Os residentes
da localidade valenciana de Paiporta arremessaram, no domingo, dia 3 de
novembro, lama e outros objetos (há quem mencione paus e pedras) na direção do
rei Filipe VI, do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, do presidente da
Generalitat Valenciana, Carlos Mazón, e da
Delegada do Governo na Comunidade Valenciana, Pilar Bernabé. E,
movidos pela revolta, gritaram vários doestos contra aquelas figuras do Reino, durante
a visita que estas entidades fizeram àquela que é uma das zonas mais afetadas
pelas cheias do dia 29 de outubro, provocadas pela tempestade DANA.
Era uma grande multidão de sobreviventes das cheias, irada a atirar lama e a gritar insultos contra o rei Felipe VI, que estava acompanhado da sua mulher, a rainha Letícia, do primeiro-ministro, do governador de Valência e da Delegada do Governo na Comunidade Valenciana. Imagens nas redes sociais mostraram uma multidão furiosa a atirar objetos (pedra e paus) e lama contra os governantes. “Saiam! Saiam!” […] “Assassinos!” [e outros doestos] soaram entre os insultos feitos pela população.
Segundo o jornal El País, esta ação de protesto foi espontânea e apanhou de surpresa as forças de segurança. A população gritou palavras de ordem como “Assassinos!”, “Pedro Sánchez, filho da p…!”, “Peçam ajuda, já!” Ou ainda; “As pessoas estão a morrer e vocês vêm agora?”
Os agentes, que tentaram criar um anel de segurança, e os guarda-costas, que abriram guarda-chuvas para proteger a realeza e a comitiva, enquanto era lançada lama na sua direção pelos manifestantes, não contiveram a manifestação e tentaram cancelar a visita. Todavia, como reporta o jornal El Diário, o rei, que ficou com manchas de lama, recusou-se a abandonar, de imediato, o local, “tentando acalmar os ânimos” e falar com os populares. A rainha, em choque e com manchas de lama nas mãos e nos braços, também falou com algumas mulheres.
Pedro Sánchez teve de ser evacuado daquela zona (há quem diga que fora agredido com um pau), assim como a rainha Letícia, enquanto o rei se aproximou de algumas pessoas para conversar e ouvir as suas queixas. Isto, enquanto as forças de segurança evitavam que Felipe VI fosse agredido, tentando, ao mesmo tempo, conduzi-lo até aos automóveis da comitiva real.
Foi um incidente sem precedentes para uma Casa Real que tem o cuidado de criar uma imagem de um monarca apreciado pela nação. Não obstante, na rede social X, o governador de Valência disse entender a indignação da população e que isso é a sua “obrigação política e moral”, acrescentando que “a atitude do rei, nesta manhã, foi exemplar”.
Mais de 200 pessoas (exatamente 217, ao tempo da escrita deste texto) morreram, devido às inundações (de água e de lama) do dia 29 de outubro e milhares viram as suas casas destruídas pela torrente de água e de lama. Pelo menos, 60 das vítimas mortais encontravam-se em Paiporta, um epicentro da dor, que ficou conhecido por “zona zero”. Com efeito, além das vítimas mortais, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, em comunicações e em transportes.
A indignação com a gestão da pior catástrofe natural de que há memória, em Espanha, começou depois de passado o choque inicial. As inundações tinham começado a encher a localidade de ondas esmagadoras, quando os funcionários regionais emitiram um alerta para os telemóveis, que soou com duas horas de atraso. E mais raiva foi alimentada pela incapacidade das autoridades locais de responderem, rapidamente, às consequências. Na verdade, a maior parte da limpeza das camadas de lama e de detritos que invadiram inúmeras casas foi feita pelos residentes e por milhares de voluntários que se deslocaram para a região.
Porém, a 2 de novembro, Pedro Sánchez, reconhecendo a insuficiência da resposta à calamidade, confirmou o envio de mais de 10 mil militares e polícias para a província de Valência, a mais afetada, onde os danos causados pela tempestade se assemelham aos de um tsunami.
De acordo com a estação de televisão TVE, após alguns minutos a falar com as pessoas, o rei abandonou Paiporta no seu carro, ao lado da rainha, que já se encontrava no interior da viatura, desde que surgiram os primeiros protestos com o arremesso de lama.
