Disse-o o Bispo de Ourense, Dom José Leonardo Montanet, no Santuário de
Fátima, na noite da Peregrinação Aniversária Internacional de julho, a que
presidiu e que evoca a 3.ª Aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, tal como advertiu
que “devemos levar muito a sério a espiritualidade de Fátima”.
Nesta
Peregrinação Internacional, de 12 a 13 de julho, participaram de modo especial
12 grupos, 11 dos quais estrangeiros, provenientes quatro de Espanha, dois de Itália,
dois da Polónia, um da Croácia, outro de França, outro da Venezuela e um de Portugal.
O Santuário de
Fátima, nesta Peregrinação que evoca a Terceira Aparição de Nossa Senhora aos
videntes, cujo relato foi recordado esta noite, manteve as regras de segurança
em vigor neste tempo de pandemia garantindo o distanciamento físico entre os
peregrinos, o uso obrigatório da máscara e a desinfeção das mãos. Os acessos à
Capelinha e ao queimador das velas estiveram condicionados durante as
celebrações para evitar a deslocação das pessoas e comprometer as exigências de
distanciamento físico.
***
Na noite do
dia 12, Dom José Leonardo Montanet presidiu à recitação do Rosário, à Procissão
das Velas e à celebração da Palavra no Altar do Recinto de Oração da Cova da
Iria, na Vigília desta Peregrinação, tendo afirmado que Fátima é “a mais popular e importante” aparição
mariana do século XX, na Igreja Universal, dito que tem “saudades das
multidões de Fátima” e pedindo oração pela “pronta recuperação” do Papa
Francisco.
O prelado
galego, nomeado Bispo de Ourense pelo Papa Bento XVI, em 2011, referiu que “a “devoção
a Nossa Senhora do Rosário de Fátima é das mais universais” e que Portugal a
deu “a todo o mundo”. Ao mesmo tempo, lamentou “a ausência da multidão” típica
de Fátima da qual afirmou sentir “saudades”. Mais frisou que “é uma graça de
Deus que o Bispo de Ourense esteja aqui esta noite”, pois “existe uma relação
estreita entre este lugar e a paróquia que se encontra na minha cidade e que é
um dos lugares de maior devoção a Nossa Senhora de Fátima, não só na minha
diocese mas em toda a Galiza”. E lembrou que nesse espaço há uma imagem de
Nossa Senhora feita pelo mesmo escultor que idealizou a imagem que se venera na
Capelinha, António Ferreira Thedim, e que foi benzida neste Santuário e levada
em peregrinação para Espanha.
Apresentando
a Virgem Maria como “o amparo da nossa fé”, sobretudo “neste mundo incrédulo e
materialista, nesta época de tão cruel pandemia”, Montanet relvou a mensagem
contida na aparição de Julho, que alerta para a necessidade de “conversão e
oração”, o que “na situação sanitária que vivemos recupera um significado
especial”. Salientou que “este recinto é um lugar de oração e sobretudo de
silêncio impressionante” no Santuário enquanto “lugar privilegiado para
encontrar Deus”, sobretudo na atual situação pandémica, pelo
silêncio que propicia a quem procura o recolhimento. E, observando que “é muito
difícil escutar a Deus na agitação e nas festas descontroladas”, vincou que O podemos
escutar “no meio da vida”.
Solicitou aos
peregrinos de Fátima uma oração especial pela “pronta recuperação e melhoras”
do Papa Francisco, que ainda se encontra hospitalizado, uma semana depois da
operação cirúrgica que efetuou ao cólon. E formulou o seguinte voto:
“Que
as nossas orações cheguem ao Imaculado Coração de Maria, Senhora de Fátima, e
roguemos-Lhe que as dores, tribulações e angústias que o mundo inteiro sofre
neste tempo de pandemia, não nos façam perder a esperança”.
E pediu que “a
luz da fé quebre egoísmos, violências destruição”.
***
Neste dia 13,
a Peregrinação prosseguiu com a oração do Rosário às 9 horas, na Capelinha das
Aparições, a Missa internacional com a bênção dos doentes e a Procissão do
Adeus – tudo, mais uma vez, em torno do tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos” e sempre com uma especial
intenção pelos que sofrem neste momento de tribulação decorrente da
pandemia.
