sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Santa Rosa de Lima, terciária dominicana

 

A Igreja Católica celebrou, a 23 de agosto, Santa Rosa de Lima, a primeira santa das Américas, virgem e padroeira do Peru, das Américas das Índias e das Filipinas, que viveu dedicada à oração, à mortificação e à ajuda aos necessitados. Porém, no seu país natal, é celebrada a 30 de agosto.

Entre as principais virtudes da primeira santa da América, sobressai a solidariedade e amor aos doentes pobres, que atendia na sua própria casa.

Nasceu em Lima, no Peru, a 30 de abril de 1586, sendo batizada com o nome Isabel Flores de Oliva. Todos a chamavam Rosa, porque, segundo a tradição, quando era bebé, o seu rosto era muito rosado. Era a décima de 13 filhos da família Flores de Oliva, nobre espanhola, transferida para o Peru. Mariana, a sua ama, de origem indígena, deu-lhe o nome de Rosa, pela incrível beleza que a caraterizava. Posteriormente, quis chamar-se Rosa de Santa Maria.

Depois, este nome foi confirmado no sacramento da Confirmação (ou Crisma); e, quando, aos 23 anos, recebeu o hábito religioso da Ordem Terceira Dominicana, o seu modelo de vida foi Santa Catarina de Sena. Ao nome “Rosa” juntou o de “Santa Maria”, como expressão do seu tenro e terno amor, que nutria pela Virgem. Recorria a Mãe de Deus, a todo instante, para pedir proteção. 

Ainda criança, teve grande inclinação para a oração e para a meditação, sendo dotada de dons especiais de profecia. Já adolescente, enquanto rezava ante a imagem da Virgem Maria, decidiu entregar a sua vida somente a Cristo. 

Apesar dos apelos da família, que contava com a sua ajuda para o sustento, ingressou na Ordem Terceira Dominicana, como exemplo de vida Santa Catarina de Sena. Dedicou-se, então, ao jejum, às severas penitências e à oração contemplativa, aumentando os seus dons de profecia e de prodígios. E, para perder a vaidade, cortou os cabelos e engrossou as mãos, trabalhando na lavoura com os pais.

Conheceu a pobreza, quando a família caiu na miséria, por falência nos negócios paternos; trabalhou, arduamente, como doméstica, na horta e como bordadeira, até altas horas da noite; e, quando fazia entrega nas casas dos seus fregueses, aproveitava para levar a Palavra de Cristo e o seu anseio pelo bem e pela justiça, que, na sociedade peruana da época – espezinhada pela Espanha colonizadora –, parecia totalmente ofuscada.

Na casa paterna, criou uma espécie de asilo para os necessitados, onde dava assistência às crianças e aos idosos abandonados, sobretudo de origem indígena.

Desde pequena, Rosa desejava consagrar-se a Deus com a vida claustral, permanecendo “virgem no Mundo”; como Terciária Dominicana, trancou-se numa cela de poucos metros quadrados, construída no jardim da casa paterna, da qual saía só para a função religiosa; ali, transcorria grande parte dos dias, dedicando-se à oração, em íntima comunhão com o Senhor. Ora, vivendo em contínuo contacto com Deus, atingiu um alto grau de vida contemplativa e de experiência mística, compreendendo o mistério. Além disso, reviveu, na carne, a Paixão de Jesus, por duas intenções: a conversão dos Espanhóis e a evangelização dos Índios.

Quando ainda era viva, foi examinada por uma comissão mista de religiosos e de cientistas, que julgou as suas experiências místicas como verdadeiros “dons da graça”; tanto assim foi que, quando morreu, a enorme multidão que participou mo seu enterro, já a considerava Santa.

Rosa faleceu só depois de renovar os seus votos evangélicos, repetindo, por várias vezes: “Jesus, permanecei comigo!”. Transcorria o dia 23 de agosto de 1617.

Após a sua morte, quando o seu corpo foi trasladado para a Capela do Rosário, Nossa Senhora sorriu-lhe, pela última vez, desde aquela estátua, diante da qual a Santa havia rezado tantas vezes. Ao ver o ocorrido, a multidão presente gritou: “Milagre!”

Santa Rosa de Lima foi a primeira mulher a ser canonizada na América. É a Padroeira do Peru, das Américas, das Índias e das Filipinas. É invocada também como protetora dos floricultores e dos jardineiros, contra as erupções vulcânicas e, ainda, em casos de feridas ou de brigas familiares.