Era uma grande multidão de sobreviventes das cheias, irada a atirar lama e a gritar insultos contra o rei Felipe VI, que estava acompanhado da sua mulher, a rainha Letícia, do primeiro-ministro, do governador de Valência e da Delegada do Governo na Comunidade Valenciana. Imagens nas redes sociais mostraram uma multidão furiosa a atirar objetos (pedra e paus) e lama contra os governantes. “Saiam! Saiam!” […] “Assassinos!” [e outros doestos] soaram entre os insultos feitos pela população.
Segundo o jornal El País, esta ação de protesto foi espontânea e apanhou de surpresa as forças de segurança. A população gritou palavras de ordem como “Assassinos!”, “Pedro Sánchez, filho da p…!”, “Peçam ajuda, já!” Ou ainda; “As pessoas estão a morrer e vocês vêm agora?”
Os agentes, que tentaram criar um anel de segurança, e os guarda-costas, que abriram guarda-chuvas para proteger a realeza e a comitiva, enquanto era lançada lama na sua direção pelos manifestantes, não contiveram a manifestação e tentaram cancelar a visita. Todavia, como reporta o jornal El Diário, o rei, que ficou com manchas de lama, recusou-se a abandonar, de imediato, o local, “tentando acalmar os ânimos” e falar com os populares. A rainha, em choque e com manchas de lama nas mãos e nos braços, também falou com algumas mulheres.
Pedro Sánchez teve de ser evacuado daquela zona (há quem diga que fora agredido com um pau), assim como a rainha Letícia, enquanto o rei se aproximou de algumas pessoas para conversar e ouvir as suas queixas. Isto, enquanto as forças de segurança evitavam que Felipe VI fosse agredido, tentando, ao mesmo tempo, conduzi-lo até aos automóveis da comitiva real.
Foi um incidente sem precedentes para uma Casa Real que tem o cuidado de criar uma imagem de um monarca apreciado pela nação. Não obstante, na rede social X, o governador de Valência disse entender a indignação da população e que isso é a sua “obrigação política e moral”, acrescentando que “a atitude do rei, nesta manhã, foi exemplar”.
Mais de 200 pessoas (exatamente 217, ao tempo da escrita deste texto) morreram, devido às inundações (de água e de lama) do dia 29 de outubro e milhares viram as suas casas destruídas pela torrente de água e de lama. Pelo menos, 60 das vítimas mortais encontravam-se em Paiporta, um epicentro da dor, que ficou conhecido por “zona zero”. Com efeito, além das vítimas mortais, o temporal causou danos em infraestruturas de abastecimento, em comunicações e em transportes.
A indignação com a gestão da pior catástrofe natural de que há memória, em Espanha, começou depois de passado o choque inicial. As inundações tinham começado a encher a localidade de ondas esmagadoras, quando os funcionários regionais emitiram um alerta para os telemóveis, que soou com duas horas de atraso. E mais raiva foi alimentada pela incapacidade das autoridades locais de responderem, rapidamente, às consequências. Na verdade, a maior parte da limpeza das camadas de lama e de detritos que invadiram inúmeras casas foi feita pelos residentes e por milhares de voluntários que se deslocaram para a região.
Porém, a 2 de novembro, Pedro Sánchez, reconhecendo a insuficiência da resposta à calamidade, confirmou o envio de mais de 10 mil militares e polícias para a província de Valência, a mais afetada, onde os danos causados pela tempestade se assemelham aos de um tsunami.
De acordo com a estação de televisão TVE, após alguns minutos a falar com as pessoas, o rei abandonou Paiporta no seu carro, ao lado da rainha, que já se encontrava no interior da viatura, desde que surgiram os primeiros protestos com o arremesso de lama.
A revolta em Paiporta
explica-se pelo facto de ser a localidade onde mais pessoas morreram e onde os
residentes estão, há cinco dias, a limpar as ruas e as suas casas, na tentativa
de recuperar a normalidade, acusando as instituições de Valência e de Madrid de
os terem abandonado.
No entanto, mais de quatro mil soldados de Madrid e de outras partes de Espanha
chegaram às zonas afetadas pelas inundações, para apoio às equipas de
salvamento, na busca de pessoas desaparecidas, enquanto drenam a água e a lama
dos parques de estacionamento subterrâneos.
Parece haver especulação sobre a hipótese de algumas pessoas terem visto gente a entrar nos subterrâneos, mas que, depois, não saiu. A este respeito, José Maria González, bombeiro da região autónoma de Madrid, afirmou que, enquanto os bombeiros não conseguirem ver o que está lá dentro, não se saberá exatamente “o que aconteceu”. “A água veio com tal violência que arrastou tudo o que estava lá dentro, para o segundo andar de baixo”, considerou.
