Na Revista do Expresso, de 1
de abril, Rui Cardoso assina uma rubrica (não rúbrica como dizem e escrevem alguns) sob o título “Português a saque”, em que denuncia a
influência sobre o português da parte do “inglês contrabandeado” e do “brasileiro
das novelas”, porfiando que “nunca se falou e escreveu tão mal” e que “o
exemplo vem de cima”. Logo em frontispício aponta:
“Jovens mulheres, às
quais prestamos tributo e que são oficiais dos serviços de inteligência, estão
focadas em desencriptar informações sobre químicos nocivos que, segundo as
evidências científicas, podem ter efeitos análogos aos do antraz. Receia-se que
esta situação ponha em causa a resiliência das políticas corporativas a nível
mundial, dificultando, ao fim do dia, o empoderamento das novas gerações e
possa levar alguns elementos destas a cometer suicídio.”.
Em seguida, pormenoriza
vários itens.
***
Nomes, expressões e pronomes
“Jovem mulher”. Basta dizer “uma jovem”. “Jovem mulher” é
pleonasmo sexista, pois não é usual aludir a “jovens homens”. Temos
aqui a influência do inglês “young woman”. Só que no inglês, ao invés do português, adjetivos, artigos,
determinantes e quantificadores não têm género. Assim, “a young woman” deve traduzir-se por “uma jovem”. Em português,
palavras como “forte” ou “jovem” comuns de dois, não neutras, como diz o
articulista. É o vocábulo que as antecede ou o adjetivo que as modifica que
lhes dá o género: uma jovem, várias jovens, muitas jovens... E o articulista já
não é do tempo em que o padre avisava:
“À frente na procissão, vão os
senhores homens e as senhoras mulheres que têm um papel específico a
desempenhar. Todos os demais vão atrás do pálio.”.
“Tributo”. Tributo é pago pelos
vassalos aos senhores, pelos cativos aos captores e pelos cidadãos ao Estado.
E, se os dicionários já dão ao termo a aceção de homenagem, não o fazem por
motivos etimológicos nem por usança ancestral, mas por uso moderno, que também
é legítimo. Mas não deixa de ter piada o remoque: “Não consta que a Autoridade
Tributária tenha como principal missão homenagear os contribuintes…”.
“Oficial”. Como o inglês “officer”, também o vocábulo português pode
designar um oficial das forças armadas, um agente policial, um funcionário da
administração pública ou duma companhia privada. É uma questão de contexto,
como em tantos casos.
“Serviço de inteligência”. Porquê?
Informação é que é e deve ser. Obviamente à informação, por contraste, está
aderente também a contrainformação, que não deixa de ser informação. Aqui o
articulista tem toda a razão, pois não há em nenhum país serviços de estupidez nem a CIA é mais inteligente que a nossa PJ
ou a Interpol ou o antigo KGB.
No atinente a
“foco”, diz que os
dispositivos óticos, faróis e lentes, têm profundidade de campo, distância
focal, etc. Por isso, “to be focused on”
significa “estar empenhado, concentrado ou atento”. Não se deve dizer “estar
focado”, mas pode dizer-se “ter o foco em”, “estar atento a”.
Não vai à bola com “encriptado”, pois não
andou na tropa, pelo que não conhece o Centro Cripto. Todavia, conhece a
técnica e ciência da criptologia, que permite comunicar secretamente entre emissor
e recetor, codificando ou descodificando, cifrando ou decifrando mensagens, que
o uso, enquanto lei máxima da fixação na língua, permite encriptar ou
desencriptar, ou seja, metaforicamente metê-las na cripta ou cave ou tirá-las
de lá fazendo luz sobre elas.
O termo “químico” designa fenómeno ligado à
composição, estrutura e propriedades da matéria ou seus estudiosos. E temos
produtos químicos que podem ser elementos, compostos, misturas, ácidos, bases,
sais e muitas coisas mais, como temos papel químico.
E o articulista esquece: Não há machado que corte o alcance da palavra!
