sábado, 11 de outubro de 2025

Papa Leão XIV ofereceu uma Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima

 

O Papa Leão XIV, de acordo com a informação da Sala de Imprensa da Santa Sé, ofereceu uma Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima, durante a presença da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, em Roma, a 11 de outubro, por ocasião do Jubileu da Espiritualidade Mariana que decorreu de 11 a 12 de outubro.
Com efeito, a 10 de outubro, a Sala de Imprensa da Santa Sé anunciava que o Jubileu da Espiritualidade Mariana seria realizado, “em Roma no sábado, 11 de outubro, e no domingo, 12 de outubro, com a participação de mais de 30 mil peregrinos, incluindo reitores e obreiros de santuários, membros de movimentos, confrarias e diversos grupos de oração mariana”. Estariam representados aproximadamente 100 países, incluindo “grandes delegações da Itália, da Polónia, da França, da Espanha, da Irlanda, de Portugal, do Reino Unido, dos Estados Unidos da América (EUA), do Canadá, da Colômbia, do Brasil, do México, do Equador, da Argentina, do Peru, do Chile, da Indonésia, das Filipinas e da Arábia Saudita.
“Nos dois dias do Jubileu, a imagem original de Nossa Senhora de Fátima estará excecionalmente presente em Roma. O evento jubilar começará no sábado, 11 de outubro, com a Santa Missa presidida pelo Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, às 9h00, na Igreja de Santa Maria in Traspontina. A partir das 8h30, os fiéis poderão venerar a imagem da Virgem. O Rosário será recitado às 12h00. À tarde, às 17h00, a imagem será levada, em procissão, de Santa Maria in Traspontina até à Praça de São Pedro. Membros da Associação dos Santos Pedro e Paulo carregarão a imagem, na primeira parte da procissão, até à Praça de São Pedro. Após a entrada da procissão na praça, o andor será escoltado pela Guarda Suíça Pontifícia e pelo Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano, até ao átrio da Basílica de São Pedro. A procissão passará pela praça, para os fiéis venerar a estátua, e passará pelo local do atentado contra o Papa São João Paulo II. O coral da Diocese de Roma animará o momento com cânticos marianos.
“Em seguida, às 18h, a Vigília de Oração terá início na Praça de São Pedro com a recitação do Rosário, orientado, pessoalmente, pelo Papa Leão XIV, para pedir o dom da paz. No início da oração, o Santo Padre, como gesto ritual devocional, oferecerá a Nossa Senhora de Fátima e ao Santuário a Rosa de Ouro, especialmente confecionada pela empresa Diego Serpone, de Nápoles. Cada dezena do Rosário será acompanhada pela leitura de uma passagem do Capítulo VIII da Lumen Gentium, documento conciliar que discute o papel da Bem-Aventurada Virgem Maria no mistério de Cristo e da Igreja, para marcar o aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, em 11 de outubro de 1962. Seguir-se-á um momento de adoração eucarística, implorando o dom da paz. No domingo, 12 de outubro, os peregrinos participarão na Santa Missa na Praça de São Pedro, às 10h30, presidida pelo Papa Leão XIV. A entrada para a celebração é gratuita.”