Até agora, foram recuperados 217 corpos, na sua maioria na província de Valência, e muitas pessoas continuam desaparecidas, na sequência das cheias semelhantes a um tsunami que varreram a região, o que faz desta uma das catástrofes naturais mais mortíferas de que há memória no país. Extensos grupos de voluntários ignoraram as restrições de movimento decretadas pelo governo regional e continuam os esforços de limpeza, munidos de baldes, de pás e de vassouras.
Com a previsão de mais chuvas fortes para a região, foi enviado, no dia 2, aviso à população no sentido de que permaneça em casa e fora das estradas. A atuação governo é alvo de escrutínio, com a população a queixar-se de que houve demora na comunicação sobre a gravidade das inundações. Sem tempo para reagir, muitas pessoas já se encontravam na estrada, a trabalhar ou em garagens subterrâneas, quando as chuvadas se abateram sobre o Leste e o Sul de Espanha.
Entretanto, a visita dos reis e do presidente do governo de Espanha, bem como do presidente da comunidade Valenciana à localidade de Chiva, uma das mais afetadas pela tempestade DANA, foi suspensa, depois dos confrontos em Paiporta.
Parece haver especulação sobre a hipótese de algumas pessoas terem visto gente a entrar nos subterrâneos, mas que, depois, não saiu. A este respeito, José Maria González, bombeiro da região autónoma de Madrid, afirmou que, enquanto os bombeiros não conseguirem ver o que está lá dentro, não se saberá exatamente “o que aconteceu”. “A água veio com tal violência que arrastou tudo o que estava lá dentro, para o segundo andar de baixo”, considerou.
Até agora, foram recuperados 217 corpos, na sua maioria na província de Valência, e muitas pessoas continuam desaparecidas, na sequência das cheias semelhantes a um tsunami que varreram a região, o que faz desta uma das catástrofes naturais mais mortíferas de que há memória no país. Extensos grupos de voluntários ignoraram as restrições de movimento decretadas pelo governo regional e continuam os esforços de limpeza, munidos de baldes, de pás e de vassouras.
Com a previsão de mais chuvas fortes para a região, foi enviado, no dia 2, aviso à população no sentido de que permaneça em casa e fora das estradas. A atuação governo é alvo de escrutínio, com a população a queixar-se de que houve demora na comunicação sobre a gravidade das inundações. Sem tempo para reagir, muitas pessoas já se encontravam na estrada, a trabalhar ou em garagens subterrâneas, quando as chuvadas se abateram sobre o Leste e o Sul de Espanha.
Entretanto, a visita dos reis e do presidente do governo de Espanha, bem como do presidente da comunidade Valenciana à localidade de Chiva, uma das mais afetadas pela tempestade DANA, foi suspensa, depois dos confrontos em Paiporta.
Segundo noticiou a agência espanhola Efe,
a decisão foi tomada depois das 15h00 locais, após os reis Felipe VI e Letícia
terem abandonado a localidade de Paiporta, pouco antes, no seguimento dos
protestos com que foram recebidas as autoridades.
O temporal e
as inundações do dia 29 de outubro atingiram, sobretudo, a região de Valência,
onde estão confirmados 217 mortos, segundo o ministro de Política Territorial,
Ángel Victor Torres.
Na região vizinha de Castela La Mancha, as autoridades regionais confirmaram três mortos e mais uma vítima mortal na Andaluzia. As equipas de resgate continuam no terreno e as autoridades reconhecem haver ainda dezenas de desaparecidos, sobretudo, na região de Valência.
O Leste de Espanha foi atingido por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa, neste século, disse, a 2 de novembro, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma “situação trágica” na região de Valência e anunciou o envio de mais cinco mil militares para o terreno e de mais cinco mil elementos das forças de segurança.
Na região vizinha de Castela La Mancha, as autoridades regionais confirmaram três mortos e mais uma vítima mortal na Andaluzia. As equipas de resgate continuam no terreno e as autoridades reconhecem haver ainda dezenas de desaparecidos, sobretudo, na região de Valência.
O Leste de Espanha foi atingido por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa, neste século, disse, a 2 de novembro, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma “situação trágica” na região de Valência e anunciou o envio de mais cinco mil militares para o terreno e de mais cinco mil elementos das forças de segurança.
Com este reforço, há já mais de sete mil militares nas zonas afetadas pelas
cheias e 10 mil elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior
dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.
***
São de realçar dois episódios particulares. O primeiro é o de uma mulher resgatada com vida, depois de ter passado três dias presa dentro de um automóvel, devido às inundações.
