A Cimeira
Social da UE 2021 arrancou no dia 7, no Porto, prolongando-se para o dia 8, sob
a égide da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE) e é considerada o seu ponto alto. Marcaram presença
24 dos 27 chefes de Estado e de Governo da UE (os outros intervieram online) para definirem a agenda social da UE para a próxima
década. Para lá destes, estiveram presentes os presidentes do Parlamento
Europeu, David Sassoli, do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, bem como os vice-presidentes executivos da
Comissão Margrethe Vestager e Valdis Dombrovskis, o Alto Representante Josep
Borrell e os comissários Elisa Ferreira, Mariya Gabriel e Nicolas Schmit.
O evento
consistiu na conferência de alto nível, na Alfândega do Porto, com os parceiros
sociais e na reunião informal dos chefes de Estado e de Governo da UE, no
Palácio de Cristal, com o objetivo geral de definir a agenda de política social
europeia para a próxima década e garantir que enfrentamos os desafios do
presente e do futuro não deixando ninguém para trás.
Na
conferência de alto nível de 7 de maio, os Estados-Membros, as instituições
europeias, os parceiros sociais e a sociedade civil reuniram-se para reforçar o
empenho na aplicação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais (PEDS), tendo os resultados do debate contribuído
para os trabalhos da reunião informal dos chefes de Estado e de Governo, a 8 de
maio.
A cimeira social vem na sequência da proclamação do PEDS, em 2017, em Gotemburgo, que estabeleceu 20 princípios fundamentais que nos orientam para uma Europa
social forte, justa, inclusiva e plena de oportunidades no século XXI, tendo a
Comissão Europeia, em março de 2021, apresentado o Plano de Ação para a
aplicação do PEDS, com a proposta duma série de iniciativas e a fixação de três
objetivos principais a atingir em toda a Europa até 2030: taxa de emprego de, pelo menos, 78 % na UE (dos 20 aos
64 anos) até 2030; pelo menos 60 % de participação de adultos em cursos
de formação todos os anos, inclusive em competências digitais; e redução do número de pessoas em risco de exclusão
social ou de pobreza de, pelo menos, 15 milhões de pessoas, incluindo 5 milhões
de crianças. Assim, com o
objetivo de reforçar o compromisso dos Estados-membros, das instituições
europeias, dos parceiros sociais e da sociedade civil, a presidência portuguesa
conseguiu a aprovação e a implementação do PEDS, com particular atenção ao
Emprego, à Igualdade de Oportunidades, à Inclusão à Proteção Social e à Saúde e
garantindo que são enfrentados os “desafios do presente e do futuro” na UE.
O evento
iniciou-se com chegada dos líderes europeus à Câmara do Porto, marcada pela
intervenção da orquestra juvenil de Bonjoia, que investe naquilo em que a
Europa deve investir – a integração social –, e pela entrega da “Chave
da Cidade do Porto” aos líderes europeus.
***
À margem da
cimeira, o Primeiro-Ministro António Costa considerou “um excelente sinal” ter juntado
líderes europeus, líderes sindicais, representantes das empresas e das
sociedades civis, considerando que a Europa e Portugal ainda enfrentam a
pandemia, estando em boas condições para chegar ao compromisso de apoio à
execução do Plano de Ação dos Direitos Sociais, o que “é muito importante”, como
vincou aos jornalistas. E, recordando que, na cimeira social de 2017, foram
aprovados os 20 princípios do PEDS, disse que “agora é preciso pôr estes
princípios gerais em ação, o que não é, contudo, o “fim da linha”.
O Ministro
dos Negócios Estrangeiros garantiu que a Declaração do Porto, que plasma o Compromisso,
afirma que os parceiros sociais apoiam o Plano de Ação apresentado pela
Comissão; apoiam a nossa decisão de incluir os indicadores sociais do “semestre
europeu” e das políticas económicas; e se comprometem a cumprir as metas
definidas. Em síntese, “nós na Europa
somos uma Economia Social de Mercado”, tendo de pôr os indicadores sociais
ao nível do crescimento do produto, do défice e da divida, para podermos
avaliar a evolução.
