico refere Santa Ana, esposa de Joaquim e mãe de Nossa Senhora. Vem, no entanto, referida nos apócrifos, entre os quais o Evangelho de Tiago.
O culto de Santa Ana, que segundo uma antiga tradição provavelmente do século II é a mãe de Maria, com o pai Joaquim, desenvolveu-se sobretudo no tempo das Cruzadas, no século XIV, e a sua festa, suprimida por Pio V, foi restabelecida por Gregório XIII em 1584 ou 1594, passando a ser celebrada a 26 de julho, com rito de segunda classe e, a partir da reforma do Concílio Vaticano II, como memória litúrgica, juntamente com São Joaquim.
No entanto, sabe-se que o culto de Santa Ana existia no Oriente no século VI e se estendeu ao Ocidente no século X. O culto de São Joaquim foi introduzido mais tardiamente.

Nomes Relacionados
Ana AliceAna BeatrizAna CarlaAna CarolinaAna CarolineAna CecíliaAna ClaraAna CláudiaAna CristinaAna FláviaAna GabrielaAna JúliaAna LauraAna LetíciaAna Lívia, Ana LúciaAna LuísaAna LuízaAna MariaAna PaulaAna Rita, Ana Sofia, Ana Vitória, Anabela, Analu, Anita, Anna, Anna Clara, Anne, Annie, Hannah, Josiana, Lidiane, Mariana, Nanci, Nancy, Nina, Poliana, Pollyanna, Polyanna, Rhana. Muitos apelidos como o designativo de Santana.

Figuras literárias como o nome “Ana”
Ana, irmã de Dido, na Eneida, de Vergílio; Ana, personagem principal da tragédia A Vida que te dei, de Luigi Pirandello; Ana, personagem principal do romance Ana Karenina, de Leon Tolstoi; Ana, personagem principal do conto Ana Fedotovna, de Pushkin; Ana, personagem em vários Don Juan, de Alexei Tolstoi e de Pushkin, por exemplo; e Ana, personagem na ópera Don Juan, de Mozart.

Personalidades com o nome “Ana”
Ana Bolema, Ana Stuart, Ana de Áustria – rainhas; Ana Brontë (1820-1849), escritora inglesa; Ana Akhmatova (1889-1966), escritora russa; Hannah Arendt (1906-1975), filósofa alemã; Ana Seghers, pseudónimo de Netty Radvanyi (1900-1983), escritora alemã; Ana Pavlova (1881-1932), bailarina russa; e Ana de Castro Osório (1872-1935), Ana Hatherly (1929) e Ana Maria Amaro (1929), escritoras portuguesas.

Locais com o nome “Ana”
Santa Ana (Estados Unidos), Santa Ana (El Salvador), Santa Ana Chiautempan (México), Santa Ana (Filipinas), Santa Ana (Peru). Em Portugal, muitos lugares com o designativo de Santana.

Outras Informações do nome “Ana”
Género: nome feminino.
É um palimpsesto: nome “Ana” escrito ao contrário: Ana.

Derivações do nome "Ana"
(vd acima). E “Anabela”, considerada uma amálgama de Ana+Isabel ou como uma variante portuguesa do francês Amabel, com origem no latino amabilis, “amável” ou “adorável”.
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Por algum motivo bem nobre e nobilitante, o Senhor Deus criou a mulher do lado do homem e lhe deu lugar de relevo na economia da salvação, que a sociedade tarda em reconhecer na plenitude e a Santa Madre Igreja Católica, pela pena e voz de seus legítimos representantes, vai driblando como pode, quiçá até mais não conseguir. Pena foi que o defunto Dom José Policarpo não se tenha batido até ao fim pela não fundamentação teológica da vedação do sacerdócio às mulheres, uma das suas boas convicções, à semelhança de um cardeal Carlo Martini. Isto depois de João Paulo I ter proclamado o lado materno de Deus, tão bem glosado no livro de Leonardo Boff, O Rosto Materno de Deus, e recentemente Francisco ter clamado que havia de ser repensado o lugar da mulher na Igreja e fazer questão de traduzir a Igreja no feminino: Não é “o Igreja”, mas “a Igreja”!

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