Segundo a presidente da câmara de Benetússer, Amparo Orts, a revelação foi feita perante quase 400 voluntários concentrados no pavilhão da Moncada, no dia 2, à noite, por Martín Pérez, presidente da Proteção Civil da Comunidade Valenciana, que acrescentou terem as cheias imobilizado o veículo perto da entrada de uma passagem subterrânea no município de Benetússer. E o jornal Las Provincias referiu que a mulher, depois de ter sido resgatada, foi transferida, imediatamente, para um hospital.
O outro episódio é o relatado por Javier Álvarez, de 55 anos, que chorou “como um menino”, no dia 30 de outubro, quando chegou a casa e viu a filha, após uma noite em cima de um camião, numa estrada inundada de Valência e sete horas a andar no lodo. No percurso que fez, ainda escorregou e caiu numa pequena ribanceira e ficou “com água quase até ao pescoço”.
O primeiro-ministro, que fez uma declaração a partir da sede do Governo de Espanha, em Madrid, referiu que há ainda dezenas de pessoas que procuram familiares e amigos desaparecidos, sem concretizar um número.
Os trabalhos de busca de desaparecidos e de recuperação de eventuais cadáveres continua. No terreno para ajudar nas operações de resgate está, desde o dia 1, a equipa da Associação Portuguesa de Busca e Salvamento, que disse à Lusa ter encontrado um “cenário devastador, bem pior do que estava à espera”. Por telefone, o comandante Pedro Batista adiantou que a equipa, composta por dez operacionais, com três cães de busca e salvamento e com três viaturas equipadas com material pré-hospitalar e para abertura de acessos, foi para Valência, em resposta ao pedido de ajuda feito pelos bombeiros valencianos da Unidade de Resgate em Emergências e Catástrofes e da Embaixada espanhola. E explicou que é “bastante difícil” progredir no terreno, dada a quantidade de lama.
***
O governo regional de Valência fechou, no dia 2, o acesso a peões e carros particulares em dez das localidades (nos arredores de Valência, a Sul da cidade) onde o impacto das cheias foi maior, pois, no dia em que o Rei Felipe VI se preparava para visitar estas zonas, era esperada mais chuva.
Interditou estes acessos a não moradores entre as 6h00 e as 23h59, para “garantir a mobilidade de todos os serviços essenciais” de ajuda e intervenção, incluindo as empresas responsáveis pelo restabelecimento do fornecimento de água, energia e comunicações e a distribuição de alimentos.
No dia 1 de novembro, a afluência de pessoas bloqueou os acessos às localidades dos subúrbios da cidade de Valência, com as autoridades a apelarem a que não fossem levados os carros e a criarem um centro de voluntariado para tentar organizar as multidões. No dia 2, milhares de pessoas foram ao centro de voluntariado, mas milhares de outras continuaram a dirigir-se, por livre iniciativa, a pé, para as zonas afetadas, enchendo totalmente caminhos e vias de acesso.
No dia 3, apesar da interdição decretada e dos controlos policiais em diversos pontos, milhares de pessoas continuaram a dirigir-se para as localidades nos subúrbios de Valência, com muitas a conseguirem contornar os dispositivos das forças de segurança.
Para o dia 4, foi agendada a uma reunião, presidida pelo rei, do comité de crise criado pelo governo para acompanhar as consequências do temporal, que afetou o Leste de Espanha e, em especial, a província de Valência.
Numa publicação nas redes sociais no dia 2, os reis agradeceram “todas as mensagens de condolências, apoio e solidariedade” que têm chegado a Espanha por causa das “devastadoras consequências” do temporal, que classificaram como uma “terrível tragédia”.
O chefe do governo afirmou compreender “a angústia e o sofrimento” das vítimas das inundações no país, mas condenou os incidentes que marcaram uma visita conjunta com o rei, Filipe VI, a uma das zonas afetadas. “Gostaria de expressar a nossa solidariedade e o reconhecimento do governo espanhol pela angústia e o sofrimento” das pessoas afetadas, disse Pedro Sánchez, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), acrescentando que “o objetivo principal é salvar vidas, recuperar os corpos dos que morreram, devido a esta catástrofe natural e, finalmente, passar à tarefa de reconstrução”.
São de realçar dois episódios particulares. O primeiro é o de uma mulher resgatada com vida, depois de ter passado três dias presa dentro de um automóvel, devido às inundações.