Em 1668, Rosa de Lima foi beatificada pelo Papa Clemente IX, que a canonizou três anos depois.

Foi proclamada padroeira das Américas (sobretudo da América Latina), das Filipinas e das Índias Orientais. A festa litúrgica marcada para o dia 23 de agosto. E esta devoção propagou-se rapidamente nos países latino-americanos, sendo venerada pelos fiéis, sobretudo, como padroeira dos jardineiros e dos floristas.

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É de salientar que Rosa tinha como modelo santa Catarina de Sena e que se dedicou-se a atacar o amor-próprio, mediante a humildade, a obediência e a abnegação da vontade própria.

Entrou para a Ordem Terceira de São Domingos (terciárias dominicanas) e, a partir de então, encerrou-se em uma cabana que tinha construído na horta de sua casa. Tinha na cabeça um estreito cinto de prata, cujo interior estava cheio de pontas, era uma espécie de coroa de espinhos.

O seu amor pelo Senhor era tanto que, quando falava Dele, mudava o tom de sua voz e o seu rosto se acendia como um reflexo do sentimento que lhe embargava a alma.

Santa Rosa morreu no dia da festa de são Bartolomeu, aos 31 anos de idade, como ela mesma profetizou. O papa Clemente X a canonizou em 1671. Hoje, os seus restos mortais são venerados na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Lima (São Domingos) com uma grande devoção do povo peruano e da América. Em Lima, foi erguido um santuário em sua honra.

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São de destacar alguns dados em Rosa de Lima.

Embora seu nome fosse Isabel, a mãe e a ama começaram a chamá-la de Rosa, ao verem que, conforme crescia, o seu rosto ficava rosado e era de grande beleza. São Turíbio de Mogrovejo, então arcebispo de Lima, após lhe conferir o sacramento da confirmação, em 1597, colocou-lhe, em definitivo o nome de Rosa, pelo qual é conhecida atualmente em todo o Mundo.

Santa Rosa de Lima não foi religiosa (freira) no sentido convencional, mas uma leiga comprometida com os valores evangélicos da obediência, da pobreza e da castidade, que não vivia em comunidade com outras professas, mas na sua casa (cabana), no trabalho quotidiano e no serviço aos pobres. Foi, pois, uma leiga, especificamente terciária na Ordem de São Domingos, ou seja, uma mulher que se vestia com túnica branca e manto preto, levando uma vida consagrada a Deus, mas em sua casa.

Durante toda sua vida, procurou imitar a mais famosa terciária dominicana, Santa Catarina de Sena, a quem considerava sua “mãe” espiritual.

O papa Pio XII, na sua mensagem de rádio de 27 de outubro de 1940 para o Congresso Eucarístico em Arequipa, no sul do Peru, perguntava: “Não despontou e se abriu no jardim de Lima, qual flor primeira de santidade de toda a América, cândida como lírio e púrpura como rosa, a admirável Rosa de Santa Maria, que, no retiro e entre os espinhos da penitência, imitou o ardor de uma Catarina de Sena?”.

Um dia, enquanto rezava diante da imagem de Nossa Senhora pedindo ajuda para decidir se entrava em um convento, sentiu que não podia levantar-se do chão onde estava ajoelhada. Chamou o seu irmão para que a ajudasse, mas ele também não foi capaz de movê-la dali.

Então, percebeu que a vontade de Deus era outra e disse à Virgem Maria: “Oh, Mãe Celestial, se Deus não quer que eu vá para um convento, desisto, a partir de agora dessa ideia.” Assim que pronunciou estas palavras, recuperou a mobilidade e pôde levantar-se.

Menos de 50 anos depois da sua morte, foi declarada santa da Igreja Católica. Durante a cerimónia celebrada em sua honra, após o falecimento, fora aclamada por todo o povo e fizeram com que, em oito dias, fosse aberto o processo de canonização. O cabido enviou uma carta ao papa Urbano VIII e o vice-rei fez o mesmo com a Coroa da Espanha.

Antes de ser canonizada em 1671, foi proclamada padroeira do Peru, em 1669, do Novo Mundo e das Filipinas, em 1670. Somente no Peru, há mais de 72 povoados com o seu nome.

Foi canonizada pelo papa Clemente X, em 1671, e tornou-se a primeira santa da América. “Provavelmente não houve, na América, um missionário que, com as suas pregações, tenha conseguido mais conversões do que as que Rosa de Lima obteve com a sua oração e com as suas mortificações”, disse o papa Inocêncio IX, ao referir-se a ela.

Santa Rosa terá sido amiga de São Martinho de Lima (ou de Porres), cuja memória se celebra a 3 de novembro. Uma antiga tradição afirma que Rosa saía da sua ermida para ir à Igreja de Nossa Senhora do Rosário atender enfermos e escravos. Nesses trabalhos, teria estado acompanhada por Martinho de Lima, outro grande santo peruano, que se tornou seu amigo. Lima era uma cidade pequena e murada, pelo que é muito provável que se tenham conhecido.

Quando morreu, ajudava no lar de uma família rica. Passou os três últimos anos de vida a ajudar, no lar de Don Gonzalo de Massa, um empregado do governo, cuja esposa lhe tinha um carinho particular. Durante a penosa e longa enfermidade que precedeu a sua morte, a oração da jovem era: “Senhor, aumenta-me os sofrimentos, mas aumenta-me, na mesma medida, o teu amor.” E, quando faleceu, a 24 de agosto de 1617, aos 31 anos, o Senado e outros dignitários da cidade revezaram-se a levar os seus restos mortais para o túmulo.

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O 4.º centenário da sua morte, em 2017, foi assinalado com um ano jubilar, cujo lema “400 anos intercedendo por ti”, evocava os milhares de orações que a Santa atendera em quatro séculos.

A este respeito, o Vatican News publicou um texto de que se respigam alguns dados pertinentes.  

Isabel nasceu em Lima, em 1586. Era a décima de 13 filhos da família Flores de Oliva, transferida para o Peru. A ama, Mariana, de origem indígena, deu-lhe o nome de Rosa, pela incrível beleza que a caraterizava. Este nome foi confirmado no sacramento da Confirmação; e, quando recebeu o hábito da Ordem Terceira Dominicana, sendo seu modelo de vida Santa Catarina de Sena, ao nome “Rosa” foi acrescentado o “de Santa Maria”, como expressão do seu amor pela Virgem.

Rosa conheceu a pobreza, quando a família caiu na miséria, pelo que trabalhou, arduamente, como doméstica, na horta e como bordadeira; e, quando fazia entrega nas casas dos fregueses, levava a Palavra de Cristo e o anseio pelo bem e pela justiça. Numa espécie de asilo para os necessitados, na casa paterna, assistia as crianças e os idosos abandonados, sobretudo, de origem indígena.

Desde pequena, queria consagrar-se a Deus na vida claustral, permanecendo “virgem no Mundo”; como Terciária Dominicana, trancou-se na cela construída no jardim da casa paterna, da qual saía apenas para a função religiosa; ali, transcorria grande parte dos dias, dedicando-se à oração, em íntima comunhão com o Senhor. Certo dia, enquanto rezava diante da imagem da Virgem, que segurava Jesus nos braços, ouviu a voz do Menino a dizer: “Rosa, dedica-Me todo o Teu amor!...”

Não hesitou: desde então, Jesus foi o seu amor exclusivo, cultivado com a virgindade, com a oração e com a penitência. E repetia: “Meu Deus, podeis aumentar meus sofrimentos, contanto que aumenteis o meu amor por vós.” Assim, o significado redentor da Paixão de Cristo tornou-se claro para ela: o sofrimento, vivido com fé, redime e salva. O sofrimento do homem pode ser associado ao sofrimento salvador de Cristo.

Foi uma grande reviravolta, que coincidiu com a leitura da vida de Santa Catarina, de quem aprendeu a amar o sangue de Cristo e a Igreja. Precisamente, na sua cela do jardim, Rosa reviveu, na sua carne, a Paixão de Jesus, pela conversão dos Espanhóis e pela evangelização dos Índios.

A Santa Rosa foram atribuídos atos de mortificação e castigos corporais, de todo tipo, mas também tantas conversões e milagres. Um deles foi a não invasão dos piratas holandeses em Lima, em 1615. Quando era viva, foi examinada por uma Comissão de religiosos e de cientistas, que julgou as suas experiências místicas como verdadeiros “dons da graça”. Assim, quando morreu, pela enorme multidão que participou no seu enterro, já era considerada Santa.

Após a sua morte, quando o seu corpo foi trasladado para a Capela do Rosário, Nossa Senhora sorriu-lhe pela última vez, daquela estátua, diante da qual a Santa havia rezado tantas vezes. Ao ver o ocorrido, a multidão presente gritou: “Milagre”!

2024.08.23 – Louro de Carvalho

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