Quanto à “evidência científica”, chama-lhe
oxímoro, pois o que é evidente “não carece, por isso mesmo, de explicação
científica” e o que é científico “raramente é evidente, por recorrer a
conceitos, matemáticos ou outros, com os quais o cidadão comum não está
familiarizado”, pelo que encarece “a importância da divulgação científica”, no
que tem razão. “Evidence” em inglês
significa prova do foro científico ou jurídico. Porém, não podemos esquecer,
que matéria científica cuja demonstração é inequívoca e sobejamente divulgada
passa a evidência.
Em relação ao “antraz” (muito falado após o 11 de Setembro), pó branco mandado pelo correio, com esporos do Bacillus anthracis, causador
do carbúnculo, acha que não se deve confundir com o antraz, conjunto de
furúnculos, geralmente causado por bactérias do género estafilococo, agente
causador de infeção respiratória, cutânea ou gastrointestinal, descoberto por Louis
Pasteur em 1881, que preparou uma vacina contra ele. Nada contra duas aceções
diferentes!
De “resiliência” diz que o inglês “resilience” deve traduzir-se por tenacidade,
superação, galhardia ou resistência. Concordo, mas advirto que na palavra
portuguesa está o verbo latino “salire”
(saltar). Assim, o resiliente é aquele que é capaz de saltar da situação crítica ou
mórbida em que está atascado. A ser doutro modo, o articulista rejeitará a
importação de rato, click e teclado e outros vocábulos para o campo da
informática, não envia emails nem SMS.
No concernente a “corporativo”, refere que no inglês
estadunidense o vocábulo “corporation”
designa empresas cotadas em bolsa, pelo que rejeita as políticas corporativas, aceitando,
quando muito, as empresariais. Em português, temos as corporações são dos
bombeiros, dos artesãos da idade média (ferreiros, sapateiros, tecelões,
ourives, correeiros, etc. – com patrono, pendão e caldeira próprios) ou as instâncias de conciliação entre
capital e trabalho criadas pelo Estado Novo. Esquece, porém, que grupos
profissionais com estatuto, objetivos e interesses comuns funcionam com
substrato corporativo, ou seja, em espírito de corpo, o que é bom, desde que
não excessivo e abusivo.
“Empoderamento” não tem a ver com
espalhar pó. É tradução servil de “empowerment”.
Também prefiro “acesso a poder ou responsabilidade”, “capacitação”. Mas não vem
do demo.
Abominável é empregar “ao fim do dia” para
traduzir “at the end of the day”,
equivalente a “afinal”, “em última análise”, “trocado por miúdos”. Haja bom
senso!
Sobre a expressão “cometer suicídio”, refere
que, em português, as pessoas matam-se ou põem termo à vida. “To commit suicide” está conotado com
infração à lei divina. Concordo, mas o suicídio é lamentável, quer seja de
origem mórbida, quer seja deliberado.
“Armas de destruição maciça”. É má
tradução de “weapons of mass destruction”,
pois não se trata de bombas atómicas ou gases neurotóxicos, mas de mocas de Rio
Maior, porque “maciço” é antónimo de “oco”. Deve dizer-se, antes, “armas de
destruição massiva ou em massa”.
“Tiroteio” (gunfight) pressupõe troca de disparos entre dois
indivíduos ou grupos. Por isso, não é “tiroteio” qualquer incidente com armas
de fogo, mas um disparo (shooting) ou mais.
“Implementar”. Diz o articulista que
é redundante anglicismo que nada acrescenta a iniciar, aplicar, pôr em prática,
levar a cabo, dar andamento, concretizar, etc.. Generalizou-se a ponto de ter
começado a expulsar o verbo “implantar”, legítimo e foneticamente semelhante,
sendo que já se viu escrito “5 de Outubro de 1910, data da implementação da
República”, talvez por se ter difundido “a ideia peregrina de que semelhanças
fonéticas tornam equivalentes palavras de línguas diferentes”. Porém, “implementar”,
a meu ver, é tão legítimo como “complementar” para “completar”. “Implementar”,
além de criar ou estabelecer e pôr em marcha, implica acompanhar, avaliar e
mesmo reformular.
