A 4 deste mês
de fevereiro de 2021, em conformidade com a carta do juiz Mohammad Adbu-Salam, Secretário-Geral
do Alto Comité da Fraternidade Humana, de 15 de janeiro de 2021, as Nações
Unidas celebrarão o 1.º Dia Internacional
da Fraternidade Humana, que passará a ser realizado todos os anos no dia 4
de fevereiro, aquele em que, no ano de 2019, o Papa Francisco e o Grão Imame de
Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib assinaram em Abu Dhabi (Emirados Árabes) o documento
histórico para a paz mundial e a convivência comum.
A decisão,
como informa o site do Conselho Mundial das Igrejas (CMI) – foi aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral
da ONU a 21 de dezembro de 2020.
A iniciativa
foi promovida pelo Alto Comité da Fraternidade Humana, constituído em agosto de
2019, na Casa de Santa Marta, no Vaticano, tendo como meta alcançar os objetivos
do Documento de Abu Dhabi e desenvolver uma estrutura operacional para as indicações
deste documento, que as traduza em compromissos duradouros e ações concretas para fomentar a
fraternidade, solidariedade, o respeito e a compreensão mútua. Como suporte instrumental deste desiderato, está em plano a construção
de uma Casa da Família Abraâmica, que contempla uma sinagoga,
uma igreja e uma mesquita na ilha Saadiyat, Abu Dhabi.
Os membros
do Comité, entre os quais o Reverendo Ioan Sauca, Secretário-Geral Interino do
CMI, apresentaram a proposta em dezembro de 2019 durante um encontro com o
Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
O pedido
foi, depois, apresentado à Assembleia Geral em nome de 34 países e a resolução
final teve o apoio dos Estados Unidos e dos 27 estados membros da União
Europeia.
Numa
declaração, a ONU explicitou que o dia pretende ser uma resposta concreta da
Assembleia “ao crescente ódio religioso
que surgiu nestes meses tão afetados pela pandemia da covid-19”. Por outro
lado, espera que, renovando a cooperação e promovendo as relações
inter-religiosas e o diálogo intercultural, se encontre uma forma solidária de
combater a pandemia da covid-19 e enfrentar outros desafios globais.
Ao adotar a resolução, a Assembleia Geral das Nações Unidas
não apenas deu a conhecer aos Estados-Membros os esforços do Papa Francisco e
do Grão Imame de Al-Azhar, Al-Tayyeb, na promoção do diálogo inter-religioso e
intercultural, mas também os convidou a observar o Dia Internacional da Fraternidade
Humana continuando a defender uma cultura de paz que encoraje o
desenvolvimento sustentável, a tolerância, a inclusão, a compreensão recíproca
e a solidariedade em todo o mundo.
Além do
Reverendo Sauca, que é ortodoxo, o Alto Comité para a Fraternidade Humana é
formado por cinco muçulmanos, dois católicos, um rabino judeu e um
ex-Secretário-Geral da UNESCO. Trata-se de diferentes líderes religiosos,
intelectuais e culturais que se inspiram no predito documento de 2019 sobre a
fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum e se dedicam
a partilhar a sua mensagem de compreensão mútua e paz, agindo de acordo com as aspirações
plasmadas no documento e disseminando os valores de respeito mútuo e coexistência
pacífica.
Os membros do Comité agradecem a todos os Estados-Membros da
Assembleia Geral da ONU que apoiaram o documento histórico e pediram a sua
adoção de princípios; e estendem os seus agradecimentos e apreciação ao
Príncipe Herdeiro de Abu Dhabi, Sheikh Mohammed bin Zayed, pelo seu apoio ao
Comité e aos Emirados Árabes Unidos pelo seu compromisso de levar esta nova
conquista à humanidade.
O Comité julga a resolução da ONU uma grande conquista na
história da humanidade, observando que este ato transforma a fraternidade
humana numa causa internacional e numa responsabilidade global, que é um motivo
de incentivo para esforços e iniciativas contínuas que visem a realização dos
objetivos e princípios do Documento de Abu Dhabi.
