“Anel”, termo português proveniente do
latino “anellus, i”, diminutivo de “anus, i”, alternando com outro seu
diminutivo “anulus, i”, designa um
objeto de adorno de secção circular que se coloca no dedo. Talvez para o
separar da semelhança vocabular e semântica com outro vocábulo homónimo “anus, i”, a significar “ânus”, a palavra no gau normal deixou de
se usar (a não ser para o
anel a usar em dedo do pé, sobretudo no dedão) e os diminutivos passaram a soar e grafar-se “annellus, i” e “annulus, i”, bem como o nome “anulare,
is” (cor branca
preparada com greda e vidro para pintura e usada nos anéis), o nome “anularius, i”
(joalheiro, fabricante de anéis) e os adjetivos “anelarius
3” e “anularius 3” ou “anularis 2”
(anular, de anel, pertencente
ao anel), e “anulatus 3” (que tem ou traz anel), que passaram respetivamente a “annulare, is”, “annularius, i”, “annelarius 3”,
“annularius 3” ou “annularis 2” e “anulatus 3”. E surgiu mais tarde a
palavra “anicula, ae” e a sincopada “anicla, ae”, que deu “anilha” e o verbo
“anilhar”. E, como o anel é adorno a usar no dedo, o 4.º dedo de cada mão chama-se
anelar ou anular e há quem lhe chame por metonímia o anel.
Os gregos tinham
“dáktylos, ou” para “dedo” e “daktýlios, ou” para “anel”.
***
História e funções do anel
O anel era símbolo de autoridade e respeito
entre os hebreus, gregos e romanos, sendo proibido o seu uso aos
escravos. Alguns anéis serviam de sinetes para selar atos importantes. E os
anéis servem também para indicar algumas profissões: por exemplo, advogado e
jornalista usam anel vermelho com pedra rubi; engenheiro e filósofo,
anel azul com pedra safira; farmacêutico, anel amarelo com
pedra topázio; médico, anel verde com pedra esmeralda; e teólogo,
anel lilás com pedra ametista. Na atualidade, os anéis são também
símbolo de compromisso, vg: noivado e casamento. E, para representar união
amorosa estável (como casamento), utiliza-se a aliança.
É possível
comprar anéis com pedras preciosas como rubis, diamantes, esmeraldas, safiras,
etc., que (comprados em joalharias) são usados como presentes.
Os anéis e
as alianças são peças de joalharia e podem ser produzidos e reproduzidos com a
fusão de material metálico, como aço, ouro e prata, podendo
fundi-los numa mesma peça, e podem ser compostos por diferentes materiais como
pedras preciosas ou semelhantes. Os desenhos usados variam de acordo
com a cultura e são modificados ao longo do tempo.
Os anéis
de noivado, que podem ter pedras de todos os tamanhos, começaram a ser
usados a partir do século III, porque o Papa Inocêncio III estipulou
um interstício de tempo entre o compromisso de casar e o casamento. E as
alianças passaram a ser o símbolo do casamento nos rituais cristãos a
partir do século XI. A aliança é usada no 4.º dedo da mão esquerda por se
acreditar erroneamente que desse dedo saía uma veia direta para
o coração – “uena amoris”, sendo
este o centro das emoções. Assim, a aliança é um anel que simboliza
um compromisso e a união afetiva entre duas pessoas que se amam total e
verdadeiramente, símbolo do romance. Normalmente, é usada para indicar que o/a
utilizador/a é casado/a.
Acredita-se
que os primeiros exemplos de alianças de casamento foram encontrados no antigo
Egito. Relíquias que datam de há 6.000 anos, incluindo pergaminhos de papiro,
são evidências da troca de anéis trançados de cânhamo entre os
cônjuges. O antigo Egito considerava o círculo como um símbolo da eternidade e
o anel servia para significar o amor perpétuo dos cônjuges, tal como terá sido
o Egito que originou o uso da aliança no dedo anular da mão esquerda, pela
crença na traduzida para o latim como “uena
amoris”.
A aliança
era tida como certificado de propriedade da noiva ou de compra da noiva,
indicando que a mesma estava indisponível para outro pretendente. A partir
do século IX, a Igreja adaptou a aliança como símbolo de união e
fidelidade entre casais cristãos. Muitas crenças nasceram então, como, por
exemplo, o facto de os escoceses dizerem que a mulher que perde a
aliança está condenada a perder o marido.
Os anéis de
casamento são usados pelos noivos na cerimónia de casamento religioso
ou civil em diversas culturas. Faz-se a troca dos anéis no final da cerimónia.
Os noivos colocam as alianças no dedo anular da mão esquerda (um do outro) a simbolizar a união e a inerente fidelidade.
O anel ou
aliança de compromisso é normalmente em ouro, prata ou aço e é utilizado em vários
países por pares de namorados para demonstrar fidelidade e seriedade do namoro.
Alguns
pares, depois de completarem certo tempo de namoro, optam por trocar
alianças de prata, alianças de compromisso ou anéis de compromisso, como forma
de mostrar que o namoro é sério, embora no momento ainda não tenham a intenção
de se casar.
A aliança do
homem tem o nome da mulher e a data do início do namoro gravada e vice-versa. Alguns
preferem gravar os dois nomes em ambas, seguidos da data. Estas alianças de
compromisso são usadas no dedo anelar da mão direita e, na ocasião do noivado,
substituídas pelas alianças de noivado.
O uso do anel surgiu, pois, há mais de 2.800 a.C., entre os
egípcios e os hindus, para simbolizar a aliança entre um homem e uma
mulher. Para eles, o anel, que representa o círculo perfeito, significava
o que não tem um fim. Mais tarde, Alexandre o Grande dominou o território
egípcio e introduziu o costume na Grécia. Os gregos também acreditavam que possuía o 4.º dedo da mão esquerda a referida
“uena amoris”, pelo que passaram a
usar nele um anel de ferro para que os corações dos amantes permanecessem para
sempre atraídos um pelo outro. O costume foi adotado pelos romanos e o Vaticano
incluiu o acessório na cerimónia de casamento.
O anel de noivado, cujo uso entrou no século III, como
se referiu, generalizou-se em 860, por decisão do Papa Nicolau I, que o
instituiu como afirmação pública obrigatória da intenção dos noivos, passando
da mão direita para esquerda para significar o compromisso definitivo.
Entretanto, o uso do anel começou a ser comum e deixou de ser
o acessório usado apenas como “aliança” do casal. E, assim, surgiram novos
modelos de anéis, com diferentes tipos de metais, formatos, pedras, detalhes e
usos.
Entre gregos
e romanos o direito de usar anel em ferro era concedido aos cidadãos
beneméritos. Porém, os sacerdotes de Júpiter podiam usar anel de ouro, o anel pastoral.
O anel
fez-se presente em diversas épocas
e situações da história do homem. Assim, sobressai o legendário anel com selo
de Salomão, estrela de seis pontas, para afastar o mal.
No ano de
350 aC, Aristóteles menciona o oráculo que
utilizava o tilintar sincronizado de dois anéis presos
a fios, indicando o momento propício
a determinada ação, tal como menciona o facto de os cartagineses oferecerem
anéis aos oficiais por cada vitória alcançada,
reforçando a imagem de nobreza que
cerca o anel desde tempos antigos. Ademais, era sinal de grande honra o recebimento dum anel
do príncipe ou nobre por um subalterno. No
ano de 330 dC, no período do imperador Valentiniano, eram anéis pendurados sobre uma mesa
com o alfabeto. E, ao tocar certas letras, diziam quem conspirava contra o
imperador. E, da era paleocristã (400 dC) temos os anéis ornados com peixes, pombos e
âncoras, remetendo aos símbolos da
doutrina religiosa. E o anel do Papa, “o Anel do Pescador”, apresenta a imagem
de Pedro a pescar com uma rede e é quebrado após
a morte ou renúncia do Papa, para não ser usado por mais ninguém.
Foi sempre muito intensa a conexão do anel com o esotérico,
pois, ao utilizar pedras preciosas, o anel podia atuar como amuleto, elemento curativo ou protetor, entre outros. Por isso,
no momento da morte, o anel era retirado do indivíduo para
facilitar sua desconexão do mundo material. A literatura ocultista oferece
receitas para fabrico de todo o género de anéis capazes de fornecerem poderes
ocultos, sendo que anéis quebrados significam promessas rompidas e anel perdido
indicia tragédia. E, além de bonito e esotérico, o anel mostrou-se também peça utilitária. Por
exemplo, o anel de sinete, com os símbolos heráldicos,
geralmente herdado, possibilitava a autenticação de documentos importantes e reivindicava
propriedades. Em muitos, os brasões tinham símbolos que remetiam para virtudes
como a honra, a fidelidade, a firmeza, entre outras.
A princípio,
a “aliança” era vista como “certificado” da compra da noiva e como aviso a outros
de sua indisponibilidade, um verdadeiro
letreiro de “vendida”. Aliás, a palavra inglesa “wed” (casar) origina-se
do termo anglo-saxão para o penhor que ratifica uma
promessa.
Algumas
culturas creem que, se na cerimónia de casamento o anel cai no chão
e rola para longe do casal, representa mau presságio; e, se parar sobre uma
pedra de túmulo (nas antigas igrejas era costume sepultar pessoas no
seu interior) um dos
cônjuges corre forte risco de morte prematura.
Enfim, vasculhar os primórdios do
anel é encontrar a vocação amorosa e compromissiva que o persegue, o distintivo
de nobreza e cidadania de que se reveste e a índole utilitária que teve.
O resto é a história crescente de
comercialização massiva, associada à infindável profusão de modelos, metais,
formatos, pedras e detalhes. Mas “vão-se
os anéis, fiquem os dedos”.
***
Os
diversos tipos de anéis
1. O anel de sinete. É objeto
de metal – ouro ou prata – usado como assinatura do proprietário e/ou
responsável por uma organização, para selar e autenticar documentos e cartas.
Aparece tardiamente na história da joalharia, mas o uso de pequeno pendente utilizável
como selo, estampado em argila húmida, data em partes da Ásia Ocidental, cerca
de 5000 aC. Selos cilíndricos com forma de sinete no sul da Mesopotâmia exibiam
o nome, sobrenome e profissão do usuário e eram usados para identificar
mercadorias. E ocasionalmente possuíam terminações em ouro, como o selo
encontrado nas tumbas em Ur (c. 2500-2100 AC), tornando um objeto funcional em
joia altamente estética e atrativa.
Entre os gregos, a gravação nos
biséis em ouro foi reintroduzida cerca de 600 aC e um exemplo helenístico
mostra a perfeição desta habilidade. A tradição grega de gravar em gemas
remonta a cerca de 700 aC, mas foi por volta de 600 AC que se generalizou a prática
de as montar em anéis. Já em Roma, o uso de anéis com função de selo é bem documentado.
No final do século III aC, os cônsules usavam anéis de sinete como instrumento
distintivo, de modo que, além da função prática, era tida em conta a simbólica.
Foi então que ambas – a granada e a sardónica – se tornaram populares como
gemas para selos, mas muitos anéis de sinete continuaram a ser gravados em biséis
de metal (ouro,
pratas ou ligas). E
o uso de gemas entalhadas posicionadas no bisel dos anéis de sinete esteve em
voga no Império do Oriente como aconteceu em Roma no período imperial e no
norte dos Alpes nos séculos VI e VII, período em que o analfabetismo
generalizado tornou o selo indispensável, sobressaindo a sua função prática; e
o anel de sinete continuou sem quebra pela Idade Média.
Com o desenvolvimento da
heráldica, na Europa, no final da Idade Média, como um meio de identificação,
todos os detentores de brasão de armas usavam anéis de sinete com seus brasões,
denotando uma classe social e enfatizando a função simbólica. E o sinete ganhou
nova vida.
Era permitido a pessoas não
intituladas para o uso de armas usar um selo simples. E muitos anéis de
comerciantes em bronze e outros metais básicos sobreviveram gravados no bisel
com a marca do comerciante, geralmente incorporando as iniciais do nome do
usuário. Ainda que os anéis de sinete se hajam tornado gradualmente menos
essenciais no século XIX, permanecem em voga, mas raramente são colocados em
uso.
2. O anel de arqueiro. Foi
essencialmente funcional, mas sem menosprezar as suas qualidades estéticas e simbólicas.
Surgido com o desenvolvimento das bestas – em certos países e em certos
períodos, foram especialmente trabalhados e desenhados, ressaltando a suas
caraterísticas estéticas – era usado no polegar para o proteger da pressão
exercida pelo fio do arco no dedo. Faz lembrar o efeito do dedal em costura (anel
utilitário). O exemplo
europeu é triplamente funcional, por ser anel de sinete e incorporar texto
amulético no exterior do aro, que é o mesmo texto encontrado em pendente com
forma de moeda do século XV. O exemplo de jade, decorado com gemas é
particularmente ornamental, é ocasionalmente representado em pinturas em
miniatura. Shah Jahan é representado numa pintura destas (c.
1650) usando um
destes anéis na mão direita. São comuns e eram extremamente funcionais versões
simples em bronze e marfim.
3. Anel de noivado, anel de
casamento e anel de compromisso.
O significado do anel de noivado
é, como de disse, a demonstração da intenção de casar; e, na Idade Média,
servia também de garantia financeira. Carregado de simbolismo atrelado à sua
função prática de intenção de casar, este tipo de anel aparece com a imagem de
mãos direitas entrelaçadas (DESTRARVM IVNCTIO), em Roma, a representar a
firmação do contrato de promessa de casamento. Deste simbolismo romano de duas
mãos entrelaçadas se apropriou o anel cristão de noivado e casamento. O exemplo
em ouro escavado no forte Romano de Richborough (Kent,
Inglaterra), em
1935, data do século IV dC e é um anel de compromisso.
Anéis de noivado continuaram em uso
na Europa, carregando, por vezes, inscrição religiosa ou mágica e fazendo com
que se encaixem dentro de duas categorias de anéis, os de compromisso e os místicos,
destacando a sua função prática e simbólica, não se sabendo qual delas tem um
significado maior para o possuidor. Outra inovação romana tardia foram os anéis
com recortes incorporando letras, que formavam inscrições. Do século II dC em
diante, os anéis de noivado cristãos eram confecionados em ouro, e o exemplo
poligonal escavado no forte Romano em Corbridge, Northumberland, em 1935 é um
raro exemplar da Roma britânica. Apesar do interior liso, cada um dos 16 painéis
recortados é dividido em três partes horizontais, sendo que a central contém
uma letra grega inscrita a indicar que era um anel de compromisso.
Anéis de casamento bizantinos dos
séculos VI e VII são, não raro, elaboradamente gravados e retratam a noiva e o
noivo. Um exemplar mostra-os a ser abençoados por Cristo e pela Virgem e com a
inscrição grega Harmonia. E, no início da era Tudor, o uso inglês comum dum aro
liso em ouro como anel de casamento é bem descrito por J. G. Nichols na edição
das Crónicas da Rainha Jane (1850), citando o casamento de Mary I
com Philip II da Espanha em 1554:
“O anel de
casamento da rainha era um aro de ouro puro sem nenhuma pedra; porque este era
seu agrado, porque as donzelas assim se casavam nos tempos antigos” (TAIT,
2006, P239).
A presença de inscrição estabelece,
para lá de qualquer dúvida, que o anel era para casamento.
Entretanto, muitos anéis eram apenas
símbolos de amor. É belo exemplo o intitulado “Fair Rosamond” (da alta Idade Média) com um par de pombos e a
inscrição, “L’amour nous unit”.
4. Anel comemorativo /anel de luto.
Anéis comemorativos são anéis
utilizados para comemorar um evento, como a posse dum rei. Um grupo interessante
deste género de anéis era usado pelos seguidores da casa real britânica de
Stuart. E estes anéis geralmente possuíam um retrato dum dos reis de Stuart em
seu bisel – Charles I, o mártir, Charles II, James II. Ocasionalmente o retrato
do último monarca regente da família Stuart, a rainha Anne (falecida
em 1714), é colocado
no bisel de anéis. E há um exemplar excepcional, fabricado em lâmina de ouro
com pormenores em relevo.
O hábito de usar (após
a morte do monarca) um anel comemorativo com o
retrato do rei ou da rainha continuou, enquanto outros eram usados em vida do
monarca como um símbolo de lealdade. Talvez o mais curioso exemplo tenha sido o
anel feito para comemorar Charles I, cujo caixão na capela de St George,
castelo de Windsor, foi aberto na presença do príncipe regente em 1813 e,
provavelmente, o mais evocativo símbolo é o anel, que se acredita ser um dos
seis feitos para os conspiradores interessados na fuga de Napoleão da ilha de
Elba, que contêm, sob a cobertura articulada, em ouro esmaltado, um retrato do
imperador em auto relevo, em ouro.
Desde o século XIV, e
possivelmente antes disto, existiu a prática de usar anéis como lembrança dum
parente falecido ou amigo. Estes anéis, conhecidos como anéis de luto são,
geralmente, de fácil identificação através das palavras contidas nas inscrições
e possuem alto valor simbólico atrelado à sua função prática, que é a de
lembrar os entes queridos. Entretanto, anéis com o bisel a conter o cabelo do
ser amado sobreviveram sem nenhuma inscrição e, num anel cujo bisel apresenta
um pedaço de seda bordado com cabelo, não fica claro se este foi um anel de
luto em vez de uma prova de amor ou apenas bizarra forma de decorar anéis. O uso
de anéis de luto começou a decair na segunda metade do século XIX, em parte
porque se tornarem depreciados. As versões baratas, produzidas em grande escala
em centros como Birmingham, geralmente com fotografia imperfeita no bisel,
representam a última fase da sua história.
5. O anel pastoral. Em todos os tempos e em todos os povos, o
anel personificou o símbolo de autoridade, dignidade e preeminência, sendo para
a mão o que é a coroa é para a cabeça.
Assim, o anel episcopal, cardinalício ou
abacial contém estas caraterísticas, uma vez que reflete a eminente autoridade,
a dignidade e a preeminência do prelado que o porta. Ademais, é ele um símbolo
da aliança espiritual que une o Bispo com a sua Igreja, o Cardeal com a Cúria
Romana, o Abade ou a Abadessa com o seu mosteiro. Com efeito, este anel é usado
na mão direita (no dedo anular), a mão da bênção. Como penhor de lealdade e símbolo de seu desponsório com
a Santa Igreja e da sua fidelidade à Esposa de Cristo, o Pastor utiliza um anel
– correlação que a Igreja faz desde tempos remotos. Santo Optato de Mileva escrevia
(século IV), sobre o anel episcopal, que o seu uso pelo Bispo serve para se reconhecer
que ele é esposo da Igreja. E, de
entre os Bispos, há um
que se sobressai, por sua missão e comunicação com o Espírito Santo: o Papa, Bispo
de Roma. Cabe-lhe, pois um anel especial, o chamado “Anel do Pescador”, que também representa a missão do Sumo
Pontífice, ou seja, a missão de ser pescador de homens e de os salvar da morte
com a rede do Evangelho. É o que ensinou Bento XVI, na homilia da Missa em que recebeu
o “Anel do Pescador”:
“A rede do Evangelho tira-nos para
fora das águas da morte e conduz-nos ao esplendor da luz de Deus, na verdadeira
vida. É precisamente assim na missão de pescador de homens.” (vd Homilia da
Missa de 24.04.25).
***
Concluindo
Na história da humanidade, sempre
esteve presente, pelas variadas funções que assume em diferentes épocas e culturas,
a joia representada através do anel, pois, como portador de valores, tanto pode
representar o insigne, o poder, o esotérico, como ser sinal de riqueza
material. E pode contar aceções negativas ao representar a futilidade e a
aparência meramente exterior do que é terreno ou, ainda, arvorar-se à detenção
de valores mágicos, espirituais e transcendentes, conforme as várias interpretações
de povos e culturas.
Em todo o caso, em sua materialidade,
o anel sempre está acompanhado de significados que o tornam, além de motivo de
adorno, um objeto simbólico. E a ideia de ornato está vinculada à interpretação
dos diferentes povos, civilizações e épocas, que, ligando o ornamento aos
objetos, os transforma em veículos de compreensão das culturas humanas.
Assim, estes minúsculos espécimes
da história da joalharia, ora atreitos às novas tecnologias descrevendo o
potencial tecnológico da civilização, como possuidores de valores socioculturais,
espelharam e espelham as aspirações humanas: práticas, estéticas ou simbólicas.
***
Referências
Burdek,
Bernard E. História, Teoria e Prática do
Design de Produtos. São Paulo: Edgard Blucher, 2006.
Gerlach,
Martin. Primitive and Folk Jewelry.
Nova York: Dover, 1971.
Gola,
Eliana. A Joia: História e Design.
São Paulo: Editora Senac, 2008.
Mercaldi,
Marlon. Função dos anéis: uma breve
história. 10.º Colóquio de Moda – 7.ª Edição Internacional 1.º Congresso
Brasileiro de Iniciação Científica em Design e Moda, 2014.
Scasrisbrick
Diana. Rings: Jewelry of Power, Love and
Loyalty. Inglaterra: Thames and Hudson,2007.
Tait,
Hugh. 7000 years of jewelry. Estados
Unidos: Firefly Books, 2008.
Tulha,
Ana, Notícias Magazine, 14.02.2021
2021,02,15 – Louro de Carvalho
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