O enunciado vertido
em epígrafe constitui o lema do Dia
Mundial do Turismo de 2018, cujas celebrações oficiais terão o epicentro em
Budapeste, na Hungria, em conformidade com decisão da 61.ª reunião da Comissão
da OMT para Europa, que juntou mais de 30 países membros e afiliados da
organização, em Chisinau, capital da Moldávia. Em 2019, esta comissão regional
reunir-se-á na República Checa e as celebrações oficiai do Dia Mundial do Turismo de 2019 terão lugar na Índia, com o lema seguinte:
“Turismo e emprego: um futuro melhor para todos”.
A predita 61.ª reunião debateu questões prioritárias da OMT (Organização Mundial do Turismo), nomeadamente as estratégias que
visam posicionar o turismo como motor essencial do desenvolvimento sustentável
no continente europeu. E prestou particular atenção à necessidade de continuar
a potenciar o trabalho da OMT no atinente à promoção de viagens seguras e sem
interrupções. Recorde-se que a OMT criou recentemente um grupo de trabalho
sobre turismo e segurança para fazer avançar o estudo desta problemática. Os
Estados-membros condenaram os vários atentados terroristas perpetrados na
Europa.
A comissão também examinou o trabalho dos comités técnicos da
OMT sobre competitividade e sustentabilidade, bem como as contas nacionais de
turismo (CNT), e as atividades realizadas pelos
estados membros para celebrar o Ano Internacional de Turismo Sustentável para o
Desenvolvimento 2017.
Outros pontos da agenda foram a transformação do código de
ética mundial para o turismo da OMT em convénio internacional, a criação de
comités nacionais sobre ética de turismo e as prioridades do programa de
trabalho da OMT para 2018-2019.
O Dia Mundial do Turismo 2018, a celebrar em Budapeste
e por todo o mundo, focar-se-á na importância das tecnologias digitais no
Turismo, já que oferecem oportunidades de inovação e preparam o setor para o
futuro do trabalho. E constitui uma oportunidade para fomentar a
consciencialização sobre a contribuição real e potencial do turismo num
desenvolvimento sustentável. Por outro lado, irá ajudar a destacar as reais oportunidades de desenvolvimento sustentável para o turismo que representam avanços tecnológicos, tais como inteligência de dados, a inteligência
artificial e as plataformas digitais. Neste sentido, a OMT acredita que os
avanços digitais e inovação
são parte da resposta ao desafio de conciliar crescimento contínuo com maior sustentabilidade e responsabilidade no setor do turismo. A este
respeito, Zurab Pololikashvili, Secretário-Geral da OMT, refere:
“A incorporação de avanços digitais e inovação oferece oportunidades ao turismo para aumentar a
inclusão social, maior participação das comunidades locais e do uso eficiente dos recursos na gestão, entre os muitos objetivos no âmbito da agenda para o desenvolvimento sustentável”.
A celebração oficial do Dia Mundial do Turismo contará também com o anúncio dos
semifinalistas do 1.º Concurso de Startup
de Turismo da Organização Mundial do Turismo, lançado pela OMT e pela Globalia para dar visibilidade às startups com ideias inovadoras capazes
de revolucionar a maneira como viajamos e desfrutamos do turismo.
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A data
começou a ser celebrada no ano de 1980, após decisão da Organização Mundial de
Turismo numa sua conferência em Espanha. O Dia
Mundial do Turismo celebra-se todos os anos a 27 de setembro e, desde 2006,
como critério de escolha do país anfitrião, segue-se esta ordem: Europa;
Ásia meridional; Américas; África; Asia oriental e Pacífico; e Médio Oriente.
A OMT escolhe os lemas do Dia Mundial do Turismo tendo em conta, quanto
possível, os adotados para os anos e dias internacionais declarados pela sua
instituição matriz, a ONU.
Foi
a delegação húngara que informou a OMT de que as celebrações oficiais organizadas
pelo seu país teriam lugar em Budapeste.
Aquando da escolha do
local e do tema Dia Mundial do Turismo,
o então Secretário-Geral da OMT, Taleb Rifai, animou os membros da organização
a que se associassem aos eventos do Qatar e celebrassem em seus países o Dia Mundial do Turismo de 2017,
aproveitando a oportunidade para relevarem o contributo do setor para os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e promoverem o papel do turismo em
sua contribuição para os três pilares da sustentabilidade: económico, social e
ambiental.
Recorde-se que os
preparativos para as celebrações oficiais de 2017 incluíram um grupo de
reflexão e conferências sobre os cinco pilares do Ano Internacional 2017: crescimento económico sustentável, inclusão
social, emprego e redução da pobreza; uso eficiente dos recursos; proteção
ambiental e mudanças climáticas; valores culturais, diversidade e património, e
entendimento mútuo, paz e segurança.
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Considerado
um dos maiores setores económicos do mundo, o turismo assume-se como de
importância vital para a economia de muitos países, que têm no setor um
elemento essencial para o crescimento e desenvolvimento económico. Sendo um
setor que regista elevados índices de crescimento, também entre nós, o turismo
não só apresenta benefícios económicos, como assume relevância fulcral na
promoção da cultura, língua e costumes de um país, povo ou população. O turismo
é definido como o complexo das atividades que são realizadas durante uma
viagem, como conhecer os pontos turísticos de cada local.
