domingo, 13 de novembro de 2022

Presidente da República condecorou CTOE do Exército

 

Decorreu, a 12 de novembro, a cerimónia da condecoração do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) do Exército, pelo Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, em Lamego.

Segundo o Portal do Exército, a Cerimónia de Outorga da Condecoração “Medalha de Ouro de Serviços Distintos, Grau Ouro”, que vem reconhecer o CTOE do Exército pelos relevantes e extraordinários serviços prestados no cumprimento da sua missão, contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Engenheiro Francisco Lopes, do Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca, do Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Guerra Pereira, entre outras entidades militares e civis.

O Chefe do Estado-Maior do Exército, na sua intervenção, referiu:

“Os militares do Centro de Tropas de Operações Especiais estão indelevelmente associados aos habitantes da valorosa cidade de Lamego, em que nos encontramos. Detentores de traços comuns de determinação, humildade e solidariedade, moldados pela inigualável orografia e pela peculiar meteorologia, a integração e rápida identificação como os ‘Rangers de Lamego’ foram, por todos, naturalmente avocadas.

“As Forças de Operações Especiais constituem um corpo abrangente, multifacetado, flexível e discreto. Pelo seu cariz único no Sistema de Forças, as unidades de Operações Especiais assumem um papel relevante no cumprimento da missão do Exército. Para tal, contam com efetivos excecionalmente aptos a responder militarmente a situações que exijam flexibilidade, diferenciação, rotatividade e criatividade. Por isso, os seus militares são amplamente preparados em termos técnico-táticos, de modo a atingirem e manterem elevados graus de especialização, motivação e preparação psicofísica.”

E terminou o discurso acrescentando: “A condecoração do Estandarte Nacional, à guarda da vossa Unidade, representa o justo e atempado reconhecimento público do esforço, rigor e profissionalismo de todos, e de cada um, na assunção das responsabilidades, no cumprimento das missões, e na execução das inerentes tarefas atribuídas. Atesta, nomeadamente, os elevados padrões de proficiência militar por vós revelados no contexto das Forças Nacionais Destacadas, e noutras circunstâncias excecionais, no que respeita às operações de âmbito não convencional.

O Presidente da República, nas palavras que dirigiu aos presentes, afirmou que, ao atribuir esta medalha, escolheu “aqueles que melhores, conforme a divisa, sendo poucos, são sempre mais do que bastantes contra os muitos, que não são, como eles, os melhores”. E, “nas situações mais ingratas, nas provações mais complexas, é isso que faz o espírito das Operações Especiais.

Em seu entender, ter o espírito das Operações Especiais é saber que tem de se estar presente “onde o risco é máximo, onde a imprevisibilidade é absoluta, onde a emergência é constante, e onde é necessário conjugar o que há de melhor e de mais avançado em termos operacionais com a excecionalidade das qualidades humanas”. E, a este respeito, enalteceu a presença das Forças Nacionais Destacadas (FND) na Roménia por causa da guerra na Ucrânia, afirmando que se trata de “uma guerra global pelas potências envolvidas e pelos efeitos em todo o mundo: políticos, estratégicos, económicos, financeiros e sociais”.

A cerimónia culminou com a visita ao Espaço Visitável da Unidade e com assinatura do Livro Honra do CTOE, pelo Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.

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Diferentes órgãos de comunicação social assinalaram que o Presidente da República elogiou as Forças Armadas e destacou a sua importância na atualidade, pois afirmou categoricamente que “não há ninguém que não compreenda” a importância das Forças Armadas Portuguesas na Europa e no mundo. E enfatizou: “Não há ninguém que não possa compreender que respeitá-las e admirá-las significa apoiá-las, criar-lhes mais e melhores condições para o presente e para o futuro.”

O Chefe de Estado lembrou que se vive uma guerra que não é europeia, mas “uma guerra global”, “uma guerra global pelas potências envolvidas e pelos efeitos em todo o mundo”.

“Continuamos a afirmar a capacidade de dissuasão da Aliança Atlântica face a uma situação crítica no Leste da Europa, com confiança, acreditando que a paz, mas a paz respeitando os valores do direito internacional, é possível de alcançar” – vincou.