A Ministra
de Estado e da Presidência defendeu que a recuperação económica tem de almejar
a construção de “um futuro justo”, advertindo que, caso contrário, “muito
dificilmente será verde e digital”. Certa de que a crise resultante da covid
“interrompeu um caminho de recuperação”, frisou que a resposta à crise será
“decisiva para o futuro”, que deve ser “justo”, pois, caso contrário, “muito
dificilmente será verde e digital”.
A Comissária
Europeia da Coesão e Reformas afirmou que as metas apresentadas na cimeira social
“são exequíveis” se forem “levadas a sério” e realçou que “a crise foi uma
pancada muito grande e quebra os elos mais frágeis”.
O
Primeiro-Ministro espanhol disse aos jornalistas ser “imprescindível centrarmo-nos
na dimensão social também da pandemia”, que exacerbou “muitas das desigualdades
sociais a nível internacional e territorial”, o que levará a debate imprescindível
para a UE.
O Presidente
do Parlamento Europeu qualificou a cimeira de “fundamental” na perspetiva
social da recuperação da UE após a pandemia, tendo por base os direitos sociais
dos cidadãos.
A Presidente
da Comissão disse acreditar que a cimeira mostrará que “a Europa pode cumprir”,
depois dum “ano muito duro” de pandemia. Vendo que “todas as partes
interessadas necessárias estão aqui presentes” – entre as quais “chefes de
Estado e de Governo, as instituições europeias, mas sobretudo os sindicatos, as
entidades patronais e a sociedade civil” –, adiantou estar “certa de que esta
cimeira mostrará que a Europa consegue cumprir”. Além disso, assinalou que,
depois da pandemia, “vem agora um segundo passo muito importante que é a
recuperação”.
***
A Cimeira
Social
Começou com
o discurso de abertura do anfitrião António Costa, que, agradecendo a presença
dos participantes, começou por dizer que “é muito significativo” que, neste
momento tão difícil, “tenha havido uma mobilização tão expressiva”. É a grande
demonstração da “importância da dimensão social europeia que junta numa mesma
sala chefes de Estado, chefes de Governo, líderes e representantes das várias
instituições da União, o diretor-geral da Organização Internacional do
Trabalho, os parceiros sociais, os representantes da sociedade civil”.
Lembrando
que a pandemia tem afetado a vida social europeia, sublinhou que a covid-19 revelou
a importância dum “Estado Social forte”, além de ter revelado as múltiplas
fragilidades das sociedades. Por outro lado, apontando que “o trabalho digno e
com direitos” não tem só a ver com “a dignidade da pessoa humana”, como tem
sublinhado o Papa Francisco, disse que o trabalho assim concebido “é também uma
questão de resiliência e de sustentabilidade das nossas sociedades”, pois, “uma
sociedade precária não é uma sociedade resiliente”. Além disso, como vincou, a
recuperação não pode atender só à emergência presente, antes “chegou o momento
de combinarmos a emergência com a recuperação, a proteção do emprego com a
criação de emprego, a preocupação de evitar falências com o investimento
necessário ao aumento da competitividade”, pois, combater os efeitos imediatos
da crise não nos permite negligenciar os desafios estratégicos que tínhamos e temos
ainda de enfrentar. Considerando que a emergência sanitária que vivemos acresce
à emergência climática que já vivíamos e que a próxima é a “década da Europa
digital, da transformação digital das nossas economias, das nossas sociedades e
da afirmação da Europa à escala global”, Costa declarou chegado “o momento de
pôr imediatamente em marcha a recuperação económica e social com base nos
motores das transições climática e digital”, mas advertiu que esta transição
“só será sustentável e bem-sucedida, se for justa e for inclusiva”. E, avisando
que “a Europa não se pode atrasar nestas transições”, observou que não pode
esquecer o seu outro lado da moeda, ou seja, “o forte Pilar Social para
combater as desigualdades, para criar novos empregos, assegurar a
requalificação e proteção social nestes processos de transição”. Assim, a
transição “só será bem-sucedida se nos tornar efetivamente mais fortes e coesos
enquanto sociedades, se corrigir desigualdades existentes sem criar novas
desigualdades entre as pessoas ou novas assimetrias entre os territórios”. Por
isso, é a hora de “renovar o contrato social europeu”, comprometendo-se, cada
qual ao seu nível, a desenvolver respostas inovadoras e inclusivas que permitam
promover emprego digno, qualificações e proteção social adaptada às atuais exigências.
