Celebra-se,
hoje, dia 15 de maio, o Dia da
Internacional da Família, proclamado em
Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) pela
resolução n.º 47/237, de 20 de setembro de 1993, destacando a importância das
famílias como unidades básicas da sociedade.
Um dos seus objetivos é promover a reflexão e a discussão acerca do conceito de
família nas sociedades do mundo inteiro, sendo outro provocar a reflexão sobre
os problemas económicos, sociais e culturais que afetam as famílias, sem
esquecer o problema do decréscimo demográfico que está a afetar as sociedades
ocidentais (decréscimo
que, em Portugal, está a atingir proporções dramáticas).
A família é um grupo natural e social composto
por pessoas, enformado por seus ancestrais componentes, valores e missões bem
como pelos laços de afetividade entre os seus membros.
É ela o espaço em que se estabelece o primeiro
contato social de uma criança, onde ela aprende a conviver com outras pessoas,
a respeitar regras, a comportar-se bem, a respeitar o seu próximo e a
desenvolver sentimentos como: afeto, carinho, amor, proteção, segurança, entre
outros.
Porém, em virtude de várias famílias não
conseguirem manter os seus laços, as suas raízes e os seus princípios, mas por
ser muito importante para a formação ética e moral das pessoas, a família foi
merecedora de ganhar um dia especial, definido pela Assembleia Geral da ONU,
como se referiu acima. Com a celebração desta efeméride e com a reflexão a que
ela dá ensejo, ficam evidenciados, perante a sociedade civil e as suas
organizações, os maiores problemas que afligem a vida familiar, o seu dia a
dia, ajudando as mesmas a enfrentá-los e a resolvê-los de forma mais harmoniosa
possível.
Com os fenómenos inerentes à modernidade, como
a independência da mulher e a conquista da sua liberdade e emancipação, as
famílias mudaram os seus padrões: não são mais constituídas exclusivamente pelo
figurino único de um pai – chefe da casa – e uma mãe, do lar. Os modelos
familiares de hoje trazem um casal que compartilha as responsabilidades, sendo
que o homem também executa tarefas domésticas e a mulher ajuda na parte económica
e financeira da casa.
Porém, é importante que os valores humanos
axiais, bem como os da religiosidade, sejam implantados dentro das famílias, a
fim de garantir a vida, a dignidade, a ordem, o respeito e a amizade dentro dos
ambientes familiares, de modo que a família seja tida em conta pela sociedade e
pelos poderes, quer como sujeito de intervenção política quer como objeto de
proteção e apoio.
Na linha dos seus predecessores, mas dotando-a
da sua marca peculiar, o Papa Francisco tem levado as estruturas eclesiais de
reflexão a debruçarem-se largamente sobre a doutrina e a problemática da
família, evidenciando os desafios que se lançam hoje à Igreja e à Sociedade.
A título de exemplo, no passado dia 13 de
maio, na sua catequese semanal no âmbito da audiência geral na Praça de São
Pedro, no caminho já considerável das catequeses sobre a família, o Papa
Francisco, disse, entre outras coisas, o seguinte:
Como
porta de entrada às reflexões sobre a vida familiar, queria hoje falar-vos de
três palavras, necessárias para se viver bem em família: ‘Com licença?’, ‘obrigado’
e ‘desculpa’. Fazem parte da ‘boa educação’, radicada no amor do bem e no
respeito pelo outro. A família vive desta delicadeza. Ao dizer ‘Com licença?’,
estamos a pedir gentilmente mesmo aquilo a que julgamos ter direito: entrar na
vida do consorte requer a delicadeza dum comportamento não invasor. É a
capacidade de esperar que o outro nos abra a porta do seu coração. Quanto à
palavra ‘obrigado’, hoje caiu muito em desuso na sociedade, pensando que tudo
nos é devido; a gentileza e a capacidade de agradecer são vistas como sinal de
fraqueza, deixando-nos até suspeitosos e desconfiados. Mas uma pessoa que não sabe
agradecer, esqueceu a linguagem de Deus. Sejamos intransigentes em educar para
a gratidão: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Por
último, ‘desculpa’: uma palavra difícil e todavia tão necessária. Quando falta,
pequenas fendas alargam-se – mesmo sem querer – até se tornarem fossos
profundos. Na casa, onde não se pede desculpa, começa a faltar o ar. Na vida
matrimonial, litiga-se tantas vezes, mas dou-vos um conselho: nunca termineis o
dia sem fazer a paz; para isso, basta um pequeno gesto.
***
Em
sintonia com a mensagem do Dia da Internacional da Família, a Conferência Episcopal Portuguesa, através da
Comissão Episcopal competente para a área da Família (Comissão Episcopal do Laicado e da Família –
CELF), organiza a Semana da Vida, desde 1994.
Esta iniciativa vem na sequência do apelo
lançado, em 1991, pelo Papa João Paulo II, na Encíclica Evangelium Vitae (o Evangelho da Vida – EV), sobre o valor e a inviolabilidade da
vida humana, ao propor uma celebração que tenha por objetivo “suscitar nas
consciências, nas famílias, na Igreja e na sociedade, o reconhecimento do
sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos e condições,
concentrando a atenção de modo especial na gravidade do aborto e da eutanásia,
sem contudo menosprezar os outros momentos e aspetos da vida…” (EV 85).
Decorre na semana em que se celebra o Dia
Internacional da Família (15 de
maio).
Para o ano de 2015, a CELF programou, com a
colaboração do DNPF, a Semana da Vida,
de 10 a 17 de maio, em torno do tema “VIDA COM DIGNIDADE – Opção pelos
mais fracos”. E apresenta uma nota justificativa, de que se destacamos seguintes
pontos:
- Sendo a vida humana o primeiro e mais estimável
dos bens, urge lutar por novos rumos e construir uma verdadeira cultura da
vida.