As tarefas
do Comité incluem a supervisão da implementação do Documento de Abu Dhabi a
nível regional e internacional e a organização de encontros internacionais com
personalidades religiosas, vários líderes, chefes de organizações
internacionais e outras partes interessadas. Além disso, desempenha um papel
central na supervisão da Abrahamic Family House em Abu Dhabi, uma das suas
primeiras iniciativas, que encarna a relação entre as três fés Abraâmicas (judaica,
cristã e islâmica) e fornece
uma plataforma para o diálogo, compreensão e coexistência entre suas religiões.
É de
recordar que, a 14 de maio, o Comité havia promovido um Dia especial de Oração,
Jejum e Súplica pela humanidade contra o novo coronavírus, que teve a
participação do Papa Francisco.
E Francisco encorajou a Santa Sé a participar na celebração
do Dia Internacional da Fraternidade Humana, sob a liderança do Pontifício
Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Na edição de janeiro do Vídeo “A serviço da fraternidade humana,” o
Santo Padre realçou a importância de nos concentrarmos no que é essencial para
a fé de todas as fés: adoração a Deus e amor ao próximo. Com efeito, como
enfatiza no referido vídeo, “a Fraternidade
leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro um irmão, uma irmã, com
quem partilhar a vida ou apoiar-se mutuamente para amar, para conhecer”.
Recorde-se que o Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso, instituído em 1964 pelo Papa São Paulo VI e atualmente presidido
pelo Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, tem por objetivo trabalhar sobre as
relações e o diálogo entre a Igreja Católica e os fiéis de outras religiões. Entre
as suas principais atividades, registam-se: a colaboração com os bispos e as
conferências episcopais em assuntos relacionados com o diálogo inter-religioso;
a realização de reuniões, visitas e conferências com líderes de outras
religiões; e a publicação de vários materiais para promover o diálogo entre
diferentes credos.
E tudo está a postos para que o Papa Francisco participe na
celebrar deste 1.º Dia Internacional da
Fraternidade Humana no próximo dia 4, em evento virtual organizado pelo
Xeque Mohammed bin Zayed.
O evento será em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes
Unidos, com transmissão pelo Portal Vatican News. Será a primeira celebração da data, instituída
pela Organização das Nações Unidas (ONU). Participarão,
além de outras personalidades, o Papa Francisco, o Grão Imame de Al-Azhar,
Ahmad Al-Tayyeb, e o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Na
mesma ocasião, será atribuído o Prémio Zayed para a Fraternidade Humana, inspirado
no Documento sobre a Fraternidade Humana.
Como refere o presidente do Pontifício Conselho para o
Diálogo Inter-religioso, Cardeal Miguel Ángel Ayuso Guixot, “essa
celebração responde ao apelo claro que o Santo Padre tem lançado a toda a
humanidade para construir um presente de paz no encontro com o outro”, sendo
que, em outubro de 2020, o convite se tornou ainda mais vívido com a Encíclica ‘Fratelli tutti’.
O Papa Francisco dedicou a sua primeira intenção de oração de
2021 à fraternidade humana, convidando os católicos a ver no outro “um irmão,
uma irmã”, seja qual for a sua religião.
“Ao rezar a Deus seguindo Jesus, unimo-nos como irmãos àqueles que rezam
seguindo outras culturas, outras tradições e outras crenças. Somos irmãos que
rezam. A fraternidade leva-nos a abrirmo-nos ao Pai de todos e a ver no outro
um irmão, uma irmã, para partilhar a vida ou para se apoiar mutuamente, para
amar, para conhecer.” – refere numa videomensagem divulgada pela Rede
Mundial de Oração do Papa, fundação pontifícia confiada aos jesuítas.
A predita
reunião e a cerimónia de atribuição do prémio serão difundidas em streaming, em
várias línguas, com início às 14:30 (hora
de Roma), através do Vatican News, o
portal de informação multimédia da Santa Sé, e transmitidas pela Media do
Vaticano.
***
Vamos ver se a fraternidade começa a ser verdadeiramente
universal e se Deus é aceite como o Pai comum de todos.
2021.02.02
– Louro de Carvalho
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