De
acordo com a respetiva declaração de Matteo
Bruni, Diretor da Sala de Imprensa da
Santa Sé, Sua Santidade o Papa Francisco, neste 9 de julho, à semelhança
dos anteriores, passou um dia tranquilo com evolução clínica
normal. Continuou a alimentar-se regularmente e a fazer o tratamento
programado. Caminhou pelo corredor e retomou o seu trabalho, alternando-o com
momentos de leitura de textos. À tarde, celebrou a Santa Missa na capela do seu
apartamento privado, com a presença de todos os que têm assistido durante o
internamento.
Após um
ligeiro episódio febril, o Pontífice está apirético. E fez saber que, no
próximo dia 11, domingo, o Angelus
será recitado no 10.º andar do Hospital Universitário “Agostino Gemelli”.
O Santo Padre
agradece as numerosas mensagens de afeto e proximidade que recebe diariamente e
pede que continuemos a rezar por ele.
***
Entretanto,
Francisco enviou, a 8 de julho, um telegrama
de pesar ao núncio apostólico no Haiti, Dom Eugene Martin Nugent, pelo
assassinato do presidente do país, Jovenel Moïse, que foi morto a tiro por um
comando de homens armados que entraram na sua casa na noite de 6 para 7.
No telegrama
assinado pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, o Papa envia as suas
condolências ao povo haitiano e à sua esposa, gravemente ferida.
Notícias
confusas declaravam a morte da esposa do presidente haitiano, horas depois do marido,
o que foi desmentido de pronto. O embaixador do Haiti na República Dominicana
disse que Martine Moise foi levada de Porto Príncipe, a capital, para Miami, na
Flórida, onde está internada no Jackson Memorial Hospital. O Papa “recomenda a
Deus” a vida da primeira-dama e pede “ao Pai da Misericórdia o repouso da alma
do defunto”.
Francisco
exprime a sua tristeza e reitera a condenação de todas as formas de violência
como meio de resolver crises e conflitos. E, enquanto deseja ao povo haitiano “um
futuro de harmonia fraterna, solidariedade e prosperidade”, invoca a “abundância
de bênçãos divinas sobre o Haiti e todos os seus habitantes”.
O Vatican News contactou a Irmã Ideneide
do Rego, Carmelita da Divina Providência, que integra o projeto
intercongregacional da CNBB, da Caritas e da CRB Nacional que atua no Haiti e
que relata que os missionários brasileiros estavam em retiro na capital, quando
chegou a notícia da morte do presidente. Tinham combinado fazer um momento de
confraternização, rever a caminhada como missionários no Haiti, mas tiveram de
mudar a programação. Alguns conseguiram voltar para as suas casas quase às
escondidas e por trajetos menos ameaçadores. Outros ficarão por ali a ver o que
vai acontecer. Sabem que “Deus está connosco”, que “não nos abandona”. Porém, com
a morte do presidente, é como se muitas vozes adormecidas ecoassem com toda esta
situação. Há meses que não se tem esta reação: passam carros cheios de pessoas
e os bandidos matam a todos, o que nem sempre é divulgado. E muitas vidas
inocentes se foram.
Outro
testemunho vem do sul do Haiti, de Les Cayes. A Irmã Maria Inês Sampaio, das
Irmãs do Imaculado Coração de Maria, fala do clima de medo numa população anestesiada
diante de tanto sofrimento. O comércio está fechado, porque a população tem medo. As manifestações
vêm acontecendo há algum tempo e o país passa por momentos difíceis: grande insegurança,
muitas incertezas. O povo não se habituou, o sofrimento é muito grande, são
tantas as dificuldades que parecem todos meio anestesiados. Os vizinhos aconselham
as irmãs a não saírem e a terem prudência, já que os estrangeiros devem ter precaução.
