Quando
se diz amor de Deus pela humanidade, amor de pais pelos filhos, mandamento do
amor fraterno ou amor conjugal e de namorados, não se está a falar exatamente
da mesma coisa.
No
prefácio a “The Four Loves” (Os Quatro Amores), que explora a natureza do amor na perspetiva cristã,
C.S. Lewis, tendo-se inicialmente equivocado com a expressão joanina “Deus é amor” (Deus caritas est –
Ho Theòs agápê estín: 1Jo 4,8) como simples usurpação deste tópico, explica sumariamente o
conceito de amor. Distinguindo a necessidade de amor (como o amor da criança para a mãe) e o amor divino
(de Deus pela humanidade), explanou desde
as formas básicas do amor até às mais complexas, que a princípio se
assemelham. E formulou a fundação para o seu tópico “o mais elevado não fica sem o mais baixo” explorando a natureza do
prazer. Nestes termos, dividiu o amor em 4 categorias, baseadas nas 4 palavras
gregas para o amor: storgê, philía, éros (ou: érôs) e agápê. Segundo Lewis, como aconteceu com Lúcifer, um
antigo arcanjo que se perverteu pelo orgulho e caiu na depravação, sucede
que o amor demasiado emotivo poderá corromper levando a presumir ser-se o que
não se é. É verdade que “Deus é amor”,
mas, quando o amor humano começa a ser deus, torna-se demoníaco.
Assim, falando do amor familiar, Lewis aponta a storgê como o afeto para com a família e pessoas que se encontraram no seu círculo
social. É a forma do amor mais natural, emotiva e difundida: natural, pois
existe sem a coerção; emotiva, porque é o resultado do afeto devido à
familiaridade; e o mais extensamente difundida, porque dá menos atenção às duas
caraterísticas julgadas “valiosas” ou dignas do amor e, por conseguinte, pode
transcender a maioria dos fatores discriminadores. Entretanto, ironicamente, a
sua força é o que a torna vulnerável. Tem a afeição a aparência de
“pré-fabricado” ou “pronto”, diz Lewis, pelo que as pessoas a esperaram naturalmente
e a praticam sem grande problema, a menos que surjam situações que pareçam
colocar em causa a sobrevivência.
Por sua vez, a philía, que os latinos traduzem por amicitia (amizade), é uma forte ligação entre pessoas
que compartilham um interesse ou uma vida comum, a amizade entre amigos e
companheiros. Lewis frisa que a definição de amizade é mais estreita que o companheirismo:
a amizade em sentido real só existe se houver algo que a alicerce. Esta é o
menos natural dos
tipos de amor citados por Lewis, pois não é necessário um(a) progenitor(a) para
ter afeição (storgê), não tem o amor romântico e
desejo envolvidos (éros) ou o amor incondicional e divino
(agápê). Tem menos associação com impulso ou emoção. Apesar
destas caraterísticas, era na opinião dos antigos (e
de Lewis), o mais
admirável dos amores porque não olha o amado, como o éros, mas olha-o em nome do que alicerça este amor – porque o
relacionamento lhe deu forma. Sem o benefício da amizade a enfraquecer a
solidão e outros aspetos da psyquê
humana, a humanidade certamente estaria em ruínas. A amizade em si é o maior
dos bens.
Já o éros
é o amor no sentido “romântico”, associável à
sexualidade e suas vertentes, com os seus pecados e prazeres. Para Lewis, o éros é indiferente em si. Porém, é bom
porque promove a apreciação do amado com todo o prazer que puder ser obtido
dele; e é mau, se se tornar cego, condição em que tem estado na raiz de muitas das
tragédias mais abomináveis da história. De acordo com o seu aviso de que o
“amor começa a ser demoníaco…”, Lewis adverte para o perigo da elevação do éros ao status de um deus, ou seja, a idolatria do amor. Neste caso, de
intenso passa a um dos piores tipos de amor: cruel e inebriante ao mesmo tempo.