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A Rosa de Ouro é um símbolo de distinção oferecido pelo Papa a soberanos e a santuários insignes, a igrejas e a cidades. É concedida como sinal de particular benevolência, em reconhecimento de assinalados serviços prestados à Igreja ou ao bem da sociedade. O gesto testemunha o reconhecimento da especial ligação do galardoado, em relação à Igreja e ao Papa.
Esta é a quarta Rosa de Ouro oferecido por um Papa ao Santuário de Fátima.
A primeira foi oferecida ao Santuário de Fátima pelo Papa São Paulo VI em 1965, depois de a anunciar, a 21 de novembro de 1964, no final da terceira sessão do II Concílio Vaticano e após a promulgação da Constituição Dogmática sobre a Igreja. A oferta foi justificada pelo Sumo Pontífice como forma de evocar a consagração solene do Coração Imaculado de Maria feita pelo seu predecessor, o Papa Pio XII. A oferta viria a ser benzida a 28 de março de 1965 e entregue ao Santuário, no mesmo ano, a 13 de maio, pelo cardeal Fernando Cento, legado pontifício.
A segunda Rosa de Ouro foi oferecida pelo Papa Bento XVI, a 12 de maio de 2010, aquando da sua vinda à Cova da Iria.
A terceira Rosa de Ouro foi oferecida pelo Papa Francisco, a 12 de maio de 2017. Tal como a segunda Rosa de Ouro, esta foi deixada pelo próprio Papa, aos pés da Imagem de Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições.
O significado da Rosa de Ouro funda-se na liturgia do quarto domingo da Quaresma (o Domingo “Laetare” ou da Alegria), que representa a alegria da Igreja no Céu e da Igreja na Terra. É sempre neste dia que o Papa benze a Rosa de Ouro.
A oferta desta quarta Rosa de Ouro tornou-se pública, duas horas depois da Imagem de Nossa Senhora de Fátima que é venerada na Capelinha das Aparições, ter deixado a Cova da Iria e rumado ao Vaticano, para marcar presença na Jornada da Espiritualidade Mariana.
O Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, em Braga, também recebeu, a 8 de dezembro de 2004, uma Rosa de Ouro, atribuída por São João Paulo II, por ocasião do centenário da coroação da imagem de Nossa Senhora.
São João Paulo II, que visitou o Santuário de Fátima, em três ocasiões (1982, 1991 e 2000), ofereceu à instituição a bala que o atingiu no atentado de 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, ferindo-o com gravidade; a bala seria, posteriormente, colocada na coroa da Imagem da Capelinha das Aparições.
A tradição desta distinção está documentada desde o pontificado de Leão IX (1049-1054), mas acredita-se remontar aos finais do século VI ou aos princípios do século VII.
A imagem venerada na Capelinha das Aparições deixou a Cova da Iria, no dia 10, para marcar presença na Jornada da Espiritualidade Mariana.
O evento jubilar iniciou-se na manhã do dia 11, com a Missa presidida pelo reitor do Santuário de Fátima, às 9h00, na igreja de Santa Maria in Traspontina, onde a imagem esteve exposta à veneração dos peregrinos, antes de sair em procissão para a Praça de São Pedro. “Esta celebração sublinha a nossa união com o Santo Padre. A presença da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições, aqui, em Roma, para a jornada de espiritualidade mariana do Jubileu, neste dia que a Igreja faz memória do Papa São João XXIII, fala-nos da nossa comunhão com o Papa, dimensão importante da mensagem de Fátima”, disse o padre Carlos Cabecinhas, na homilia da Eucaristia.
Esta é a quarta vez que a imagem sai do Santuário de Fátima para Roma: a primeira foi em 1984, por ocasião do Jubileu Extraordinário da Redenção de 1984, quando a 25 de março São João Paulo II consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria; a segunda vez, no Grande Jubileu do Ano 2000; e a mais recente, em outubro de 2013, a convite de Bento XVI e de Francisco, para a Jornada Mariana do Ano da Fé.

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A 9 de outubro, o Santuário de Fátima informava que, a 10 de outubro, a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, que é venerada na Capelinha das Aparições, deixaria a Cova da Iria e rumava ao Vaticano, para marcar presença na Jornada da Espiritualidade Mariana, nos dias 11 e 12 de outubro. Os trabalhos de preparação da retirada da escultura teriam início às 11h20, com o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, a dirigir uma palavra aos peregrinos. Após esse momento, a Imagem de Nossa Senhora de Fátima seria retirada da peanha.
A saída da escultura e da comitiva que a acompanharia, em direção ao aeroporto de Lisboa, estava prevista para as 11h50. E, ao meio-dia, seria colocada na Capelinha das Aparições, para veneração dos fiéis, a Imagem Virgem Peregrina n.º 1.
No Vaticano, seriam dois os momentos em que Leão XIV estaria junto da Imagem da Virgem Maria: no sábado, dia 11, às 18h00, na vigília de oração, na Praça S. Pedro, e na missa a que presidiria, no domingo, 12 de outubro, às 10h30, também na Praça de S. Pedro.
O Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima estaria a acompanhar estes momentos e divulgaria informações, através da sua página oficial e das redes sociais.

