domingo, 22 de março de 2015

Dia Mundial da Poesia e Dia Mundial da Árvore

Celebra-se a 21 de março o Dia Mundial da Poesia, por determinação da XXX Conferência Geral da UNESCO, em 16 de novembro de 1999, com o escopo de promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia pelo mundo inteiro.
Celebra-se também nesta data o Dia Mundial da Árvore e da Floresta, com o objetivo de sensibilizar a população para a importância da preservação das árvores, quer ao nível do equilíbrio ambiental e ecológico, quer ao da própria qualidade de vida dos cidadãos.
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O Dia Mundial da Poesia celebra a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação, da manifestação do ser e do sentir, do culto do belo. A data propicia a oportunidade de uma reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das habilidades criativas de cada pessoa. A poesia contribui para a diversidade criativa, usando as palavras e os nossos modos de perceção e de compreensão do mundo.  
Neste dia realizam-se várias atividades pelo país, sobretudo nas escolas (este ano, a maior parte das escolas anteciparam a celebração para o dai 20, o último dia de aulas do 2.º período), bibliotecas e espaços culturais.
A história portuguesa apresenta a produção poética de muitos poetas cuja obra literária é mundialmente conhecida. Estão neste caso: Luís de Camões, Manuel Maria Barosa du Bocage, Almeida Garrett, Eugénio de Castro, Fernando Pessoa, Mário Sá-Carneiro, António Nobre, Florbela Espanca, José Régio, Natália Correia, Eugénio de Andrade, Cesário Verde, Miguel Torga, Natália Correia, Alexandre O`Neill, Sophia de Mello Breyner Andersen. São estes efetivamente alguns dos poetas portugueses mais conhecidos.  

Os poetas Fernando Pessoa, Cesário Verde, Alexandre O`Neill e Sophia de Mello Breyner Andresen foram especialmente homenageados nas comemorações deste Dia Mundial da Poesia, que decorreram no Porto e em Lisboa.

O Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, organizou uma sessão de declamação de poemas de Fernando Pessoa, Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro, três dos fundadores e principais autores da “Orpheu”, revista do modernismo português, que completa cem anos. A sessão vem integrada no projeto Orpheu 100, do teatro nacional, que assinala o lançamento da revista, em março de 1915, e a edição de “A confissão de Lúcio”, de Mário de Sá-Carneiro.
O programa contou com a atriz Paula Mora, que declamou o “Manifesto Anti-Dantas”, texto satírico de Almada Negreiros, e José Neves, que apresentou “Um rádio por Pessoa”, a partir de “O Guardador de Rebanhos”, de Alberto Caeiro, o heterónimo naturalista do poeta.
O ator João Grosso, por seu turno, declamou “Manucure”, de Mário de Sá-Carneiro, num "fôlego futurista de recital, concerto e plástica sonora”, como se lê na apresentação do programa do Teatro D. Maria II.
No Porto, Pessoa e os seus heterónimos também protagonizam a proposta do Teatro Sá da Bandeira, mas no dia 23, com o espetáculo “A Minha Pátria é a Língua Portuguesa”.
A Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, organizou uma feira do livro, que vai até amanhã, domingo, 22 de março, nas suas instalações e no Jardim da Parada, em Campo de Ourique.
No mesmo bairro, os grupos CampOvivo e Oficina de Teatro da Universidade Sénior declamaram, nos cafés, à hora de almoço e ao lanche, poemas de Fernando Pessoa, Cesário Verde, Alexandre O`Neill e Sophia de Mello Breyner Andresen.
A poetisa do Porto foi homenageada no Porto, hoje, Dia Mundial da Poesia, com o programa “Poesia em Sophia”, que se realizou nos jardins do Palácio de Cristal, e com um espetáculo no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, que recupera a sua obra para crianças e contou com a participação da comunidade escolar. Resultado da parceria entre a Fundação INATEL e a Câmara Municipal do Porto, a iniciativa englobou representações teatrais, sessões de música e mostras de artes plásticas, inspiradas na obra da escritora.
Em Lisboa, o Centro Cultural de Belém (CCB) abriu o Dia Mundial da Poesia com uma palestra do investigador Fernando Cabral Martins, sobre a vida e obra do poeta português Cesário Verde. Os poemas de Cesário foram declamados por diversos convidados, numa maratona de leitura. Também foram entregues, durante esta jornada do CCB dedicada à poesia, os prémios do concurso “Faça Lá um Poema”, organizado em parceria com Plano Nacional de Leitura.
Por outro lado, o CCB realizou ainda uma feira do livro, particularmente dedicada à poesia, e o espetáculo musical “De Lisboa para o Mundo”, pela Lisbon Poetry Orchestra. E, de parceria com a Casa da América Latina, o CCB acolheu, na sala Almeida Negreiros, a 4.ª Festa da Poesia Latino-Americana, com a evocação de obras dos poetas Pablo Neruda, Vinicius de Moraes, Manoel de Barros, Octávio Paz e Ernesto Cardenal, entre outros.
No Dia Mundial da Poesia, a Chiado Editora apresentou o Volume 21 da antologia Entre o Sono e o Sonho, no Casino de Lisboa, com os atores Custódia Gallego e Carlos M. Cunha. Este volume reúne mais de 700 dos 1500 autores da obra de homenagem à poesia portuguesa.
A pretexto da data, a Assírio e Alvim, que se afirmou em particular com o catálogo de poesia, retoma a publicação do Anuário de poesia de autores não publicados, cerca de 30 anos após a edição original, e reedita Rosto Precário e Matéria Solar, de Eugénio de Andrade.
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Se a poesia é criação, expressão do belo, também árvore é criação e criadora de vida e de beleza e tantas vezes inspiração, pretexto, cenário de objeto de belos poemas. A sua morte natural, ao invés da onda dendricida é morrer de pé: As árvores morrem de pé! Não admira que a árvore tenha o seu dia acoplado ao da poesia.
No Dia Mundial da Árvore e/ou da Floresta decorreram várias ações de arborização e reflorestação em diversos locais do mundo, bem como vários programas de sensibilização e conscientização da população e, ademais, atividades ligadas ao meio ambiente. Neste dia, é sensibilizada a população para a importância do incremento da plantação de árvores e da preservação das árvores existentes, quer ao nível do equilíbrio ambiental e ecológico, quer ao da própria qualidade de vida dos cidadãos.
Estima-se que 1000 árvores adultas absorvem cerca de 6000 kg de CO2 (dióxido de carbono).
As florestas cobrem 30% da superfície terrestre, o que permite a realização da fotossíntese – produção de oxigénio a partir de dióxido de carbono – e o equilíbrio climático, além da contribuição para a Beleza do Planeta. As florestas são apelidadas dos pulmões do mundo, não apenas pela sua função de manutenção e renovação dos ecossistemas, como também pela sua importância em áreas estratégicas como a economia e a produção de bens e alimentos.
A celebração do Dia Mundial da Árvore e da Floresta começou a 10 de abril de 1872, no Estado norte-americano do Nebraska (EUA). O seu mentor foi o jornalista e político Julius Sterling Morton, que incentivou a plantação ordenada de árvores no Nebraska, promovendo o “Arbor Day”. O “DayArbor” foi um marco ecológico da conscientização e preservação das espécies arbóreas que vinham, desde aquele tempo, a sofrer com o desmatamento, a extinção, o aumento do efeito estufa no mundo e a destruição da biodiversidade.
O surgimento desta data comemorativa, 21 de março, marca o início da primavera (em alguns países do hemisfério sul, o dia da árvore ocorre a 21 de setembro) e tem como intuito, além do incentivo à plantação de árvores e sua preservação, defender as florestas contra propostas de políticas ambientais questionáveis e contra o flagelo dos incêndios florestais.
A despeito do dia da árvore ser comemorado mundialmente com a chegada da primavera nos hemisférios terrestres (dia 21 de março ou 21 de setembro), muitas nações ajustam esse dia a partir das caraterísticas físico-climáticas de seus países. Assim, na Alemanha o Dia da Árvore é comemorado no dia 25 de abril; na Polónia, no dia 10 de outubro; no Sri Lanka, no dia 15 de novembro; e, na Tanzânia, no dia 1 de janeiro.
Em Portugal, a 1.ª Festa da Árvore comemorou-se a 9 de março de 1913 e o 1.º Dia Mundial da Floresta a 21 de março de 1972.

Algumas frases sentenciosas assinalam o Dia Mundial da Árvore:

- Proteger a árvore é proteger a vida.
- Plante uma árvore, semeie a vida no planeta.
- As árvores são os pulmões do mundo.
- Sem árvores não vivemos.
- As árvores são nossas amigas.
- As árvores morrem de pé.
As árvores foram e continuam a ser tema de poesia e delícia de poetas. Aqui deixo dois belos poemas de Miguel Torga e de Davis Mourão-Ferreira: 

            A um carvalho
- Torga

Eis o pai da montanha, o bíblico Moisés
Vegetal!
Falou com Deus também,
E debaixo dos pés, inominada, tem
A lei da vida em pedra natural!
Forte como um destino,
Calmo como um pastor,
E sempre pontual e matutino
A receber o frio e o calor!
Barbas, rugas e veias
De gigante.
Mas, sobretudo, braços!
Longos e negros desmedidos traços,
Gestos solenes duma fé constante…
Folhas verdes à volta do desejo
Que amadurece.
E nos olha a prece
Da eternidade
Eis o pai da montanha, o fálico pagão
Que se veste de neve e guarda a mocidade
No coração!

                  E por vezes

- Mourão-Ferreira

 

E por vezes as noites duram meses 
E por vezes os meses oceanos 
E por vezes os braços que apertamos 
Nunca mais são os mesmos    E por vezes 

Encontramos de nós em poucos meses 
O que a noite nos fez em muitos anos 
E por vezes fingimos que lembramos 
E por vezes lembramos que por vezes 

Ao tomarmos o gosto aos oceanos 
Só o sarro das noites      não dos meses 
Lá no fundo dos copos encontramos 

E por vezes sorrimos ou choramos 
E por vezes por vezes ah por vezes 
Num segundo se evolam tantos anos 


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