- Em torno do tema selecionado, procura-se o
reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os momentos e
condições, com especial atenção à gravidade do aborto e da eutanásia,
sem descurar outros momentos e aspetos da vida.
- Contraria-se o esquecimento dos outros e o seu desinteresse
face aos problemas, tribulações e injustiças que sofrem, e a atitude
egoísta, que atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma
globalização da indiferença (Mensagem para a Quaresma 2015).
- Não ficaremos surdos ao clamor dos pobres, que
podem ser pessoas, multidões ou povos inteiros, reclamando o respeito pelos
direitos humanos (Cf
EG 190).
- Na linha da opção pelos pobres, própria de Deus
e recebida de Cristo, estes são os necessitados de bens materiais e todos os
atingidos na sua dignidade, porque excluídos, maltratados, violentados,
indefesos… (Cf EG 212), com os quais Jesus se identifica (cf Mt 25,40).
- Entre estes seres
frágeis, de que a Igreja cuida com predileção, estão os nascituros – inermes e
inocentes – a quem se nega a dignidade humana para poder fazer deles o que
apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém possa
impedi-lo (EG 213).
- Optando
preferencialmente pelos mais fracos, a exemplo de Jesus, propomos para cada dia uma atenção
especial aos nascituros, crianças, doentes, pobres, idosos e à família como tal.
***
O Departamento Nacional da Pastoral Familiar (DNPF) elaborou um
guião algumas sugestões para cada dia e deixa a todos o desafio de as
aperfeiçoarem e até de criarem os seus próprios meios, para conseguirem
momentos, pessoais e comuns, de interioridade e partilha. Assim:
No domingo, dia 10, o celebrante da Eucaristia fez a introdução à Semana da Vida (o Bispo do Porto fê-lo na igreja dos Passionistas, na celebração
do 50.º aniversario da permanência da Congregação em Santa Maria da Feira e na
Diocese do Porto), com a
indicação das intenções de cada um dos dias seguintes e com a inclusão desta
prece na oração dos fiéis:
Ao
darmos início a mais uma Semana da Vida, peçamos por todas as pessoas que
atentam contra a vida dos mais frágeis, para que Cristo Ressuscitado ilumine os
seus corações e os leve a reconhecer que “a vida humana é sagrada e inviolável
em todas as suas fases e situações”. Oremos, irmãos.
Na segunda-feira, dia 11, “Acolher a Vida Nascente”.
Sugestão de tarefa – Comentar em família:
A
razão é suficiente para se reconhecer o valor inviolável de qualquer vida
humana, mas, se a olhamos também a partir da fé, “toda a violação da dignidade
pessoal do ser humano clama por vingança junto de Deus e torna-se ofensa ao
Criador do homem”. (EG 213).
Na terça-feira, dia 12, “O Dom das Crianças”.
Sugestão de tarefa – Olhar uma criança e admirar a sua pureza e confiança filial;
abraçar os nossos filhos e dizer-lhes o quanto os amamos; recordar a criança
que habita em nós.
Na quarta-feira, dia 13, “Cuidar dos Doentes”.
Sugestão de tarefa – Visitar um doente e com a “sabedoria do coração”, estar com ele,
ouvi-lo, rezar com ele, cuidar dele, ser solidário sem o julgar.
Na quinta-feira, dia 14, “Partilhar com os pobres”.
Sugestão de tarefa – Ir ao encontro do necessitado mais
próximo.
Na sexta-feira, dia 15,
Dia Internacional da Família – “Celebrar
e Valorizar a Família”.
- Promover a
Família como espaço privilegiado e insubstituível para que um homem e uma
mulher possam através do matrimónio gerar e educar os seus filhos.
- Fortalecer
a família é dignificar cada um dos seus membros, em especial os que vivem
situações de maior debilidade.
- Família
comunidade e paradigma de comunhão, lugar de afetos, de história e estórias que
se abrem à celebração do Evangelho.
Sugestão de tarefa – Participação, em família, nas iniciativas propostas localmente (vigílias, catequeses, conferências, etc.)
No sábado, dia 16, “Amparar
os idosos”.
Sugestão de tarefa – Testemunhar carinho a uma pessoa idosa (familiar, vizinho, amigo…),
visitando-a num lar ou em casa. Por que não assumir o compromisso, em casal ou
em família, de uma visita periódica a alguém mais necessitado de atenção?
No domingo, dia 17, “Encerramento da Semana da Vida”: o celebrante da
Eucaristia fará a indicação do termo da Semana
da Vida e introduzirá a seguinte prece na oração dos fiéis:
Por
todos os profissionais da Comunicação Social, para que nos seus conteúdos e no
seu modo de comunicar, saibam fomentar o respeito e a defesa da dignidade da
pessoa humana e possam ser um bom contributo à implementação da cultura da
vida. Oremos, irmãos.
***
O Guião propõe para os dias 10 e 17 a celebração da Eucaristia com
as especificidades já indicadas; e para cada um dos dias de 11 a 14 e no dia
16, além da sugestão indicada, vem uma reflexão com base num texto, quase
sempre, do Papa Francisco, nomeadamente da Evangelii
Gaudium (EG) e alguns de
S. João Paulo II. E para todos os dias propõe-se a recitação do terço do
rosário com a meditação dos mistérios conforme o dia da semana.
Para cada dia e para cada mistério do rosário ficam propostas: a
enunciação do mistério; uma citação bíblica; uma reflexão; e uma prece.
***
São reflexões e oração que devem mobilizar os cristãos e todas as
pessoas de boa vontade, que amam a vida humana, a vida com dignidade, a vida em
abundância!
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