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Na homilia da Vigília de Oração e Rosário pela Paz, Leão XIV disse que “juntamente com Maria, a Mãe de Jesus, estamos reunidos em oração, como fazia a Igreja primitiva de Jerusalém”; e que, “todos juntos, perseverantes e concordes, não nos cansamos de interceder pela paz, dom de Deus que deve tornar-se nossa conquista e nosso compromisso”.
E prosseguiu, dizendo: “O nosso olhar de cristãos busca na Virgem Maria a guia para a nossa peregrinação na esperança, contemplando as suas virtudes humanas e evangélicas, cuja imitação constitui a mais autêntica devoção mariana. Como Ela, a primeira entre os fiéis, queremos ser o ventre que acolhe o Altíssimo, ‘tenda humilde do Verbo, movida apenas pelo sopro do Espírito’. Como a primeira discípula, suplicamos o dom de um coração que escuta e se torna fragmento de um universo que acolhe. Por meio d’Ela, Mulher dolorosa, forte, fiel, rogamos o dom da compaixão para com cada irmão e irmã que sofre e para com todas as criaturas.”
E exortou: “Olhemos para a Mãe de Jesus e para aquele pequeno grupo de mulheres corajosas que estão junto à Cruz, a fim de que aprendamos a permanecer, como elas, junto às infinitas cruzes do Mundo, onde Cristo está crucificado nos seus irmãos, para lhes levarmos conforto, comunhão e ajuda. Reconhecemo-nos n’Ela, que é irmã da Humanidade, e dizemos-lhe, com as palavras de um poeta: “Mãe, vós sois cada mulher que ama; / Mãe, vós sois cada mãe que chora um filho morto, um filho traído. Esses filhos que nunca cessam de serem mortos” (D. M. Turoldo).
“À vossa proteção recorremos, Virgem da Páscoa, com todos aqueles em quem continua a realizar-se a paixão do vosso Filho. A nossa esperança é iluminada pela luz suave e perseverante das palavras de Maria que o Evangelho nos transmite. E, entre todas, são preciosas as proferidas nas bodas de Caná, quando, indicando Jesus, Ela diz aos serventes: ‘Fazei o que Ele vos disser!’ Depois disso, não voltará a falar. Portanto, estas palavras, que são quase um testamento, devem ser muito estimadas pelos filhos, como qualquer testamento de uma mãe.
Tudo o que Ele vos disser. Ela tem a certeza de que o Filho falará, pois, a sua Palavra não terminou e ainda cria, gera, opera, enche o Mundo de primaveras e as ânforas da festa de vinho. Maria, como um sinal que indica o caminho, orienta para além de si mesma, mostra que o ponto de chegada é o Senhor Jesus e a sua Palavra, o centro para o qual tudo converge, o eixo em torno do qual giram o tempo e a eternidade. Obedecei à sua Palavra, recomenda. Realizai o Evangelho, transformai-o em gesto e corpo, sangue e carne, esforço e sorriso. Realizai o Evangelho, e a vida se transformará, de vazia em plena, de apagada em acesa.
Fazei tudo o que Ele vos disser: todo o Evangelho, a palavra exigente, a carícia consoladora, a repreensão e o abraço. O que compreendeis e também o que não compreendeis. Maria exorta-nos a ser como os profetas: a não deixar que nenhuma das suas palavras se perca em vão.
“E entre as palavras de Jesus que queremos que não caiam no esquecimento, uma ressoa de modo particular, nesta vigília de oração pela paz: a que dirigiu a Pedro no horto das oliveiras: ‘Mete a espada na bainha’. Desarma as mãos, mas sobretudo o coração. Como já tive a oportunidade de recordar, noutras ocasiões, ‘a paz é desarmada e desarmante’. Não é dissuasão, mas fraternidade; não é ultimato, mas diálogo. Não virá como fruto de vitórias sobre o inimigo, mas como resultado da disseminação da justiça e do perdão corajoso.
Mete a espada na bainha é uma palavra dirigida aos poderosos do Mundo, aos que conduzem o destino dos povos: ‘Tende a audácia de vos desarmardes! E é dirigida a cada um de nós, para nos tornarmos cada vez mais conscientes de que não podemos matar por nenhuma ideia, fé ou política. O primeiro a ser desarmado é o coração, porque, se não há paz em nós, não daremos paz.
“Ouçamos ainda o Senhor Jesus: os grandes deste Mundo constroem impérios com poder e dinheiro. ‘Convosco, não deve ser assim’. Deus não faz desse modo: o Mestre não tem tronos, mas cinge-se com uma toalha e ajoelha-se aos pés de cada um. O seu império é aquele pequeno espaço suficiente para lavar os pés dos seus amigos e cuidar deles.
“É também o convite a adotar uma perspetiva diferente, a fim de observar o Mundo desde baixo, com os olhos de quem sofre, e não com a ótica dos grandes; considerar a História, sob o prisma dos pequenos, e não com o dos poderosos; interpretar os acontecimentos da História, a partir do ponto de vista da viúva, do órfão, do estrangeiro, da criança ferida, do exilado, do fugitivo. Com o olhar de quem naufraga, do pobre Lázaro, jogado à porta do rico epulão. Caso contrário, nada nunca mudará, e não surgirá um tempo novo, um reino de justiça e paz.
“Assim faz a Virgem Maria no Magnificat, quando fixa o olhar nas fraturas que marcam a Humanidade, onde ocorre a distorção do Mundo no contraste entre humildes e poderosos, entre pobres e ricos, entre saciados e famintos. E escolhe os pequenos, permanece ao lado dos últimos da História, ensinando a imaginar e, com Ela, sonhar novos Céus e uma nova Terra.
Fazei tudo o que Ele vos disser. E nós comprometemo-nos a fazer nossa carne e paixão, história e ação, a grande palavra do Senhor: ‘Felizes os pacificadores’.
Felizes sois vós: Deus dá alegria àqueles que produzem amor no Mundo, alegria àqueles que, em vez de vencerem o inimigo, preferem a paz com ele.
Coragem, segui em frente, vós que criais as condições para um futuro de paz, na justiça e no perdão; sede mansos e determinados, não desanimeis. A paz é um caminho e Deus caminha convosco. O Senhor cria e difunde a paz através dos seus amigos pacificados no coração, que se tornam, por sua vez, pacificadores, instrumentos da sua paz.
“Reunimo-nos, nesta tarde em oração à volta de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, como os primeiros discípulos no cenáculo. A ela, mulher profundamente pacificada, rainha da paz, nos dirigimos:
“Rezai connosco, Mulher fiel, ventre sagrado do Verbo. Ensinai-nos a ouvir o clamor dos pobres e da mãe Terra, atentos aos apelos do Espírito no segredo do coração, na vida dos irmãos, nos acontecimentos da História, no gemido e no júbilo da criação.
“Santa Maria, mãe dos viventes, mulher forte, dolorosa, fiel, Virgem esposa junto à Cruz onde se consuma o amor e brota a vida, sede a guia do nosso compromisso em servir. Ensinai-nos a permanecer convosco junto às infinitas cruzes onde o vosso Filho ainda está crucificado, onde a vida está mais ameaçada; a viver e testemunhar o amor cristão, acolhendo em cada homem um irmão; a renunciar ao egoísmo opaco, para seguir Cristo, verdadeira luz do homem.

“Virgem da paz, porta de esperança segura, aceitai a oração dos vossos filhos!”

2025.10.11 – Louro de Carvalho

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