Elas pedem que Deus olhe com misericórdia e que as ações ajudem a refletir sobre
como agir, como ajudar o povo em momento tão difícil. Já sofreu tanto, já
passou por tantas dificuldades (sismos,
ventanias – que devastaram tudo) e reergueu-se. E
agora veio este golpe. Resta a união de todos e que a Trindade Santa nos olhe
com misericórdia.
***
Também,
segundo o Vatican News, o Papa
Francisco, o Arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e o moderador da Igreja da
Escócia, Jim Wallace, assinaram e enviaram uma carta conjunta aos líderes
políticos do Sudão do Sul por ocasião do 10.º aniversário da independência deste
país africano, celebrado nesta sexta-feira, 9 de julho.
Enviam as cordiais
saudações, conscientes de que este aniversário recorda as lutas passadas e
aponta com esperança para o futuro desta nação abençoada e com imenso
potencial. Por isso, os subscritores da carta encorajam os líderes políticos a
fazerem esforços cada vez maiores para permitirem ao seu povo desfrutar de todos
os frutos da independência.
Os
signatários da carta recordam que, na última vez em que escreveram aos líderes
políticos do Sudão do Sul, no Natal, rezaram para que pudessem sentir mais
confiança entre eles e fossem “mais generosos no serviço ao seu povo”. E
registam com alegria os progressos realizados desde então. Contudo, assinalam
que o povo continua com medo e incerteza e sem confiança de que a nação dê vida
à “justiça, liberdade e prosperidade”, a teor do seu hino nacional.
Frisam que
ainda há muito a fazer para formar uma nação que reflita o Reino de Deus, onde
a dignidade de todos seja respeitada e todos estejam reconciliados, o que pode
exigir dos líderes políticos sacrifício pessoal, como o ilustra o exemplo de
liderança do próprio Cristo. Por isso, os três líderes cristãos porfiam estar
ao lado dos decisores enquanto olham para o futuro e buscam discernir novamente
como servir melhorar todo o povo.
Recordam Francisco,
Welby e Wallace com alegria e ação de graças o histórico encontro dos líderes
políticos e religiosos do Sudão do Sul no Vaticano, em 2019, e as promessas daquela
ocasião. E rezam para que essas promessas moldem as ações, de modo que tenham o
ensejo de visitar e celebrar pessoalmente com os decisores e o povo, honrando os
seus contributos para uma nação que cumpra as esperanças de 9 de julho de 2011.
Por fim, invocam sobre todas as pessoas no Sudão do Sul as bênçãos de Deus de
fraternidade e paz.
***
Enquanto isso, a
Igreja na Eslováquia espera do Papa que encoraje a fé enfraquecida pelo
consumismo. Na verdade, após a confirmação da visita de Francisco a Bratislava
e em outras três cidades eslovacas, de 12 a 15 de setembro, o entusiasmo de Dom
Martin Kramara, porta-voz dos bispos locais, disse que a visita “é uma grande
alegria”, pois o Papa vem para encorajar a fé “enfraquecida pelo consumismo e
pelo individualismo”. No Santuário Mariano de Šaštin, o Papa participará na
peregrinação nacional que os eslovacos defenderam vigorosamente durante o
regime comunista.
Na manhã do dia 12, antes de ir para
Bratislava, Francisco presidirá à missa de encerramento do Congresso
Eucarístico Internacional em Budapeste, na Hungria, para, na parte da tarde, se
deslocar à Eslováquia. Será a segunda viagem apostólica de Francisco em 2021 e
a quarta dum Pontífice àquele país, após as três viagens de São João Paulo II,
que foi a Bratislava em 1990, visitou a República Eslovaca independente em 1995
e 2003.
Dom Martin Kramara falou à Rádio Vaticano sobre as reações face à
confirmação da viagem e as expectativas da Igreja sobre vista da visita do
Pontífice ao país.