Durante a
homilia da missa a que presidiu, o Bispo de Ourense presidiu desafiou os peregrinos a “serem testemunhas de
esperança e de vida” neste período de pandemia. Com efeito, como assegurou, o
convite à oração deixado pela Virgem aos três Pastorinhos “é real e urgente”
diante do sofrimento e da guerra que tantas pessoas enfrentam nos dias de hoje.
A partir do
relato da terceira aparição, segundo o qual Nossa Senhora pediu aos
videntes que ali regressassem todos os dias 13 e rezassem o terço pela paz e
pelo fim da guerra, Dom José Leonardo Montanet salientou que “não existe um
pedido mais real e urgente. Continuamos a viver experiências de desolação e
guerra”. E exemplificou:
“Já se questionaram quantas crianças
morreram no seio de suas mães na Europa? Sabem quantos suicídios aconteceram
nos nossos países de pessoas jovens, que procuraram a própria morte porque a
vida tinha perdido sentido para eles? E as famílias, as escolas, as nossas
faculdades onde se pregam ideologias que mais cedo ou mais tarde matam a fé na
vida das jovens gerações?”.
Esta forte interpelação
do prelado de Ourense, diocese situada na vizinha Galiza, azou que sobressaísse
o seu convite à oração, que encontra neste Santuário “um lugar privilegiado”.
O Bispo
galego, particularmente ligado a Fátima, como confessara, desafiou os cristãos
a serem “testemunhas da esperança e da vida”. E, apelando a uma particular
atenção às pessoas vulneráveis e aos jovens, instou:
“Na atual situação de pandemia, que
perturba todas as nossas vidas, temos que voltar os nossos olhos para a nossa
Mãe bendita”.
E, a este
respeito, considerou:
“Temos que ajudá-los, não
criticá-los. Ajudá-los muito porque eles tiveram que viver num mundo de
mudanças permanentes, cheio de imensas incertezas. Muitos com dúvidas sobre o
futuro, sobre o significado e a utilidade dos seus estudos. Muitos preocupados
com a sua família – muitas vezes desfeitas ou cheias de confrontos violentos –
e, não menos importante, muitos que estão sem esperança porque lhes falta uma
perspetiva de trabalho digna e segura das suas vidas.”.
“São problemas
muito complexos”, disse o presidente da Peregrinação, “e temos de ajudá-los a
resolvê-los porque os problemas deles são também os nossos”. E o Bispo de
Ourense, dirigindo-se aos jovens para que também “sejam responsáveis nos
encontros e divertimentos”, sendo “intransigentes com o mal, insistindo no bem”,
pediu “a máxima responsabilidade e respeito” para com eles. E exortou: “Sempre em frente, como dizem os portugueses”.
E o
presidente da celebração evocou, a este propósito, o exemplo dos santos Pastorinhos
que aprenderam no “colo” de Maria a filiação de Deus e declarou:
“Aprofundando-nos nas Aparições de
Fátima podemos descobrir como a Santíssima Virgem nos ensina a ser crianças,
porque só assim, tornando-nos crianças, seremos melhores discípulos
missionários”.
O prelado
destacou o Milagre do Sol, “que tem mais significado hoje” e, destacando
que “por tudo isto Fátima é um altar do mundo onde sempre nos dirigimos” para
rezar, frisou:
“Queridos irmãos e irmãs: devemos
levar muito a sério a espiritualidade de Fátima que tem umas conotações muito
bonitas: a confissão e comunhão reparadora dos primeiros sábados, a oração pela
conversão e pela paz”.
Bela síntese
da tipicidade da mensagem fatimita! E, sobre a espiritualidade eclesial,
proclamou:
“Queremos ser uma Igreja viva, que caminha, uma Igreja samaritana, onde
como família de Deus todos se encaixem. Como cristãos somos chamados a
continuar unidos na oração junto de Maria.”.