A agápê, dita no masculino e em português “o ágape” em referência
ao banquete da fração do pão (celebração
eucarística) entre os primeiros cristãos, é o amor divino e
incondicional. Lewis reconhece-o como o maior dos amores e vê-o como virtude
especificamente cristã; focaliza a necessidade de subordinar os amores naturais
ao amor de Deus, repleto de amor caridoso, tão cheio que transborda e pode ajudar-nos
a amar; e compara metaforicamente o amor com um jardim, a caridade com os
utensílios do jardineiro, o amante com o próprio jardineiro e Deus com os
elementos da natureza. O amor e a orientação de Deus agem no nosso amor natural
(que não pode remanescer o que é por si) como o ato do
sol e da chuva num jardim: sem um ou outro, o objeto (metafórico do jardim; realisticamente o amor próprio) cessaria de ser
bonito ou digno.
**
Todavia, a
análise de Lewis está longe de abarcar toda a tipologia do amor no léxico grego, que oferece muitos
vocábulos conceituais. Assim, em grego antigo, não há só palavra para
descrever o amor, antes a filosofia da Grécia antiga o classifica
em diversas formas:
- Agápê significa “amor” no grego moderno. O termo foi usado de maneiras
diferentes por uma variedade de fontes (contemporâneas e antigas), incluindo os escritores bíblicos. Muitos
pensavam que a palavra representava só o amor divino, incondicional, com autossacrifício,
pela vontade e pelo pensamento, embora passível de ser praticado por humanos
inspirados por esse sentimento, mas em grau bem inferior por via das
imperfeições e limitações humanas. Os filósofos gregos no tempo de Platão e
outros autores antigos usaram o termo para denotar uma afeição em contraste
com philía (afeição que pode ser encontrada entre amigos e de
forma não sexual) e éros
(afeição de
natureza sexual e romântica). No NT (Novo
Testamento) descreve,
entre outras coisas, o relacionamento entre Jesus e os discípulos,
significando autossacrifício e dádiva amorosa a todas as pessoas – amigos e
inimigos – o amor ao próximo. Pelo seu uso frequente no NT, os escritores
cristãos desenvolveram significativa quantidade de teologia baseada na
interpretação desta palavra.
- Éros remete para a palavra grega
moderna “érotas” a significar “amor romântico”. Não obstante, éros não
evoca necessariamente uma natureza sexual, embora esteja muitas vezes associado
ao desejo, atração física, prazer e sexo. Pode ser interpretado como o amor a
quem se ama mais que no amor de philía, aplicando-se-lhe a
definição de relação afetiva propriamente dita: o amor entre os apaixonados.
Filosoficamente, Platão refina uma definição própria de éros:
embora esta forma de amor seja sentida inicialmente em relação a uma pessoa, contemplando-se
esta, o amor é transformado numa apreciação da beleza trazida na alma ou mesmo
na apreciação da beleza formalmente definida. Platão não observa na atração
física uma parte necessária do amor erótico, donde o amor platónico significar amor
sem atração física. Segundo Platão, o éros promove o
conhecimento da recordação da beleza da alma e contribui para a compreensão da
verdade espiritual. Amantes e filósofos são inspirados a procurar a verdade
pelo éros. O trabalho mais famoso de Platão sobre o assunto é “O Banquete”, onde se espelha uma vigorosa
discussão entre os estudantes de Sócrates sobre a natureza do éros.
- Philía é “amizade” no grego moderno e indica o amor virtuoso
e desapaixonado. É o tipo de amor relacionado com amizade e companheirismo, sem
o éros. É o amor entre amigos e irmãos. O conceito foi
desenvolvido por Aristóteles e Cícero (De
amicitia) incluindo
lealdade aos amigos e à comunidade e requerendo igualdade e familiaridade.
Este, com o termo agápê,
constitui a forma usada para o amor nos textos do NT. Para Aristóteles,
a philía é necessária para a felicidade (não se escolhe
viver sem amigos, mesmo com todos os outros bens, nobreza ou gentileza para si).
- Phílos, termo que de adjetivo passou a ser utlizado também como
nome, significa “amado” ou “querido” e “confiabilidade”, amicabilidade ou
lealdade baseada na confiança. Descreve o amor amical e companhia
amiga, um tipo de amizade no valor carateristicamente grego enraizado profundamente
no conceito de reciprocidade, pela troca de favores e apoio, no sentido
íntimo de respeito de um para o outro, tendo atitudes amigáveis e confiáveis de
companheiro/parceiro. É o oposto de hostil, odiador e inimigo (ekhthrós), separado de xénos (ξένος estranho
ou desconhecido).