Recordou o
entusiasmo de todos ao ouvirem o Santo Padre no voo de volta do Iraque falou da
possível visita a Bratislava e sublinhou que a confirmação da viagem, no Angelus
de 4 de julho, foi “um momento emocionante”. Ele próprio, ao ouvir o Papa, não
conseguiu fazer a tradução das suas palavras para a televisão católica eslovaca.
Depois, a Presidente da República, Zuzana Čaputová, expressou a sua grande
alegria, porque o Estado também se prepara para receber o Papa com muita
felicidade. E o presidente da Conferência Episcopal, Dom Stanislav Zvolenský, reagiu
dizendo que para toda a Igreja este é um momento extraordinário, até porque
traz à mente as visitas de São João Paulo II, um grande incentivo para todo o
país; e com a mesma alegria acolherão o Papa Francisco.
Dom Kramara vincou a pequenez do
território, a separação pacífica, em 1993, da República Tcheca e da Tchecoslováquia
e a criação da Conferência Episcopal para uma organização eclesial autónoma. Em
várias ocasiões, os bispos haviam convidado o Pontífice e muitas vezes os fiéis
perguntavam quando viria o Papa Francisco. E a resposta dos bispos era que o
Papa tinha outras coisas a fazer, muitos compromissos. Por isso, o anúncio da viagem pelo próprio Papa constituiu
uma grande surpresa e uma grande alegria.
Entre os
grandes desafios daquela organização eclesial autónoma, Dom Kramara apontou a secularização
subsequente à queda do comunismo, terminado
que foi o período de perseguições durante 40 anos de comunismo, em que a Igreja
estava sob grande pressão. Fora um momento muito difícil, mas, ao mesmo tempo,
as pessoas sentiam forte necessidade de permanecer fiéis ao Evangelho e ao
Santo Padre, lutando pela própria fé. Hoje, há liberdade e enriquecimento do
ponto de vista material, mas é mais difícil explicar aos jovens porque é importante
manter as raízes e a fé, viver de acordo com a fé, sem correr apenas atrás das
coisas materiais e sem ter o consumismo como prioridade. Depois, há o desafio
do individualismo, a tendência a esquecer os fracos, pois, com a melhoria das condições
económicas, tendemos a esquecer os fracos, os que ficam para trás. E este é um
importante e atual aviso que o Papa repete muitas vezes e é a mensagem da “Fratelli
tutti”: “mesmo que estejamos em situação de desenvolvimento, devemos tentar
olhar para nossos irmãos que estão em dificuldade. É certo que os bispos
traduzem para eslovaco as encíclicas, as exortações e todos os documentos do
Pontífice e tentam distribuí-los e falar sobre eles com o povo. Mas uma coisa é
falar dum documento e outra é que o Papa chegue pessoalmente e fale face a
face. Nesse sentido, a Eslováquia espera um encorajamento para a fé, para o bem
comum, para não esquecer aqueles que ficaram para trás.
A visita
começará por Bratislava, a capital e sede metropolitana ocidental. Efetivamente
há, na Eslováquia, duas sedes metropolitanas católicas latinas: a de Bratislava
e a de Košice (a oriental). E este será o segundo lugar da visita do Papa.
Depois, tem a sede metropolitana bizantina, ou greco-católica, em Prešov, que
será o terceiro lugar a visitar pelo Papa, que vem ao encontro dos latinos, dos
bizantinos. Depois de Bratislava, Košice e Prešov, Francisco visitará um
santuário muito importante para a Eslováquia: Šaštin, na Eslováquia ocidental,
onde a grande peregrinação nacional acontece todos os anos a 15 de setembro,
Festa de Nossa Senhora das Dores. Ora, quando os bispos souberam que o Papa
viria após o Congresso Eucarístico Internacional em Budapeste, que encerra em
12 de setembro, esperavam que ele pudesse participar nesta peregrinação tão
importante para o país. E Francisco aceitou. Nesta ocasião os eslovacos rezam à
Virgem das Sete Dores, numa peregrinação muito importante que a Igreja eslovaca
tem realizado com coragem, mesmo durante o comunismo, embora o regime
totalitário fosse contrário e tentasse cancelá-la, tal como cancelou as ordens
religiosas, mas não conseguiu. A peregrinação anual a Šaštin tem sentido
profundo hoje e tê-lo-á no próximo dia 15 de setembro, em que o Papa Francisco
também vai participar.
***
Mas
nem só iniciativas papais se registam neste internamento. A proximidade dos
pequenos pacientes do Policlínico Gemelli chegou ao Papa em carta carinhosa. E
do Hospital Pediátrico Bambino Gesù foi enviado o desenho duma menina que reza
pela recuperação do Pontífice.
Carta
do Gemelli começa: “Ouvimos dizer que
você não está tão bem e que agora está no nosso hospital”. E a prossegue: “mesmo que não possamos ver-nos, enviamos-lhe
um forte abraço e desejamos-lhe uma rápida recuperação”.
O sobredito desenho publicado no
Twitter do Hospital Pediátrico Bambino Gesù tem uma ilustração a mostrar uma
menina que segura a mão do Papa internado no hospital e, ao lado, a oração de
Giulia, autora do desenho: “Caro
Papa Francisco, sinta a minha oração. Eu sentia a sua quando eu estava mal.”.
***
Além de tudo isto, tem decorrido com
normalidade o serviço de aceitação de renúncias a cargos eclesiais e convenientes
nomeações. Entre estas, ressalta a nomeação, a 8 de julho, do Cardeal
Jean-Claude Hollerich, SI, Arcebispo de Luxemburgo, como Relator Geral da XVI Assembleia
Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.
***
Também a 6 de julho, a Sala de
Imprensa divulgou a carta de Francisco, do dia 3, ao Arcebispo Maior e
delegados do Sínodo da Igreja Siro-Malabar, com mensagem para os bispos,
clérigos, religiosos e leigos e
onde exprime particular aprovação e encorajamento relativamente ao acordo
alcançado por unanimidade pelo Sínodo dos Bispos da Igreja Siro-Malabar em 1999
(e repetidamente renovado
nos anos subsequentes) em
prol dum modo uniforme de celebração do Santo Qurbana (Eucaristia), um passo importante para aumentar a
estabilidade e a comunhão eclesial em todo o corpo dessa Igreja, sendo
que os esforços para concretizar esta realização no ano jubilar de 2000
deram a São João Paulo II “uma alegre confiança na vossa Igreja sui Iuris”.
Apesar de dificuldades
que exigem um discernimento contínuo, as normas para a celebração eucarística
deram frutos consideráveis, incluindo a evangelização, especialmente nas
Eparquias missionárias, onde toda a comunidade se uniu de forma pacífica e observância
em oração, interpretando o consenso contínuo da hierarquia como um fruto do
Espírito Santo.
Assim, o
Santo Padre exorta vivamente os bispos a perseverarem e confirma o seu “caminhar
juntos” eclesialmente com o povo de Deus, sabendo que “o tempo é superior ao
espaço” (cf EG ,
222-225) e que “a unidade prevalece sobre o
conflito” (cf ibid, 226-230). Aproveita o
ensejo do reconhecimento da nova Corrida Qurbana Taksa para
exortar todos (clero, religiosos e fiéis leigos) a
implementarem prontamente a forma uniforme de celebrar o Santo Qurbana, para
o bem maior e unidade da Igreja. E pede ao Espírito que Santo promova
harmonia, fraternidade e unidade entre todos, enquanto o Arcebispo Maior trabalha
para implementar a decisão sinodal.
***
Enfim,
experimentando a dedicação humana do pessoal que
o assiste, o Papa dirige um especial pensamento a quantos acolhem, no cuidado,
compaixão e relação pessoal, o rosto do sofrimento, comprometendo-se na relação
pessoal com os enfermos, especialmente os mais vulneráveis.
2021.07.09 – Louro de Carvalho
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