terça-feira, 13 de julho de 2021

Fátima, “a mais popular e importante” aparição mariana do século XX

 

Disse-o o Bispo de Ourense, Dom José Leonardo Montanet, no Santuário de Fátima, na noite da Peregrinação Aniversária Internacional de julho, a que presidiu e que evoca a 3.ª Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, tal como advertiu que “devemos levar muito a sério a espiritualidade de Fátima”.

Nesta Peregrinação Internacional, de 12 a 13 de julho, participaram de modo especial 12 grupos, 11 dos quais estrangeiros, provenientes quatro de Espanha, dois de Itália, dois da Polónia, um da Croácia, outro de França, outro da Venezuela e um de Portugal.

O Santuário de Fátima, nesta Peregrinação que evoca a Terceira Aparição de Nossa Senhora aos videntes, cujo relato foi recordado esta noite, manteve as regras de segurança em vigor neste tempo de pandemia garantindo o distanciamento físico entre os peregrinos, o uso obrigatório da máscara e a desinfeção das mãos. Os acessos à Capelinha e ao queimador das velas estiveram condicionados durante as celebrações para evitar a deslocação das pessoas e comprometer as exigências de distanciamento físico. 

***

Na noite do dia 12,  Dom José Leonardo Montanet presidiu à recitação do Rosário, à Procissão das Velas e à celebração da Palavra no Altar do Recinto de Oração da Cova da Iria, na Vigília desta Peregrinação, tendo afirmado que Fátima é “a mais popular e importante” aparição mariana do século XX, na Igreja Universal, dito que tem “saudades das multidões de Fátima” e pedindo oração pela “pronta recuperação” do Papa Francisco.

O prelado galego, nomeado Bispo de Ourense pelo Papa Bento XVI, em 2011, referiu que “a “devoção a Nossa Senhora do Rosário de Fátima é das mais universais” e que Portugal a deu “a todo o mundo”. Ao mesmo tempo, lamentou “a ausência da multidão” típica de Fátima da qual afirmou sentir “saudades”. Mais frisou que “é uma graça de Deus que o Bispo de Ourense esteja aqui esta noite”, pois “existe uma relação estreita entre este lugar e a paróquia que se encontra na minha cidade e que é um dos lugares de maior devoção a Nossa Senhora de Fátima, não só na minha diocese mas em toda a Galiza”. E lembrou que nesse espaço há uma imagem de Nossa Senhora feita pelo mesmo escultor que idealizou a imagem que se venera na Capelinha, António Ferreira Thedim, e que foi benzida neste Santuário e levada em peregrinação para Espanha.

Apresentando a Virgem Maria como “o amparo da nossa fé”, sobretudo “neste mundo incrédulo e materialista, nesta época de tão cruel pandemia”, Montanet relvou a mensagem contida na aparição de Julho, que alerta para a necessidade de “conversão e oração”, o que “na situação sanitária que vivemos recupera um significado especial”. Salientou que “este recinto é um lugar de oração e sobretudo de silêncio impressionante” no Santuário enquanto “lugar privilegiado para encontrar Deus”, sobretudo na atual situação pandémica,  pelo silêncio que propicia a quem procura o recolhimento. E, observando que “é muito difícil escutar a Deus na agitação e nas festas descontroladas”, vincou que O podemos escutar “no meio da vida”.

Solicitou aos peregrinos de Fátima uma oração especial pela “pronta recuperação e melhoras” do Papa Francisco, que ainda se encontra hospitalizado, uma semana depois da operação cirúrgica que efetuou ao cólon. E formulou o seguinte voto:

Que as nossas orações cheguem ao Imaculado Coração de Maria, Senhora de Fátima, e roguemos-Lhe que as dores, tribulações e angústias que o mundo inteiro sofre neste tempo de pandemia, não nos façam perder a esperança”.

E pediu que “a luz da fé quebre egoísmos, violências destruição”.