- Storgê é “afeição” no grego moderno. É usada para indicar
a afeição natural que os pais sentem pela prole e vice-versa. É o mais benéfico
dos afetos. Acontece na família, entre os seus membros. É o amor entre pais aos
filhos e outros membros do núcleo familiar. É o tipo de amor que nasce
naturalmente, muitas vezes biológica e diferentemente de philía e éros, em
que o amor aparece de formas circunstanciais. Este é um amor considerado
“pronto”, do nascimento.
- Filautia (filáucia, autoestima) é “amor-próprio”, egoísmo. Comporta uma atitude mental positiva
e exprime-se no autocuidado, autorreconhecimento, autoconsciência e
autovisibilidade. Não é per se
sinónimo de vaidade, mas consciência e aceitação de quem a pessoa realmente
é, mostrando-se compaixão em tempos mais escuros. É positivo, como autocompaixão;
e negativo, como amor auto-obcecado, na versão doentia, que alguns chamam de
egotismo.
- Xenía (xénia) é “hospitalidade”. É a generosidade e cortesia mostradas
aos que estão longe de casa e/ou associados à pessoa que oferece amizade
aos hóspedes. Os rituais de hospitalidade criaram a relação recíproca
entre hóspede e anfitrião, expressa tanto em benefícios
materiais (vg doação mútua de presentes) como
em imateriais (vg proteção, abrigo, favores ou certos direitos
normativos).
- Prágma (“realidade”) é
forma amadurecida e pragmática de amor, envelhecido com o
tempo como o vinho bom. É comummente visto em cônjuges casados há décadas e é
algo pelo qual todos ansiamos inconsciente ou secretamente, a companhia que
olha além das nossas limitações e nos ama pela nossa fragilidade. É amor em que
somos incondicionalmente aceites e de que nunca nos afastamos. É difícil de
estabelecer e postula muito tempo e paciência.
- Lydós (no latim, ludus) é “jogo”, amor lúdico, desejo de quererem divertir-se
um com o outro, fazer atividades em ambiente fechado e ao ar livre, provocar,
saciar e fazer brincadeira inofensiva. A aquisição de amor e atenção em si pode
fazer parte do jogo. A afeição entre jovens amantes, paquera, provocação
compulsória-impulsiva e euforia infantil-instintiva de estar em novo
relacionamento é parte e parcela dessa forma de amor. Para os gregos, o amor
deveria ter uma componente de diversão e brincadeira, não tendo de ser sério o
tempo todo.
- Manía (mania) é “transtorno mental”. Daí os termos “maníaco” e
“manico”. É o desejo de manter o parceiro em alta estima e querer amar e ser
amado desse modo, vendo especialidade na interação. Tende a levar o parceiro à
loucura e obsessão. Na roda de cores, é representada pela cor púrpura, pois é
mistura ou desequilíbrio entre ludus e éros. Ocorre
quando o amor se torna assustador e é competência de stalkers (bisbilhoteiros) e ilusão. Os
que vivenciam esta forma de amor tornam-se codependentes e podem ser autores de
abuso dos seus entes queridos.
***
Em latim
usam quase indistintamente os nomes amor,
caritas e dilectio (e os verbos “amo
e diligo”). Porém, merecem
atenção 3 dos termos gregos selecionados por Lewis (storgê, philía e agápê).
O Enhancing
Strong’s Lexicon define storgê como
acalentamento dos parentes (especialmente pais ou filhos); amor mútuo de pais e filhos e esposa e marido;
afeição amorosa; propensão a amar; amor terno; e, sobretudo, ternura recíproca
entre pais e filhos. Tal como éros, o
termo grego storgê não aparece na Bíblia. Porém,
a forma oposta é usada duas vezes no NT (Rm 1,31: astórgous; 2Tm 3,3: ástorgoi). Assim, “ástorgos significa “sem amor,
desprovido de afeição, sem afeição por parentesco, coração duro,
insensibilidade”. E aplica-se às pessoas injustas “tolas, sem fé, sem coração,
sem escrúpulos” ou à geração desobediente que vive nos últimos dias,
“insensível, inapelável, caluniosa, sem autodomínio, brutal, sem amar o bem”. Então,
a falta de storgê, o amor natural
entre os membros da família, é um sinal do fim dos tempos.