“Inaugurações”, “facilidades”, “caridades”,
“ingenuidade”,
“audiência”
e “memórias”.
A 20 de janeiro, Joe Biden não foi “inaugurado”, mas investido na função
presidencial. Ainda o articulista não leu que a 9 de março de 1986, se festejou
segundo um jornal da comunidade portuguesa em Paris, o sacro de Mário Soares.
Sacro é o osso grande e triangular (era considerado um
osso sagrado – os sacrum, em latim) sito
na base da coluna vertebral, na porção superior e posterior da cavidade pélvica.
Ora, nesse dia foi a posse (antigamente
sagração / ”sacre”) do Chefe de Estado.
“Facilities”
são infraestruturas, instalações ou funcionalidades, não facilidades ou
faculdades; “charities” são
instituições de beneficência ou solidariedade social, não atos de caridade; “ingenuity” é engenho, não ingenuidade; “audience” significa público, não
audiência, que fica para o tribunal e outro tipo de encontros institucionais (pelo que não há níveis de audiência mas repercussão no público ou nos
espectadores); e “memories” são recordações,
não memórias.
“Adição”. Fala-se dela a propósito de
droga (de adiction). Ora, só tem problemas “aditivos” quem não sabe somar. Quanto ao mais,
trata-se de fenómenos de dependência ou de vício.
“Abdução”. Ocorre por empréstimo
indevido de “abduction”. Ora, os
homens verdes que saem dos discos voadores e levam pessoas para o cosmos não as
“abducam”, mas “raptam-nas”.
“Emenda”. Por via de “amendment”, dizemos, a propósito da liberdade
de expressão ou do porte de arma, que a constituição dos EUA tem várias
“emendas”, quando tem, afinal, adendas ou revisões constitucionais.
Em inglês, “abstract”,
“argument”, “deception”, “fabric”, “preservative”, “protester” ou
“sympathetic” nem sempre significam,
o que à primeira vista se poderá pensar, mas também, respetivamente, resumo, raciocínio,
fraude, tecido (estrutura, construção edifício), agente de conservação, portador de letra
que a apresenta a protesto e complacente (compreensivo).
As razões por que uma espanhola fica “embaraçada”
são diferentes duma portuguesa, tal como “oficinas” e “talheres” significam
coisas muito diferentes em português e espanhol. O mesmo se diga do “constipado”
português, que é diferente do “constipé” francês.
Os empréstimos de outras línguas constituem uma forma
de enriquecimento do léxico, mas devem ser utilizados quando não temos vocábulo
próprio para designar uma realidade nova ou um objeto novo. E devemos estar
atentos aos falsos amigos, que são muitos e acolhemos.
Por influência do Brasil ou de África, usam-se mal os
pronomes. Ouve-se: “vou dizer a ele” em vez de “vou-lhe dizer” ou “vou
dizer-lhe”. Para dar conta da execução dum trabalho, dizem: “já fiz ele” em vez
de “já o fiz”; “me faz um favor” em vez de “faz-me um favor”. Diz-se
erradamente: “entre o ministro e eu” em vez de “entre o ministro e mim”. Às vezes,
inclui-se indevidamente palavra que parece pronome, por exemplo ao patentear
uma relação perversa com a causalidade: “por causa de que…”. Faz-se mau uso de
verbos defetivos. Haver não tem plural: não se diz haverão ou haveriam, muito
menos “hadem” e “hades”. No presente do indicativo, não há 1.ª pessoa nem 2.ª
para falir, chover ou ladrar e quejandos, a não ser em contexto metafórico. E é
aberrante dizer “tu tivestes” e “vós tivésteis”.
No futebol, falar bem é a exceção. Em tempos,
treinador que se prezasse usava mais vezes “na medida em que” do que a sua
equipa metia golos. Os jogos perdiam-se “derivado ao vento”. E agora usa-se o
metafórico “tu” como se, em português, tivesse deixado de haver verbos
impessoais, sujeitos indeterminados ou formas apassivantes. Não se joga, mas
“tu jogas”. Não é o caso de alguém fazer um passe mas é “quando tu passas”. Os
portugueses têm o “se”, os franceses o “on”, mas os espanhóis ou os britânicos
não. Não precisamos de os copiar.
E Rui Cardoso apresenta o exemplo da canção ‘You’ll never walk alone’ que pertenceu a
“Caroucel” (musical de 1945 e filme de 1956) e que ecoa no estádio de Anfield. Era a mensagem de esperança duma amiga
para outra que acabara de perder o amor da sua vida, cantando-lhe: “Se superares a escuridão e a dor, [tu que
estás à minha frente] nunca estarás sozinha”. Ora, quando tanta gente entoa
o refrão “you’ll never walk alone”,
não fala para um “tu” que tenha à frente. Dirige-se aos 11 jogadores do
Liverpool e o sentido é: vós que estais
no relvado e nós nas bancadas estaremos sempre lado a lado, ganhando ou
perdendo.
Mais: em inglês “you”
tanto é a segunda pessoa do singular (tu) como a segunda pessoa do plural (vós, vocês, alguém)... Falta dizer que se comete vulgarmente um erro de concordância do tipo:
“peguem nas vossas pastas”. Quando devia ser: “pegai nas vossas pastas” ou
“peguem (vocês ou vossas excelências) nas suas pastas”. Com efeito, ninguém diz: “pegue na tua carteira”.
***
A língua é um organismo vivo em permanente
evolução
Jorge Vaz de Carvalho, docente e escritor, leciona português
I e II na Universidade Católica e diz que “muitos alunos, alguns vindos de
colégios caríssimos, chegam aqui incapazes de fazer uma conjugação pronominal,
além de não conhecerem autores portugueses fundamentais”. Não pretende que se
fale ou escreva como os nossos antepassados, pois “Camilo não escrevia como Sá
de Miranda, nem Saramago como Pessoa”. Com efeito, “a língua evolui em
constante permanência, podendo prosperar, definhar ou morrer”. Seria impensável
para um grego ou um romano do séc. I a.C. a ideia de que as suas línguas deixariam
de ser faladas. Mas isso aconteceu, a não ser que admitamos, o que também é
verdade, que elas persistem no que fazer das línguas românicas e, em certa
medida, nas línguas cujos povos sofreram a romanização.
Angélica Varandas, do Centro de Estudos Anglísticos (CEAUL/ULICES) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, aponta:
“A língua evolui, acompanhando o
desenvolvimento social. O que não me parece certo é que se oblitere o português
no mundo académico, se estudem os autores portugueses no 2.º e 3.º ciclos de
modo antiquado e que os meios de comunicação social não saibam dar o exemplo.”.
Na natureza, “nem todas as mutações são benignas”. O
meio natural, pela competição evolutiva tende a eliminá-las; na língua dá-se o
oposto, sucedendo como na Lei de Gresham, segundo a qual “a má moeda expulsa a
boa moeda”. Assim, “ o mau português tende a escorraçar o outro”.
***
Os políticos e os meios de comunicação não estão sem
culpa. Para um político e um jornalista, a língua é uma das suas mais
importantes ferramentas de trabalho. E a esse trabalho aplica-se a tese de
Júlio César sobre as virtudes femininas: não basta ser sólido do ponto de vista
das fontes, do rigor factual e do distanciamento; é preciso que o pareça, isto
é, que a linguagem seja rigorosa, formalmente correta e capaz de envolver e até
arrebatar o destinatário.
Trata-se de evitar o português abastardado, mas não
só. A escolha das palavras não é inocente. Os islamofascistas que massacraram
em Paris, Mossul ou Sirte não pertenciam a um “estado islâmico” porque, nem
este reunia condições para ser aceite internacionalmente como tal nem a sua
interpretação do islamismo era representativa, por ser primária, sanguinolenta
e minoritária. Por isso, boa parte dos meios de comunicação social preferiu o acrónimo
árabe Daesh, um vocábulo destituído
de carga, embora em árabe tenha conotação irónica.