***

Neste dia 13, a Peregrinação prosseguiu com a oração do Rosário às 9 horas, na Capelinha das Aparições, a Missa internacional com a bênção dos doentes e a Procissão do Adeus – tudo, mais uma vez, em torno do tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos” e sempre com uma especial intenção pelos que sofrem neste momento de tribulação decorrente da pandemia. 

Durante a homilia da missa a que presidiu, o Bispo de Ourense presidiu desafiou os peregrinos a “serem testemunhas de esperança e de vida” neste período de pandemia. Com efeito, como assegurou, o convite à oração deixado pela Virgem aos três Pastorinhos “é real e urgente” diante do sofrimento e da guerra que tantas pessoas enfrentam nos dias de hoje.

A partir do relato da terceira aparição, segundo o qual Nossa Senhora pediu aos videntes que ali regressassem todos os dias 13 e rezassem o terço pela paz e pelo fim da guerra, Dom José Leonardo Montanet salientou que “não existe um pedido mais real e urgente. Continuamos a viver experiências de desolação e guerra”. E exemplificou:

Já se questionaram quantas crianças morreram no seio de suas mães na Europa? Sabem quantos suicídios aconteceram nos nossos países de pessoas jovens, que procuraram a própria morte porque a vida tinha perdido sentido para eles? E as famílias, as escolas, as nossas faculdades onde se pregam ideologias que mais cedo ou mais tarde matam a fé na vida das jovens gerações?”.

Esta forte interpelação do prelado de Ourense, diocese situada na vizinha Galiza, azou que sobressaísse o seu convite à oração, que encontra neste Santuário “um lugar privilegiado”.

O Bispo galego, particularmente ligado a Fátima, como confessara, desafiou os cristãos a serem “testemunhas da esperança e da vida”. E, apelando a uma particular atenção às pessoas vulneráveis e aos jovens, instou:

Na atual situação de pandemia, que perturba todas as nossas vidas, temos que voltar os nossos olhos para a nossa Mãe bendita”.

E, a este respeito, considerou:

Temos que ajudá-los, não criticá-los. Ajudá-los muito porque eles tiveram que viver num mundo de mudanças permanentes, cheio de imensas incertezas. Muitos com dúvidas sobre o futuro, sobre o significado e a utilidade dos seus estudos. Muitos preocupados com a sua família – muitas vezes desfeitas ou cheias de confrontos violentos – e, não menos importante, muitos que estão sem esperança porque lhes falta uma perspetiva de trabalho digna e segura das suas vidas.”.

“São problemas muito complexos”, disse o presidente da Peregrinação, “e temos de ajudá-los a resolvê-los porque os problemas deles são também os nossos”. E o Bispo de Ourense, dirigindo-se aos jovens para que também “sejam responsáveis nos encontros e divertimentos”, sendo “intransigentes com o mal, insistindo no bem”, pediu “a máxima responsabilidade e respeito” para com eles. E exortou: “Sempre em frente, como dizem os portugueses”.

E o presidente da celebração evocou, a este propósito, o exemplo dos santos Pastorinhos que aprenderam no “colo” de Maria a filiação de Deus e declarou:

Aprofundando-nos nas Aparições de Fátima podemos descobrir como a Santíssima Virgem nos ensina a ser crianças, porque só assim, tornando-nos crianças, seremos melhores discípulos missionários”.

O prelado destacou o Milagre do Sol, “que tem mais significado hoje” e, destacando que “por tudo isto Fátima é um altar do mundo onde sempre nos dirigimos” para rezar, frisou:

Queridos irmãos e irmãs: devemos levar muito a sério a espiritualidade de Fátima que tem umas conotações muito bonitas: a confissão e comunhão reparadora dos primeiros sábados, a oração pela conversão e pela paz”.

Bela síntese da tipicidade da mensagem fatimita! E, sobre a espiritualidade eclesial, proclamou:

Queremos ser uma Igreja viva, que caminha, uma Igreja samaritana, onde como família de Deus todos se encaixem. Como cristãos somos chamados a continuar unidos na oração junto de Maria..