O termo
philía é retirado da “Ética
a Nicómaco”, de Aristóteles, e é traduzido geralmente como
“amizade” e, às vezes, como amor”. O verbo é “philéô”. Como diz Gerard Hughes, nos livros VIII e IX, Aristóteles
dá exemplos de philía incluindo:
“Os amantes novos, os amigos para
toda a vida, as cidades com os outros, os contactos políticos ou de negócio, os
pais e as crianças, o companheiro de viagem e os companheiros de armas, os
membros da mesma sociedade religiosa, ou mesmo no jantar, ou mesmo na tribo, do
sapateiro e da pessoa que lhe compra”.
Todos estes
relacionamentos envolvem o bem com o outro, embora, segundo Aristóteles, às
vezes, haja algo mais que o simples gostar. Quando fala sobre o caráter ou a
disposição que cai entre a adulação ou a bajulação, para uns, e impertinência
ou a truculência, para outros, diz que, neste estado, não se tem nenhum nome,
mas pareceria ser a maioria das vezes como philía; para o categorizar a
pessoa no estado intermediário é o que nós queremos dizer a um amigo decente só
pelo que o amigo também acha de nós. Embora larga, a noção de philía
é mútua e exclui relacionamento com objetos inanimados, embora seja permitida com
animais, sobretudo se de estimação. Na “Retórica”, Aristóteles define a atividade envolvida na philía
(τὸ φιλεῖn) como “querendo para alguém o que se
pensa de bom e, por sua causa, não pelas nossas próprias, e assim estar
inclinado, tanto tempo quanto puder, a fazer tais coisas por ele.
Aristóteles
distingue três tipos de philía (quando nem tudo é amor, mas somente
o cativante, seja bom ou agradável, seja útil): a baseada na vantagem mútua
(amor para o
útil); a baseada no prazer mútuo (amor para o
agradável); e a baseada na admiração mútua (amor para o
que é bom). Não são mutuamente exclusivos,
podem até sobrepor-se. O terceiro, que pode envolver os outros, é o melhor dos
três (a admiração
mútua envolve a natureza da
outra pessoa e não só o que afeta, sendo útil ou só divertida) e é o mais provável de durar (se alguém
não é mais agradável ou útil, o outro deixa de amá-lo). Ademais, a philía do 3.º tipo é boa
para si, visto que a dos outros dois pode envolver a vantagem mútua entre os
envolvidos num negócio ou em algo que traga o prazer mútuo dos envolvidos no
abuso do outro; relacionamento que é maus para si. Para Aristóteles, a fim de
sentir a forma mais elevada de philía para com o outro, deve-se
senti-la consigo mesmo; o objeto da philía é o outro inteiro.
Este sentimento para consigo não remete para o egoísmo. O amor-próprio não é
incompatível com o amor aos outros. Aristóteles distingue o amor-próprio que é
condenável, atribuído a quem se premeia com a maior parte do dinheiro, das
honras, e dos prazeres corporais (estes são os bens desejados e buscados
ansiosamente por muitos, na suposição de que são os melhores) do que deve ser admirado, atribuído a alguém desejoso de executar ações justas e
moderadas ou outras ações que estejam de acordo com as virtudes, ganhando para
si o que está bom. E o filósofo sentencia:
“A pessoa boa deve ser uma amante de
si própria, já que ela se ajudará a si mesma e beneficiará os outros executando
ações boas. Mas a pessoa perversa não se deve amar a si própria, já que ela se prejudicará
a si mesma e aos seus vizinhos, ao seguir os seus sentimentos básicos.”.
