quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Não gosto do Natal assim… Mas gosto do Natal!

Não gosto do Natal dominado pelo comércio e pela produção e comportamento consumistas.
Não gosto do Natal marcado pelas viagens, feriados e prendas.  
Não gosto do Natal do Pai Natal, das renas, do trenó ou das chaminés.
Não gosto do Natal que se esgota na árvore com as luzes, bolas e outros enfeites.
Não gosto do Natal das filhós, rabanadas, frutos secos, bacalhau e peru.
Não gosto do Natal das folias, cepos, cantares e concertos.
Não gosto do Natal sem Advento, sem Isaías, Sofonias, Miqueias, Zacarias, Isabel e João Batista.
Não gosto do Natal sem o Menino Jesus, sem Maria e sem José.
Não gosto do Natal encurralado nas sacristias ou nos templos, capelas e capelinhas.
Não gosto do Natal sem atenção ao homem, sobretudo se é pobre, explorado ou descartado.
Não gosto do Natal dividido ou assinalado pela discórdia e guerra.
Não gosto do Natal em que em nome da liberdade (religiosa ou não), me impõem o espetáculo social sem o Cristo da fé e orientado ao bel-prazer do secularismo sem transcendência.
Não gosto do Natal cuja cultura ignore a raiz e a finalidade do Natal.
***
Todavia, gosto do Natal
Que promova a produção de bens à custa do investimento lícito (quanto ao uso da Terra e benefício social) e do trabalho digno e o consumo regrado e com a justa distribuição por quem precisa;
Que ponha a relação comercial ao serviço das pessoas e dos valores fundamentais – transcendência, dignidade, igualdade, fraternidade, liberdade e responsabilidade;
Que estimule a pausa laboral e as viagens para a aproximação familiar e para a celebração pessoal e comunitária do mistério;
Que promova o folguedo, que não a orgia, para evidenciar a dimensão de festa que a quadra natalícia oferece a todos;
Que inclua o Pai Natal, das renas, do trenó ou das chaminés – não em exclusivo, mas como parte de um dado cultural e reminiscência de São Nicolau, o amigo dos pobres e das crianças;
Que que se espelhe na árvore enquanto símbolo de vida, robustez e esperança, com as luzes como centelhas da luz de Cristo e com as bolas e outros enfeites como sinal de gozo para a vista, porque Deus visitou o seu Povo;
Que festeje a alegria da família e dos pobres com as filhós, rabanadas, frutos secos, bacalhau e peru – e seja rampa de lançamento para que todos tenham aquilo de que precisam;
Que se exprima nas prendas, não por obrigação social, mas como sinais da ternura de Deus para connosco e de nós para com o próximo, em dinamismo de união, paz e concórdia;
Que mime a comunidade com cantares e concertos em sinal da festa que nós somos para Deus, porque se sente bem a morar connosco;
Com o Advento – que a sociedade ignora – com Isaías, Sofonias, Miqueias, Zacarias, Isabel e João Batista a anunciar a visita de Deus encarnado e o estabelecimento da sua morada no meio dos homens;
Que se centre no Menino Jesus envolto em panos e reclinado na manjedoura da pobreza para a abundância futura, acompanhado por Maria e José;
Que se celebre no Templo, na capela e na família, mas que venha para a rua mexer com todos e incomodá-los;
Que tenha a necessária atenção ao homem, sobretudo se é pobre, explorado ou descartado e que edifique comunidades vivas e a Igreja em saída e missão ao serviço do Evangelho e da causa do homem;
Que em nome da liberdade, sem negar ou esconder as diversas religiões, integre o verdadeiro secularismo;
Que promova a cultura do conhecimento da raiz e da finalidade do Natal:
A vontade de Deus em vir ao encontro do homem para o libertar das suas limitações e o elevar à intimidade e comunhão com Deus e o estender à humanidade nas diversas comunidades, provocando a reunião de todos os homens e povos num só povo. É o Natal de Deus. É o Natal do Homem!

2015.12.16 – Louro de Carvalho

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