***
Na habitual
palavra ao doente, o Padre Pedro Viva, capelão do Hospital de Santo André, em
Leiria, e diretor do Serviço de Pastoral da Saúde de Leiria-Fátima, assegurou a
presença de Deus junto dos que sofrem, a quem instou a confiar a Jesus,
presente no Santíssimo Sacramento o sofrimento e angústia que atravessam.
Dirigindo-se
aos doentes, a quem renovou o convite que o Papa Francisco fez nas celebrações
do Centenário das Aparições, para “a oferta do seu sofrimento em união com os
de Jesus crucificado pela salvação do mundo”, tal como o fizeram os santos
Pastorinhos, disse:
“A doença não diminui a tua
dignidade. Pelo contrário, a tua vida é um contínuo chamamento ao amor mais
puro em que o teu corpo como que se transforma em verdadeiro altar onde te
ofereces continuamente a Deus.”.
O Santo
Padre, que se encontra a recuperar de uma cirurgia, foi ainda evocado nas
palavras que dirigiu na Oração do Angelus
de domingo passado, dia 11, quando pediu a oração por todos os doentes, em
especial pelas crianças e manifestou o seu apreço e encorajamento aos
profissionais de saúde. Assim, ao destacar o peso da solidão que muitos doentes
atravessam no seu estado, o sacerdote desafiou os que sofrem a perspetivar a
sua condição na morte e ressurreição de Jesus, onde “podemos encontrar o sentido da vida”, afirmando que “talvez a maior graça a receber do Senhor,
até mais do que a cura física, seja mesmo o dom da aceitação e do oferecimento”.
Tendo como
horizonte as palavras de esperança e confiança deixadas por Nossa Senhora a
Lúcia, nas aparições de 1917, o diretor do Serviço de Pastoral da Saúde de
Leiria-Fátima convidou os peregrinos a enfrentar as dores e sofrimentos que a
humanidade atravessa, devido à pandemia, com a mesma certeza da presença
materna de Maria.
***
Por seu
turno, o Cardeal Dom António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, diocese anfitriã da
Peregrinação, na palavra final aos peregrinos, lembrou o apelo à conversão e a
“consoladora promessa (…) do coração de Maria como garantia e penhor de que a
última palavra é do amor misericordioso de Deus, que há de triunfar sobre os
dramas da história”, deixados por Nossa Senhora aos Pastorinhos, na aparição de
julho de 1917.
O purpurado português
agradeceu a presença de Dom José Leonardo Montanet pela disponibilidade para
presidir à Peregrinação e pela “mensagem bela” que deixou aos peregrinos.
Segundo Dom António Marto, o presidente da Peregrinação “ajudou
a aprofundar e a atualizar” para a atualidade, estes tempos também “ameaçados
por conflitos e atentados à vida humana e à dignidade da pessoa humana”.
E enviou uma
mensagem particular ao Papa, com votos de “rápida convalescença”, dizendo:
“Enviamos um voto de uma rápida convalescença e que Nossa Senhora de
Fátima e os santos Pastorinhos continuem a abençoá-lo no dom da saúde e no
exercício do seu ministério”.
Dirigiu
às crianças presentes em Fátima e às que seguiram a celebração pela comunicação
social “saudação particular e particularmente carinhosa” com votos de boas
férias e o seguinte teor:
“Envio-vos uma
saudação cheia de carinho, de afeto, de estima, de amizade e envio também uma
bênção especial em nome de Jesus, de Nossa Senhora e dos Santos Pastorinhos,
para que sejais sempre meninos e meninas felizes e alegres na amizade com
Jesus, com Nossa Senhora e os santos pastorinhos, com os vossos familiares e
com todos nós que somos a grande família de Jesus”.
E
aos doentes exprimiu a
sua proximidade e oração.
Frisando que a peregrinação evoca, de modo especial, o segredo
de Fátima, disse que a Senhora, face à destruição da humanidade, as guerras
mundiais, deixa, através dos pastorinhos, um aviso sério e grave à humanidade, “chamando
à conversão dos corações e à mudança de vida”. Mas aliou ao aviso a “consoladora
promessa” de que “o seu coração, como garantia e penhor de que a última palavra
é do amor misericordioso de Deus, triunfará sobre os dramas da história”.
2021.07.13 – Louro de Carvalho
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