Este é
o primeiro resultado, ainda que ao nível de efemeridade, do Fórum Internacional de Mariologia sobre
Fátima, que decorre em Roma desde hoje, dia 7 de maio, até ao próximo dia 9.
Com efeito,
no final da sua conferência inaugural daquele areópago de debate mariológico e mariano,
o Cardeal D. Ângelo Amato,
prefeito da Congregação das Causas dos Santos, deu a notícia grata para os portugueses
e para o Santuário de Fátima, lendo a seguinte comunicação formal:
“O
Papa Francisco aprovou a celebração do 24.º Congresso Mariológico Mariano
Internacional na cidade de Fátima, organizado pela Pontifícia Academia Mariana
em colaboração com os responsáveis do Santuário”.
Mais adiantou que o Congresso, que se
realizará de 6 a 11 de setembro de 2016, terá por tema: O acontecimento de Fátima, cem
anos depois. História, mensagem e atualidade”.
Não é a primeira vez que Portugal oferece
o cenário do mais importante momento de reflexão internacional da área da
Mariologia e com temática específica conexa com o fenómeno fatimita.
Efetivamente, por ocasião das celebrações
cinquentenárias das aparições de Fátima, em 1967, teve lugar em Portugal a 5.ª
edição deste Congresso Mariológico Mariano Internacional sobre o tema ‘Primórdios
do Culto Mariano – Mariologia Patrística (em latim, De Primordiis Cultus Mariani – Mariologia Patristica),
com atividades em Lisboa (mais de índole mariológica) e Fátima (mais de índole mariana). Tanto assim foi que alguma imprensa da
época situou em Lisboa o Congresso Mariológico e em Fátima o Congresso Mariano.
Aquando do XX Congresso Mariológico Mariano
Internacional, em Roma no ano 2000, o padre Luciano Cristino assinalava à Agência
Ecclesia, no âmbito da temática, que,
“a partir do 5.º Congresso Mariológico e 12.º Mariano, em 1967, a temática foi o
estudo histórico-crítico do culto a Nossa Senhora, desde a época patrística até
ao século XX, antes e depois do Concílio Vaticano II”.
No atinente aos congressos de 1967, o
predito perito explicitou que, “naquele ano de 1967, os congressos decorreram
respetivamente em Lisboa (com o subtema ‘os primórdios do culto
mariano’) e em Fátima (com
o subtema ‘a intervenção de Maria em favor do povo cristão, no decurso dos séculos’)”.
Sobre a participação dos portugueses,
declarou que “foi precisamente desde os congressos de Lisboa e Fátima, em 1967,
que se registou a participação ativa de uma secção portuguesa, embora, já antes
e mesmo depois, até ao congresso de 1975, em Roma, tenha havido alguns
portugueses integrados em outras secções linguísticas.
Não podemos esquecer que até ao 13 de
outubro de 1967 não havia em Portugal a Universidade Católica Portuguesa (UCP) e que a Faculdade de Teologia da
Universidade de Coimbra fora extinta com o advento da República. Por isso, não
abundavam os altos peritos em Teologia em Portugal e os poucos que tinham nome
no país obtinham a sua formação académica de alto nível no estrangeiro.
Foi com o Decreto Lusitanorum nobilissima gens da então Congregação dos Seminários e
Universidades que foi criada a UCP, precisamente “no dia 13 de outubro
de 1967, ao expirar o ano 50.º das Aparições da Bem-aventurada Virgem Maria em
Fátima, Portugal”. O decreto baseia-se no precedente criado com a existência e funcionamento
da Faculdade de Filosofia, que já funcionava em Braga, desde o ano de 1947, sob
a orientação da Companhia de Jesus.
Todavia, não é
despicienda a reflexão marial feita em Portugal ao longo do tempo e, em
especial, a partir de Fátima, desde que o fenómeno fatimita começou a interessar
os homens da Igreja, incluindo a localização de vários institutos religiosos e missionários,
seminários e outras instituições formativas na Cova da Iria, bem como o
interesse por Fátima da parte dos Santos Padres.
Este interesse
pontifício por Fátima está em linha com o capítulo VIII da Constituição
Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium,
sob o título “A Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e
da Igreja” e com a série de encíclicas e exortações apostólicas, bem como os
diversos discursos, homilias e orações marianas que os Sumos Pontífices têm elaborado
e proferido.
Convém ainda
referir que as seis aparições da Virgem de 1917 foram precedidas de três aparições
do Anjo aos pastorinhos no ano de 1916: a primeira, na primavera, na Loca do
Cabeço; a segunda, no verão, ao pé do poço por trás da casa dos pais de Lúcia;
e a terceira, no outono, também na Loca do Cabeço. Nenhuma delas ocorreu na
Cova da Iria.