Segundo a presidente da câmara de Benetússer, Amparo Orts, a revelação foi feita perante quase 400 voluntários concentrados no pavilhão da Moncada, no dia 2, à noite, por Martín Pérez, presidente da Proteção Civil da Comunidade Valenciana, que acrescentou terem as cheias imobilizado o veículo perto da entrada de uma passagem subterrânea no município de Benetússer. E o jornal Las Provincias referiu que a mulher, depois de ter sido resgatada, foi transferida, imediatamente, para um hospital.
O outro episódio é o relatado por Javier Álvarez, de 55 anos, que chorou “como um menino”, no dia 30 de outubro, quando chegou a casa e viu a filha, após uma noite em cima de um camião, numa estrada inundada de Valência e sete horas a andar no lodo. No percurso que fez, ainda escorregou e caiu numa pequena ribanceira e ficou “com água quase até ao pescoço”.
O primeiro-ministro, que fez uma declaração a partir da sede do Governo de Espanha, em Madrid, referiu que há ainda dezenas de pessoas que procuram familiares e amigos desaparecidos, sem concretizar um número.
Os trabalhos de busca de desaparecidos e de recuperação de eventuais cadáveres continua. No terreno para ajudar nas operações de resgate está, desde o dia 1, a equipa da Associação Portuguesa de Busca e Salvamento, que disse à Lusa ter encontrado um “cenário devastador, bem pior do que estava à espera”. Por telefone, o comandante Pedro Batista adiantou que a equipa, composta por dez operacionais, com três cães de busca e salvamento e com três viaturas equipadas com material pré-hospitalar e para abertura de acessos, foi para Valência, em resposta ao pedido de ajuda feito pelos bombeiros valencianos da Unidade de Resgate em Emergências e Catástrofes e da Embaixada espanhola. E explicou que é “bastante difícil” progredir no terreno, dada a quantidade de lama.
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O governo regional de Valência fechou, no dia 2, o acesso a peões e carros particulares em dez das localidades (nos arredores de Valência, a Sul da cidade) onde o impacto das cheias foi maior, pois, no dia em que o Rei Felipe VI se preparava para visitar estas zonas, era esperada mais chuva.
Interditou estes acessos a não moradores entre as 6h00 e as 23h59, para “garantir a mobilidade de todos os serviços essenciais” de ajuda e intervenção, incluindo as empresas responsáveis pelo restabelecimento do fornecimento de água, energia e comunicações e a distribuição de alimentos.
No dia 1 de novembro, a afluência de pessoas bloqueou os acessos às localidades dos subúrbios da cidade de Valência, com as autoridades a apelarem a que não fossem levados os carros e a criarem um centro de voluntariado para tentar organizar as multidões. No dia 2, milhares de pessoas foram ao centro de voluntariado, mas milhares de outras continuaram a dirigir-se, por livre iniciativa, a pé, para as zonas afetadas, enchendo totalmente caminhos e vias de acesso.
No dia 3, apesar da interdição decretada e dos controlos policiais em diversos pontos, milhares de pessoas continuaram a dirigir-se para as localidades nos subúrbios de Valência, com muitas a conseguirem contornar os dispositivos das forças de segurança.
Para o dia 4, foi agendada a uma reunião, presidida pelo rei, do comité de crise criado pelo governo para acompanhar as consequências do temporal, que afetou o Leste de Espanha e, em especial, a província de Valência.
Numa publicação nas redes sociais no dia 2, os reis agradeceram “todas as mensagens de condolências, apoio e solidariedade” que têm chegado a Espanha por causa das “devastadoras consequências” do temporal, que classificaram como uma “terrível tragédia”.
O chefe do governo afirmou compreender “a angústia e o sofrimento” das vítimas das inundações no país, mas condenou os incidentes que marcaram uma visita conjunta com o rei, Filipe VI, a uma das zonas afetadas. “Gostaria de expressar a nossa solidariedade e o reconhecimento do governo espanhol pela angústia e o sofrimento” das pessoas afetadas, disse Pedro Sánchez, citado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), acrescentando que “o objetivo principal é salvar vidas, recuperar os corpos dos que morreram, devido a esta catástrofe natural e, finalmente, passar à tarefa de reconstrução”.
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É de estranhar o
facto de as polícias não preverem um caso destes, dada a dimensão da tragédia e
a divisão política da sociedade espanhola, a que não é estranho o avanço da
extrema-direita. E compreende-se a angústia das pessoas, mas não a destratação
dos visitantes do Estado. Nestas ocasiões, a ajuda vem sempre atrasada e
insuficiente. A violência não reconstrói cidades!
2024.11.03 – Louro de Carvalho
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