***

Na habitual palavra ao doente, o Padre Pedro Viva, capelão do Hospital de Santo André, em Leiria, e diretor do Serviço de Pastoral da Saúde de Leiria-Fátima, assegurou a presença de Deus junto dos que sofrem, a quem instou a confiar a Jesus, presente no Santíssimo Sacramento o sofrimento e angústia que atravessam.

Dirigindo-se aos doentes, a quem renovou o convite que o Papa Francisco fez nas celebrações do Centenário das Aparições, para “a oferta do seu sofrimento em união com os de Jesus crucificado pela salvação do mundo”, tal como o fizeram os santos Pastorinhos, disse:

A doença não diminui a tua dignidade. Pelo contrário, a tua vida é um contínuo chamamento ao amor mais puro em que o teu corpo como que se transforma em verdadeiro altar onde te ofereces continuamente a Deus.”.

O Santo Padre, que se encontra a recuperar de uma cirurgia, foi ainda evocado nas palavras que dirigiu na Oração do Angelus de domingo passado, dia 11, quando pediu a oração por todos os doentes, em especial pelas crianças e manifestou o seu apreço e encorajamento aos profissionais de saúde. Assim, ao destacar o peso da solidão que muitos doentes atravessam no seu estado, o sacerdote desafiou os que sofrem a perspetivar a sua condição na morte e ressurreição de Jesus, onde “podemos encontrar o sentido da vida”, afirmando que “talvez a maior graça a receber do Senhor, até mais do que a cura física, seja mesmo o dom da aceitação e do oferecimento”.

Tendo como horizonte as palavras de esperança e confiança deixadas por Nossa Senhora a Lúcia, nas aparições de 1917, o diretor do Serviço de Pastoral da Saúde de Leiria-Fátima convidou os peregrinos a enfrentar as dores e sofrimentos que a humanidade atravessa, devido à pandemia, com a mesma certeza da presença materna de Maria.

***

Por seu turno, o Cardeal Dom António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, diocese anfitriã da Peregrinação, na palavra final aos peregrinos, lembrou o apelo à conversão e a “consoladora promessa (…) do coração de Maria como garantia e penhor de que a última palavra é do amor misericordioso de Deus, que há de triunfar sobre os dramas da história”, deixados por Nossa Senhora aos Pastorinhos, na aparição de julho de 1917.

O purpurado português agradeceu a presença de Dom José Leonardo Montanet pela disponibilidade para presidir à Peregrinação e pela “mensagem bela” que deixou aos peregrinos.

Segundo Dom António Marto, o presidente da Peregrinação “ajudou a aprofundar e a atualizar” para a atualidade, estes tempos também “ameaçados por conflitos e atentados à vida humana e à dignidade da pessoa humana”.

E enviou uma mensagem particular ao Papa, com votos de “rápida convalescença”, dizendo:

Enviamos um voto de uma rápida convalescença e que Nossa Senhora de Fátima e os santos Pastorinhos continuem a abençoá-lo no dom da saúde e no exercício do seu ministério.

Dirigiu às crianças presentes em Fátima e às que seguiram a celebração pela comunicação social “saudação particular e particularmente carinhosa” com votos de boas férias  e o seguinte teor:

Envio-vos uma saudação cheia de carinho, de afeto, de estima, de amizade e envio também uma bênção especial em nome de Jesus, de Nossa Senhora e dos Santos Pastorinhos, para que sejais sempre meninos e meninas felizes e alegres na amizade com Jesus, com Nossa Senhora e os santos pastorinhos, com os vossos familiares e com todos nós que somos a grande família de Jesus”.

E aos doentes exprimiu a sua proximidade e oração.

Frisando que a peregrinação evoca, de modo especial, o segredo de Fátima, disse que a Senhora, face à destruição da humanidade, as guerras mundiais, deixa, através dos pastorinhos, um aviso sério e grave à humanidade, “chamando à conversão dos corações e à mudança de vida”. Mas aliou ao aviso a “consoladora promessa” de que “o seu coração, como garantia e penhor de que a última palavra é do amor misericordioso de Deus, triunfará sobre os dramas da história”.

2021.07.13 – Louro de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário