O ano de 2017 é um Ano Mariano a pretexto do 3.º centenário do
aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida nas Águas do Rio Paraíba do Sul, encontrada por dois
pescadores, e do centenário das
aparições de Nossa Senhora do Rosário na Cova da Iria a três pequenos
pastorinhos. São anos especiais de espiritualidade e ação pastoral que gravitam
em torno dos santuários a que estão referenciados e/ou aos crentes e respetivas
comunidades que, de algum modo, se associam à espiritualidade e ao dinamismo
pastoral de tais espaços de culto e meditação.
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No Brasil, a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou, a 21 de setembro de
2016, o ato oficial de lançamento do Ano Nacional Mariano, com uma celebração
na sede da entidade, em Brasília, com a participação da presidência da CNBB,
membros do Conselho Episcopal Pastoral, organismos vinculados à Conferência e
colaboradores que atuam na sede.
A imagem da Senhora Aparecida foi entronizada no auditório da CNBB e
colocada no centro do espaço. Foram proferidas leituras bíblicas, entoados
cânticos, apresentados textos reflexivos e lida uma mensagem do Papa Francisco,
lembrando a devoção à Rainha e Padroeira do Brasil.
De acordo com Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília e presidente da CNBB,
neste ano mariano, os brasileiros são convidados a voltarem o coração para
Nossa Senhora. No dizer do prelado, “é um ano para celebrar, para comemorar,
para louvar a Deus, mas também para reaprender com Nossa Senhora como seguir
Jesus Cristo, como ser cristão hoje”.
Sobre as expectativas do Ano Mariano, o arcebispo declarou:
“Nós esperamos muito que o Ano Mariano possa ser de
intensa evangelização com Maria, contando com a sua proteção, seguindo os seus
exemplos, mas sendo essa Igreja em saída, essa Igreja misericordiosa, que a
exemplo de Nossa Senhora vai ao encontro dos irmãos para compartilhar a alegria
do Evangelho de Jesus Cristo – alegria da fé em Cristo”.
Dom Sergio fez votos para que o Ano Mariano seja vivido intensamente por
toda a Igreja no Brasil como momento de evangelização e missão, “tendo presente
o exemplo, as lições que Nossa Senhora nos deixa, mas também recorrendo com confiança
à sua intercessão materna”.
O Ano Nacional Mariano foi proclamado pela CNBB e está em curso desde o dia
12 de outubro de 2016 até ao dia 11 de outubro de 2017. No dia do seu começo (12
de outubro), foi inaugurado o Campanário do Santuário Nacional da
Aparecida, cujos sinos estão foram fabricados na Holanda especialmente para
esta obra que foi projetada por Oscar Niemeyer.
Em carta enviada aos bispos de todo o Brasil, a presidência da CNBB
considera a celebração dos 300 anos como “uma grande ação de graças” e recorda
que todas as dioceses do país se preparam, desde 2014, recebendo a visita da
imagem peregrina de Nossa Senhora, que vem percorrendo cidades e periferias, lembrando aos
pobres e abandonados que eles são os prediletos do coração misericordioso de
Deus.
Na sua mensagem, o Papa recorda o
episódio da pesca milagrosa narrada pelos Evangelhos, estabelecendo o paralelo
com os pescadores brasileiros que passaram também pela experiência do
insucesso. Mas, também eles, perseverando no seu trabalho, receberam um dom
muito maior do que poderiam esperar: “Deus
ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”. Tendo acolhido o sinal que Deus lhes
tinha dado, os pescadores tornam-se missionários, partilhando com os vizinhos a
graça recebida. É uma lição sobre a missão da Igreja no mundo: “O resultado do trabalho pastoral não se
assenta na riqueza dos recursos, mas na criatividade do amor”.
Pela entronização da imagem da
Senhora Aparecida no Santuário fatimita o bispo de Aparecida crê trazer aos
europeus o conteúdo evangelizador inerente a esta devoção mariana brasileira.
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Quanto a Portugal, o Ano Jubilar do Centenário das Aparições de Fátima foi
lançado no dia 26 de novembro de 2016 e está em curso desde o dia 27 do mesmo
mês (I domingo do
Advento) até ao dia 26 de novembro de 2017
(solenidade
de Jesus Cristo Rei do Universo).
Na jornada de abertura, foi inaugurada a exposição “As cores do Sol: a luz de Fátima no mundo contemporâneo. Exposição
evocativa da aparição de outubro de 1917”, patente no Convivium de Santo Agostinho, no Piso inferior da Basílica da
Santíssima Trindade, a que se seguiu, no salão do Bom Pastor, do Centro
Pastoral de Paulo VI, a sessão de apresentação do tema do ano com uma
conferência proferida por D. António Couto, bispo de Lamego, e em que
intervieram o reitor do Santuário, padre Carlos Cabecinhas, no início da
sessão, e o bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António Marto, no seu encerramento.
A sessão contou ainda com um apontamento musical e o lançamento da medalha
comemorativa do Centenário.
E, no dia 27 de novembro, fez-se a passagem do Pórtico jubilar, no alto do
Recinto de Oração, e a celebração da missa dominical na Basílica da Santíssima
Trindade, sob a presidência do bispo da diocese de Leiria-Fátima, D. António
Marto.
