domingo, 4 de julho de 2021

“O Amor na família: vocação e caminho da santidade”

 

Eis o tema do “X Encontro Mundial das Famílias, que acontecerá de 22 a 26 de junho de 2022 e que será um evento amplamente difundido e multicêntrico.

Assim o anunciou pessoalmente, a 2 de julho, o Papa Francisco através duma videomensagem divulgada nesse dia e disponível no Vatican News e no canal Youtube da Diocese de Roma.

O encontro, que é promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e organizado pela Diocese de Roma, estava inicialmente previsto para este ano de 2021, mas foi adiado por força da pandemia de covid-19, que teima em desaparecer e continua a condicionar a vida das pessoas e da dificultar a retoma da economia e a vida em sociedade.

Todavia, cremos e esperamos que, de 22 a 26 de junho de 2022, já se realizará em tempo de esperança e renascimento. Como afirmou o Santo Padre na sua videomensagem, o evento, acontecerá de forma inédita e multicêntrica, com iniciativas globais nas dioceses do mundo inteiro, análogas às que, ao mesmo tempo, se farão em Roma. Com efeito, apesar de Roma sediar o evento, cada diocese pode tornar-se o centro de “um encontro local” para as suas famílias e comunidades, na ótica e com o intuito de permitir a todos sentirem-se protagonistas, num momento em que ainda é difícil viajar por conta da pandemia.

Segundo nota do Cardeal Kevin Farrell, Prefeito do sobredito Dicastério, constante nos referidos portais, oX Encontro Mundial das Famílias”, cujo tema é, como se disse “O Amor na família: vocação e caminho da santidade, processar-se-á em duas modalidades paralelas:

- Roma continua a ser a sede principal e, nessa cidade, desenvolver-se-ão o Festival das Famílias e o Congresso teológico-pastoral, ambos na Sala Paulo VI, e a Santa Missa na Praça São Pedro. Participarão, em particular, os delegados das conferências episcopais e dos movimentos internacionais empenhados nas pastorais familiares.

- Ao mesmo tempo, em cada diocese, o bispo pode mobilizar, a nível local, a programação de iniciativas similares a partir do tema do encontro com uso de símbolos que a diocese de Roma já começou a preparar: logótipo, oração, hino e imagem.

Como afirmou o Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, “ao longo dos anos, este importante encontro eclesial tem recebido uma participação sempre crescente das famílias”, visto que “os milhares de pessoas que participaram nas edições mais recentes, com a riqueza da sua língua, cultura e experiência, foram um sinal eloquente da beleza da família para a Igreja e para a humanidade inteira”, pelo que “devemos continuar por esse caminho, procurando envolver um ainda mais famílias nesta belíssima iniciativa”.

E o Cardeal-vigário Angelo De Donatis comentou:

Trata-se de aproveitar uma oportunidade preciosa e única para relançar a pastoral familiar com fervor missionário e criatividade renovados, a partir das indicações que foram dadas pelo Santo Padre na exortação apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia, ou seja, com a participação dos esposos, das famílias e dos pastores, todos juntos”.  

Na sua videomensagem, Francisco começa por definir o tempo e os lugares do encontro, justificar o seu adiamento por um ano e vincar a grande vontade de reunir novamente.

A seguir, aponta que os encontros anteriores, como a maioria das famílias ficava em casa, eram percebidos como “uma realidade distante” a que se assistia, no máximo, através da televisão ou uma realidade que passava ao lado de muitas famílias. Por isso, o Sumo Pontífice pretende que, desta feita, o encontro assuma “uma fórmula inédita” de modo a constituir “uma oportunidade para a Providência criar um evento mundial capaz de envolver todas as famílias que desejam sentir-se parte da comunidade eclesial”. Nestes termos, como quer o Santo Padre, “o encontro assumirá uma forma multicêntrica e ampla, favorecendo o envolvimento de comunidades diocesanas de todo o mundo”. 

É certo que Roma será, desta vez, o palco principal, “com alguns delegados da pastoral familiar que participarão no Festival das Famílias, no Congresso Pastoral e na Santa Missa, que será transmitido para todo o mundo”. Porém, nos mesmos dias, cada diocese pode ser “o centro de um encontro local para as suas próprias famílias e comunidades”, de modo que “todos poderão participar, mesmo aqueles que não podem vir a Roma”. Teremos então a centralidade de Roma e a de cada diocese que se organize para o efeito.