Ágape (em grego “αγάπη”, transliterado para o latim “agape”) é uma das palavras gregas para “amor”. E o verbo é agapáô. Os filósofos gregos no tempo
de Platão (e outros autores antigos) usaram o
termo para denotar o amor a membros da família, o dum grupo com afinidades ou a
afeição para uma atividade particular em grupo, em contraste com phílos, afeição entre amigos que
praticavam tarefas em conjunto e de forma assexuada, diferente do amor
romântico, éros, uma afeição de
natureza sexual e romântica. O vocábulo foi usado de modos diferentes por uma
variedade de fontes (contemporâneas e antigas), incluindo a Bíblia. Muitos pensam que representa o
amor divino, incondicional, com autossacrifício ativo, pela vontade e pelo
pensamento, embora esse amor possa ser praticado por humanos inspirados por
esse sentimento, mas em grau bem inferior, em função da imperfeição e
limitações humanas. Ágape, termo para o amor, é usado raramente em manuscritos
antigos e não era comum no grego clássico. No Império Romano, usava-se no
topo de cartas (correspondência amigável), análogo aos
modernos “prezado” ou “caríssimo”.
Porém, agápê (nome que os latinos traduzem por caritas, dilectio e amor) e agapáô (verbo que traduzem por diligo e amo) são usados na Septuaginta transliterando
o termo que em hebraico significa afeição para designar a família e
amigos com afinidade para fazer tarefas em que não haja envolvimento de sexo ou
atividades românticas. É incerto porque foi escolhido o termo agápê, mas a similaridade de sons
consonantes (aḥaba) terá sido
decisiva. Não é impossível que o conceito grego se tenha originado em
transliteração de alguma língua semita. Este uso fornece o contexto para a
escolha da palavra em preferência a outras mais comuns, como o amor, em obras
cristãs. O NT fornece definições e exemplos de agápê que geralmente expandem os usados nos textos antigos,
denotando o amor entre irmãos, o amor de esposos e de adultos com crianças, e o
amor de Deus para com todos os povos. O uso cristão de agápê vem diretamente dos evangelhos. Por exemplo, quando
interpelado sobre qual é o maior mandamento, Jesus respondeu:
“Amarás (agapêseis
– diliges) o senhor vosso Deus com
todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o
primeiro e maior de todos os mandamentos. E o segundo é: Amarás (agapêseis
– diliges) o teu próximo como a ti
mesmo. Toda a lei e os Profetas residem nestes dois mandamentos.” (Mt
22,37-41).
No Sermão
da Montanha Jesus disse:
“Ouvistes dizer: ‘amarás (agapêseis – diliges) o teu
irmão e odiarás teu inimigo’, mas eu digo-vos: amai (agapâte - diligite) vossos inimigos, fazei o bem aos que vos
odeiam, e orai por aqueles que vos perseguem e maltratam, pois deste modo
sereis filhos de vosso Pai nos céus, aquele que faz com que o sol se levante
sobre o mau e sobre o bom, e faz chover sobre o justo e sobre o injusto. Se
amais apenas aqueles que vos amam, que recompensa tereis?” (Mt 5,43-46).
Os cristãos
descrevem o ágape, exposto por Jesus, como expressão do amor incondicional,
forte e voluntário (não discrimina, não tem pré-condição e é algo que se
decide fazer voluntariamente): “ninguém tem maior amor (agápên) do que aquele que dá (thêi) a vida pelos seus
amigos” (Jo 15,13).
Paulo descreve
este amor assim:
“O amor (hê
agápê – caritas) é paciente, o amor (hê
agápê – caritas) é amável. Sem
inveja, ele não tem ostentação, ele não é orgulhoso. Não é rude, ele não é
interessado, ele não se irrita facilmente, ele não mantém nenhum registro dos
erros. O amor não se deleita com o mal mas rejubila com a verdade. Protege
sempre, confia sempre, sempre tem esperança, sempre persevera. O amor nunca
falha.” (1Cor 13,4-8).
Na tríplice
confissão petrina de amor de Pedro a Jesus (vd Jo 21,15-47), Jesus perguntou duas vezes: “agapâs me? E Pedro respondeu: “philô
se”. E, perguntando “phileîs me?”,
obteve a resposta de que Pedro foi capaz na sua humildade – um amor que não
chegava à agápê.
***
O ágape,
como amor mais sublime, foi explanado por muitos escritores em contexto cristão,
o que gera a genuína fraternidade, o amor social. Nas suas variações (nome,
adjetivo ou verbo), o termo
aparece mais de 300 vezes no NT. Thomas Jay Oord definiu-o como “uma resposta intencional para promover o
bem-estar em resposta a quem gerou um mal-estar”.
2021.06.14 – Louro de
Carvalho
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