Para
trabalhar na área do turismo, o indivíduo pode atuar, por exemplo, como guia
para turistas, mostrando os diferentes locais duma cidade, vila, aldeia ou
paisagem, e num escritório de divulgação de pontos turísticos e de marcação e oferta
de viagens, bem como integrado num grupo de pesquisa e estudo de mercado atinente
a esta área.
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A propósito da
celebração do Dia Mundial do Turismo de
2018, que se aproxima, o Prefeito do
Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, divulgou hoje, dia 4 de agosto,
através do Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé, Mensagem apropriada, com
data de 28 de julho, em que tece várias considerações em torno do lema. Dela se
destacam alguns pontos relevantes.
O tema deste
ano dá enfoque aos avanços da tecnologia digital, que transformou a nossa
época, usos e costumes, mudando drasticamente o modo como passarmos o tempo
livre, as férias, a mobilidade e o turismo, em todos os seus aspetos. Decorrentes
da implementação das novas tecnologias digitais resultaram, assim, muitas
mudanças relativas à vida social das pessoas e à maneira de conceber relações
interpessoais, trabalho, saúde, comunicação. E, sobretudo, aumentou a “conexão”,
a partilha de informações, permitindo a expressão da variedade de riquezas de
ideias, opiniões e visão do mundo.
Segundo as
últimas pesquisas, cerca de 50% dos navegadores digitais inspiram-se em imagens
e comentários online e 70% consultam vídeos e opiniões dos que
já viajaram. Por isso, a celebração induz a reflexão sobre o contributo do
avanço tecnológico para melhorar os produtos e serviços turísticos e por se
inserir na via do desenvolvimento sustentável e responsável.
Obviamente,
a inovação digital visa promover a inclusão, o envolvimento das pessoas e das
comunidades locais e alcançar uma gestão inteligente e equilibrada dos
recursos.
Sobre o
turismo, o Cardeal Peter Turkson refere que, no ano passado, o setor do turismo
internacional registou um aumento de 7%, esperando-se ainda um maior
crescimento para a próxima década. Na verdade, a necessidade da “sustentabilidade
turística” não pode ser subestimada, pois em alguns destinos turísticos mais
populares são vivenciados os efeitos negativos dum fenómeno que se opõe ao turismo
saudável e justo, chamado “superturismo”.
Mais sublinha
que a Igreja Católica sempre prestou atenção especial à Pastoral do Turismo, ao
lazer e às férias, enquanto oportunidade de recuperar e fortalecer os laços
familiares e interpessoais, restaurar o espírito e desfrutar das
extraordinárias belezas da criação para crescer na “humanidade integral”. E citando
a Laudato Si’ (n.º 84), diz:
“Cada criatura tem uma função e nenhuma é supérflua.
Todo o universo material é una linguagem do amor de Deus, de seu desmedido carinho
para connosco.”.
Assim, o
turismo constitui um veículo efetivo de valores e ideais, pois oferece
oportunidades para o crescimento da pessoa humana, na sua dimensão
transcendente, aberta ao encontro com Deus, e na sua dimensão terrena, no
encontro com o homem, com outras pessoas e no contacto com a natureza.
Indubitavelmente,
o uso de instrumentos digitais no setor de turismo é, como preconiza, uma
grande oportunidade para se tender ao progresso e ao aumento da segurança,
utilidade, bem-estar, força vital, plenitude de valores. Porém, como adverte, a
produção e o uso de “dados”, especialmente dados pessoais, gerados pelo “mundo
digital”, podem ser utilizados para fins comerciais, propaganda ou até para
estratégias manipuladoras. Ora, quando os instrumentos tecnológicos “se tornam omnipresentes, não favorecem o
desenvolvimento da capacidade de viver com sabedoria, de pensar profundamente e
de amar com generosidade” – avisa.
É verdade
que as sociedades tecnologicamente avançadas estão dispostas a estimular
comportamentos caraterizados pela sobriedade; e o uso dos meios digitais deve
ser acessível a todos, mas sempre no respeito da liberdade de escolha das
pessoas.
Dirigindo
uma palavra particular às jovens gerações, que constituem uma maioria no uso do
digital, o Cardeal, frisa que o documento em preparação para a próxima
Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre os Jovens contém uma referência
à necessidade de oferecer à juventude cursos de formação e educação antropológica,
para que possam viver a “era digital” sem serem enganados pelo mundo virtual,
que distorce a perceção da realidade e causa perda da identidade da pessoa.
Por fim, remata
a sua Mensagem expressando o seu desejo a todos, turistas e veraneantes, de que
“o turismo possa contribuir para
glorificar a Deus, valorizar a dignidade humana, o conhecimento mútuo, a
fraternidade espiritual e a renovação do corpo e da alma”.
***
Em suma, façamos turismo e férias, entretenhamo-nos no lazer e ocupação
distensora e utilizemos as novas tecnologias digitais. Porém, abstenhamo-nos de
nos deslumbrar e de absolutizar estas maravilhas da técnica, na certeza de que
a dignidade e a fé, bem como as suas exigências, não podem ser peças estranhas
à nossa mochila pessoal e comunitária, se apostamos a sério na integralidade de
vida.
2018.08.04 – Louro
de Carvalho
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