Em conformidade com este desiderato, o Papa convida as comunidades diocesanas a planearem, da forma que lhes seja possível,iniciativas a partir do tema do encontro, utilizando os símbolos que a Diocese de Roma tem em preparação”. Ademais, pede que “sejam vivas, ativas, criativas e que se organizem com as famílias, em sintonia com o que acontecerá em Roma”.

Sublinha que esta “é uma oportunidade preciosa para nos dedicarmos com entusiasmo à pastoral familiar: cônjuges, famílias e pastores juntos”. Por isso, dirigindo-se aos Pastores e às famílias, apela à coragem e à ajuda mútua para a organização de “encontros nas dioceses e paróquias de todos os continentes”.

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O logótipo pensado para o “X Encontro Mundial das Famílias retoma a forma elíptica da colunata de Bernini, na Praça São Pedro, lugar indicativo por excelência da Igreja católica, e remete-nos para o seu significado original, que é o abraço acolhedor da Igreja-Mãe de Roma e do seu bispo a incluir e envolver todos os homens e mulheres de todos os tempos.

Nas figuras humanas que estão debaixo da cúpula e da cruz que a coroa, vê-se a representação simbólica e plúrima de marido, mulher, filhos, avós e netos – imagem que evoca a ideia da Igreja como “família de famílias”, proposta pela Amoris Laetitia (AL 87), em que “o amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja(AL 88).

A cruz de Cristo, delineada no alto, e os muros de proteção parecem ser erguidos pelas famílias, quais autênticas pedras vivas da construção eclesial.

Do lado esquerdo, em cima da fina linha da colunata, percebe-se a presença de uma família que se encontra na mesma posição das estátuas dos santos que encimam as colunas da praça, recordando-nos que a vocação à santidade é uma meta possível para todos e indicando que “é possível viver a santidade na simplicidade da vida quotidiana”.

A família à esquerda, que aparece por detrás da linha da colunata, representa as famílias não católicas, distantes da fé e da Igreja, que observam de fora o evento eclesial que acontece dentro e para as quais a comunidade eclesial sempre teve uma grande atenção.

E percebe-se o dinamismo das figuras em movimento para a direita. Vão para fora. São famílias em saída, testemunhas duma Igreja não autorreferencial. Vão à procura de outras famílias, para tentar aproximar-se delas e partilhar com elas a experiência da misericórdia de Deus.

No atinente às cores dominantes, o amarelo e vermelho são uma clara referência ao brasão de Roma, um traço gráfico que visa exprimir uma intensa ligação com a comunidade.

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O encontro mundial das famílias acontece a cada três anos e mantém as caraterísticas pedidas pelo Papa das Famílias, São João Paulo II. Na sua 10.ª edição, percorre o caminho inaugurado pelo Papa polaco e continuado por Bento XVI e por Francisco, demonstrando a importância privilegiada da família para a Igreja e para a sociedade. Tudo começou no ano de 1994, quando o então Papa São João Paulo II, sabiamente, tomou parte na iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas), que havia convocado um ano internacional sobre a família, e inseriu a Igreja dentro da temática, sublinhando a louvável iniciativa daquele organismo, esclarecendo, contudo, que foi Cristo quem enviou a Igreja a todas as nações para proclamar o Evangelho.

Na Igreja, o ano dedicado às famílias iniciou-se no dia da Festa da Sagrada Família de Nazaré do ano de 1993, como parte caminho da preparação para o Jubileu de 2000. Naquele tempo, João Paulo II também pediu ao Pontifício Conselho para as Famílias que preparasse um Encontro Internacional que tivesse três caraterísticas: oração, catequese e festa.

O Encontro ocorreu nos dias 8 e 9 de outubro de 1994;  na homilia – que também encerrava o ano das famílias – o Papa ressaltou a necessidade de reconhecer a grandeza da vocação familiar na Igreja e no mundo, evidenciando que foi Cristo quem primeiro doou aos esposos tal chamamento. No final da pregação homilética, o Papa estimulou as famílias a irem por todo o mundo anunciar o Evangelho das Famílias que, na realização do amor conjugal, revela Cristo entre nós.

Queridos irmãos e irmãs, que viestes de cem países diferentes para este importante encontro na ocasião do Ano da Família! A vós a graça e paz de Deus, nosso Pai Nosso”. Era dia 8 de outubro de 1994, sábado, e São João Paulo II cumprimentava assim os peregrinos no primeiro Encontro Mundial de Famílias na Praça de São Pedro.

O Pontífice polaco quisera que o “Ano da Família” fosse celebrado simultaneamente na Igreja. Entre as iniciativas, houve a do Encontro Mundial, realizado em Roma, a 8 e 9 de outubro, sob a organização do Pontifício Conselho para a Família (hoje Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida) – como todos os encontros seguintes. O tema foi “Família: coração da civilização do amor”.

A tradição continuou a cada três anos e tocou várias cidades do mundo.

Assim, em 1997, nos dias 4 e 5 de outubro, foi a vez do Rio de Janeiro, que acolheu o segundo Encontro Mundial com o tema: “A família: dom e compromisso, esperança da humanidade “.

Três anos depois, no contexto do Grande Jubileu de 2000, a Cidade Eterna recebeu novamente famílias de todo o mundo. O terceiro Encontro Mundial das Famílias aconteceu nos dias 14 e 15 de outubro, sob o tema “Filhos, primavera da família e da sociedade”.

Em 2003, São João Paulo II não conseguiu estar fisicamente presente no quarto Encontro, que aconteceu a 25 e 26 de janeiro em Manila, mas participou através de mensagem televisiva. “Estou convosco no pensamento e na oração: amem-se as famílias das Filipinas e de muitas regiões da terra”, disse ele aos participantes chamados a refletir sobre o tema “A Família Cristã: uma boa nova para o terceiro milénio”.

O “V Encontro Mundial das Famílias”, realizado em Valência, a 8 e 9 de julho de 2006, foi o primeiro que contou com a presença de Bento XVI. O tema foi “Transmissão de fé na família”. Nos dias 17 e 18 de janeiro de 2009, o “VI Encontro Mundial das Famílias” ocorreu na Cidade do México, sobre o tema “A família, formadora de valores humanos e cristãos”, mas o Santo Padre participou pela televisão.

E Bento XVI esteve presente no “VII Encontro Mundial das Famílias”, a 2 e 3 de junho de 2012, em Milão, com o tema: “A família – trabalho e festa”. aí frisou que “não é só a Igreja que é chamada a ser imagem do Deus Uno em Três Pessoas, mas também a família fundada no matrimónio entre o homem e a mulher”, pois, no princípio, de facto, “Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus: Ele os criou homem e mulher”.

Em 2015, nos dias 26 e 27 de setembro, em Filadélfia, ocorreu o “VIII Encontro Mundial das Famílias”, sob o tema: “O amor é nossa missão, a família plenamente viva”. Foi o primeiro em que o Papa Francisco participou.

O “IX Encontro Mundial das Famílias” aconteceu em Dublin, nos dias 22 a 26 de agosto de 2018, sobre o tema escolhido pelo Papa: “O Evangelho da família: alegria para o mundo”, no contexto da exortação apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia”, coordenado pelo novo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, presidido pelo Cardeal Kevin Farrell.

E agora está em marcha a preparação do “X Encontro Mundial das Famílias” para Roma e para cada diocese do mundo inteiro em 2022.

Que seja proveitoso para as famílias, sendo uma realização da Igreja e no e para o mundo”.

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Aqui se transcreve a oração oficial do “X Encontro Mundial das Famílias”:

 

Pai Santo,

 

Estamos aqui diante de Ti para louvar-Te e agradecer-Te pelo grande dom da família.

Nós Te pedimos pelas famílias consagradas no sacramento do matrimónio, para que possam redescobrir todos os dias a graça recebida e, como pequenas Igrejas domésticas, saibam testemunhar a Tua presença e o amor com o qual Cristo ama a Igreja.

Nós Te pedimos pelas famílias Que passam por dificuldades e sofrimentos, doença ou por problemas que só Tu conheces:

Que Tu as sustentes e as tornes conscientes do caminho de santificação ao qual as chamas, para que possam experimentar a Tua infinita misericórdia e encontrar novos caminhos para crescer no amor.

Nós Te pedimos pelas crianças e jovens para que possam encontrar-Te e responder com alegria à vocação que planeaste para eles;

Por seus pais e avós, para que sejam conscientes de serem um sinal da paternidade e maternidade de Deus no cuidado dos filhos que, na carne e no espírito,

Tu confias neles pela experiência de fraternidade que a família pode dar ao mundo.

 

Senhor, concede que cada família possa viver a própria vocação à santidade na Igreja como um chamado para ser protagonista da evangelização, a serviço da vida e da paz, em comunhão com os sacerdotes e em cada estado de vida.

 

Abençoa o Encontro Mundial das Famílias.

Amém.

 

2021.07.03 – Louro de Carvalho

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