Celebra-se
a 21 de março o Dia Mundial da Poesia,
por determinação da XXX Conferência Geral da UNESCO, em 16 de novembro de 1999,
com o escopo de promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia pelo
mundo inteiro.
Celebra-se também nesta
data o Dia Mundial da Árvore e da Floresta, com o objetivo de sensibilizar
a população para a importância da preservação das árvores, quer
ao nível do equilíbrio ambiental e ecológico, quer ao da própria qualidade de
vida dos cidadãos.
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O Dia Mundial da Poesia celebra a diversidade do diálogo, a livre criação
de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação, da
manifestação do ser e do sentir, do culto do belo. A data propicia a
oportunidade de uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento
das habilidades criativas de cada pessoa. A poesia contribui para a
diversidade criativa, usando as palavras e os nossos modos de perceção e de
compreensão do mundo.
Neste dia realizam-se várias atividades pelo país, sobretudo nas escolas (este ano, a maior parte das escolas anteciparam a celebração para o dai 20,
o último dia de aulas do 2.º período), bibliotecas e espaços culturais.
A história portuguesa apresenta
a produção poética de muitos poetas
cuja obra literária é mundialmente conhecida. Estão neste caso: Luís de
Camões, Manuel Maria Barosa du Bocage, Almeida Garrett, Eugénio de Castro, Fernando
Pessoa, Mário Sá-Carneiro, António Nobre, Florbela Espanca, José Régio, Natália
Correia, Eugénio de Andrade, Cesário Verde, Miguel Torga, Natália Correia, Alexandre O`Neill, Sophia de Mello Breyner Andersen. São estes efetivamente alguns dos poetas
portugueses mais conhecidos.
Os poetas Fernando
Pessoa, Cesário Verde, Alexandre O`Neill e Sophia de Mello Breyner Andresen
foram especialmente homenageados nas comemorações deste Dia Mundial da Poesia,
que decorreram no Porto e em Lisboa.
O Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, organizou uma sessão
de declamação de poemas de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de
Sá-Carneiro, três dos fundadores e principais autores da “Orpheu”, revista do
modernismo português, que completa cem anos. A sessão vem integrada no projeto
Orpheu 100, do teatro nacional, que assinala o lançamento da revista, em março
de 1915, e a edição de “A confissão de Lúcio”, de Mário de Sá-Carneiro.
O programa contou com a atriz Paula Mora, que declamou o “Manifesto
Anti-Dantas”, texto satírico de Almada Negreiros, e José Neves, que apresentou
“Um rádio por Pessoa”, a partir de “O Guardador de Rebanhos”, de Alberto
Caeiro, o heterónimo naturalista do poeta.
O ator João Grosso, por seu turno, declamou “Manucure”, de Mário
de Sá-Carneiro, num "fôlego futurista de recital, concerto e plástica
sonora”, como se lê na apresentação do programa do Teatro D. Maria II.
No Porto, Pessoa e os seus heterónimos também protagonizam a
proposta do Teatro Sá da Bandeira, mas no dia 23, com o espetáculo “A Minha
Pátria é a Língua Portuguesa”.
A Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, organizou uma feira do livro,
que vai até amanhã, domingo, 22 de março, nas suas instalações e no Jardim da
Parada, em Campo de Ourique.
No mesmo bairro, os grupos CampOvivo e Oficina de Teatro da
Universidade Sénior declamaram, nos cafés, à hora de almoço e ao lanche, poemas
de Fernando Pessoa, Cesário Verde, Alexandre O`Neill e Sophia de Mello Breyner
Andresen.
A poetisa do Porto foi homenageada no Porto, hoje, Dia Mundial
da Poesia, com o programa “Poesia em Sophia”, que se realizou nos jardins do
Palácio de Cristal, e com um espetáculo no auditório da Biblioteca Almeida
Garrett, que recupera a sua obra para crianças e contou com a participação da
comunidade escolar. Resultado da parceria entre a Fundação INATEL e a Câmara
Municipal do Porto, a iniciativa englobou representações teatrais, sessões de
música e mostras de artes plásticas, inspiradas na obra da escritora.
Em Lisboa, o Centro Cultural de Belém (CCB) abriu o Dia Mundial
da Poesia com uma palestra do investigador Fernando Cabral Martins, sobre a
vida e obra do poeta português Cesário Verde. Os poemas de Cesário foram
declamados por diversos convidados, numa maratona de leitura. Também foram
entregues, durante esta jornada do CCB dedicada à poesia, os prémios do
concurso “Faça Lá um Poema”, organizado em parceria com Plano Nacional de
Leitura.
Por outro lado, o CCB realizou ainda uma feira do livro,
particularmente dedicada à poesia, e o espetáculo musical “De Lisboa para o
Mundo”, pela Lisbon Poetry Orchestra. E, de parceria com a Casa da América
Latina, o CCB acolheu, na sala Almeida Negreiros, a 4.ª Festa da Poesia
Latino-Americana, com a evocação de obras dos poetas Pablo Neruda, Vinicius de
Moraes, Manoel de Barros, Octávio Paz e Ernesto Cardenal, entre outros.
No Dia Mundial da Poesia, a Chiado Editora apresentou o Volume
21 da antologia Entre o Sono e o Sonho,
no Casino de Lisboa, com os atores Custódia Gallego e Carlos M. Cunha. Este
volume reúne mais de 700 dos 1500 autores da obra de homenagem à poesia
portuguesa.
A pretexto da data, a Assírio e Alvim, que se afirmou em
particular com o catálogo de poesia, retoma a publicação do Anuário de poesia de autores não publicados,
cerca de 30 anos após a edição original, e reedita Rosto Precário e Matéria
Solar, de Eugénio de Andrade.
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Se a poesia é criação,
expressão do belo, também árvore é criação e criadora de vida e de beleza e
tantas vezes inspiração, pretexto, cenário de objeto de belos poemas. A sua
morte natural, ao invés da onda dendricida é morrer de pé: As árvores morrem de pé! Não admira que a árvore tenha o seu dia acoplado
ao da poesia.
No Dia Mundial da Árvore e/ou da Floresta decorreram
várias ações de arborização e
reflorestação em diversos locais do mundo, bem como vários programas
de sensibilização e conscientização da população e, ademais, atividades ligadas
ao meio ambiente. Neste dia, é sensibilizada a população para a importância do
incremento da plantação de árvores e da preservação das árvores existentes,
quer ao nível do equilíbrio ambiental e ecológico, quer ao da própria qualidade
de vida dos cidadãos.
Estima-se que 1000
árvores adultas absorvem cerca de 6000 kg de CO2 (dióxido de carbono).
As florestas cobrem 30% da superfície terrestre, o que permite a realização
da fotossíntese – produção de oxigénio a partir de dióxido de carbono – e o
equilíbrio climático, além da contribuição para a Beleza do Planeta. As
florestas são apelidadas dos pulmões do mundo,
não apenas pela sua função de manutenção e renovação dos ecossistemas, como
também pela sua importância em áreas estratégicas como a economia e a produção
de bens e alimentos.
A celebração do Dia Mundial
da Árvore e da Floresta começou a 10 de abril de 1872,
no Estado
norte-americano do Nebraska (EUA). O seu mentor foi o
jornalista e político Julius Sterling Morton, que incentivou a plantação
ordenada de árvores no Nebraska, promovendo o “Arbor Day”. O “DayArbor”
foi um marco ecológico da conscientização e preservação das espécies arbóreas
que vinham, desde aquele tempo, a sofrer com o desmatamento, a extinção, o
aumento do efeito estufa no mundo e a destruição da biodiversidade.
O surgimento desta
data comemorativa, 21 de março, marca o início da primavera (em alguns países do
hemisfério sul, o dia da árvore ocorre a 21 de setembro) e tem como
intuito, além do incentivo à plantação de árvores e sua preservação, defender
as florestas contra propostas de políticas ambientais questionáveis e contra o
flagelo dos incêndios florestais.
A despeito do dia da árvore ser
comemorado mundialmente com a chegada da primavera nos hemisférios terrestres (dia 21 de março ou 21 de setembro), muitas nações ajustam esse dia a
partir das caraterísticas físico-climáticas de seus países. Assim, na Alemanha
o Dia da Árvore é comemorado no dia 25 de abril; na Polónia, no dia 10 de
outubro; no Sri Lanka, no dia 15 de novembro; e, na Tanzânia, no dia 1 de
janeiro.
Em Portugal, a 1.ª Festa
da Árvore comemorou-se a 9 de março de 1913 e o 1.º Dia Mundial da Floresta a
21 de março de 1972.
Algumas frases sentenciosas assinalam o Dia
Mundial da Árvore:
- Proteger
a árvore é proteger a vida.
- Plante
uma árvore, semeie a vida no planeta.
- As
árvores são os pulmões do mundo.
- Sem
árvores não vivemos.
- As
árvores são nossas amigas.
- As
árvores morrem de pé.
As árvores foram e continuam a ser tema de poesia e delícia de
poetas. Aqui deixo dois belos poemas de Miguel Torga e de Davis Mourão-Ferreira:
A um carvalho
- Torga
Eis o pai da montanha, o bíblico
Moisés
Vegetal!
Falou com Deus também,
E debaixo dos pés, inominada, tem
A lei da vida em pedra natural!
Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
E sempre pontual e matutino
A receber o frio e o calor!
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante…
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olha a prece
Da eternidade
Eis o pai da montanha, o fálico
pagão
Que se veste de neve e guarda a
mocidade
No coração!
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E por vezes
- Mourão-Ferreira
E por vezes as noites duram meses
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