A criação do
Pórtico Jubilar responde à intenção de dotar o Santuário dum elemento visual
que celebre os cem anos de Fátima, evocando a memória do arco que, em 1917, assinalou
o lugar das aparições e sob o qual foram fotografados Francisco, Jacinta e
Lúcia. Por outro lado, simboliza a ideia da `Porta Santa´, visto que a estrutura
se desenha em torno da noção de marco que assinala um lugar sagrado e a
configuração é a de porta encimada por uma cruz, em clara referência à marca
cristológica da mensagem de Fátima. Ali estarão dispositivos que colocarão, nas
sete línguas habituais, à disposição dos peregrinos o Itinerário Jubilar, que passa por diversos lugares e propõe vários
tipos e tempos de oração e de celebração.
É de referir
que o centenário fatimita vem sendo preparado com um itinerário temático,
celebrativo e cultural (com musicais, concursos e exposições) desde 2010, então sob a égide de Bento XVI, sendo de
destacar o périplo da imagem peregrina da Virgem por todas as dioceses do país.
Também o Ano
Jubilar acarreta, para lá da edificação do novo altar do Recinto de Oração, a obra de correção e
repavimentação do piso do mesmo Recinto de Oração, que arrancou no passado mês
de dezembro e está em fase de conclusão. O diretor do Serviço de
Administração do Santuário de Fátima, padre Cristiano Saraiva, em declarações à
Sala de Imprensa explicou que “as obras só não acabaram esta semana devido à
chuva”, mas que, “se tudo correr bem, será necessária mais uma semana com bom
tempo para finalizar os acabamentos”.
Também “as obras no presbitério estão também numa fase de pequenos
acabamentos, que não impedem a sua total utilização.
São obras que se inserem “no esforço de requalificação dos espaços de
acolhimento e oração dos peregrinos de forma a garantir o conforto a todos
quantos se deslocam ao Santuário de Fátima”. Neste âmbito o padre Cristiano
acrescentou que “estamos a melhorar o sistema de cobertura sonora e, na mesma
ação, estão a ser feitos tratamentos aos obeliscos de pedra onde estão os
candeeiros e as colunas de som”, trabalho a concluir até final de março.
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E, já que se falou na solidariedade dos santuários de Aparecida e de Fátima
– ambos trocaram entronizações de imagens de Nossa Senhora e também as cederam
ao Vaticano – é oportuno salientar a solidariedade do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, que prepara um programa para
celebrar ano jubilar do centenário das aparições de Fátima, sendo que a
viagem do Papa Francisco será acompanhada em Lourdes com transmissões em direto
a partir da Cova da Iria.
Na verdade,
o Santuário de Lourdes, em França, quer unir-se ao Santuário de Fátima na celebração
do Centenário das Aparições e preparou um programa especial para os peregrinos
que por ali passarem, com particular destaque para a visita do Papa, em maio,
retransmitindo a emissão das celebrações a partir do sinal distribuído pelo
Santuário de Fátima.
Em documento
enviado pelo Santuário de Lourdes à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, lê-se:
“Cada Santuário revela uma parte da
missão de Maria e cada um tem um carisma particular, sem entrar em contradição
com os carismas dos outros”. Por isso, os Santuários Marianos querem
unir-se para celebrar a mensagem que “pertence a todos”. E o documento
esclarece:
“Quando um
Santuário celebra o seu jubileu, todos os Santuários dedicados a Maria
rejubilam por ver atualizar a mensagem de que são todos portadores. O Santuário
de Lourdes entende celebrar Maria acolhendo os peregrinos que lá chegam, seja
quando estão a caminho de Fátima como quando regressam”.
Assim, do programa
especial do Santuário de Lourdes destaca-se: de maio a outubro, uma exposição
sobre os grandes santuários marianos; procissões marianas com as imagens e/ou
estátuas de Nossa Senhora de Fátima; e a apresentação do filme das Aparições em
Lurdes e em Fátima. E, durante o ano, serão celebrados especialmente os dias 11
de cada mês, centrados em Nossa Senhora de Lourdes, e o dia 13 de cada
mês evocando Nossa Senhora de Fátima. E, em maio, será feita a retransmissão
das celebrações da peregrinação Internacional aniversária presidida pelo Papa. Nesse
mês, os olhares de Lourdes vão estar centrados em Fátima a partir do dia 11,
com a meditação do Rosário na Gruta e recitação de Nossa Senhora de Lourdes,
seguida de procissão das velas. No dia 12, realiza-se a procissão eucarística
com a oração do Anjo de Portugal, seguida da Vigília de Oração na basílica de São
Pio X, em união com Fátima. No dia 13, será meditado o rosário sobre a Mensagem
de Fátima; recitação das aparições de Nossa Senhora na basílica de São Pio X e
retransmissão em ecrã gigante da visita do Papa ao Santuário de Fátima. Esta
comunhão com Fátima termina com a celebração de missa de ação de graças pelas
intenções do Papa Francisco, no dia 15.
Nos dias 12
e 15 de cada mês será celebrado um momento de penitência para reparar os
pecados cometidos contra o Imaculado coração de Maria, seguido de missa pela
conversão dos pecadores e confissões. E, no dia 13 de cada mês, o programa do
Santuário francês, durante este ano, é inteiramente dedicado a Fátima começando
com a Consagração ao Imaculado coração de
Maria, seguida de Missa pelas intenções do Papa e consagração a Maria,
recitação com as aparições de Lourdes e de Fátima (vídeo), exposição comentada e procissão de velas.
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Espera-se
que a celebração do ano mariano de Aparecida e a do ano jubilar de Fátima
aproximem pessoas e povos como sinal de que o levantamento de “muros” nada
resolve, apenas cria separação e ódio. E a crença no esforço de paz e
solidariedade não para, porque os pobres não podem esperar e a dignidade humana
está cansada dos atropelos infligidos pelo egoísmo.
2017.01.26 – Louro de Carvalho
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