A Presidente
da Comissão, corroborando as palavras de Costa, considerou que, se em 2017, se
formulou a ideia do Pilar Social Europeu, agora há que passar à ação e que a
Europa é mais forte se unida. Lembrou também que a economia europeia deve
trabalhar “para todos”: garantir a igualdade para as mulheres, oportunidades e
apoios para quem trabalha e quem passa por dificuldades, como dar garantias e
estímulos a quem se dispõe a arriscar investir no mercado.
O Presidente do Conselho Europeu defendeu que a Europa social “deve ser uma
realidade agora mais do que nunca” e considerou a cimeira “um momento
importante para o projeto europeu”.
Após os
discursos de abertura, seguiram-se os debates sobre o caminho percorrido desde
a proclamação do PEDS, apresentado em Gotemburgo em 2017. Todos frisaram a
importância de pôr em curso os planos existentes para garantir melhores
condições de trabalho e de vida a todos os europeus. Alguns objetivos passam
pela necessária ajuda aos mais jovens a ultrapassar as dificuldades de entrada
no mercado de trabalho, tendo de se lutar contra o desemprego jovem, que “se
tornou um problema” devido à pandemia e cresceu mais que o desemprego global.
Dirigindo-se
aos chefes de Estado e de Governo, o líder da Plataforma Social, observando a
necessidade de “manter estes e outros assuntos sociais no topo da agenda”,
recordou a recente pesquisa Eurobarómetro, que indicou que 9 em 10 europeus
consideram a Europa social uma prioridade, e desafiou os líderes europeus a
deixarem de lado as tendências protecionistas. Isto porque, vincou, se o objetivo
da recuperação europeia é “não deixar ninguém para trás”, o foco tem de estar
no que pode ser feito para melhorar a vida de cada pessoa em qualquer canto da
UE. Depois, saudou a criação de mecanismos de coordenação nacionais para
garantir o compromisso de todos os intervenientes no Plano de Ação sobre o PEDS
e instou os Estados a envolverem as organizações da sociedade civil em todas as
fases da decisão política (execução, avaliação e monitorização).
Intervindo
na cimeira, Von der Leyen apelou a todos no atinente às crianças, pois “as crianças
em situação de pobreza precisam de ter acesso às necessidades mais prementes:
educação, saúde, pelo menos uma refeição quente por dia, desporto, música,
outras crianças”. E disse:
“Todos nós sabemos quais são os ingredientes
e, enquanto a Comissão puder dar o seu apoio com o Fundo Social Europeu, mas
também com os fundos de coesão, e se os chefes de Estado e de Governo derem o
seu contributo (…) chegaremos ao velho provérbio que diz que é preciso uma
aldeia inteira para educar uma criança. Ora, essa aldeia inteira é a Europa.”.
Depois de o Compromisso
Social do Porto ter sido assinado por todas as partes e entregue ao Presidente
do Conselho Europeu, Costa falou num “marco histórico” para a UE, sendo “o mais
abrangente e ambicioso compromisso alguma vez alcançado de forma tripartida ao
nível europeu” e que “marca o início de uma caminhada que faremos em conjunto”.
Ángel
Gurría, secretário-geral da OCDE, na sessão paralela à Cimeira Social sob a designação
de “Qualificações e Inovação”, considerou
que a recuperação da crise deve incluir a expansão do acesso à aprendizagem de
qualidade a todos os europeus para enfrentarem as próximas transições, no caso
de adultos, de custos altos, mas necessários. E preconizou especial investimento
nos pouco qualificados, os mais ameaçados de ficar de fora da recuperação.