O Presidente da República explicou ter feito questão de se deslocar a Lamego para entregar pessoalmente a Medalha de Serviços Distintos (Grau Ouro) a confirmar a confiança que tem nas Forças Armadas Portuguesas e, concretamente, no CTOE.

Ao atribuir esta medalha, escolheu “aqueles que, conforme a divisa, sendo poucos, são sempre mais do que bastantes contra os muitos que não são como eles os melhores”: “Vós sois os melhores, poucos ou muitos, mas sempre os melhores, ao serviço de Portugal”, realçou.

Depois da cerimónia militar, o Presidente da República aproveitou a sua passagem por Lamego para uma visita ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

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O Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), antigo Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE) até 2006, sediado na Cidade de Lamego, e que integra a Brigada de Reação Rápida, é uma unidade territorial do Exército Português destinada a formar tropas na área das Operações Não Convencionais. Contém uma unidade operacional denominada Força de Operações Especiais (FOE), com o tamanho de duas companhias, popularmente chamadas de Rangers, pois o seu primeiro instrutor do CTOE tinha feito o curso de Ranger  nos Estados Unidos da América (EUA). Algumas das suas missões são por exemplo: confronto de alvos de grande importância; destruição de defesas aéreas e terrestres inimigas, Resgate e Salvamento em Combate (CSAR), patrulhas em território inimigo, etc. A unidade pode ser infiltrada através de barco, helicóptero, paraquedas ou a pé.

O CTOE engloba como sua subunidade operacional, a Força de Operações Especiais (FOpEsp), composta por elementos de operações especiais especializados em ações diretas e indiretas.

O CIOE foi criado em 16 de abril de 1960, a partir do Regimento de Infantaria N.º 9 – que havia sido transferido para Lamego em 1839 – para formar unidades especializadas em contraguerrilha, operações psicológicas e montanhismo. Para lá eram enviadas companhias selecionadas de vários regimentos que se transformavam, depois, em Companhias de Caçadores Especiais, tendo sido a principal força de intervenção do Exército Português no início da Guerra do Ultramar.

Mais tarde, deixaram de se formar unidades especializadas em operações especiais, dando-se essa instrução a militares especialistas, que depois são distribuídos por todos os batalhões do Exército.

A 28 de março de 2000, o CTOE foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e, a 6 de setembro de 2010, foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Avis.

O CTOE ministra vários cursos:

COE (Curso de Operações Especiais): ação direta, ação indireta (insurgência e guerrilha, contrainsurgência e contraguerrilha, e ajuda militar) (21 semanas); Curso de Sniper (requer o curso de COE) (14 semanas); Curso de Patrulha de Reconhecimento de Longo Alcance 2 (requer curso de COE): reconhecimento e operações de ação direta (8 semanas); Curso de Operações Regulares (só para oficiais e oficiais não-comissionados do Quadro Permanente): organização, instrução, e orientação das forças regulares com o objetivo de defender o território nacional (Portugal) quando invadido e começar as ações de resistência (4 semanas); Curso de Operações Psicológicas; Curso de Montanhismo; Curso de Prevenção e Combate de Ameaças Terroristas.

O seu lema é: Que os muitos por ser poucos nam temamos.

Cada um dos seus militares observa OS 10 MANDAMENTOS DO RANGER:

1 – O Ranger é autodisciplinado e de pronta obediência.

2 – O Ranger resiste à fome, à sede, ao cansaço e à incomodidade.

3 – O Ranger está sempre pronto porque a sua razão o impõe e a sua preparação o permite.

4 – O Ranger pondera conscientemente todas as suas decisões não voltando nunca a cara ao perigo.

5 – O Ranger tem confiança nos chefes, respeita-os e faz-se amar pelos subordinados.

6 – O Ranger é generoso na vitória e paciente na adversidade.

7 – O Ranger regula o seu procedimento segundo os ditames da honra e do dever.

8. O Ranger orgulha-se da dignidade da sua missão devotando-se a ela com entusiasmo e abnegação.

9. O Ranger é leal e tem no patriotismo a mais nobre das suas virtudes.

10. O Ranger supera-se constantemente pela sua firme vontade e pelo seu indómito valor.

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É assim Lamego, são assim as suas instituições, é assim quem nelas se forma e ou as serve.

2022.11.13 – Louro de Carvalho

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