É o anjo que os
incita à oração e ao sacrifício pela conversão dos pecadores, os sensibiliza
para o agrado dos corações de Jesus e de Maria, lhes apresenta o motivo para a
comunhão e adoração eucarísticas e sobretudo lhes ensina a célebre oração
trinitária.
Assim, enquanto
os Congressos de 1967 ocorreram em pleno cinquentenário das aparições da Virgem,
agora o Congresso Mariológico-Mariano (a partir do ano 2000 os dois congressos fundiram-se num só
com as duas vertentes – mariológica e mariana, acertando-se que na numeração de
XX congresso para o do ano jubilar do milénio) fica abrangido pelas comemorações
centenárias iniciadas em 2010 e mais propriamente no centenário das aparições angélicas.
***
Já que o anúncio para Fátima do 24.º Congresso
Mariológico-Mariano ocorreu, como já se disse, na inauguração do Fórum Internacional de Mariologia sobre
Fátima, que decorre até ao próximo sábado na Pontifícia Universidade Antoniana,
será justo fazer-lhe alguma referência.
Segundo o site do Santuário de Fátima, a
organização é da Pontifícia Academia Mariana Internacional, com a estreita
colaboração do Santuário de Fátima, e insere-se no esforço de estabelecimento
de parcerias internacionais que o Santuário de Fátima está a desenvolver, no
sentido de levar a outros contextos alguma da reflexão que se faz sobre a
Mensagem de Fátima.
É assim
que, em torno do tema “A Mensagem de Fátima entre o carisma e a profecia”, o
Fórum é apresentado também como um “encontro de todos os amigos e devotos de
Nossa Senhora de Fátima em Itália”.
Os
trabalhos decorrerão, como se disse, na Pontifícia Universidade Antoniana, em
Roma, no regime de participação livre e gratuita.
A
iniciativa visa: o aprofundamento da reflexão sobre a Mensagem de Fátima; a ministração
do conhecimento às diferentes congregações religiosas e movimentos ligados a
Fátima; e a possibilitação de um momento de troca de experiências entre os
participantes.
Após o
encerramento do Fórum, haverá, na Basílica de S. António, in via Merulana, um
momento de oração a Nossa Senhora de Fátima diante de uma da imagem da Virgem
Peregrina de Fátima, levada do Santuário de Fátima.
Do
programa destaca-se, na sessão de abertura, a presença do Cardeal D. Angelo
Amato, prefeito da Pontifícia Congregação da Causa dos Santos; e, em todo o
programa, a participação e intervenção do Bispo de Leiria-Fátima, D. António
Marto, e do Bispo de Coimbra e antigo reitor do Santuário de Fátima, D.
Virgílio Antunes. Também o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos
Cabecinhas, participará em todo o programa do Fórum e nele intervirá.
Na tarde
do dia 8, terá lugar um conjunto de
workshops sobre os três diferentes temas específicos seguintes: “Movimentos
eclesiais ligados a Fátima”; “A mensagem de Fátima para o carisma da vida
consagrada”; e “Os videntes de Fátima”.
O bispo de
Leiria-Fatima abordará o subtema “Fátima Hoje: atualidade da Mensagem” ao passo
que o Dr. D. Eloy
Bueno de la Fuente, da Faculdade de Teologia de Burgos (Espanha) encarregar-se-á
do subtema “Leitura teológica da Mensagem de Fátima”.
Ao Dr. P. Vincenzo Battaglia, OFM, Presidente
da Pontifícia Academia Mariana Internationalis, é confiado o subtema “O
mistério do amor de Deus pelo mundo na Mensagem de Fátima”.
Por seu turno, o bispo
de Coimbra, que foi reitor do Santuário de Fátima, tratará o subtema “Fátima,
lugar e mensagem de esperança para o mundo”, cabendo ao atual reitor o subtema “Desafios
pastorais e espirituais de Fátima”.
Após cada uma das preditas comunicações, haverá lugar a debate e,
como já foi referido, a tarde do dia 8 fica reservada para os trabalhos de três
grupos, tratando cada um tema dos específicos já enunciados.
O fim dos trabalhos de comunicações e debates, ou conclusão
académica, é marcado pela intervenção do Dr. P. Vincenzo Battaglia, que apresentará as sínteses dos trabalhos de grupo; e pela
intervenção do Dr. D. Antonio Escudero, SDB, da Pontifícia Universidade Salesiana,
que apresentará as conclusões gerais, que incluem as das diversas comunicações
e debates.
A tarde do dia 9 ficará assinalada pela Tarde Mariana
com a imagem peregrina da Virgem de Fátima, que se desdobra nos seguintes atos:
acolhimento da imagem; orações diversas; rosário; testemunhos; ato de confiança
e entrega; e missa conclusiva soba presidência do bispo de Leiria-Fátima.
***
E assim vai a marcha da Mensagem de Fátima como
sinal de esperança e de compromisso por um mundo novo, mais justo e fraterno e
em sintonia com o querer de Deus.
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