De tudo isto resulta o empobrecimento lexical, em vez
do seu enriquecimento, por deixarmos para trás, tantas vezes, vocábulos mais
adequados e expressivos, e o afunilamento dos modos de expressão. Os doentes já
não são operados, mas “submetidos a cirurgias”; os edifícios já não desabam, as
encostas não sofrem derrocadas e as pontes não caem – “colapsam”. Não se
estabelecem limites, não se estabelecem fronteiras, não se fazem exigências;
traçam-se “linhas vermelhas”, que não se podem passar. As propostas, políticas
e soluções frequentam o ginásio ou tomam esteroides para se tornarem
“robustas”, em vez de sólidas, eficazes, adequadas ou funcionais; os apoios passam
a meros “suportes”, cessou o estudo, acompanhamento, medida, avaliação ou
vigilância, mas “monitoriza-se”. Em vez de ajustar medidas tomadas,
calibram-se.
A novilíngua não é imposta por um tirano, mas por
aquilo a que Jorge Vaz de Carvalho chama “o imperialismo da língua inglesa e o
colonialismo do português brasileiro”. Ora a junção dos dois provoca um efeito
devastador. Gerações inteiras formatadas pela novilíngua reproduzem-na,
tornando-a moeda corrente. Joana Rabinovitch comenta:
“Há dois fenómenos convergentes. As
pessoas leem muito mais em inglês do que há uns anos e ao mesmo tempo embarcam
na última moda de expressão porque acham giro.”.
E Jorge Vaz de Carvalho alerta:
“É inevitável que o inglês se tenha
tornado a língua franca porque a nível elementar a sua aprendizagem é simples.
Basta ver as conjugações verbais. Lembro-me, quando era miúdo, do desembaraço
com que pescadores algarvios, semianalfabetos em português, comunicavam com as
turistas. Daí a saber, de facto, falar inglês vai alguma distância.”.
Pior ainda: a pressão estende-se aos docentes, como
refere Angélica Varandas:
“No mundo académico, o que dá pontos
na avaliação curricular e de desempenho é a internacionalização, ou seja,
publicar em editoras internacionais. Por muito que alguns de nós tentemos
estabelecer um equilíbrio, sabemos que é em inglês que seremos mais valorizados
enquanto docentes e investigadores. É-nos pedido que lecionemos em inglês,
porque temos muitos alunos em regime Erasmus. Os congressos são todos em
inglês, e até já se usa a palavra conferência para congresso quando ‘conference’ quer dizer outra coisa.”.
Um técnico de redação de jornal refere que alguém lhe pediu
que não fosse tão estrito na revisão da sua tese académica, porque, se
começasse a eliminar sistematicamente os “implementares”
teria problemas com os professores. E uma professora aposentada de Português, a
quem fora pedido que revisse um trabalho na área dos recursos humanos, conta
que, ao pretender corrigir o uso do aberrante termo “presenteísmo” para
designar o que no local de trabalho faz figura de corpo presente, a autora
pediu que não o fizesse por receio de vir a ser penalizada na avaliação.
Belos tempos eram aqueles em que havia tradutores e
revisores literários no LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil). As traduções eram acompanhadas entre
parêntesis pelos termos originais para se saber do que se falava. Por lá passou
o jornalista e escritor Baptista-Bastos, tal como Maria Isabel Barreno
trabalhou no INII (Instituto Nacional de Investigação
Industrial).
Em 2017, uma comunicação apresentada ao IV Congresso
dos Jornalistas criticava a utilização da palavra “colaborador”, pois diluía a
relação entre empregador e empregado, reduzindo este a um ser descartável,
tendencialmente destituído de direitos laborais e a caminho da precariedade.
***
Em suma, cuidar da língua impõe equilíbrio de
contributos, diversificação e, sobretudo, muita leitura, escrita e conversação.
Implica seleção criteriosa de empréstimos, tino na produção do neologismo e não
cristalização de ideias que leve à rejeição de tudo o que é novo, bem como
atenção aos contextos e à multiplicidade de aceções criadas pelo uso.
Em tempo de Páscoa renovadora e incólume, postula-se
língua portuguesa renovada e incólume!
2021.04.03 – Louro de Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário