Sim, o Dia Internacional da Mulher de
2019 fica marcado, em Portugal, por uma Greve
Feminista, a que se junta uma Maré
Feminista e em que mulheres e homens (inclusive
o Primeiro-Ministro) vieram às ruas de várias cidades do país demonstrar a força duma agenda
feminista.
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A Greve
Feminista, em Portugal
A Greve Feminista, uma organização da Rede 8 de março, um coletivo de
organizações feministas, juntando meia centena de entidades, tem estado por
todo o país, entre manifestações e uma greve social, desde Albufeira, Aveiro,
Braga, Chaves, Coimbra, Lisboa, Porto, Viseu, Amarante, Vila Real, Évora,
Fundão, Covilhã e São Miguel, nos Açores. E Andreia Peniche, uma das
responsáveis pela organização, em declarações à agência Lusa, confessara haver uma “forte expectativa” em relação ao evento
de hoje, dia 8 de março, para que a “ruas
se encham de pessoas, sobretudo de mulheres” e defendeu “que as mulheres no
dia 8 de março tomem a dianteira da manifestação”, pois o dia 8 de março é o
culminar dum longo processo, de vários meses, à medida que foi sendo construída
a rede nacional de ativistas feministas, que são muitas, estão “articuladas” e
acreditam que “nada ficará como dantes”.
De acordo
com Andreia Peniche e na perspetiva da Rede
8 de março, “está criado o momento” para as pessoas perceberem que “é na
rua que podem fazer uma demonstração de força da importância da agenda
feminista”. E a ativista sustenta:
“Achamos que as coisas vão começar a mudar e
o facto de os problemas das mulheres serem questões de debate nacional é o
princípio do caminho para alterar o nosso quotidiano”.
Aquela
responsável explicou que a Rede 8 de
março convocou para hoje uma greve feminista internacional, dividida entre
greve ao trabalho laboral, greve ao trabalho doméstico, greve estudantil e
greve ao consumo. Não se trata duma greve tradicional, mas duma greve social,
em que se pretende olhar para o quotidiano das mulheres e perceber as várias
discriminações de que são alvo (nomeadamente em salários, direitos e precariedade), procurando uma solução global.
De acordo
com o Manifesto 8M, em Portugal as mulheres representam 80% das vítimas de
violência e 90,7% das de violência sexual.
A esta greve
social aderiram 5 sindicatos nacionais: SNESUP (Sindicato Nacional do Ensino
Superior), STCC (Sindicato
dos Trabalhadores de Cal Center), SIEAP (Sindicato
das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal), STSSSS (Sindicato dos Trabalhadores da
Saúde, Solidariedade e Segurança Social) e STOP (Sindicato de
Todos os Professores). Estes
sindicatos emitiram pré-aviso de greve, pelo que todas as pessoas que tenham
uma profissão ou exerçam uma atividade abrangida por um destes
sindicatos, podem aderir à greve.
À
manifestação em Lisboa marcada para a Praça do Comércio, às 17,30 horas, junta-se
o movimento Maré Feminista, uma
iniciativa criada para a Marcha do 25 de
Abril como forma de juntar no mesmo espaço organizações e associações
feministas, antirracistas, pró-imigrantes e de defesa dos direitos das pessoas
LGBTI (Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo) – uma homenagem
a Marielle Franco, a ativista brasileira assassinada no ano passado, que toma o
nome da favela onde vivia a política e feminista. Em nome da organização,
Patrícia Vassallo e Silva, apontando que a violência sobre as mulheres e a
justiça são os maiores problemas e os temas que precisam de maior enfoque,
disse que “tem de haver uma grande luta e
a justiça é o nosso maior e mais grave problema”, pelo que acreditava que a
iniciativa terá uma grande adesão, sobretudo a comparar com o ano passado, tendo
em conta o número de femicídios desde o início do ano (pelo menos
12), apontando que a “diversidade se
está a juntar”, embora admita que as iniciativas marcadas para sábado, dia 9,
possam levar a alguma desmobilização.
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A proclamação da Igualdade de Género,
na Europa
Na Europa, o Dia Internacional da Mulher fica marcado pela proclamação da
igualdade de género no trabalho numa Europa mais social. Centra-se, assim, este
ano, a efeméride em formas inovadoras de promover a igualdade de género e a
emancipação das mulheres. As estratégias eficazes para atingir tais objetivos
envolvem a sensibilização para os riscos para as mulheres em matéria de
segurança e saúde no trabalho e maior investimento na diminuição das
disparidades ente homens e mulheres no emprego. Com efeito, a
participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou nos últimos anos em
toda a Europa, mas as mulheres têm uma maior probabilidade de participarem
adicionalmente na prestação de cuidados a crianças e idosos.
No âmbito da
sua campanha “Locais de Trabalho Seguros
e Saudáveis – Gerir substâncias perigosas”, a EU-OSHA aborda a exposição
das mulheres a estas substâncias em profissões do setor dos serviços e em empregos
tipicamente ocupados por mulheres. A “Iniciativa
em Prol da Conciliação da Vida Profissional e Familiar” é um projeto
concreto do Pilar Europeu dos Direitos
Sociais, que incentiva a melhor partilha das responsabilidades familiares
entre homens e mulheres. E, em janeiro, PE (Parlamento Europeu) e CE (Conselho
Europeu) alcançaram um
acordo temporário sobre a proposta da Comissão Europeia de nova diretiva
relativa à conciliação da vida profissional e familiar de pessoas com
filhos e prestadores de cuidados.
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A resposta do Papa Francisco a ativista de 12 anos
Também nesta ocasião, mas como referência à
espiritualidade quaresmal, o Papa Francisco deu resposta, através de Mons.
Paolo Borgia, assessor de Assuntos Gerais da Secretaria de Estado do Vaticano,
ao e-mail e à carta aberta (publicada recentemente na
imprensa mundial) de Genesis Butler, de 12 anos, ativista
adolescente dos EUA pela proteção do meio ambiente.
Nesses
documentos, a adolescente assumia-se como a porta-voz de uma campanha que
destaca o impacto da pecuária sobre o aquecimento global do planeta. E o site que veicula a campanha sem fins
lucrativos Million Dollar Vegan (“Vegano de 1
Milhão de Dólares”), divulgou
a resposta pontifícia, datada de 22 de fevereiro, em que o Papa
“Aprecia as preocupações sobre o cuidado por este planeta, a nossa Casa
Comum, que a motivaram a escrever-lhe, promete recordá-la nas suas orações e
envia a bênção apostólica”.
Recorde-se que a carta de Genesis
pedia ao Papa que escolhesse uma “Quaresma
vegana” para “ajudar a combater as
mudanças climáticas com uma mudança alimentar”. Essa proposta (que integra a campanha que incentiva
líderes mundiais)
tornou-se em petição com mais de 80 mil assinaturas, desde pesquisadores a
celebridades, como o ex-Beatle Paul McCartney, o músico Moby e os atores
Joaquim Phoenix e Brigitte Bardot. A campanha global foi lançada simultaneamente
no início de fevereiro em 15 países para destacar os impactos da pecuária no
aquecimento global, divulgando uma das principais causas dos desmatamento e da
perda de biodiversidade.
A adolescente ativista esteve no
Vaticano, a 20 de fevereiro, onde participou na tradicional Audiência Geral de
quarta-feira e entregou a carta ao Padre Paweł Ptasznik, responsável da secção
polaca da Secretaria de Estado, para ser o seu mensageiro junto do Papa. No
encontro com o sacerdote, Genesis expôs os detalhes da campanha e discorreu
sobre “as esperanças de combater as
mudanças climáticas e ajudar os animais”.
Outra proposta era o Papa receber
Genesis no Vaticano para uma refeição vegana (baseada em vegetais, livre de todos os alimentos de
origem animal, como carne, laticínios, ovos e mel), durante a Quaresma, para discutir as preocupações
da ativista. Aceitando o convite, a campanha doaria um milhão de dólares para
uma ou mais instituições sociais escolhidas pelo Papa. A quantia seria paga
pela Fundação Internacional Blue Horizon,
dos EUA. Se Francisco preferir não aceitar a doação para a caridade, a atitude
será recebida com gratidão pelos envolvidos na campanha.
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Situações
dramáticas
Mas
neste dia não podem ser esquecidas situações bem dramáticas. Assim é de
salientar, segundo o Vatican News que
a Comissão Episcopal Justiça e Paz do Paquistão denuncia casamentos por
dinheiro de jovens locais com estrangeiros (sobretudo chineses) – fenómeno comum e em crescendo
em muitos países asiáticos entre homens chineses e mulheres locais, que o padre
Inayat Bernard sustenta que “pode ser perigoso para as famílias cristãs e
principalmente para as esposas”. Trata-se
dum odioso fenómeno a lesar os direitos das mulheres e das meninas
evidenciado no Paquistão nos últimos anos. São casamentos combinados entre
esposas locais (quase sempre muito jovens) e estrangeiros presentes no
país por motivos de trabalho, sobretudo chineses – prática que esconde com
frequência um verdadeiro tráfico de seres humanos.
E a Comissão
Episcopal Justiça e Paz revela que recebe cada vez mais denúncias de meninas e
jovens mulheres vendidas sem terem conhecimento do facto. Na verdade, o Paquistão
conta com a presença de várias empresas estrangeiras, em particular chinesas,
ligadas ao Corredor Económico China-Paquistão (China Pakistan
Economic Corridor),
que empregam mão-de-obra chinesa, sendo que, desde novembro de 2017 foram
celebrados cerca de 700 casamentos mistos.
Entre estas
denúncias, há a de uma jovem paquistanesa de 19 anos Muqadas Saddique, casada
com um chinês há cerca de um mês em Islamabad, que refere:
“Muitas
mulheres do nosso bairro tinham-me falado sobre este tipo de casamento. Fui
conhecer o meu esposo junto com a minha família, mas não sabia que tinham
organizado o casamento para aquele dia mesmo. Tinham preparado tudo. Fomos
obrigados a aceitar tudo o que nos ofereciam.”.
O padre Inayat Bernard, reitor da
Catedral do Sagrado Coração de Lahore, alerta para os acordos matrimoniais, que
“poderiam ser perigosos para as famílias
cristãs e principalmente para as esposas”. E, dirigindo-se aos pais, exorta
a que “não vendam suas filhas por cobiça” e que não as mandem para o exterior.
E adverte que “as jovens são abusadas e exploradas como prostitutas”. Segundo o
sacerdote, “os media paquistaneses ignoram intencionalmente essas histórias”.
E, sobre o aspeto político, sustenta:
“Não
se quer nenhum problema que possa colocar em risco os acordos comerciais com as
multinacionais presentes no país. Mas as repercussões socioculturais já são bem
evidentes na sociedade. Os alvos mais fáceis são as famílias pobres.”.
E o padre Bernard aponta o dedo
também a “alguns pressupostos pastores cristãos que celebram os casamentos”,
para os quais pede a justa punição de acordo com a legislação civil.
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No
contexto do dia de luto nacional contra a violência doméstica, decretada pelo
Governo para dia 7, véspera do Dia
Internacional da Mulher, ficou a saber-se que Portugal registou em 2018, 28
femicídios praticados por ex-companheiros das vítimas ou outros familiares.
Segundo o JN de hoje – que faz lista
de 10 casos de violência em 24 horas –, PSP e GNR receberam, nesse ano, 26.439
queixas de violência doméstica. Mais se refere a PGR e o diretor nacional da
PSP defendem a obrigatoriedade (e não só a requerimento da vítima,
difícil) da obtenção
de declarações das vítimas para memória futura logo após a apresentação da
queixa, com vista a contornar as reservas que, por fragilização, dependência económica
e dificuldade em gerir todo o quadro familiar, as vítimas apresentam ao depor
sobre os agressores em julgamento.
E o
Governo – que celebrou ontem acordos com a PGR,
a APAV, a UMAR e a Associação de
Mulheres contra a Violência Doméstica para criar Gabinetes de Atendimento a Vítimas de Violência de Género nos DIAP
de Braga, Aveiro, Coimbra, Lisboa-Oeste, Lisboa-Norte e Faro – quer que em de
72 horas sobre queixa, um juiz ouça a vítima, bem como pretende que estes casos
corram por tribunais mais especializados neste tipo de crimes e neles seja
feito o julgamento, já que, nos termos da Constituição, não é possível
organizar tribunais especiais. Sobre isto, a Ministra da Justiça defende que
esta é matéria a equacionar aquando de futura revisão constitucional. Na
verdade, há 45 anos, a norma tinha fundamento, dado o trauma dos tribunais
plenários que, na ditadura, julgavam os crimes políticos, mas agora os
tribunais especiais têm cabimento pertinente em crimes de alta complexidade e
melindre.
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Valorização da conciliação e da capacidade de escuta
femininas
É o que esta a fazer a Igreja em
Portugal ao manifestar abertura ao colocar mulheres em lugares de destaque – afirmou
a diretora da OCPM (Obra Católica Portuguesa de Migrações), em entrevista à Ecclesia e à Rádio Renascença, a propósito do Dia Internacional da Mulher, que assegura:
“Existe
uma liderança à retaguarda e há muitas mulheres que, na retaguarda, vão liderando
e vão servindo. Existe também o movimento de mulheres que se fazem notar e que
são reconhecidas, cada vez mais, à medida que o tempo vai avançando, têm mais
voz.”.
A diretora da OCPM, anota que mais importante que
“ser homem ou mulher” é valorizar os “talentos naturais e as vocações naturais”
concretizando a missão laical, preconizada pelo Concílio Vaticano II, e
observa:
“Os leigos ocuparam um
papel preponderante e, graças a eles, leigos e leigas, a Igreja não morreu.
Portanto, é continuar a olhar para estes exemplos. É uma questão de diálogo.”.
Para Eugénia Quaresma, as mulheres são, no
contexto migratório, simultaneamente a parte “mais fraca” e “resiliente”. E
vinca:
“As mulheres resilientes
são aquelas que não se deixam subjugar pela circunstância. Há qualquer coisa
dentro delas que as faz lutar e, portanto, a resiliência vem daí, dessa
capacidade de não vergar, de ter consciência de que tem uma dignidade, ter
consciência de que isto não pode ficar assim, que é preciso dizer ‘basta’. E é
isso que faz a diferença.”.
A responsável pela OCPM reconhece as dificuldades
para responder a “necessidades específicas do ser feminino”, em contexto de
acolhimento em campos de refugiados, e discorre:
“As
meninas e as mulheres estão mais vulneráveis e são sujeitas a violações. Têm
necessidades que nem sempre são contempladas, necessidades muito específicas do
ser feminino, desde os cuidados de higiene, que são diferentes entre homem e
mulher, a necessidade de privacidade, que nem sempre se consegue respeitar, a desocupação
dentro dos campos, em que, mesmo que queiram não lhes permitem sair, nem
arranjar trabalho.”.
Na sociedade portuguesa, Eugénia Quaresma dá
conta de “fatores ‘sociocomplicativos’” relacionados com o “preconceito” que
dificultam a integração, em especial, a feminina. E exemplifica com um trecho
do relato duma refugida:
“Se eu tenho um preconceito
em relação ao tom de pele, isso vai complicar a vida. Se eu tenho um
preconceito em relação à nacionalidade – porque também existe –, isso vai
complicar a vida. Se eu tenho um preconceito em relação à religião, isso vai
complicar a vida.”.
A próxima mensagem de Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado vai
ter como tema ‘Não se trata apenas de
migrantes’ e a diretora da OCPM, frisa quão importante é fazer este debate
em Portugal, tido como um país com boas práticas de acolhimento. E precisa:
“Estamos a falar de
pessoas, pessoas em situação de mobilidade. E esta situação de mobilidade pode
passar e as pessoas não podem ficar rotuladas, nem marcadas por uma escolha
necessária.”.
E, após referir que a Igreja Católica tem
procurado trabalhar no acolhimento, mas necessita de desenvolver a “proteção e
inclusão”, conclui:
“Eu acho que se calhar
temos de afinar aqui a articulação e a comunicação entre os serviços da Igreja.
Este é o grande desafio de trabalharmos cada vez mais em conjunto, trabalharmos
cada vez mais em rede; e penso que faremos muito mais e melhor se isso
acontecer. E as propostas e as diretivas que vêm a nível da Pastoral das
Migrações são essas: trabalharmos em conjunto e trabalharmos em rede.”.
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As origens do 8 de março
O dia 8 de março resulta duma série de factos, lutas e
reivindicações das mulheres (principalmente nos EUA e Europa) por melhores condições de trabalho e direitos sociais e
políticos, iniciados na segunda metade do século XIX e que se estenderam até as
primeiras décadas do XX.
A
8 de março de 1857, trabalhadores duma indústria têxtil de Nova Iorque fizeram
greve por melhores condições de trabalho e igualdade de direitos trabalhistas
para as mulheres. Revoltadas
com condições de trabalho bastante
precárias, contestaram os salários baixos, o excesso de horas de
trabalho e as más condições da fábrica. Durante a greve, um incêndio causou a
morte a cerca de 130 manifestantes. E
o movimento foi reprimido com violência pela polícia. A 8 de março de 1908,
trabalhadoras do comércio de agulhas de Nova Iorque fizeram manifestaram-se
para lembrar o movimento de 1857 e exigir o voto feminino e o fim do trabalho
infantil, movimento também reprimido pela polícia. A 25 de março de 1911, cerca
de 145 trabalhadores (maioria mulheres) morreram queimados num incêndio
numa fábrica de tecidos em Nova Iorque. As mortes ocorreram em função das
precárias condições de segurança no local. Como reação ao facto trágico
deram-se várias mudanças nas leis trabalhistas e de segurança de trabalho,
gerando-se melhores condições para os trabalhadores norte-americanos. Porém, só
no ano de 1910, devido a conferência na Dinamarca em 1909, tendo sido já
comemorado como tal no último domingo de fevereiro de 1909, ficou decidido que
o 8 de março seria o Dia Internacional da
Mulher em homenagem ao movimento pelos direitos das mulheres e como forma
de obter apoio internacional para luta em favor do direito de voto para as
mulheres (sufrágio universal). Foi só em 1975, Ano Internacional
da Mulher, que a ONU
(Organização
das Nações Unidas)
passou a celebrar o Dia Internacional da Mulher a 8 de março. E só em 1979 é
que foi aprovada a Convenção para a
eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres.
***
Os principais marcos
das conquistas das mulheres na História sintetizam-se no seguinte:
No ano de 1788, Condorcet, político e filósofo francês
reivindica, para as mulheres direitos de participação política, emprego e
educação.
Em 1840, Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para
mulheres e negros dos EUA.
No ano de 1859, surge na Rússia, na cidade de São
Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
Em 1862, durante as eleições municipais, as mulheres podem
votar pela primeira vez na Suécia.
No ano de 1865, na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
Em 1866, No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve
exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas.
Em 1869, é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres.
No ano de 1870, na França, as mulheres passam a ter acesso
aos cursos de medicina.
No ano de 1874, é criada no Japão a primeira escola
normal para moças.
No ano de 1878, é criada na Rússia uma Universidade Feminina.
A Nova Zelândia, torna-se, em 1893, o primeiro país do mundo
a conceder direito de voto às mulheres (sufrágio feminino), em resultado da luta de Kate Sheppard, líder do movimento
pelo direito de voto das mulheres na Nova Zelândia.
No ano de 1901, o deputado francês René Viviani defende o
direito de voto das mulheres.
Em 1903,
profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union
League, com o objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores
condições de trabalho, vindo, mais tarde, o Partido Socialista norte-americano
a decretar o último domingo de fevereiro como o Dia Internacional da Mulher, que se comemorou a 1.ª vez em 1909.
Em 1908,
mais de 14 mil mulheres marcharam
nas ruas de Nova Iorque reivindicando o mesmo que as operárias de 1857, bem
como o direito de voto, e a caminhar com o slogan “Pão e Rosas”,
simbolizando o pão a estabilidade económica e as rosas uma melhor qualidade de
vida.
No
ano de 1909, um grupo de mulheres, de que fazia parte a médica feminista
Carolina Beatriz Ângelo (a única mulher a votar nas eleições para
a Assembleia Constituinte em 1911),
fundou a Liga Republicana das Mulheres
Portuguesas, defensora dos ideais republicanos, do sufrágio feminino, do
direito ao divórcio, da instrução das crianças e de direitos e deveres iguais
para homens e mulheres.
Em 1911, na Áustria, Alemanha, Dinamarca e Suíça, milhares de
mulheres marcharam a exigir o direito de voto, de trabalho e o fim da
discriminação; a associação Women’s Trade Union League organizou
uma grande manifestação, com o envolvimento de mais de cem mil pessoas que
protestaram contra um incêndio, que vitimou 140 mulheres, por falta de
condições de trabalho; e, em Portugal, foi criada a Associação de Propaganda
Feminista.
Em 1913, foi
comemorada pela última vez a efeméride naquele dia de fevereiro, pois, numa
conferência mundial das organizações socialistas, decorrida em Copenhaga (Dinamarca), a revolucionária alemã Clara Zetkin propôs o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Em 1917, na
Rússia, teve início a revolução bolchevique, com as reivindicações de mulheres
que reclamavam por “pão e paz”.
Em 1937,
mulheres espanholas revoltaram-se contra o regime franquista.
Em 1943, em
Itália, um movimento feminino protestou contra Mussolini a exigir
o fim da II Guerra Mundial.
Em 1951, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) estabelece princípios gerais,
visando a igualdade de remuneração (salários) entre homens e mulheres (para exercício de mesma função).
***
A criação desta data não tem em vista apenas comemorar. Na
maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões com o objetivo
de discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar
diminuir, e quiçá um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da
mulher. Mesmo com todos os avanços, ela ainda sofre, em muitos locais, com
salário baixo, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e
desvantagens na carreira profissional. Se muito foi conquistado, muito ainda há
para ser modificado nesta história.
De ano para
ano, esta data passou a ser assinalada em todo o mundo dando estímulo à luta
das mulheres pela igualdade de direitos. Além do mais, março passou a ser um
mês marcado por várias manifestações organizadas por mulheres.
2019.03.08 –
Louro de Carvalho
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