Celebrou-se,
a 16 de julho, a memória litúrgica de Nossa Senhora do Carmo (em alguns lugares,
festa e nas ordens carmelitas, solenidade), título mariano que é símbolo do encontro entre a Antiga e a
Nova Aliança, porque foi no monte Carmelo (vocábulo hebreu que significa
jardim) que o profeta Elias defendeu a fé do povo escolhido contra os pagãos e
dali nasceu a ordem carmelita.
Elias e Eliseu permaneceram no Monte Carmelo e, com os seus discípulos,
viveram de maneira contemplativa, como eremitas em oração.
O Carmelo é uma cadeia montanhosa situada na Palestina, com aproximadamente
600 metros de altitude, localizada perto da costa mediterrânica. Era uma referência
para navios e é considerado lugar sagrado pelas três religiões monoteístas (judaísmo,
cristianismo e islamismo).
Em meados do século XII da nossa era, São Bertolo fundou a Ordem do Carmelo
e vários sacerdotes foram viver no Carmelo como eremitas.
Por volta de 1205, Santo Alberto, patriarca de Jerusalém, entregou aos
eremitas do Carmelo uma regra de vida, que foi aprovada pelo Papa Honório
III, em 1226. Tinham a missão de viver no estilo de Elias e de Maria
Santíssima, a quem veneravam como a Virgem do Carmo.
No século XIII, o Papa Inocêncio IV concedeu aos carmelitas o privilégio de
serem incluídos entre as ordens mendicantes, juntamente com os franciscanos e
dominicanos. Os carmelitas passaram por algumas reformas, sendo a maior delas a
realizada por Santa Teresa d´Ávila (Santa Teresa de Jesus) e São João da Cruz.
Através dos séculos, esta espiritualidade deu muitos santos e santas à Igreja.
Por volta de 1241, o Barão de Grey da Inglaterra voltou das Cruzadas, na
Palestina, levando um grupo de religiosos do Monte Carmelo e deu-lhes uma
mansão em Aylesford.
A tradição diz que, no século XIII, os carmelitas tiveram de abandonar o
Monte Carmelo, devido à invasão dos muçulmanos; e os que ficaram foram
massacrados. Antes de irem embora, enquanto cantavam o Salve Regina,
a Virgem Maria apareceu-lhes, prometendo ser a sua Estrela-do-Mar.
Segundo a tradição, a 16 de julho de 1251, São Simão Stock, superior dos
carmelitas, encontrava-se em profunda oração, a implorar uma intervenção divina
para defesa dos diversos ataques que a ordem recebia, sendo perseguidos os seus
religiosos, quando a Virgem Mãe de Deus, que chamara de “Flor do Carmelo” e de “Estrela-do-Mar”,
lhe apareceu com o hábito da ordem na mão e lhe entregou o escapulário.
Tempos depois, a devoção a Nossa
Senhora do Carmo foi florescendo e a espiritualidade carmelita estendeu-se por vários
lugares do Mundo.
***
Em 1845, o barco inglês “Rei do Oceano” estava no meio de uma grande
tempestade. As ondas castigavam sem piedade e o fim parecia próximo. Um
ministro protestante chamado Fisher subiu ao convés com a esposa, os filhos e
outros, para implorarem a Deus misericórdia e perdão. Um jovem irlandês, John
McAuliffe, ao perceber a gravidade da situação, abriu a sua camisa, tirou o escapulário
e, fazendo com ele o Sinal da Cruz sobre as furiosas ondas, lançou-o ao oceano.
Naquele momento o vento se acalmou, mas uma onda chegou ao convés e o escapulário
regressou aos pés do rapaz. Ao interrogarem o jovem, os presentes conheceram a
História da Santíssima Virgem e do seu Escapulário. Deste modo, o Sr. Fisher e
a sua família decidiram entrar para a Igreja Católica, o mais rápido
possível, e assim desfrutaram da proteção da Virgem do Carmo.
***
A devoção do Escapulário do Carmo fez descer sobre o Mundo copiosa chuva de
graças espirituais e temporais”, disse o Papa Pio XII. Há 12 chaves para quem
usa este objeto religioso.
1. Não é um amuleto. Não é u amuleto nem garantia automática
de salvação ou dispensa para não viver as exigências da vida cristã.
Se alguém quiser morrer com os seus pecados, morrerá no pecado, mas não morrerá
com o escapulário, como advertia São Cláudio de la Colombière.
2. Era uma veste. “Escapulário” vem do latim “scapulae” que significa
“ombros” e, originalmente, era uma veste sobreposta que caía dos ombros, usada
pelos monges no trabalho. Os carmelitas assumiram-no como mostra de dedicação
especial à Virgem, buscando imitar a sua entrega a Cristo e ao próximo.
3. É um presente da Virgem. Segundo a tradição, o escapulário, tal
como se conhece atualmente, foi dado pela própria Virgem Maria a São
Simão Stock, a 16 de julho de 1251. A Mãe de Deus disse-lhe: “Deve ser um sinal
e privilégio para ti e para todos os carmelitas: Aquele que morrer usando o
escapulário não sofrerá o fogo eterno.” Posteriormente,
a Igreja estendeu este escapulário aos leigos.
4. É um mini-hábito. É como um hábito carmelita em miniatura,
que todos os devotos podem transportar como mostra da sua consagração à Virgem.
Consiste num cordão que se coloca no pescoço com duas peças pequenas de tecido
cor de café. Uma das peças fica sobre o peito e a outra sobre as costas e costuma-se
usar sob a roupa. Porém, os carmelitas e as carmelitas usam-no como hábito.
5. É sinal de serviço. Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da
Igreja, dizia: “Assim como os homens ficam orgulhosos, quando outros usam a sua
insígnia, assim a Santíssima Virgem se alegra quando os seus filhos usam o
escapulário como sinal de que se dedicam ao seu serviço e são membros da
família da Mãe de Deus.”
6. Tem três significados: o amor e o amparo maternal de Maria, a
pertença a Nossa Senhora e o suave jugo de Cristo que Ela nos ajuda a levar.
7. É um sacramental. É reconhecido pela Igreja como um
sacramental, ou seja, um sinal que ajuda a viver santamente e a aumentar a
devoção. O escapulário não confere a graça como os sacramentos, mas dispõe ao
amor do Senhor e ao arrependimento, se recebido com devoção.
8. Pode ser dado a um não católico. Certo dia, levaram a São Simão Stock um
ancião moribundo, que, ao recuperar a consciência, disse ao santo que não era
católico, que usava o escapulário como promessa aos seus amigos e que rezava
uma Ave-maria, diariamente. Antes de morrer, recebeu o batismo e a
unção dos enfermos.
9. Foi visto numa aparição de Fátima. Lúcia, a vidente de Nossa Senhora de
Fátima, contou, que na última aparição (em outubro de 1917), Maria apareceu com
o hábito carmelita e o escapulário na mão e voltou a pedir que os seus
verdadeiros filhos o levassem com reverência. Deste modo, pediu que aqueles que
se consagrem a Ela o usassem como sinal desta consagração.
10. O escapulário que não se danificou. O Beato Papa Gregório X foi enterrado
com o seu escapulário e, 600 anos depois, quando abriram a sua tumba, o objeto
mariano estava intacto. Algo semelhante aconteceu com Santo Afonso Maria de
Ligório. São João Bosco e o Papa São João Paulo II também o usavam. E São Pedro
Claver investia com o escapulário os que convertia e preparava.
11. Não é qualquer um que o pode impor. A imposição do escapulário deve ser
feita, preferivelmente, em comunidade, ficando bem expresso, na celebração, o
sentido espiritual e de compromisso com a Virgem. O primeiro escapulário deve
ser abençoado por um sacerdote e posto sobre o devoto com a seguinte fórmula: “Recebe
este santo Escapulário como sinal da Santíssima Virgem Maria, Rainha do
Carmelo, para que, com os seus méritos, o uses sempre com dignidade, seja a tua
defesa em todas as adversidades e te conduza à vida eterna.”
12. Só se abençoa o
primeiro que recebe. Quando se abençoa o primeiro escapulário, o devoto não
precisa de pedir a bênção para escapulários posteriores. Os já gastos, se foram
abençoados, não devem ser jogados no lixo, mas podem ser queimados ou
enterrados, em sinal de respeito.
***
Algumas
notas dispersas:
O
Carmelo era, sem dúvida, o monte onde vários profetas renderam culto a Deus. Os
principais foram Elias e o seu discípulo Eliseu, mas havia também diferentes
pessoas que se retiravam para as covas da montanha, a fim de seguirem uma vida
eremita.
Na
Idade Média acreditava-se que Maria significava “Estrela-do-Mar”, em Latim, “Maris
stella”. Desde aquela época, muitos carmelitas aclamavam Maria como a “Flor do
Carmelo” e a “Estrela-do-Mar”.
Os
primeiros monges instalados no vale do Wadi-es-Siah do Monte Carmelo conviveram
sob uma primeira regra que obteve, em 1226, a aprovação do patriarca de
Jerusalém, que se chamava Alberto, e do Papa Honório III.
O
escapulário do Carmo é o sinal externo de devoção mariana, que consiste na
consagração à Santíssima Virgem Maria pela inscrição na Ordem Carmelita, na
esperança da sua proteção maternal.
É
evidente que a Virgem Maria quer revelar-nos, de maneira especial, o
escapulário. Disse Lúcia, que, na última aparição, a Virgem veio vestida com o
hábito carmelita e com o escapulário nas mãos, lembrando que os seus
verdadeiros filhos o carregavam com reverência.
“Eu
também levo no meu coração, há tanto tempo, o Escapulário do Carmo! Por isso,
peço à Virgem do Carmo que ajude todos os religiosos e religiosas do Carmelo e
os piedosos fiéis que a veneram filialmente, para crescerem no seu amor e
irradiarem, no Mundo, a presença desta Mulher do silêncio e da oração, invocada
como Mãe da misericórdia, Mãe da esperança e da graça” – Papa São João Paulo II.
É a grande promessa, o privilégio de preservação ou isenção
do inferno para os que morrem revestidos com o Escapulário Carmelita.
Orações a Nossa Senhora do Carmo:
· Ó bendita e imaculada Virgem Maria,
honra e esplendor do Carmelo! Vós que olhais com especial bondade para quem
traz o vosso bendito escapulário, olhai para mim benignamente e cobri-me com o
manto da vossa fraqueza; com o vosso poder, iluminai as trevas do meu espírito;
com a vossa sabedoria, aumentai em mim a fé, a esperança e a caridade. Ornai a minha
alma com a graça e as virtudes que a tornem agradável ao vosso divino Filho.
Assisti-me, durante a vida, consolai-me, na hora da morte, com a vossa amável presença,
e apresentai-me à Santíssima Trindade como vosso filho e servo dedicado; e lá
do céu, eu quero louvar-vos e bendizer-vos por toda a eternidade. Nossa Senhora
do Carmo, libertai as benditas almas do purgatório. Amém!
· Ó
Virgem Santa do Carmo! Jamais poderemos corresponder dignamente aos favores e
graças que nos tem dado ao dar-nos teu santo Escapulário.
· Ato de Consagração: “Ó Maria, Rainha e
Mãe do Carmelo! Venho hoje a consagrar-me a Ti, pois toda minha vida é como um
pequeno tributo, por tantas graças e benefícios que tenho recebido através de
tuas mãos.”
2024.07.16 –
Louro de Carvalho
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