Referiu que
a pandemia de covid-19, nomeadamente por via das medidas de distanciamento
social necessárias e impostas no âmbito de combate a esta crise, diminuiu a
participação dos trabalhadores nas formações em contexto de trabalho em cerca
de 20%. E frisou a necessidade de se resolver o problema assente no facto de,
para muitos trabalhadores, a aprendizagem e formação ser “cara e não ser
conciliável com o emprego e as responsabilidades familiares”.
O Presidente
do Conselho Europeu defendeu, na sessão de encerramento da Conferência, que a
UE deve consolidar e fortalecer a capacidade para a fraternidade face às
grandes transformações que estão em curso a nível global. E indicou:
“Este momento inscreve-se numa intuição que
tivemos (...) de que as grandes transformações, climática e digital, (...) nos devem
levar a consolidar e fortalecer a capacidade para a fraternidade europeia, para
essa famosa promessa europeia, que foi construída nas ruínas da Segunda Guerra
Mundial, a paz e a prosperidade enquanto pedras basilares da dignidade e da
liberdade pessoal, da capacidade de agarrar o destino com as próprias mãos”.
E, vincando
que a UE precisa de desenvolvimento económico, inovação e prosperidade, Charles
Michel frisou a necessidade da “coesão social”, de “proteger aqueles que estão
a lidar com a vulnerabilidade, aqueles que têm que ultrapassar algumas
dificuldades”.
Por seu
turno, a presidente da Comissão considerou que o Compromisso Social do Porto é “ambicioso
mas alcançável”, vincando que a suspensão das patentes das vacinas contra a
covid-19 “não resolverá o problema a curto/médio prazo”, sendo necessário aumentar
a produção e melhorar os circuitos de distribuição.
Visivelmente
satisfeita com o resultado obtido, que define a agenda social da Europa para a
próxima década, na conferência de imprensa que se seguiu, acompanhada pelo Presidente
do Parlamento Europeu e pelo Primeiro-Ministro português, assinalou a “jornada
histórica” em que os parceiros sociais não só estiveram presentes, mas
assinaram o compromisso e frisou que “estamos a falar de ação”.
O Primeiro-Ministro
desaconselhou a reabertura de discussões sobre o valor global do fundo de recuperação
da UE, contrapondo que as prioridades são a ratificação do aumento dos recursos
próprios e a conclusão dos planos nacionais. E, confrontado com o facto de o
Presidente de França ter considerado que o valor global do fundo acordado em
julho passado está ultrapassado face à maior gravidade da crise. Sem referir
diretamente a tese líder francês, apontou que “o próprio fundo de recuperação e
resiliência tem uma primeira parte de 70% definitivamente alocado com base nos
resultados da quebra do PIB em meados de
2020”. Mas observou:
“Prevê também uma revisão em 2022 em função
do PIB final do ano passado e de 2021 para alocação final dos 30% que terão de
ser rebalanceados entre os diferentes países, tendo em conta o impacto efetivo
da crise”.
No entanto,
na perspetiva de Costa, a Europa encontra-se “num momento ainda relativamente
incerto em termos de apurar o impacto final da crise”, pelo que assinalou:
“Sabemos que o plano de vacinação está a
correr bem e que alguns setores económicos se encontram já em retoma
progressiva, embora outros ainda em situação bastante distinta. E a situação
também é distinta de país para país em função da sua própria estrutura
económica.”.
Para Costa,
mais que reabrir a discussão sobre o montante global do fundo, “este é o tempo
de cumprir, o que significa aprovar a decisão de aumentar os recursos próprios
da Comissão Europeia e aprovar os planos nacionais de recuperação, pondo-os
depois em execução”.
***
O Compromisso do Porto
Os líderes
europeus subscreveram, no Porto, um “compromisso” capaz de garantir mecanismos
para os Estados poderem cumprir os objetivos do Pilar Social Europeu “sem
deixar ninguém para trás”. Assim, para atingir as metas, o “Compromisso do
Porto” propõe união de “forças no sentido da inclusão, sustentabilidade,
criação de emprego, numa altura em que se vivem tempos sem precedentes provocados
pela crise sanitária. O texto é claro ao referir:
“Com o desemprego e as desigualdades mais
acentuadas por causa da pandemia, é importante canalizar recursos para onde são
mais necessários para o fortalecimento das nossas economias e concentrar os
nossos esforços políticos em igualdade de oportunidades, criação de emprego,
empreendedorismo e redução da pobreza e da exclusão”.
O
compromisso pretende mobilizar os recursos necessários – investimentos e
reformas – para solucionar a crise económica e social e realçar a “resiliência”
em futuras crises, bem como fortalecer a competitividade com base num crescimento
sustentável, inclusivo, “com emprego e justiça social. A este respeito, o
documento salienta a “especial atenção” ao ambiente, melhoria dos conhecimentos
tecnológicos e digitais por parte dos trabalhadores e ênfase no papel das
instituições e das pequenas e médias empresas.
Por outro
lado, os líderes europeus e parceiros sociais concordaram em promover a
igualdade de género, incluindo colmatar as diferenças salariais entre homens e
mulheres e desenvolver políticas capazes de garantir a coesão social e lutar
contra todas as formas de discriminação, incluindo no “mundo do trabalho. Acertaram
em que as crianças em risco de pobreza, idosos, pessoas com deficiência,
migrantes, pessoas sem-abrigo ou pertencentes a grupos minoritários devem ser
alvo de políticas públicas contra discriminação. E declararam:
“Nós apelamos ao Conselho Europeu para
apoiar os objetivos 2030 propostos pela Comissão Europeia para o Pilar Europeu
dos Direitos Sociais, promovendo a recuperação do emprego e a melhoria das
condições de trabalho, para se conseguir aumentar para 78% a taxa de emprego”.
***
Valdis
Dombrovskis, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, responsável pela
pasta de “Uma economia ao serviço das pessoas”, em entrevista à agência Lusa no final da cimeira, saudou o “muito
bom resultado” da cimeira social, que permitirá “começar a trabalhar” para
adotar políticas sociais e garantir uma recuperação económica “inclusiva” na UE.
E, vincando que o compromisso ora alcançado “foi um resultado importante para a
Comissão Europeia”, pois a cimeira endossou o plano de ação sobre a
implementação do PEDS. E declarou:
“Portanto, agora podemos realmente começar a
trabalhar e implementar um plano de ação. E estamos basicamente a levar adiante
o trabalho iniciado já em 2017 em Gotemburgo com a proclamação do pilar social,
também ajustando-o às circunstâncias atuais.”.
Para Dombrovskis,
a UE tem agora também de “lidar com uma transformação verde e digital da
economia”, garantindo ao mesmo tempo que “recuperação económica [acontece] de
uma forma que seja inclusiva e reduza a desigualdade”. Desse ponto de vista, “esta
foi uma cimeira muito produtiva que nos ajudou a definir os próximos passos e o
caminho a seguir”.
***
Apesar de
todos os hossanas, pode acontecer que a passagem das palavras aos atos se faça
muito ao ralenti, podendo até ocorrer algum recuo em matérias importantes, o
que não foi acautelado.
Parece que
alguns países poderão ser obrigados a retomar algumas das medidas mais severas
do tempo da troika, nomeadamente no setor hospitalar! Parece que a pandemia
ensinou pouco…
Não sei se o
neoliberalismo dominante se compadece com o pendor social da UE ora adotado na
letra. Ademais, não se partiu desta vez para a definição de um salário mínimo
europeu. Como é que então se pode falar de um trabalho digno, se não contribui
para a vida desafogada de quem trabalha e para a minimização dos problemas
familiares. E querem que os trabalhadores, com direitos flagelados pela
pandemia e sem futuro risonho, estejam motivados e satisfeitos?
Parece,
pois, que a UE tem ainda muito que andar além das intenções, se quer ser política,
justa, democrática, económica e social… tem que sair da desilusão e tomar
medidas em concreto.
2021.05.08 – Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário